sábado, 30 de outubro de 2010

Manifesto dos professores universitários pelo Voto Nulo

Nesta eleição a direita – entendida como a representação da grande burguesia –não está representada apenas por Serra, mas também por Dilma. No Brasil, as grandes empresas estão divididas nas eleições. Um setor apóia Serra, o que é mais do que evidente nas empresas de TV e nos principais jornais. Mas a maioria do grande capital, no entanto, que inclui os banqueiros, as multinacionais, os governos imperialistas, apóia política e financeiramente as duas campanhas.

As duas são financiadas pela grande burguesia. A campanha de Dilma arrecadou bem mais que a de Serra, até agora. O dólar se manteve estável nas eleições, estando abaixo de R$ 1,70. Todos nos lembramos do dólar perto dos R$ 4 nas vésperas das eleições de 2002, quando a burguesia ainda temia o que podia ser o governo Lula. Agora o grande capital confia no PSDB... e no PT.

Votar Dilma ou Serra é manter o plano econômico neoliberal aplicado por FHC e continuado por Lula. É manter bloqueada a reforma agrária, como aconteceu no governo FHC e também no de Lula. É aceitar a ocupação militar do Haiti defendida por Dilma e Serra.
Votar em Serra seria votar junto com FHC, Cesar Maia, Yeda Crusius, velhas figuras da direita desse país. Votar em Dilma seria votar junto com Maluf, Collor, Sarney, Jader Barbalho, outras velhas figuras da mesma direita.

Não existe um “mal menor” nesse segundo turno. Votar em Dilma ou Serra vai fortalecer um deles para atacar com mais força os direitos dos trabalhadores. Um governo do PSDB ou do PT vai atacar duramente os trabalhadores quando a crise econômica internacional chegar novamente ao Brasil. Tanto um como outro já anunciaram sua disposição de aumentar a idade mínima para a aposentadoria. Cada voto dado em Dilma ou Serra é uma força a mais que eles terão para aplicar uma nova reforma da Previdência.

Cada voto dado em Dilma ou em Serra ampliará a força do novo governo eleito para atacar os trabalhadores. Não se pode esquecer a crise econômica internacional que se avizinha. Não é por acaso que tanto Dilma quanto Serra já manifestaram que vão implementar uma nova reforma da Previdência assim que eleitos.

Cada voto nulo nesse segundo turno significará menos força para o governo eleito. Foi impossível para a luta dos trabalhadores nessa conjuntura romper a falsa polarização eleitoral entre as duas candidaturas. Mas é necessário expressar nossa rejeição às duas alternativas patronais em disputa. Não serão eleitos em nosso nome.

Assinam esse manifesto:

1. Abraão Penha (DCET-I/UNEB)
2. Alessandro de Melo (Universidade Estadual do Centro-Oeste)
3. Alvaro Bianchi (IFCH/Unicamp)
4. Angela Santana do Amaral (UFPE)
5. Anita Handfas (UFRJ)
6. Antonio Rodrigues Belon (CPTL/UFMS)
7. Carlos Zacarias de Sena Júnior (FFCH/UFBA)
8. Cecília de Paula (FACED/ UFBA)
9. Claudia Durans (UFMA)
10. Cristiano Monteiro (Unianchieta-SP)
11. Cristina Paniago (UFAL)
12. Daniel Romero (IFBA)
13. Danilo Enrico Martuscelli (UFFS/Campus Chapecó)
14. Deribaldo Santos (FECLEC-UECE)
15. Edmundo Fernandes Dias (professor aposentado IFCH/Unicamp)
16. Elizandra Garcia da Silva (ICSZ/UFAM)
17. Fábio José C. de Queiroz (URCA)
18. Fernando Frota Dillenburg
19. Flavio Bezerra de Farias (UFMA)
20. Francisco Augusto Silva Nobre (DF-URCA/CE)
21. Francisco Mata Machado Tavares (UFFS/Campus Chapecó)
22. Frederico Costa (FACEDI/UECE)
23. Geraldo do Nascimento Carvalho (UFPI/Campus Floriano)
24. Gonzalo Rojas (UACS/UFCG)
25. Hajime Takeuchi Nozaki (UFMS/Campus Três Lagoas)
26. Hector Benoit (IFCH/Unicamp)
27. Henrique Carneiro (FFLCH/USP)
28. Itamar Ferreira (FEM/Unicamp)
29. Ivo Tonet (UFAL)
30. Jadir Antunes (Unioeste)
31. José Antônio Martins (UFSC)
32. José Gonçalves de Araújo Filho (DEPRO-URCA/CE)
33. José dos Santos Souza (UFRRJ)
34. José Vitório Zago (professor aposentado –IMECC/UNICAMP)
35. Joselito Almeida (DEDC-II/UNEB)
36. Lelita Oliveira Benoit (CUSC/SP)
37. Lorene Figueiredo (Educação/UFF)
38. Luiz Fernando da Silva (Unesp/Bauru)
39. Marcelo dalla Vecchia (Universidade Federal de São João del-Rei/MG)
40. Marcelo Barreto Cavalcanti (CE/UFPE)
41. Márcio Naves (IFCH/Unicamp)
42. Maria Amélia Ferracciú Pagotto (rede particular de ensino superior)
43. Maria Cecília de Paula Silva (FACED/UFBA)
44. Maria Cecília Garcia (professora aposentada Mackenzie)
45. Maria Celma Borges (UFMS-Campus de Três Lagoas)
46. Maria Norma Alcântara Brandão de Holanda (UFAL)
47. Menandro Ramos (FACED/UFBA)
48. Nelson Prado Alves Pinto (IE/Unicamp)
49. Patrícia Maia (Unisa)
50. Paulo-Edgar Almeida Resende (PUCSP)
51. Raquel Dias Araujo (CED/UECE)
52. Roberto della Santa (CeCa/UEL)
53. Rodrigo Dantas (UnB)
54. Rodrigo Duarte Fernandes dos Passos (UFPI)
55. Rodrigo Ricupero (FFLCH/USP)
56. Ruy Braga (FFLCH/USP)
57. Sílvio Camargo (IFCH/Unicamp)
58. Valério Arcary (CEFET/SP)
59. Vitor Wagner Neto de Oliveira (CPTL/UFMS)
60. Zuleide Fernandes de Queiroz (URCA)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um deputado no olho do furacão


