domingo, 31 de julho de 2011

Palhaçada no concurso de Ibotirama

Por Sarah Fernandes

Quinta, 28 de julho de 2011 (via facebook)


Que palhaçada é essa no concurso de Ibotirama? A começar pelo edital mal elaborado, passando por inúmeras falhas nas provas (incluindo erros de português e questões copiadas da internet) desorganização na realização das provas (os organizadores chegaram ao local, que já se encontrava aberto pela faxineira, 20min antes do previsto no Edital para o início das provas. Chegaram inclusive depois dos candidatos, que já es encontravam, muitos, dentro da escola aberta a quem quer que fosse).

Depois veio a resposta aos recursos - que foram muitos. Eu mesma impetrei 7. Porém só fui atendida em 4. Duas das explicações dos recursos indeferidos foram tão bizarras que ali tive a certeza de estar tratando com amadores, e não com uma empresa séria e autorizada pelos órgãos oficiais a realizar concursos públicos. É uma vergonha!

E agora a demora na divulgação das provas objetivas. O Edital, que é a lei do certame e deve ser cumprida tanto pelos candidatos quanto pela empresa organizadora, diz que o resultado das provas objetivas sairiam 15 após a divulgação do gabarito. Já se vão 29 dias e nada. Nem uma nota de esclarecimento. Telefonei para lá e fui tratada com truculência, disseram que o resultado sairia de 10 a 15 dias, ou quando ele, o Sr. Almeida que se identificou como o dono da empresa, quisesse. Passado esse prazo liguei novamente e agora falaram que sairá a partir do dia primeiro até o dia 10. Parece que o Edital não significa nada para eles.

Será que eles pensam que por ser um concurso realizado no sertão, longe demais das capitais, nós, candidatos que pagaram 100 reais pela inscrição, somos idiotas que não conhecem os seus direitos e os trâmites de um concurso?

Será que a demora é para organizar como vai ficar a pontuação das cartas-marcadas? Eu gostaria de não acreditar que a prefeitura de Ibotirama iria utilizar desse expediente - a fraude. Essa tarde iremos (eu e minha irmã Yanna Souza recorrer ao Ministério Público para fazer uma denúncia contra essa empresa amadora chamada Seleta Consultoria, e requerer a divulgação imediata dos resultados.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Governo sumiu com a sociedade civil?

Por Paula Vielmo


Todo processo é difícil porque requer disposição para ser construído, haja vista que não é um instante ou um resultado. Assim, quando se reúnem mais de duas dezenas de pessoas em uma sala, 50% defendendo cada uma um lado, se não houver disposição para o debate franco, a coisa desanda.

Infelizmente, muita gente está habituada a mandar e/ou obedecer. Felizmente, muitas outras não. E assim, instalou-se a divergência, que seria saudável, não fosse um problema de condução dessas divergências e o grande incômodo com a rebeldia com causa e a agitação criativa da juventude.

Ah, certamente depois que passar a minha juventude, lembrarei com vigor desses tempos de embates. Até lá - o futuro -, pensemos e falemos sobre o presente!

E no presente, o que temos é a 2ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE JUVENTUDE daqui a três dias. Muito trabalho em mais de um mês de organização, muitas histórias - nem todas com final feliz - e uma constatação: o GOVERNO acha que é o ESTADO e não sabe distinguir o ESTAR do SER.

Analogias a parte, deixo abaixo essa imagem, "print screen" do site da Prefeitura Municipal (ou do Governo Cidada Mãe?), numa demonstração EXPLÍCITA de falta de respeito com 50% da COMISSÃO ORGANIZADORA, composta por membros da SOCIEDADE CIVIL que foram desconsiderados e descartados!



O Governo Cidade Mãe, por meio da Secretaria Municipal do Trabalho e Promoção Social e da Comissão Preparatória Municipal realiza dia 30 deste mês, a II Conferência Municipal de Políticas Públicas da Juventude. O evento terá início às 8h no Instituto Federal de Educação Tecnológica da Bahia – IFBA.

Trata-se de um espaço aberto à sociedade civil, especialmente aos jovens para dialogar e promover a construção e a garantia do acesso às políticas públicas voltadas à juventude. (www.barreiras.ba.gov.br)

Fica meu REPÚDIO a essa "ponga" típica desse desgoverno, que se promove às custas do trabalho alheio.

domingo, 24 de julho de 2011

Viva qual sociedade alternativa?

Por Paula Vielmo


Na sexta-feira, 15 de julho, fui para o Show cover do Raul Seixas, no Lampião (antigo Lavoisier). Lá, fiz muitas observações que agora, com tempo, quero compartilhar com as leitoras e leitores deste blog.

Chegando ao lugar, o choque estético: não haviam mais as obras de arte de reciclagem nas paredes e na decoração. Estava tudo debaixo de tintas de cores neutras, que davam um novo visual ao local, mas nada tão bonito quanto antes.

