quarta-feira, 31 de março de 2010

Desabafo virtual sobre a vida real


Faz algum tempo que não atualizo o blog, mas não o estou fazendo por indisponibilidade de tempo para escrever calmamente como gosto, e pela falta de motivação, pois o cansaço físico esteve muito presente nas últimas semanas.

A pauta cresceu assustadoramente, bem mais rápido do que tenho conseguido escrever. São sugestões externas e de acontecimentos recentes que presenciei no cotidiano da educação ou ainda que fico sabendo aqui e acolá. No entanto, esse retorno passa por um desabafo inicial que será aqui externado e logo sufocado pelas pautas que virão, rapidamente, em seguida. É sem próposito de alcance, pois não sei muito bem quem acessa, por que acessa, como chegou até aqui. Poucas são as pessoas que comentam, que concordam ou discordam, enfim, que debatem. Tem sido mais um espaço - infelizmente - de informes do que de diálogo entre quem escreve e quem lê.
____________

Algo vem a muito, mas muito tempo me incomodando: a limitação em relação às práticas políticas, especialmente as limitações em relação à representatividade. Vira-e-mexe, surge uma alma a me perguntar se serei candidata a isso, candidata a aquilo, candidata agora, candidata não sei quando. E a pergunta inicial é sempre a mesma: novidades? Seguida da terrível: vai continuar sendo candidata? Ah, se soubessem como aquilo me agonia, porque eu não sei, e nem me importo com isso antes do tempo das convenções, porque limita a atuação política e acomete sobre um erro comum, mas que não deve ser naturalizado: o foco em votos! E é tão difícil para essas pessoas compreenderem que a causa em si é o que importa, não os benefícios particulares que terei. E, de fato, acreditem ou não, é o que menos me importa.

Depois da pergunta fatal, fico abatida por alguns segundos, então preciso respirar para retomar as forças e argumentar, dialogando, que a política é muito mais do que eleições e de que absolutamente não é preciso ser representante para ser político. Entendo que represento algum tipo de liderança, porque não me acomodo e isso é um diferencial, mas limitar-me a eleições está me matando, até porque entendo, acima de tudo, o ser humano como um ser político (porém nem sempre politizado).

Essa repetição tem me atormentado, porque ter sido candidata me tirou um pouco da liberdade; e ser uma pessoa politicamente consciente parece obrigar a ser candidata, o que é um equívoco!

Por favor, que parem os olhares desconfiados sobre as ação, até mesmo de pessoas relativamente próximas. Que parem as afirmações irresponsáveis sobre candiadturas ou pré-candidaturas. Que parem de cercear a minha liberdade política, apenas porque sou partidária. Isso não me torna alienada, obsecada, sem noção.

Ah, como eu queria aquela liberdade política de volta, dos tempos de militância estudantil...
Mas como não posso tê-la por tão cedo, continuo a respirar fundo e responder enfaticamente a qualquer pessoa que me questione. Posso até esmoecer, às vezes, mas desistir jamais!


Paula Vielmo

quinta-feira, 18 de março de 2010

Mais uma vítima do transporte coletivo ilegal...


Pedro José Leite,

Para os compas que não conhecem esse nome, eu explico: esse é o nome da mais recente vítima da empresa de transporte coletivo VCB, empresa esta que pertence ao senhor José Maria, o mesmo que sempre desrespeitou a lei estudantil de meia-passagem!

No dia 07/03/10, domingo, por volta das 17:00, na pista de baixo, ao lado da Br 020, próximo à panificadora Lusitana, o motorista Pedro José Leite sofreu um sério acidente ocasionado por conta da irresponsabilidade de um outro motorista, funcionário da empresa VCB, tais acidentes provocados pela VCB não são raros, pois a maioria dos funcionários seguem a filosofia do patrão, José Maria, e como a empresa deste sempre permanece impune, acostumada a burlar as leis, como é o fato de funcionar sem licitação, esses acidentes viraram rotina.

Pedro José Leite vinha dirigindo a 40k/h quando o onibus da ATCB veio na contramão e colidiu com o carro dele - o funcionário de Zé Maria provavelmente estava com pressa para ganhar dinheiro.

