quinta-feira, 19 de junho de 2008

Região oeste no Folha Online

Semana passada, saiu no Jornal Novoeste um texto escrito pela companheira Rose Cerqueira sobre as desigualdades encontradas em LEM, disponivel no site: www.novoeste.com

Domingo último (15/06), a Folha Online publicou uma reportagem que analisa os municípios de Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, enquanto pólos do grande agronegócio da região oeste da Bahia, levantado números bem interessantes e totalmente revoltantes. Pra quem vive nessa terra, é visível a enorme desigualdade social e distribuição de renda. O tratamento desumano e explorador que muitos/as trabalhadores/as têm. Ainda, o autor do texto expõe felinamente a conjuntura política de LEM, através das palavras referentes à Oziel. Faltou falar com pouco mais sobre o também "de direita", Saulo Pedrosa. Boa leitura!


15/06/2008
Um novo velho Brasil

Fernando Canzian*

Nos últimos anos, o setor agroindustrial tem sido a salvação da lavoura para o Brasil. Os preços dos alimentos estão nas alturas em todo o mundo e o país, como grande produtor, tem se beneficiado muito dessa tendência.

A situação das contas externas brasileiras (que voltou ao vermelho) só não é pior hoje por conta desse boom do agronegócio. Como se diz, as exportações do setor estão "bombando".

Há duas semanas, visitei com o amigo e colega da Folha Mauro Zafalon, especialista na área, um dos locais onde o agronegócio mais cresce no Brasil: a região oeste da Bahia, onde Barreiras (130 mil habitantes) e Luís Eduardo Magalhães, ou LEM (40 mil), são as duas principais cidades.

O que ocorre ali é impressionante sob qualquer parâmetro e aspecto. Investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão estão sendo dirigidos à região de forma sistemática. Não apenas de grupos nacionais, com predominância de gente vinda do Sul, como de investidores estrangeiros que compram enormes propriedades para produzir soja, milho e algodão, entre outras culturas. Os gringos já dominam 20% da lavoura local.

As culturas na região são normalmente irrigadas por mecanismos que custam, cada um, R$ 400 mil e que cobrem um perímetro de 3,6 km. Vistos do céu, formam algo impressionante, assim como a riqueza que é gerada no chão por (e para) esses empresários.

Em LEM, já há condomínios fechados com campos de golf, pistas de kart e casas na faixa dos milhões. Em pistas de pouso de terra batida, produtores rurais "estacionam" seus pequenos aviões com a mesma naturalidade com que nós encostamos nossos carros nas calçadas.

Mas, como tudo no Brasil, as coisas parecem muito distorcidas nesse mundo progressista do agronegócio.

Tome-se o caso de Barreiras, no centro desse boom. É uma cidade com 130 mil habitantes onde menos de 12% da população trabalha no agronegócio. A cidade vive basicamente de dinheiro transferido por Estado e União e menos de 20% das casas têm coleta de esgoto.

Há bairros paupérrimos e 85% dos proprietários de imóveis não pagam IPTU. Além disso, inexiste um sistema de georeferenciamento para apurar qualquer fato gerador de impostos no agronegócio. Resultado: a prefeitura deve R$ 80 milhões e não tem dinheiro para nada.

Como diz o prefeito de Barreiras, Saulo Pedrosa, "o desemprego é muito grande. A gente aqui fica só olhando, de braços cruzados, as carretas e o progresso passarem pela BR".

Barreiras é cortada ao meio pela BR-242. É um inferno diário, já que passam pela estrada cerca de 2.500 carretas (muitas de até nove eixos) durante a safra. A prefeitura tem planos para construir um anel viário e desafogar o centro. Mas, apesar de toda a riqueza do agronegócio que congestiona a cidade, não há dinheiro para a obra.

Já na progressista e vizinha LEM, orgulho de muita gente na região, a situação não é muito diferente. Menor e mais rica, a cidade também é cortada ao meio por uma BR, a 020. À noite, há centenas de caminhões parados em postos de gasolina bem no meio da cidade, com várias prostitutas circulando e oferecendo seus serviços.