Bruno Huberman - Carta Capital


O sorriso de carioca boa praça engana. Não que o deputado estadual pelo PSOL Marcelo Freixo não o seja, mas quem o vê, a principio, desconfia ser ele o homem que enfrentou a milícia no Rio de Janeiro. Quem conhece a sua história na militância pelos direitos humanos não se surpreende com a atuação que teve na Assembléia Legislativa. Trabalhou como professor de história em prisões, negociou rebeliões ao lado do Bope e em 2006 candidatou-se ao parlamento fluminense para ampliar seu campo de luta. Foi o responsável pela instauração da CPI das Milícias, que prendeu 275 milicianos e desmontou sua liderança.

Freixo não pôde fazer campanha nas áreas de milícia durante a corrida eleitoral deste ano. Seus partidários foram intimidados por milicianos. Por causa do enfrentamento, se viu obrigado a andar em carro blindado e com segurança armado. Mesmo prejudicado, foi o segundo candidato a deputado estadual mais votado no Estado. Conseguiu apoio de artistas e intelectuais. A sua atuação como político e ativista inspirou o cineasta José Padilha na criação do personagem Fraga no filme Tropa de Elite 2.

Na entrevista concedida a CartaCapital, Freixo bateu na gestão do governador Sérgio Cabral e no seu “projeto de cidade segregadora” com as Unidade de Polícia Pacificadoras, muros, remoções e barreiras acústicas. E propôs um novo entendimento de segurança pública no Rio de Janeiro e no Brasil.

sábado, 23 de outubro de 2010

Voto em Dilma para derrotar a direita tucana é um tiro que pode sair pela culatra


Declaração do Comitê Nacional da corrente LSR (Liberdade, Socialismo e Revolução)
- Corrente interna do PSOL


A surpresa da realização de um segundo turno nas eleições presidenciais entre Dilma Rousseff e José Serra tem provocado um amplo debate entre os trabalhadores e a juventude. A corrente Liberdade Socialismo e Revolução – LSR posiciona-se claramente contra ambos os candidatos e defende o voto nulo no segundo turno junto com a reafirmação das bandeiras de luta levantadas pela campanha presidencial de Plínio pelo PSOL.

Para nós, a posição da esquerda socialista no segundo turno eleitoral tem que servir para construirmos um terceiro turno das lutas contra os ataques do governo eleito em 31 de outubro, seja Serra ou Dilma. O apoio, mesmo crítico, a qualquer dos dois não ajuda nessa direção.

Temos visto, porém, que o pavor e repúdio diante da possibilidade de um retorno da aliança ‘demotucana’ ao governo federal fazem com que uma parcela significativa da vanguarda dos trabalhadores e da juventude admita a possibilidade de um voto na candidata da coligação encabeçada pelo PT e PMDB. O raciocínio é o do voto contra a direita explícita, o voto no ‘mal menor’ ou simplesmente no ‘menos pior’.

Essa lógica foi adotada por setores organizados dos movimentos sociais e da esquerda. Até mesmo a Executiva Nacional do PSOL, contra a posição da LSR, admite o voto crítico em Dilma para derrotar Serra como uma possibilidade, assim como a do voto nulo. A maioria dos parlamentares eleitos pelo PSOL já anunciou sua disposição de votar criticamente em Dilma ao contrário da disposição do ex-candidato presidencial Plínio que anunciou que votará nulo.