Ao entrar, chegamos até o bar, que estava com uma fila imensa para comprar fichas, por valores absurdos, a exemplo de ÁGUA DE COCO e ÁGUA MINERAL por R$3,00 cada!!! A cerveja quente e uma total falta de infraestrutura para a imensa quantidade de pessoas que lá estavam (sim, estava LOTADO!).

Assim que começou o show, o cover (Ely Pinto) reclamava da falta de retorno, indicando à essa leiga que o som não era adequado para o espetáculo, uma vez que além da ausência de retorno ao vocalista, falhou algumas vezes. A banda que acompanhava foi muito boa!

Mais uma decepção viria quando fui ao banheiro, agora reformado e muito mal planejado, uma vez que havia um pequeno e estreito espaço para os banheiros feminino e masculino, sempre com filas imensas e que obrigavam as pessoas a se "apertarem" para ficar na fila, entrar e sair dos banheiros.

Eu fui no show, observei as reclamações sobre os preços altos - também reclamei -, observei as reclamações sobre o valor do ingresso de R$15,00/ R$20,00 e cheguei à conclusão de que acesso à cultura realmente não é para quem quer, mas para quem PODE PAGAR. E que os desrespeitos com os "consumidores" permanece e se aprofunda porque os próprios consumidores continuam consumindo.

Lá, um público que visivelmente PODIA PAGAR para chegar até lá, para entrar lá, para consumir lá. No meio desse público, figuras esteticamente "alternativas", destoando do figurino da maioria. E eu lá, me sentindo cúmplice, sem nem poder me divertir direito no meio da burguesia.

No entanto, somente quando a música SOCIEDADE ALTERNATIVA (letra aqui) foi tocada no final que fiquei chocada: Raul deve ter se revirado no resto de pó, pois aquilo ali jamais representaria qualquer "alternativa" à sociedade capitalista. E mais, o que é ser alternativo? É usar cabelo diferente? É usar roupas "hippie"? É beber até cair? É fumar? É pular alto?

Se alguém souber me diga, porque até o momento para mim ser alternativo/a é combater a sociedade em todas as vertentes do que está (im)posto, tentando todos os dias se libertar das alienações que nos colocam desde antes de nascermos. Ser "alternativo/a" é pensar e agir no sentido de uma revolução necessária, mas ainda não possível. É ser mais do que "diferente" ou "rebelde".


VIVA A VERDADEIRA SOCIEDADE ALTERNATIVA!!!

Rumo aos 50 mil acessos

A minha última postagem (leia aqui) gerou alguns "desagrados" a desgovernistas de plantão, leitores e leitoras assíduos/as - ou não - do meu blog.


O fato é que na última reunião da Comissão Organizadora da Conferência de Juventude o texto foi pauta de discussão e eu fiquei MUITO ALEGRE porque estão lendo meus textos!


Obrigada e continuem lendo.



Vamos rumo aos 50 mil acessos!!!!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Funcionário representante da Câmara faz acusações durante reunião


Por Paula Vielmo


Faltavam apenas 15 meros minutos para o término de uma das reuniões mais tensas da Comissão Organizadora da 2ª Conferência da Juventude de Barreiras, quando chega um dos membros da comissão, REPRESENTANTE DO PODER PÚBLICO, indicado pelo presidente da Câmara, Pastor Souza.

Essa pessoa, que resguardarei o nome para "evitar retaliações ao funcionário", chegou à reunião visivelmente embriagado, gritando que estava ali para "acabar" com a reunião e xingando sem parar. Ao entrar em atrito com alguns membros diante da total descompostura, diversos membros da Comissão Organizadora se retiraram do auditório da Escola Municipal de Informática. A essa altura, o professor que estava na sala ao lado "tentando" dar aula, estava revoltado com a situação.

Até aí, poderia ficar como um escândalo, mas após os ânimos se acalmarem, esse mesmo funcionário, repito,REPRESENTANTE DO PODER PÚBLICO, indicado pelo presidente da Câmara, Pastor Souza, retornou à sala de reuniões e questionou o Presidente da Comissão Organizadora sobre o orçamento da Conferência, e ao ser informado de que não havia, acusou o Presidente em alto e bom som para todas e todos ouvirem, que estava havendo superfaturamento da Conferência e ele não seria cúmplice, complementando a acusação com o termo "laranja".

A acusação, extremamente grave, não veio de quaquer pessoa, mas de uma pessoa, supõe-se, de confiança do presidente da Câmara Municipal, haja vista a INDICAÇÃO do mesmo.

Sem dúvidas, esse será apenas o início de muita coisa que virá, pois as acusações foram palavras lançadas ao vento, mas que não podem voltar atrás e nem devem ser desconsideradas.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Vem aí a 2ª Conferência Municipal de Políticas Públicas para a Juventude!!!


Por Paula Vielmo



Acontece entre os dias 30 e 31 de julho de 2011, a 2ª Conferência Municipal de Políticas Públicas para a Juventude, etapa municipal da 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas para a Juventude a ser relaizada entre os dias 09 e 12 de dezembro em Brasília.