O acidente não lhe tirou a vida por pouco, pois o carro ficou completamente destroçado, não servindo mais para nada a não ser ferrovelho. O motorista, Pedro, que estava dirigindo com prudência foi seriamente ferido e encontra-se hospitalizado no HO, enquanto o motorista irresponsável está à solta amparado na filosofia de Zé Maria.

Saudações cidadãs e indignadas!

Alexandre Leite

segunda-feira, 15 de março de 2010

Recomeça um levante em Barreiras!

A semana de 8 a 13 de março foi bastante movimentada, como a tempos não se via ou como a tempos eu não vivia.


SEGUNDA-FEIRA, 8 DE MARÇO


A semana começou com a Caminhada do Dia Internacional da Mulher (08 de março), no qual o PSOL participou e politizou o espaço até então apenas comemorativo. Foi uma adrenalina enorme providenciar o material (cartazes e panfletos) em tempo e garantir a presença de parte da militância às 16h, em pleno horário de expediente.

A caminhada usou de maneira lamentável as crianças do PETI e a juventude do PRÓ-JOVEM para dar volume à mesma, que não tinha caráter de contestação, reflexão ou denúncia sobre a superação do machismo e a luta das mulheres por igualdade, autonomia e direitos, apesar de algumas intervenções nesse sentido, além de tentar internalizar cada vez mais a cor rosa como representativa das mulheres, contradizendo a data, que representa a luta das mulheres, mas uma luta feminista, cuja cor é o lilás.


QUARTA-FEIRA, 10 DE MARÇO
Saindo do trabalho e indo almoçar, me deparei com um manifesto de rua em frente a Prefeitura Municipal, organizado e protagonizado por estudantes e professores/as do campus avançado da UFBA em Barreiras. A reivindicação: acesso ao campus da Prainha, que estava impossibilitado devido às chuvas que tornaram a estrada em lama pura e a ponte que "balança mas não caí", não se sabe até quando.

Na manifestação - pelo que soube - não planejada antecipadamente, mas dirigida pela extrapolação da revolta com o descaso da administração municipal, provocou um grande impacto naquele dia. O trânsito estava bloqueado e a polícia chegou para desbloquear. Os/as manifestantes não saíram e o confronto foi direto. Os policiais presentes agrediram estudantes e prenderam um professor. Isso tudo enquanto uma comissão conversava no gabinete da prefeita, sem a presença dela e com a equipe sem autonomia que ela dirige.

Corre-corre e resistência. Grande resistência protagonizada sobretudo pela juventude ousada lá presente. O professor no carro, num calor insuportável, desmaiou. E mais uma vez vi a soberania descabida que um mandato popular tem sobre o povo.

E eu também estava lá, no sol quente como tantos/as, torrando no meu horário de almoço, reforçando os gritos de ordem e empolgada pela ação ufbaniana.

A manifestação legítima teve impacto porque foi no centro e parou o trânsito. E foi necessário parar, porque se as pessoas não são prejudicadas um pouco no seu individualismo, não percebem. Estamos numa sociedade que "se não é comigo, não é da minha conta". A causa levantada pela UFBA de acesso é de todo povo de Barreiras, antiga inclusive, mas que só agora torná-se visivel: pela implantação do campus e pela mobilização da comunidade acadêmica ufbaniana.

No entanto, a ação da polícia, foi extremamente truculenta! A polícia estava desnorteada, justamente porque não tem formação para dialogar com os movimentos sociais ou reivindicatórios. A formação da polícia é justamente para fazer o que fez: reprimir! Não é a toa que é chamada de "Aparelho de Repressão do Estado". O que me deixa triste é o fato de que a polícia, é mais do que aparelho de repressão, ela é classe trabalhadora e também é oprimida e foi duro ver oprimidos agredindo oprimidos. Não estou defendendo a ação truculenta da polícia, mas refletindo sobre a função dela e entendendo que é composta por seres humanos que estão do mesmo lado que nós. Foi revoltante ver o professor até então desconhecido e recém-chegada a Barreiras ser jogado, com o doutorado e tudo dentro do camburão. E naquele instante não importava ser Doutor, o que estava em questão era que ele fazia parte de quem causava a desordem e ameaçava a "autoridade" da polícia enquanto instituição repressora.