Para nós, porém, o suposto tiro contra Serra acabará saindo pela culatra. A lógica do ‘mal menor’ acabará reforçando o aspecto mais nefasto do ‘lulismo’ – sua maquiagem de esquerda utilizada para conter as lutas sociais em benefício das elites dominantes e do status quo. Desmascarar essa falsa imagem de esquerda do ‘lulismo’ e reconstruir uma verdadeira esquerda socialista no Brasil é uma das tarefas centrais dos socialistas no atual momento histórico.

Leia a nota completa


Concordo totalmente com a nota lançada pela LSR! Vale a pena ler na íntegra, sem dúvidas.
Quem ler, comente depois...


domingo, 17 de outubro de 2010

PORQUE EU ANULO MEU VOTO NO 2º TURNO

Por Paula Vielmo


Esse segundo turno não tem a emoção do primeiro, nem a diversidade e nem o aprofundamento que se deseja nos debates e propostas para o futuro do país.

Diante das trocas de acusações por parte da petista Dilma e do demotucano Serra, o que não vemos são discussões sérias sobre os reais problemas do Brasil. Não bastasse esse cenário insosso, alguns outros elementos somaram-se a minha posição de anular o voto no segundo turno, pois não aceito ser refém do que está posto.


Três motivos centrais

O primeiro é fruto de uma maturidade política que não aceita escolher entre “menos” pior, reproduzindo uma política desqualificada. Se não tiver alguém em quem eu acredite mesmo, eu não voto! Não voto porque votar é pontual e não acredito que voto sem mobilização represente mudanças, logo anular o voto não é, para mim, o fim do processo, mas uma etapa em que não aceito ser refém de um voto-salvador-da-pátria.

Em segundo, tem a análise partidária. O partido que faço parte, que optei por construir e militar – o PSOL – é um partido de oposição programática, que surgiu a partir da expulsão de alguns ex-petistas que não concordaram em abafar as bandeiras históricas do PT e não traíram a classe trabalhadora. Mesmo sendo oposição, de maneira alguma faz coro com os demotucanos, a direita mais reacionária do país. Assim, considerando a origem e a trajetória do PSOL nesses 6 anos, não nos alinhamos com a política proposta pelo PT ou pelo PSDB, representados nessa eleição pela polarização Dilma e Serra.

Em terceiro, após analisar os projetos das duas candidaturas (im) postas nesse segundo turno, onde quem continua a disputa não são os melhores projetos, mas os melhores marqueteiros, ambos são muito semelhantes e ouso afirmar, sem medo de errar, iguais na essência. Isso quer dizer que ou Dilma ou Serra, não haverá reforma agrária; que ou Dilma ou Serra, não teremos suspensão da dívida pública (se é que devemos depois de 500 anos pagando); que ou Dilma ou Serra, os investidores estrangeiros, banqueiros e grande capital não tem com o que se preocupar; que ou Dilma ou Serra, não teremos mudanças estruturais; que ou Dilma ou Serra, a única proposta, absolutamente vergonhosa, que apresentaram para a educação brasileira trata-se de ampliação de escolas técnicas, para ofertar mão-de-obra barata qualificada da juventude, sugando a força desse segmento.

O menos pior: PT ou PSDB?

No entanto, não me furto de fazer a análise de que, apesar de tantas semelhanças entre PT e PSDB, este último representa um retrocesso muito pior para o país. O PSDB-DEM/Serra representa a retomada das privatizações, o sucateamento aprofundado do ensino superior e a venda do país. E não é exagero, pois nosso povo é tão, mas tão passivo que é possível venderem o país e ninguém se mexer contra isso (ninguém é força de expressão, haja vista que sempre existe resistência, mesmo que pequena ou sem força). Ainda, como bem afirmou um colega da especialização, o demotucano Serra é uma ameaça à esquerda da América Latina, e não apenas para o Brasil.

Portanto, tenho posição de anular o voto seguindo a politica de não aceitar “menos pior”, mas para quem aceita essa politica, penso que Dilma ainda é a menos pior, pois se ela sem dúvida não é a candidata dos sonhos, Serra com certeza é o dos pesadelos.

A questão do aborto

Tenho assistido enojada, o debate rasteiro e a maneira irresponsável como ambas as candidaturas, mais enfaticamente a de Serra, tem tratado a questão do aborto no Brasil.

O aborto é um grave problema de saúde mundial, e que no Brasil é responsável pela morte de mais de 1 milhão de mulheres a cada ano. Assim, o debate necessário e urgente sobre a legalização e descriminalização do aborto, usados para essa politicagem suja, merece muito mais respeito, seriedade e aprofundamento.