Apesar de toda a riqueza e de algumas casas e condomínios caríssimos, a violência grassa em alguns bairros, como no Jardim das Acácias, onde os moradores (1/4 da população da cidade) são obrigados a contratar seguranças privados para não serem assaltados.

O prefeito de LEM, Oziel Oliveira, diz que investe no policiamento e que os problemas resultam do progresso. Pode ser. Oliveira é fazendeiro e empresário.

Pretende fazer seu sucessor na eleição desse ano em LEM e almeja também eleger sua mulher, a deputada federal Jusmari de Oliveira (PR-BA), como prefeita na vizinha Barreiras. Oliveira se define como "de direita" e afirma que sua prioridade é pavimentar um caminho sem obstáculos para o bom andamento dos negócios.

O agronegócio de Barreiras, LEM e região é impressionante e gera riqueza e alimentos indispensáveis. E é bom que seja assim. Mas é triste constatar que mesmo diante de um novo patamar econômico e em uma nova região, o desenvolvimento do Brasil continue a se dar de modo tão anacrônico.

Fernando Canzian, 40, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006.Escreve às segundas-feiras.

Integra com fotos:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/fernandocanzian/ult1470u412568.shtml

sábado, 14 de junho de 2008

CHE vive!

14 de junho de 2008, data em que Ernesto Guevara completaria 80 anos se estivesse vivo. Porém, como "idéias são à prova de bala", Che está vivo, muito vivo!

Homenageio esse bravo combatente, um exemplo de luta coerente, firme e em defesa do socialismo/comunismo. Che é geminiano, assim como eu. E eu, me espelho no seu exemplo de vida e de luta para trilhar meu caminho. Certamente não sou "uma Guevara", mas me esforço e me inspiro neste guerrilheiro para lutar.

Nada coincidentemente, estou lendo um livro (emprestado do camarada Felipe) que contém discurso de Che sobre diversos temas. Também não por coincidência, mas por sorte e companheirismo, fui presenteada pela camarada Emilly com um livro de Che. Bem, não sou obsecada por ele, mas me inspiro em sua tragtória e suas idéias.

Segue um trecho de "Socialismo e Juventude", para reflexão:

O socialismo é jovem e tem erros. Nós, os revolucionários, carecemos dos conhecimentos e da audácia intelectual necessários para encarar a tarefa do desenvolvimento de um novo homem [e uma nova mulher] por métodos diferentes dos convencionais, e os métodos convencionais sofrem a influência da sociedade que os criou (mais uma vez se coloca o tema da relação entre forma e conteúdo). A desorientação é grande e os problemas da construção material nos absorvem. Não existem artistas de grande autoridade que, por sua vez, tenham autoridade revolucionária. Os homens [e as mulheres] do Partido devem assumir esta tarefa entre as massas e tentar conseguir o objetivo principal: educar o povo. (Che Guevara, 1965, p. 58)

Che vive!!!
Parabéns, comandante!

HASTA LA VICTORIA, SIEMPRE!

Movimento CETA


A expectativa de conviver com pessoas de um outro movimento social além do movimento estudantil me empolgava. Trabalhar com pessoas que fazem parte e são parte da luta pela terra no estado da Bahia então, mais ainda.

Foi nesse clima de expectativas que cheguei até os/as estudantes do curso técnico em agropecuária sustentável, do PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, militantes do Movimento CETA - Movimento de Trabalhadores/as assentados/as, acampados/as e quilombolas, do estado da Bahia.

Apesar de ser uma pessoa com facilidade de comunicação, estava tímida quando cheguei ao CTI para conhecer os/as estudantes. Porém, a receptividade foi tão calorosa, que facilmente a tímidez me deixou.

Certamente as pessoas do campo são bem mais calorosas que as da cidades, do ambiente urbano. A frieza e o individualismo de quem vive a rápida vida urbana, contrasta com o calor humano emanado daqueles/as estudantes, daqueles/as seres humanos.


Estou atuando como monitora/coordenadora de turma, numa experiência ímpar e empolgante. Há muito o que aprender sobre a luta pela terra, a reforma agrária, a organização dos/as trabalhadores/as do campo. E existe uma curiosidade incrível sobre estes temas, e como nos diz o grande educador Paulo Freire, a curiosidade é o começo para o conhecimento e para a criticidade.