Fiquei muito emocionada com aquela manifestação, com o impacto que causou. Acredito que ela venha se somar a todas as que já existiram antes (e sim, povo passivo de Barreiras, já existiram outras) e de maneira lenta, sacudir a estrutura e cultura do nosso povo, permitindo que tais manifestos se tornem algo mais frequente que as conversas de gabinete e que a cultura do medo que impera por estas bandas seja aos poucos destruída e substituída pela cultura da organização popular.


QUINTA-FEIRA, 11 DE MARÇO
Depois de muitos, muitos anos e algumas tentativas frustradas por parte da direção e do governo, finalmente há movimentação de estudantes do Colégio Estadual Antônio Geraldo (CEAG) para a organização de um Grêmio Estudantil e parece que agora vai sair.

Na quinta, estive com mais alguns compas orientando a galera sobre essa entidade estudantil e como fazer para criar o Grêmio. Foi uma papo muito proveitoso e gostei muitíssimo da galera, maioria, meninas.

E completando o dia de sorte: diálogos para a formação do Diretório Acadêmico de uma instituição privada, que não contava com a insatisfação e organização de seus acadêmicos/as. Algumas coisas mudaram em Barreiras e muito mais está por vir.


SÁBADO, 13 DE MARÇO
Terminando a semana movimentada, teve a fundação do Sindicato dos Bancários do Oeste da Bahia, que finalmente desligou-se do sindicato de Salvador e agora está mais autônomo para se organizar. Ainda não sei detalhes do evento porque não pude ir, mas a tarefa era difícil, haja vista a oposição do sindicato centralizador.
OBSERVAÇÃO PÓS-ESCRITA: não houve a fundação do sindicato, em breve mais notícias.

Sinto mais uma vez o cheiro de mudanças no ar, de organização popular...e adoro isso!

Paula Vielmo

sábado, 13 de março de 2010

O machismo fala mais alto?


Nota de solidariedade à procuradora Norma Cavalcante
Publicado em 11/03/2010


A equipe do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher - NEIM/UFBA vem a público solidarizar- se com a Dra. Norma Angélica Cavalcante, vítima, em pleno século 21 das práticas machistas e patriarcais que, infelizmente, ainda prevalecem no Estado Brasileiro.


Contrariando todas as regras democráticas vigentes, o Sr. Jaques Wagner, excelentíssimo governador da Bahia, quebra a tradição de indicação do mais votado em uma lista tríplice ao preterir a Dra. Norma Angélica Cavalcante para o cargo de Procuradora Geral de Justiça do Estado, sem motivos outros que não uma visão patriarcal e excludente. Aliás, vale ressaltar que o excelentíssimo Governador vem, desde sua posse, demonstrando total insensibilidade para com as demandas do movimento de mulheres. Isto ficou explícito quando da não criação da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, apesar de constar essa iniciativa do seu plano de governo quando candidato; do abandono em que vivem as Delegacias de Atendimento Especial para as Mulheres e a Casa Abrigo; dos escassos recursos destinados pelo estado às políticas públicas para as mulheres, nas quais as poucas existentes são implementadas sempre graças aos recursos federais.

Solidarizamo- nos também, através da Dra. Norma Angélica, com todas aquelas mulheres que, apesar de sua competência, capacidade intelectual e dedicação, não têm reconhecidos os seus méritos apenas pelo fato de terem nascido mulheres em uma sociedade atrasada, violenta e excludente.

Márcia Macedo
Coordenadora do NEIM/UFBA
Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher


*********************************************************

A Dra. Norma Angélica Cavalcante é integrante do MP desde 1992, foi coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Justiça Criminal e atualmente coordena o Núcleo de Combate às Consequencias Economicas da Atividade Delitosa. Ja foi presidente da Associação do Ministério Público do Estado e é vice-presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Publico (Conamp)

terça-feira, 2 de março de 2010

Educação Municipal: é tempo de aprender...a planejar! (parte 2)

SELEÇÃO PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL

Rapidamente lançaram um "edital simplificado" para "suprir as necessidades do quadro de Pessoal da Secretaria Municipal de Educação, bem como, para compor o quadro de reserva, em conformidade com o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, Nº 64/2009, assinado em 29 de Abril de 2009", termo que, ao que indica, foi exigência do Ministério Público.