O debate travado considera muito mais o moralismo hipócrita familiar e religioso, do que a questão da saúde e dos direitos reprodutivos das mulheres – em optar ou não por ser mãe, e a necessidade de o Estado brasileiro, assim como outros países, garantir de modo seguro a interrupção da gravidez.

No entanto, nessa temática, Dilma abandonou a bandeira da legalização do aborto por conta de uma estratégia eleitoral de poder, e Serra virou o maior defensor “pró-vida”, e “nunca antes” nos seus programas eleitorais vimos tantas mulheres grávidas ou bebês nascendo como nesse segundo turno.


Assim, parto da resolução da Executiva Nacional do PSOL que reconhece que a militância pode optar pelo voto nulo/ branco ou pelo "voto crítico" em Dilma, mas JAMAIS a Serra e explicito a minha posição, tomada antes da Executiva Nacional de, partindo dos princípios elencados acima, no dia 31 de outubro com plena convicção anular meu voto, pois me recuso a ter que escolher entre as faltas de opções. No dia 31 de outubro eu digito 50 e confirmo, como protesto a imposição das covardes candidaturas da pseudo-esquerda e da direitona.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cadê a sessão da Câmara?


Por Paula Vielmo


Aproveitando o recesso escolar das escolas municipais, resolvi ir à sessão ordinária da Câmara na tarde de ontem (quarta-feira, 13), coisa que não fazia a muito tempo devido ao horário em que ocorrem as sessões (16h00).

Cheguei na câmara por volta das 16h05 e estava um silêncio absoluto. Entrei no plenário praticamente vazio, apenas com o câmera testando a imagem e áudio e alguns poucos funcionários, além do vereador Bispo Daniel, único edil no recinto.

Logo em seguida, chegou o companheiro Luciano acompanhado de seu filho Daniel, e ficamos lá sentados, esperando a sessão iniciar. Já passava das 16h15 quando os vereadores Sobrinho e Tito chegaram. Haviam alguns funcionários a mais no recinto, mas nem sinal da sessão iniciar.

Às 16h45, fomos embora.

Ora, não bastasse a indignação do desgaste de ficar sentada esperando mais de quarenta minutos o inicio da sessão, sem contar com mais do que três vereadores no plenário, é preciso fazer algumas considerações sobre esse fato:

1. As sessões continuam cada vez mais esvaziadas, e como não são pontuais e o horário não permite que trabalhadores/as a assistam, a tendência é ficar cada vez mais esvaziada de pessoas (de conteúdo político já é);

2. Além dos poucos funcionários presentes no plenário, as únicas pessoas da população éramos nos (Luciano, Daniel e eu) e outro senhor. Quando fomos embora, não ficou praticamente nenhum/a cidadã/o a não ser quem trabalha lá;

3. O regimento da Câmara é muito claro em relação ao horário das sessões:

Art.91 A Câmara, para o exercício de suas funções, reunir-se-á, ordinariamente, em dias úteis, excetuando o período de recesso, às terças e quartas-feiras, a partir das 16h, com tolerância de 15 (quinze) minutos para espera de quorum.

Ora, nem a senhora presidente estava presente no plenário e nenhum dos demais membros da mesa diretora (ou seria mesa direitona): BI, Pastor Souza e Beza para verificar o quorum e iniciar ou suspender a sessão.

Se aqueles que tem o papel de fiscalizar (vereadores) não cumprem seu horário formal de trabalho "para o exercício de suas funções", e também não são fiscalizados (pela população e imprensa), a representação em Barreiras parece cada vez mais fadada ao fracasso.

"E tudo continua como dantes no quartel de Abrantes..."

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eleições presidenciais 2010: em leilão, os ovários das mulheres!


Começa a reação das mulheres contra o “aiatolá” Serra


Fátima Oliveira*

ESPECIAL PARA O VIOMUNDO

“Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim…

Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.

No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.

Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a TODOS os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!

Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais CAPAZ de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!

Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.

As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professor uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.

Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!

O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!

Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!

Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?

Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.

É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.

“Quem me compra um jardim com flores?/ borboletas de muitas cores,/ lavadeiras e passarinhos,/ ovos verdes e azuis nos ninhos?/ Quem me compra este caracol?/ Quem me compra um raio de sol?/ Um lagarto entre o muro e a hera,/ uma estátua da Primavera?/ Quem me compra este formigueiro?/ E este sapo, que é jardineiro?/ E a cigarra e a sua canção?/ E o grilinho dentro do chão?/ (Este é meu leilão!)” [Leilão de Jardim, Cecília Meireles].

Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!

E-mail: fatimaoliveira@ig.com.br

* Fátima Oliveira é médica e escritora. Feminista. Integra o Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e o Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC). Escreve uma coluna semanal no jornal O Tempo (BH, MG), desde 3 de abril de 2002. Uma das 52 brasileiras indicadas ao Nobel da Paz 2005, pelo projeto 1000 Mulheres para o Nobel da Paz 2005.

