domingo, 27 de junho de 2010

A OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO CONTRA O POVO BRASILEIRO

MST Informa
Ano VIII - nº 185
25/06/2010
O Brasil é alvo de uma ofensiva do grande capital, articulado pelas empresas transnacionais e pelos bancos, dentro de uma aliança com os latifundiários capitalistas, que criaram um modelo de organização da agricultura, chamado de agronegócio.

A partir da segunda metade da década de 90 - e mais ainda depois da crise do capitalismo internacional -, grandes corporações internacionais, financiadas pelo capital financeiro, passaram a avançar sobre a agricultura brasileira: terras, água e sementes, produção e industrialização de alimentos e na comercialização de agrotóxicos.

Nesse processo, o agronegócio tenta impedir o desenvolvimento da pequena agricultura e da Reforma Agrária e consolidar o seu modelo de produção, baseado na grande propriedade, monocultura, expulsão da mão-de-obra do campo com o uso intensivo de máquinas, devastação ambiental e na utilização em grande escala de agrotóxicos.

Compra de terras por empresas estrangeiras

Dados do Incra apontam que nos últimos anos foram vendidos pelo menos 4 milhões de hectares para pessoas e empresas estrangeiras. Isso prejudica os interesses do povo brasileiro e debilita a soberania nacional sobre os nossos recursos naturais. O governo federal demonstrou preocupação com essa ofensiva, até porque as empresas usam subterfúgios para desrespeitar a legislação em vigor. Um diretor da empresa finlandesa de papel e celulose Stora Enso admitiu que criou uma empresa no Brasil para burlar a lei, comprar ilegalmente 46 mil hectares na fronteira sul do país e implantar o monocultivo de eucalipto.

Só no setor sucro-alcooleiro, por exemplo, empresas transnacionais já compraram 30% de todas as usinas com suas fábricas e terras. No entanto, isso ainda não aparece nos cadastros do instituto, que apresenta números sub-estimados. Esperamos que o governo cumpra a sua promessa e aprove o quanto antes a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para impedir a compra de terras por estrangeiros, inclusive com a anulação dos títulos das terras já vendidos.

Arroz transgênico da Bayer

Nas últimas semanas, o agronegócio tenta avançar com seu projeto para a agricultura brasileira em duas frentes: mudanças no Código Florestal Brasileiro e na liberação do arroz transgênico. Enquanto a flexibilização da lei ambiental viabiliza o desmatamento para a expansão do agronegócio, os transgênicos passam o controle das sementes dos agricultores para a propriedade privada de cinco empresas transnacionais. Com isso, Bayer, Basf, Monsanto, Cargill e Syngenta criam patentes e impõem os royalties àqueles que produzem.

Os movimentos camponeses, ambientalistas e entidades de direitos humanos tivemos uma vitória importante com a pressão social e política contra a liberação do arroz da Bayer, que retirou a proposta da pauta de votação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), nesta quinta-feira. Essa variedade de arroz, por causa do consumo popular, não está liberada em nenhum país do mundo - nem nos Estados Unidos nem na Alemanha (país de origem da Bayer). Felizmente, No entanto, foi um recuou momentâneo da transnacional das suas pretensões e precisamos ficar atentos para acompanhar as suas movimentações.

A aprovação do arroz transformaria o Brasil em uma cobaia. Os impactos de liberação da transgenia no arroz, que está na mesa dos brasileiros no almoço e no jantar, seriam extremamente negativos. Em primeiro lugar, não há estudos que atestem que não há prejuízos à saúde humana do consumo de transgênicos.

Em segundo lugar, os produtores de arroz tradicional poderão ter suas colheitas contaminadas pelo arroz Liberty Link. Nos Estados Unidos, testes contaminaram pelo menos 7 mil produtores de arroz, que processam a Bayer pelos prejuízos. Com isso, poderíamos ter a conversão de todas as lavouras tradicionais de arroz em transgênicas. Além disso, mesmo sem comprar essas sementes, os camponeses teriam que pagar royalties à empresa alemã.

Em terceiro lugar, aumentaria a utilização de venenos nas lavouras do nosso país, que utilizou 1 bilhão de litros no ano passado, ocupando o primeiro lugar no ranking mundial. Há pesquisas que demonstram que o glufosinto, utilizado nas pulverizações da variedade desenvolvida pela Bayer, é tóxico para mamíferos e pode dificultar a atividade do cérebro humano.