Notem a data: 29 de abril de 2009, porém, mais uma vez a desorganização tomou conta e apenas no dia 25 de janeiro de 2010 saiu o edital que garantia quatro dias de inscrição e no mesmo dia saiu a Portaria Gab Nº 019/2010 que nomeou "os membros da Comissão de Organização do Processo Seletivo da Secretaria Municipal de Educação 001/2010", não sob coordenação da Secretária de Educação, o que consideraria mais legítimo, mas de Izôlda (não sei qual cargo ocupa no governo "Cidade Mãe").

Essa seleção contou com "análise curricular, entrevista do candidato e checagem de documentação". A banca que examinou os currículos não sei informar se foi a comissão organizadora, porém as entrevistas, pelos inúmeros relatos que recebi, foi um fiasco. As perguntas eram complexas, envolviam análise conjuntural da educação e proposição de soluções. Não tinha critérios para avaliação e passava apenas pelo crivo de quem estava entrevistando, que segundo me disseram, anotava algumas "palavras-chaves" dos discursos. Obviamente identificando quem poderia ser, ali, um elemento subversivo.
Para terminar, o resultado que deveria ter saído no dia 10 de fevereiro saiu no final de semana antes do início das aulas, na maior correria.

Resumidamente, para mim essa seleção foi uma maquiagem para disfarçar as imperfeições de tudo que já estava definido. A maioria das pessoas selecionadas foram as que estavam trabalhando ano passado (2009) por indicação de vereadores/as; soube que pessoas aprovadas sequer foram fazer as entrevistas e conheço gente aprovada que não tem formação/qualificação para atuar.

E vamos rumo a uma educação pública e de qualidade...!

Paula Vielmo

segunda-feira, 1 de março de 2010

Educação Municipal: é tempo de aprender...a planejar! (parte 1)


Instigada pelo comentário e a saudação revolucionária de um/a anônimo/a, escrevo. Escrevo também por causa da excelente sugestão, dando continuidade às reflexões e denúncias referentes a nossa educação municipal.


A DESORGANIZAÇÃO DO INÍCIO DO ANO LETIVO EM BARREIRAS

A desorganização do início do ano letivo é algo, infelizmente, esperado no segmento educacional. E percebi isso em pouco mais de um ano que estou "dentro" da rede municipal. Uma premissa básica da Pedagogia - o planejamento - é desconhecida pela administração e só está presente nos discursos que são rapidamente desfeitos diante da realidade.

As aulas começaram com escolas a serem reformadas - isso porque o início das aulas atrasou e uma das justificativas foi as reformas das escolas. E essas reformas não devem ser para breve, pois na edição 1003 do Diário Oficial do Município, de 24/02, consta a divulgação do pregão presencial 005/2010 para "aquisição parcelada de material de construção a serem utilizados na manutenção e construção das scolas da rede municipal deste município" lançado no dia 22 de fevereiro, quando começaram as aulas no município.

Além dessa balela de reforma, ainda temos a desorganização para a contratação de professoras/es e outros profissionais, a falta de livros nas escolas, a não entrega dos Diários de Classe (ano passado chegou no meio do ano) e a falta do Calendário Letivo 2010. Sim, absurdamente nós "planejamos" sem um calendário, ou seja, de olhos vendados.

E para completar o quadro de caos, muitos cursos da Plataforma Freire iniciaram juntamente com as aulas do município, ocasionando aulas vagas ou sobrecarga de trabalho para alguns logo no ínicio do ano letivo. As crianças são as maiores prejudicadas com essa educação meramente técnica, irresponsável e sem intencionalidade. Sabemos que o início do ano letivo é muito importante para a interação da turma e o diagnóstico a ser feito pela/o professor/a, objetivando um trabalho que beneficie as crianças e seu pleno desenvolvimento.

A secretária de educação disse que não tiveram tempo para contratar substitutos para os/as docentes que estão fazendo cursos da Plataforma Freire. Para mim, pura falta de organização, haja vista que era algo previsível. E ainda a seleção para esses cursos não seguiram os critérios definidos pelo MEC: não ter graduação em licenciatura ou não ter formação específica na área que atua. Tem muita gente que está fazendo os cursos e não se enquadra em nenhum dos dois critérios.

Paula Vielmo
(leia a parte 2)