Belo Horizonte, 07 de outubro de 2010

Fonte: http://www.viomundo.com.br


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

QUANDO O VERDE É AZUL

Por Felipe Demier (4/10/2010)

Os quase 20% do total dos votos válidos obtidos ontem pela candidata Marina Silva, do Partido Verde (PV), obrigarão a realização de um segundo turno eleitoral a 31 de outubro, fato que deixou, segundo um amigo meu de Perdizes (SP), toda assanhadinha a Avenida Paulista na cinzenta manhã dessa segunda feira. Proclamada como uma agradável surpresa pelos grandes meios de comunicação, o percentual de votos alcançados por Marina Silva possibilitou aquilo que era, na verdade, o sentido último da candidatura verde: fazer com que o campeonato eleitoral disputado por pontos corridos tivesse ainda uma outra fase, de mata-mata, na qual o candidato da oposição de direita, José Serra, pudesse medir forças em condições de igualdade com a candidata governista “de esquerda”, Dilma Rousseff.

Deixando para os incontidos jornalistas políticos a comemoração por mais uma “festa da democracia” a ser realizada em breve, me aventuro a dizer aqui que a “vitória eleitoral” de Marina Silva exprimiu o significativo espaço existente para uma opção política pós-moderna em um Brasil profundamente desigual e combinado, pra lembrar aqui o velho Trotsky.

Em uma ponta dos votantes verdes, no Brasil “moderno”, encontram-se aqueles jovens com baixíssima formação política pertencentes aos extratos médios mais confortáveis da sociedade, amantes dos últimos modelos de telefone celular e das deletérias crônicas do anticomunista Arnaldo Jabor. Lídimos filhos dos privatizados anos 90 do século passado, esses jovens, esteticamente estilizados pelas marcas com “responsabilidade social” (que ajudam 10 crianças na África para cada 1000 que exploram na Ásia), tomam sua opção eleitoral por Marina como mais uma de suas atitudes cool, que em períodos não eleitorais se materializam normalmente em sessões de cinema iraniano e um chope ou outro no Jobi do aprazível Leblon. Ao lado dessa juventude alternativa – para quem a alternativa ao capitalismo não é senão um capitalismo com ainda mais ongs e espaços culturais financiados por bancos ­–, estão também aqueles renegados e midiáticos intelectuais que, por alguma filigrana moral superegóica que ainda lhes resta, sentiriam um mal estar na noite de domingo se, como em seus sonhos de véspera, tivessem apertado o 45 na urna eletrônica.

Na outra ponta dos eleitores de Marina, no Brasil “arcaico”, encontram-se amplos contingentes populares de origem proletária e adeptos do insípido protestantismo evangélico, que cresce exponencialmente em um capitalismo periférico de desagregação social assustadora. A adesão desses contingentes à inflada “onda verde” é decorrente não de uma “opção política consciente e cidadã”, como gostam os artistas-garotos-propaganda que “fazem a sua parte”, mas sim da força de atração e cooptação exercida pelas máquinas eleitorais as quais estão submetidos devido à sua miséria material e espiritual. Isto porque embora se arvore como defensor de uma “nova agenda” a ser aplicada por meio de uma “nova forma de fazer política”, o partido verde brasileiro é tão fisiológico quanto qualquer outro dos partidos das nossas classes dominantes. Sem perder tempo com “inócuas” manifestações de rua pró-meio ambiente e ocupando impudentemente secretarias e cargos em governos municipais e estaduais de qualquer matiz ideológico (se é que ainda existe algum outro matiz além do neoliberal por aqui), o PV sabe fazer oposição tanto quanto sabiam as facções estaduais vitoriosas em relação ao presidente da república durante a democracia oligárquica nas décadas de 1900 e 1910. Arrastadas pelo pastor ou pelo caudilho político (ou pelos dois, em muitos casos), essas massas anônimas também sufragaram messianicamente o nome de Marina no domingo, uma ambientalista evangélica anti-aborto que, depois de no governo federal permitir a farra das madeireiras na Amazônia e das multinacionais “transgênicas” no campo, como candidata mostrou que sabe se comunicar tanto pelas sagradas escrituras com seus “arcaicos” eleitores, quanto pelo twitter com os seus (pós-) modernos. Em uma palavra, uma “eco-capitalista”, como bem disseram o incansável Plínio de Arruda Sampaio e o corajoso operário José Maria de Almeida ao longo de suas importantes campanhas eleitorais (que, como qualquer um pode agora perceber, deveriam ter sido uma só).