O médico Wanderlei Antonio Pignati, doutor em saúde e ambiente, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso explica que as grandes indústrias fazem sementes dependentes de agrotóxicos e fertilizantes químicos porque também são produtoras desses venenos.

O recuo da Bayer representa uma pequena vitória da sociedade brasileira, principalmente porque demonstra que é possível enfrentar e impor derrotas às empresas transnacionais.

Mudanças no Código Florestal

Em relação ao Código Florestal, a votação do relatório apresentado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) está prevista para o começo de julho. O texto do projeto de lei beneficia os latifundiários do agronegócio, com a abolição da Reserva Legal para agricultura familiar, a possibilidade de compensação fora da região ou da bacia hidrográfica e a transferência da responsabilidade de definição da legislação ambiental para os Estados e Municípios.

Mais preocupante para a Reforma Agrária é a anistia a todos os produtores rurais que cometeram crimes ambientais até julho de 2008. Áreas que não cumprem a função social e, de acordo com a Constituição, deveriam ser desapropriadas e destinadas para os trabalhadores rurais sem-terra, continuarão nas mãos dos latifundiários. Ou seja, com a aprovação do novo código, o Congresso Nacional modificará a Constituição apenas para atender os interesses daqueles que monopolizam as terras em nosso país.

Enquanto as empresas do agronegócio comemoram discretamente, os ruralistas estão eufóricos com a possibilidade de legitimar o desmatamento já realizado e abrir a fronteira agrícola sobre as nossas florestas e áreas de preservação. O que não se esperava mesmo era que os setores mais conservadores encontrassem nesse ponto um apoiador fora do ninho, que mereceu até mesmo elogios da senadora Kátia Abreu (DEM), que há pouco tempo tentava se cacifar para ser candidata a vice-presidente de José Serra (PSDB). Uma vez que Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e porta-voz do setor mais reacionário dos latifundiários, é a principal defensora dessas mudanças, fica evidente quem se beneficiará com as propostas do deputado Aldo Rebelo.

Até agora, muitas vozes se levantaram contra essa proposta, como as igrejas, entidades ambientalistas, parte importante do movimento sindical e movimentos populares, especialmente a Via Campesina Brasil, que manifestaram repúdio ao projeto. Um abaixo-assinado colheu milhares de assinaturas para sensibilizar o Congresso, parlamentares progressistas pediram vistas ao relatório e o Ministério do Meio Ambiente se colocou contra as propostas. O próprio governo, cujo o partido político do deputado Aldo Rebelo compõe a base parlamentar, veio a público para criticar o projeto.

Esperamos que a pressão da sociedade consiga evitar a destruição da legislação ambiental e a devastação do conceito de função social da propriedade, que determina a realização da Reforma Agrária. Em vez de acabar com o Código Florestal, precisamos manter os seus princípios e aperfeiçoá-lo, preservando a natureza em benefício de toda a população e das gerações futuras.


SECRETARIA NACIONAL DO MST

quinta-feira, 24 de junho de 2010

“BRASILEIRO É PATRIOTA UM MÊS A CADA QUATRO ANOS”

Por Paula Vielmo


Em tempos de copa do mundo é inevitável constatar as mudanças que ela causa em nosso país, principalmente no funcionamento dos estabelecimentos comerciais, bancos, serviços públicos e no sentimento dos brasileiros, bem como a relação estreita que mantém com o comércio de itens verde-amarelo.

Desde o momento em que as aulas foram suspensas devido ao jogo, comecei a ficar inquieta com a situação de mudança brusca, de adaptação imediata e refletir sobre isso. Observando as bandeirinhas nos carros e a infinidade de roupas, artigos, acessórios, esmaltes verde e amarelo, não me contive a relacionar, mais uma vez, a capacidade do capital em absorver os sentimentos e transformar em produto. Sim, de agora em diante, ser patriota, ser brasileiro/a, significa usar algo verde-amarelo e torcer para que o Brasil seja Hexa.

Como diz Edgar Galluzzo, em frase disponível no msn do querido amigo Max Vinicius, “brasileiro é patriota um mês a cada quatro anos” e isso precisa mudar! O sentimento de patriotismo deve ser cotidiano, para que não sejamos consumidos por tudo que, propositalmente, nos cerca e seduz para a manutenção da ordem.