A combinação dessas duas pontas do eleitorado de Marina conseguiu trazer para a órbita verde ainda alguns milhões de pessoas que ilusoriamente nela enxergaram uma alternativa à polarização intra-burguesa PT x PSDB. Assim, essa amalgamada receita verde, desigual e combinada (mas não orgânica), foi azeitada por um discurso meio místico, meio antropológico (já que a antropologia de hoje prefere cada vez mais a mística à ciência), que dizia ser Marina “uma mulher da floresta”, curiosamente a mesma floresta na qual o seu vice de chapa expropria via “lei de patentes” o saber dos povos indígenas, transformando-o (por meio de uma mística que Marx já desvendou há um bom tempo) em lucro para sua empresa “socialmente responsável”. Como tempero final, foram adicionados os apoios declarados de conhecidas personalidades da indústria cultural, como o do talentoso músico tropicalista Caetano Veloso, cuja lista de candidatos escolhidos é mais incoerente do que as escalações do (ex-) técnico Silas do Flamengo, e do também talentoso e bem intencionado ator baiano Wagner Moura que, depois de interpretar um herói policial num filme indisfarçavelmente fascista, pediu votos para a reeleição de um valoroso deputado estadual cujo mote político é justamente a condenação à diária repressão policial exercida sobre os setores subalternos da sociedade.

Agora, entretanto, com o início das campanhas para o segundo turno, o enigma Marina parece estar perto de ser desvendado, e as ilusões e confusões de serem dissipadas. Dois monstruosos aparelhos partidários, representantes das mesmas frações do capital internacional e nacional, disputarão quem vai administrar para a classe dominante brasileira seu Estado nos próximos quatro anos, e, assim, quem irá seguir pagando a dívida externa, concentrando renda, freando a reforma agrária, esfacelando os serviços públicos essenciais e retirando direitos sociais universais para garantir a taxa de lucro das grandes corporações financeiras, industriais e do agro-negócio. De um lado, um partido nascido das lutas operárias que, convertido em partido da ordem e dotado de prestígio entre os movimentos sociais organizados, cumpriu religiosamente tudo isso, mas que, por estratégia de dominação social num país com índices obscenos de desemprego, aumentou o crédito para o mercado consumidor, ampliou significativamente a distribuição de migalhas via bolsa-família e abriu concursos públicos, buscando, com tais medidas, conquistar também um alargamento de sua base social-eleitoral. Do outro lado, um partido tradicional da burguesia brasileira, que caiu no gosto desta precisamente porquanto cumpriu com maestria a função de esmagar politicamente a classe trabalhadora na década de 1990 e realizar o ajuste neoliberal-privatista no país. Por uma mentalidade de armarinho, como gosta de dizer um amigo meu, ou por mero sadismo, como me disse outro, não se dispôs a gastar quase nada do volumoso orçamento nacional com os que vivem (ou tentam viver) do seu trabalho, deixando-os a deus-dará – ainda que esse deus seja o deus-mercado. Ao que tudo indica, Marina Silva e seu partido (capitaneados pelo mutante Gabeira) irão, mais ou menos deslavadamente, orientar seus eleitores verdes a votar no azulado José Serra, optando, assim, pela proposta mais reacionária de gestão do capitalismo brasileiro (ou pela mais sádica, segundo aquele amigo)

Assumindo, camaleonicamente, a cor azul nesse segundo turno, a candidata verde talvez ajude a romper a ilusão daqueles que ingenuamente nela ontem votaram para evitar, ao menos no primeiro turno, ter que escolher entre Dilma e Serra (inclusos aqui muitos e muitos estudantes, trabalhadores, intelectuais, artistas etc.). Quanto às massas populares sob influência da máquina eleitoral do PV, é provável que a maioria delas siga as orientações de sua “santa da floresta” e de seu partido (ou não, como diria o supracitado músico tropicalista). Já no que concerne aos antes mencionados segmentos médios de vida cool – tão distantes de uma opção política socialista quanto seu mundo de consumo alternativo o é dos poucos trabalhadores brasileiros que por ela ainda renitentemente lutam –, pode ser que uma parte substantiva deles se encontre, nas urnas, com seus adversários estéticos de sua própria classe, os yuppies, mauricinhos e patricinhas que – embora hoje utilizem avidamente maconha e demais psicotrópicos como antes o faziam, grosso modo, apenas os alternativos supostamente rebeldes – nutrem um histérico asco ao PT em função do que esse partido já foi um dia, e não exatamente pelo o que ele é hoje. Todavia, se por um acaso inquiridos forem se não vêem mesmo nenhum problema em votar no candidato da direita brasileira, tal como farão as alas patologicamente mais reacionárias da burguesia e da classe média do país, é provável que respondam com o sonso adágio relativista pós-moderno da moda: “não, qual o problema?”.


sábado, 9 de outubro de 2010

Em defesa da democracia!


Católicas pelo Direito de Decidir se manifestam em defesa da democracia!

A democracia é um dos bens mais preciosos que vêm sendo conquistados no Brasil, de forma lenta, às vezes contraditória, mas progressiva. As eleições, com todos os seus limites, representam um retrato da democracia formal. Trata-se de um momento privilegiado para que as diferenças se contraponham na arena política e assim se construam consensos e novas propostas para o bem do povo brasileiro.

No presente momento, nossa democracia está sendo vergonhosamente desrespeitada. Setores conservadores estão usando um discurso pseudo-religioso, totalmente baseado em falsos moralismos, para influenciar de forma ilegítima o processo eleitoral. Em nome da "defesa da vida", utilizam-se do debate sobre o aborto para fortalecer a influência da religião nos processos políticos, sem se preocuparem com o grave risco que a ilegalidade do aborto causa às mulheres mais pobres.

Irresponsável é o líder religioso que não enxerga a realidade, baseando-se apenas em princípios abstratos que contradizem o autêntico valor da vida, com a plena dignidade que ela deveria ter. Ainda mais irresponsável é o líder político que, amedrontado frente a ameaças eleitoreiras, deixa de comprometer-se com seu dever de chefe de Estado. Um Estado laico deve respeitar todas as religiões, mas jamais pode ser regido por princípios religiosos. [grifo meu]

Não é do interesse público o que pensa cada candidato/a sobre o aborto, mas sim o que propõe fazer como estadista, como governante, para enfrentar esse grave problema de saúde pública. Não se trata de que os/as candidatos/as façam declarações afirmando ser contrários ou favoráveis ao aborto, porque essa polarização não permite que avancemos de forma adequada na discussão sobre o tema. Ser "favorável à legalização do aborto" não significa ser "favorável ao aborto", pois é sabido que, se o aborto sair da clandestinidade, sua prática tende a diminuir.

De toda forma, o que está em jogo de fato no atual debate não é o aborto e sim a democracia. Não está havendo um debate social sobre o aborto, mas sim uma utilização escusa do tema, que está sendo realizada de forma maliciosa, astuta e eleitoreira. Trata-se de um jogo sujo, no qual mais uma vez a vida das mulheres serve como moeda de troca! [grifo meu]

Queremos que o grave problema do aborto no Brasil seja discutido como uma questão de saúde, este é o seu lugar, e não como um problema policial ou religioso. Não aceitamos que, por trás deste falso debate em torno do aborto, saiam de cena os sérios problemas que devem ser enfrentados: da exclusão social, da injusta distribuição de renda, da violência urbana, do baixo nível educacional, da pobreza, da moradia indigna, da desigualdade entre os gêneros, da violência contra mulheres e das más condições de saúde, entre outros.

Diante dos riscos que corre nossa incipiente democracia, conclamamos todas as forças da sociedade civil, independentemente de crença religiosa ou filiação partidária, para que se manifestem em favor da democracia e em defesa da laicidade do Estado, sem a qual o direito à expressão religiosa não será respeitada. Respeitemos nossa Constituição, sendo fiéis aos seus princípios.

Não vamos permitir que posições ideológicas e políticas, mascaradas por um falso discurso religioso em favor da vida, se imponham de forma desonesta e difamatória a um governo que se pretende verdadeiramente democrático. Não vamos permitir que este processo eleitoral envergonhe nosso país, que tem sido reconhecido internacionalmente como promotor da verdade e da paz.

Retirado de: Católicas pelo Direito de Decidir


OBSERVAÇÃO: não sou católica, mas concordo com muitas posições desse grupo feminista dentro da Igreja Católica.



sábado, 2 de outubro de 2010

Obrigada, Plínio 50!

Amanhã vamos passar mais uma vez pelo momento tenso, orbigatório e muitas vezes chato das eleições; pelo momento de exercicio da cidadania; pela escolha das representações, depende do ponto de vista.

Para mim, amanhã termina um momento de participação importante nas eleições burguesas, onde disputamos através de nossas candidaturas e de nossa militância, corações e mentes para um projeto diferente, autêntico e socialista para a Bahia e o Brasil, e recomeça outro mais importante, que é a continuidade da luta cotidiana. Nesse período, não paramos de lutar, de denunciar, de nos colocar prontamente ao lado da classe trabalhadora e dos/as oprimidos/as, mas é inegável que enquanto partido que não pode, e nem quer competir materialmente com os poderosos, somos um pouco abafados e tivemos que nos dedicar à campanha eleitoral nesses últimos três meses. Participar das eleições, é conviver e constatar de perto com a desigualdade, com a falta de "democracia", principalmente na mídia, e significa fortalecer a certeza de que o PSOL é um partido que luta pela igualdade, um partido necessário.

Não é tarefa simples a nossa opção de estar ao lado dos/as oprimidos/as, mas nós temos um lado bem definido, ao contrário das demais candidaturas da ordem (Dilma, Serra e Marina) e o fazemos por opção, não por simplismo.