Assim como a copa na África do Sul esconde e romantiza a pobreza, no Brasil ela é, parafraseando Marx, o ópio do povo. O futebol o é. Na verdade, qualquer coisa que a mídia quiser tornar importante o será. No entanto, diante da comoção e articulação nacional para torcer pelo Hexa, eu afirmo: mais do que ser campeão no futebol, eu quero que o meu amado país e sobretudo o povo que nele vive e o mantém, seja campeão de justiça social, campeão de educação de qualidade, campeão de saúde garantida, campeão no incentivo ao esporte, a cultura, ao lazer e as artes, que seja campeão no combate ao analfabetismo, campeão em fazer reformas urgentes: urbana, agrária, previdenciária, tributária...

Quero que o Brasil seja campeão em participação popular para pressionar o congresso, o senado, as assembléias legislativas e Câmaras Municipais a não aprovar leis que maltratem o povo; campeão na mobilização pelo combate a corrupção e contra a conciliação de classes; que Barreiras pare e ao invés de seu povo ir aos bares, ocupe as ruas cobrando dos poderes constituídos que faça o que deve ser feito: escolas, postos de saúdes, quadras poliesportivas, ruas, saneamento básico, casas populares...

E se depois disso tudo o Brasil for campeão no futebol, ficarei satisfeita, mas se ele for campeão no futebol e tudo continuar na mesma, de que serve a taça?



Futebol e formação política: é possível?


Treinador se inspira em Eduardo Galeano & cia.



Jamil Chade, de Johannesburgo - O Estado de S.Paulo


Em campo, talento e entrosamento no ataque. Fora, um ideário de combate contra a submissão. Diego Maradona trouxe para dentro da concentração da Argentina livros de autores como o uruguaio Eduardo Galeano para inspirar seus jogadores e, em várias ocasiões, usa frases e exemplos da vida de Ernesto Che Guevara para criar um espírito de luta no grupo.

Antes de fazer as malas, Maradona pediu que a comissão técnica preparasse uma pequena biblioteca para a Copa e distribuiu livros aos jogadores na concentração. Nela, incluiu obras de Galeano sobre Che, livros do espanhol Fernando Savater e do também uruguaio Pablo Vierci, além da biografia do compositor Atahualpa Yupanqui.

O uruguaio Galeano, que tem entre suas obras um livro sobre futebol e denunciou a exploração na América Latina, elogiou os jogadores argentinos. "O melhor livro de futebol é o que os jogadores escrevem com os pés", declarou Galeano ao Estado, de Montevidéu, por e-mail.

Ele diz que não nasceu com o pé certo para a bola. "Não tive mais remédio que escrever o futebol com a mão", disse. "Não sei se meu consolo íntimo poderá servir de algo para os jogadores de verdade. Só peço que leiam como uma homenagem aos que jogando sentem alegria e a oferecem." Para ele, Messi é o melhor do mundo. "Ele joga como um molequinho."

Antes de deixar a Argentina em direção à África do Sul, o polêmico técnico já havia declarado que a seleção iria para a Copa com "Maradona, Messi e Che Guevara, que também é argentino". Na concentração, escolheu uma série de frases do revolucionário para motivar o grupo.

Ontem, no estádio Soccer City, bandeiras traziam as imagens juntas de Maradona e Che Guevara. Por mais que a Fifa tente deixar a política de fora do futebol, no mundo de Maradona isso é praticamente impossível. Nesta semana, o técnico e Messi fizeram uma pausa nos treinos para receber as avós da Plaza de Mayo, grupo que por anos protestou contra a ditadura argentina.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Copa do Mundo e a romantização da pobreza


Thiago Hastenreiter, de Santos (SP)

O mundo assiste o continente africano sediar pela primeira vez a Copa do Mundo de futebol. O berço da humanidade, que teve suas riquezas naturais saqueadas, seus homens e mulheres raptados e transformados em escravos-mercadorias, andava esquecido, submersa nas epidemias de AIDS, até que a África do Sul se tornasse palco do maior espetáculo da Terra.

Muitos duvidaram desse feito, inclusive o atrapalhado (com as palavras) Pelé. Em janeiro desse ano, o ônibus da delegação do Togo, que participava da Copa Africana, sofreu um atentado terrorista realizado por uma organização angolana, o que levou muita desconfiança sobre as reais possibilidades da África do Sul sediar um evento desse porte.

Mas hoje a Copa é uma realidade e África do Sul pavimenta uma estrada que será percorrida amanhã pelo Brasil. O mundo parece redescobrir a África, e a mídia trata de romantizá-la, destacando a euforia de seu povo, suas danças típicas, sua fauna exuberante, seus rituais religiosos obscurantistas e suas “harmoniosas” vuvuzelas.

Os responsáveis pela condição de lumpenização do continente africano, onde as populações esperam cair dos céus os mantimentos para sobreviverem mais um dia, são os mesmos que exaltam a riqueza cultural desse povo sofrido. A pobreza aparece como algo abstrato, vindo quase do além, e é na prática varrida para debaixo do tapete. Para quem não sabe, milhares de famílias foram removidas de suas residências e submetidas a condições ainda piores, em casas de lata de 18m², para não estragar a paisagem no percurso entre os aeroportos e os grandes centros.

Muito se falou das greves da construção civil que ameaçaram o levantamento dos novos estádios meses antes do início da Copa, mas não foi divulgado em que condições trabalhavam esses operários. O salário desses trabalhadores era de 4,50 rands, ou R$1,10 por hora! Esses operários que ergueram verdadeiros santuários do futebol ficarão do lado de fora dos estádios, e assistirão às partidas pela televisão. Ao mesmo tempo tão perto e tão longe do show.

O clima passado pelos repórteres estrangeiros é de como se tivessem vivendo uma aventura, um safári onde, a todo momento, esbarram com o exótico povo africano. O regime do Apartheid, de segregação racial e social, abolido oficialmente em 1990, ganhou uma nova roupagem, muito mais amena, pretensamente mais simpática, mas não menos preconceituosa.

Tratam o racismo como um problema do passado. Antes havia banheiros separados para brancos e para negros. Escolas para brancos e escolas para negros. E hoje todos freqüentam os mesmos lugares. Isso é mentira. Os negros continuam guetizados em seus bairros e ocupam os mais baixos estratos sociais. Enquanto a elite, dona das grandes corporações capitalistas, é branca. Isso é um fato.

Sem dúvida, a revolução democrática que colocou abaixo o regime segregacionista do Apartheid foi uma vitória colossal das massas. No entanto, essa revolução que poderia ganhar um conteúdo também social, foi freada e desviada para dentro da institucionalidade burguesa, através da eleição de Nelson Mandela em 1994. Aí está o motivo pelo qual o imperialismo reverencia tanto a figura de Mandela. Ninguém melhor que o líder negro, que esteve preso por mais de 30 anos, que tinha como lema "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!", para pregar a conciliação e a paz entre as classes historicamente antagônicas.

Terminada a Copa da África os olhos se voltarão para o Brasil. 2014 é logo ali. Aí, mais uma vez, a pobreza será relativizada e ganhará a melodia do samba, da “mulata” e do futebol.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Petista histórico adere a greve de fome e preocupa time de Dilma

Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana

Ricardo Galhardo, iG São Paulo 14/06/2010

Quando o deputado Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que entraria em greve de fome contra a decisão da cúpula nacional do PT, que obrigou opartido a apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, pouca gente na direção do PT deu importância. “Se depender do PT ele vai morrer de fome”, disse um dirigente.

A situação mudou de figura no último domingo, durante a convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, quando chegou ao conhecimento da direção partidária que Manoel da Conceição havia aderido à greve de fome de Dutra. “Isso é sério”, disse o secretário nacional do PT, José Eduardo Cardozo, quando soube da notícia.

Manoel da Conceição é descrito pela revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, braço intelectual do PT, como “sem dúvida uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil em todos os tempos”. Mais velho entre os fundadores do PT ainda vivos, Mané, como é conhecido, está com 75 anos, tem diabetes, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 que quase o matou e até hoje causa dificuldade na fala, mas não abalou sua disposição de enfrentar a imposição da direção partidária ao PT maranhense.

“Vou até o final, até ver o resultado. Ou eles tiram a intervenção no Maranhão ou me expulsam do partido. Senão, eles vão me ver morto. A última vez que comi foi na quinta-feira”, disse Conceição, por telefone, ao iG.

Nascido em um pequeno vilarejo no sertão do Maranhão, expulso das terras da família por um latifundiário corrupto, Conceição já passou por situações muito piores do que a greve de fome iniciada quinta-feira.

À Teoria e Debate, ele relatou da seguinte forma um massacre de jagunços contra camponeses que presenciou em 1958 e escapou com vida por milagre: “A casa era um salão grande de um morador, da família Mesquita. Eles eram evangélicos da Igreja Batista. Aí entrou um dos jagunços e matou, sem troca de conversa, cinco pessoas, a bala e punhaladas nos rapazes e em uma senhora de mais ou menos 75 anos, que gritava na sala: ‘Não mate meus filhos!!’ Só que já tinha três rapazes mortos no chão. Deram um tapão na cabeça dela, jogaram a mulher no chão e cravaram nas costas o punhalão.