O lema de Plínio, nosso querido candidato a presidente da república foi "Opção pela igualdade". Sim, somos a favor e defendemos a igualdade, que é opositora da desigualdade gritante que nos assola nesse imenso país. Foi uma campanha corajosa, complicada pelas dificuldades financeiras e imensidão do Brasil, mas nós assumimos e tenho convicção de que cada militante do PSOL ou cada pessoa que acreditou na opção do 50 chega ao final contente com a postura do nosso candidato Plínio, que levou adiante as históricas bandeiras da esquerda e da igualdade.
Plínio, um nome inesquecível. Ele, longe do personalismo, representou o PSOL. E eu, enquanto militante do PSOL me sinto completamente bem representada e como eleitora, amanhã, darei o meu voto mais consciente e feliz até hoje, pois tenho convicção plena de que Plínio é a melhor opção, dentre as várias opções.

Ele me conquistou politicamente, mas também humanamente. Plínio, um senhor experiente, com 80 anos de vida e 60 anos de vida pública, ensinou que a ideologia não enevelhece (não adinta mais dizer que a reberdia é coisa apenas da juventude e passa com o tempo); que é possível ser sério sem perder a simpatia; que é possível dizer a verdade sem medo; que ainda existem pessoas espontâneas; que nem todos candidatos são pré-fabricados por marketeiros; que de fato, nem todos são iguais (isso eu já sabia).
Plínio terminou a campanha fazendo um chamado e um agradecimento à juventude, e eu, enquanto jovem, te agradeço Plínio, pelo belo exemplo e pela oportunidade de amanhã não ter que escolher entre o/ a menos pior, mas por poder votar no melhor!


Em debate da Globo Plínio convida a juventude a ‘pensar grande’



Em um dos últimos momentos da campanha eleitoral – considerada por muitos como a mais despolitizada de muitos anos – o candidato do PSOL, Plínio Arruda Sampaio emocionou a todos convidando a juventude a “pensar grande”.

Nas declarações finais do confronto com Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), Plínio, no alto de seus 80 anos afirmou que “o impossível pode se tornar possível, se você quiser”, se dirigindo à juventude que “pensa no futuro” e entendeu o sentido de sua campanha.

O debate na Rede Globo foi marcado pelo tom defensivo dos demais candidatos. Marina Silva, que propagandeia uma ‘onda verde’ e é impulsionada por vários meios de comunicação apoiadores de seu projeto, não conseguiu se destacar. Dilma novamente se dedicou a repetir números das propagandas oficias. Serra, por sua vez, exercitou sua simpatia artificial que esconde a truculência de suas práticas.

A oportunidade rara de um socialista ocupar espaço neste símbolo do monopólio midiático foi bem aproveitada por Plínio. Em diversas ocasiões ele localizou a diferença de projeto entre os três e a do PSOL, que toma medidas em benéfico dos pobres “doa a quem doer”.

O formato do debate engessou possibilidades de confrontos mais diretos, onde as contradições da retórica marqueteira foram desmascaradas em outros casos. A grande mídia não viu espetáculo, e, por isso, se entristeceu reproduzindo que o debate foi “morno”.

No entanto, fica evidente que não interessa destacar as respostas de Plínio sobre as mais variadas questões como transporte, saúde e moradia. Fundamentalmente, o candidato do PSOL fez questionamentos globais, dizendo que qualquer promessa seria em vão se eles não se comprometessem com a auditoria da dívida pública e a suspensão do pagamento de juros.

“A diferença é que vocês governam para os ricos e poderosos”, disse Plínio, que defendeu a taxação de grandes fortunas, 10% do PIB para a saúde pública, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, o aluguel compulsório de imóveis vazios e o limite da propriedade da terra em mil hectares.

Nas considerações finais, além do apelo à juventude, Plínio explicitou que o PSOL faz política para aqueles que são considerados anônimos nesta sociedade, que são assassinados cotidianamente e aos que ficam meses nas filas de hospitais. Em suas palavras, àqueles que são barrados por um muro que os separam das próprias ambições.

O PSOL lutou muito nesta campanha. Em entrevista que o próprio Plínio concedeu ao Jornal Nacional, onde criticou os privilégios dos candidatos chapa-branca por terem mais tempo, recebeu a resposta da grande mídia: omissão ou desqualificação.

Plínio, além de ser um candidato do partido – e daqueles que fazem a opção pela igualdade social – foi um exemplo de dedicação a este projeto maior. Sem personalismo nem demagogia, fica para a história como uma referência socialista.

A afirmação deste projeto coletivo representado por Plínio é o 3 de outubro, quando, com as mesmas certezas, o PSOL pretende ter uma votação expressiva. Aos que pensam no futuro, portanto, o voto é 50.

Fonte: http://psol50.org.br