Ela ficou rodando no chão, esvaindo em sangue. Uma criança de 3 anos, vendo os mortos no chão, corria gritando: ‘Papai, papai...’ Um dos jagunços pegou essa criança e deu uma estucada numa parede de taipa que a cabeça lascou, os miolos se espatifaram no salão”.

Enfrentamento

O histórico de enfrentamentos contra a família Sarney remonta à década de 60. Em 1965, seduzido pelas promessas de reforma agrária do então jovem líder progressista José Sarney, Conceição mobilizou os camponeses do interior maranhense e ajudou a garantir a Sarney a maior votação até então para o governo do estado. Três anos depois ele foi baleado pela polícia comandada por Sarney durante uma reunião de líderes camponeses. Passou mais de uma semana largado em uma cela sem médico nem remédios.

A perna baleada gangrenou e foi amputada em um hospital de São Luís. “Depois o Sarney me visitou no hospital e tentou me comprar oferecendo emprego para mim e para minha mulher, uma casa e uma perna mecânica. Em troca queria que eu trabalhasse para ele. Recusei e fui preso outras nove vezes a mando do Sarney. É por isso que nunca, em hipótese alguma, aceitarei apoiar a oligarquia representada pelos Sarney no Maranhão”, disse Conceição, que no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, foi citado nominalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso.

A direção petista até agora não procurou Conceição e Dutra para conversar. O único interlocutor até agora foi o líder do partido na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE). Dutra é visto internamente como opositor já há algum tempo. “Esta greve de fome é uma violência contra o PT”, disse um parlamentar de alta patente.

A dupla de grevistas conta com assistência médica da Câmara. “Hoje (segunda-feira) o médico veio me ver três vezes”, disse Conceição. Apesar disso o temor na direção petista é grande quanto aos estragos que uma possível imagem de Conceição deixando o plenário da Câmara em uma maca possam causar à candidatura de Dilma e à imagem do partido.

domingo, 13 de junho de 2010

26 anos...

Completei na ultima sexta-feira, 11 de junho, 26 anos. Com o passar dos anos, o dia do aniversario parece que vai perdendo a graça e até a emoção. É só mais uma data, antes enfeitada com balões, com amigos, familiares, bolo, velinhas, mas que parece não fazer mais sentido ou significado. É só mais um dia, mais um ano que passa. E de fato seria, se não fosse dois acontecimentos, no mínimo, interessantes.

Primeiro, não tem como ser uma data comum com tantas pessoas queridas lhe desejando coisas boas e palavras sinceras; com sua família te paparicando bem além do comum.

No entanto o segundo motivo foi inegavelmente mais especial esse ano. Não foi uma data comum, pela receptividade e emoção que seres únicos, chamados crianças, promoveram.

Tive uma festa na escola, organizada por duas turmas da terceira série. Festa de criança: singela e emocionante como só as crianças sabem ser e fazer, especial como é a data de aniversario para elas. Fiquei emocionada e não tem como negar. Meu coração se encheu de emoção por conta dos mínimos detalhes: os balões colados no teto, um pano servindo de toalha, jujubas enfeitando o bolo, velinha de 26 anos, presentes, cartinhas, uma caricatura e até lembrancinhas para entregar aos convidados. Uma euforia e um cuidado exagerados, mas bonito.

E de repente, algo ficou muito lúcido: apesar do objetivo que vou perseguir em ser professora do Campus IX da UNEB, inegavelmente os/as pequenos/as conquistaram um espaço cativo no meu coração, bem antes desse gesto carinhoso da festa, mas que representou o fortalecimento de uma relação que estamos construindo pautada num processo pedagógico horizontal, dialógico, respeitoso e afetivo. E criança é um ser maravilhoso, as respeito por isso.

Esse gesto espontâneo das crianças não tem preço, não tem salário que pague, não tem adulto que alcance.

Obrigada por me fazerem feliz, amigos/as e crianças queridas!

terça-feira, 8 de junho de 2010

PSOL PROTOCOLOU REPRESENTAÇÕES NO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA A PREFEITA MUNICIPAL DE BARREIRAS


Na segunda-feira, 07 de junho, a Comissão Provisória do Partido Socialismo e Liberdade de Barreiras (PSOL), representado pela presidente Paula Vielmo, protocolou no Ministério Público Estadual seis representações contra a prefeita municipal de Barreiras, Jusmari Oliveira.

Cinco das seis representações tratam de dispensas de licitação e inexibilidade de licitação em desacordo com os dispositivos legais, fundamentados nas Leis Nº. 8.429/92 e 8.666/93. E uma trata da reestruturação organizacional da Prefeitura Municipal de Barreiras, onde criou-se cargos em comissão que não são “atribuições de direção, chefia e assessoramento”, contradizendo o artigo 37 da Constituição federal.

Será protocolado também na Câmara Municipal, documento sobre as irregularidades, que devem ser encaminhados pelo Poder Legislativo para o Tribunal de Contas dos Municípios.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ocupação na UNEB de Santo Antônio de Jesus


* Texto recebido por e-mail

A partir de ontem, dia 02 de junho de 2010, os/as estudantes do Campus V da UNEB em Santo Antonio de Jesus iniciaram uma ocupação nas instalações físicas da Universidade. A iniciativa de tal ocupação deve-se ao clima de deflagração de GREVE criado dentro da instituição nas últimas semanas em virtude do processo de sucateamento vivenciado pelas Universidades Estaduais Baianas e o descompromisso do Governo do Estado em negociar com o movimento organizado.

Após a paralisação iniciada no dia 01 de junho com fechamento dos portões e impedimento de acesso dos funcionários às dependências da Universidade, os/as estudantes resolveram manter a paralisação por tempo indeterminado com a perspectiva de intensificar a mobilização e despertar as autoridades competentes para um diálogo.

Após a deliberação do Sindicato dos/as professores/as em aprovar o ESTADO DE GREVE, que significa uma “preparação para a greve”, os/as estudantes avaliam que o ritmo da mobilização que deve ser tomada é através da construção de um calendário de lutas aliado à intensa paralisação de todas e quaisquer atividades no campus universitário.

Através de assembléia estudantil realizada dia 02 de junho foi deliberada a construção de um ato público dia 08 de junho durante a inauguração do CETEP do recôncavo que contará com a presença do Governador Jaques Wagner na cidade, bem como a ida para Salvador no dia seguinte para o ato público em frente ao Shopping Iguatemi na perspectiva de fortalecer o movimento. A pauta reivindicatória exige imediatamente a atenção à demanda de professores/as para a Universidade que supra a necessidade existente e garanta a execução das atividades acadêmicas, contudo a pauta se estende ao imediato CONCURSO PÚBLICO, ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL EFETIVA, INSTALAÇÕES FISICAS DA UNIVERSIDADE E AUTONOMIA UNIVERSITARIA.

Desta forma, o campus da Universidade do Estado da Bahia alocado em Santo Antonio de Jesus encontra-se paralisado mediante ocupação feita pelos/as estudantes.

SAJ, 02/06/2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A prefeita cassada não faz falta!

É verdade! A prefeita e a vice de Barreiras foram cassadas pela segunda vez, eagora por conta de doações de campanha muito acima da capacidade financeira dos doadores/as, muitos inclusive, seus assessores parlamentares e familiares deste. O juiz eleitoral, Eustáquio Boaventura, identificou isso através das declarações de imposto de renda dos doadores/as.

Barreiras está a três dias sem ninguém respondendo pelo Poder Executivo, é notícia, agora, geral em toda imprensa e o assunto preferido das conversas. No entanto, eu pergunto: alguém sentiu falta da prefeita e da vice? Barreiras com elas ou sem elas está na mesma, e isso não sou eu apenas que digo, mas muitas pessoas. O fato é: Jusmari e Regina não fazem falta, porque não fizeram diferença. A única diferença, foi, serem cassadas duas vezes em um ano e meio, algo inédito em nossos 119 anos.

Além disso, me pergunto: elas terão descontados de seus gordos salários os dias sem "trabalhar" ou será falta justificada? O salário de R$12.000,00 da prefeita e o de R$6.000,00 da vice equivalem a R$400,00 e R$200,00 por dia, o que até o momento economiza módicos R$18.000,00 aos cofres públicos.

E fora isso, ainda tem a polêmica do atual presidente da Câmara Municipal, vereador BI (aquele mais votado que não apresentou um Projeto de Lei sequer em 2009) que se recusa a assumir a função, está fugindo da imprensa e ainda alega que não foi "notificado" pela justiça eleitoral.

Acredito que logo, logo ambas voltem, mas essas cassações insinuam que a impunidade começa a perder espaço por aqui, coisa que finalmente acontece. Quem viver, verá!

Por Paula Vielmo