Já foram seis reuniões de organização da Conferência, e apesar de algumas divergências básicas entre os membros da Comissão Organizadora, principalmente entre representante do Poder Público e da Sociedade Civil, as coisas tem sido encaminhadas e a Conferência tem potencial para ser um rico e importante espaço de diálogo entre as juventudes.

A maior dificuldade é a participação da juventude e para facilitar, pensamos em algumas estratégias: cartazes e filipetas que já estão prontas; divulgação em massa na internet e nas redes de comunicação virtual e na imprensa local (que ainda não começou). Além disso, será disponibilizado transporte para grupos através de agendamento prévio (maiores informações podem ser obtidas no blog www.barreirasjovem.blogspot.com).

A construção tem sido por vezes tensa, cheia de ambates, afinal, cada um que está lá defende o que acredita ou às vezes os interesses de quem representa.

Estarei na Conferência os dois dias, com fé e FORÇA NA LUTA!!!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Flagrante: carro oficial guardado em garagem particular


Por Paula Vielmo


Na noite da sexta-feira, 15 de julho de 2011, por volta das 23h15, flagrei com meu celular Nokia 7230 um carro oficial da Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras, Placa JQE 2191, guardado numa garagem particular na Rua Ipiranga, localizada no Parque Santa Lúcia.

É comum vermos carros oficiais serem usados para buscar filhos/as e esposas, entre diversas pessoas que nada tem a ver com a rotina da administração pública, no entanto, de maneira alguma devemos transformar isso em algo "normal" ou "natural".

Assim, ficam as dúvidas:

1) O QUE FAZIA UM CARRO OFICIAL NUMA GARAGEM PARTICULAR AO INVÉS DE ESTAR NA GARAGEM DA PREFEITURA?

2) EXISTE LEGISLAÇÃO MUNICIPAL QUE TRATE DO USO DOS VEÍCULOS OFICIAIS? (não achei nada)

Mesmo que não seja ilegal é totalmente imoral o uso do patrimônio público para finalidades pessoais e a tentativa de privatizar o que é público. Mais uma para a coleção desse desgoverno...




RELATO DE UMA EX-SERVIDORA MUNICIPAL ALFORRIADA

As péssimas condições da educação municipal continuam mesmo após as denúncias durante a greve dos/as professores/as em março de 2011. As condições nada animadoras para as crianças, jovens, adultos e pais que utilizam tal serviço público é muito mais desanimadora para quem constrói a educação cotidiana do município como trabalhador/a.

As condições de abandono da educação e seus profissionais não é novidade do (des)governo municipal, sob comando da prefeita Jusmari Oliveira, mas sem a menor dúvida, são aprofundadas por ela.

Temos escolas que: funcionam em prédios adaptados (casas e galpões); não tem biblioteca e querem formar leitores; faltam livros didáticos no meio do ano letivo; os/as estudantes deixam de frequentar porque não há ônibus escolar por falta de pagamento; o único local para as crianças brincarem é um corredor estreito.

Qualquer pessoa sabe da situação de desvalorização de um/a trabalhador/a da educação no Brasil, na Bahia e mais ainda em Barreiras, mas ninguém sabe que é tão intensa até vivenciá-la! Essa situação acaba por estimular a saída do munícipio ou da área da educação buscando outros concursos fora da área da educação ou até mesmo na área da educação, mas não na esfera municipal.

A realidade das “faltas” marcou os 2 anos e meio que trabalhei como recreador apara o município de Barreiras: falta materiais pedagógicos; falta apoio administrativo; falta pagamento em dia (junho recebemos dia 13/07); falta entrega dos vales-transportes no início do mês, falta respeito aos servidores; falta organização e planejamento; falta comunicação; falta compromisso com as condições reais para efetivar a educação de qualidade.

Cada vez mais a desvalorização afasta bons profissionais da educação municipal e os "jovens talentos" desejados pelo Ministro da Educação, reforçando a educação que os coronéis gostam: tratando as pessoas como seu gado e na base do chicote. Até quando?


Paula Vielmo - Pedagoga, ex-servidora municipal/ recreadora alforriada

domingo, 10 de julho de 2011

Indicação de leitura


Direto do blog OESTE MAQUIA!

Ótimo texto para ajudar a PENSAR sobre a criação do Estado do São Francisco e não apenas repetir que é o melhor para o Oeste.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cidadania é ter dinheiro?


Por Paula Vielmo

Na quarta-feira (06) à noite, quando voltava da UNEB e esperava na parada de ônibus, presenciei uma cena que me deixou muito triste. Uma das coisas que mais me entristece é um trabalhador oprimindo outro, reproduzindo a terrível lógica de dominação de um ser humano sobre outro.

Pararam três ônibus para vistoria: dois Linhas 06 e um Linha 01. Eu aguardava o que sairia primeiro, quando se aproximou um senhor - visivelmente cansado e de certa idade - do cobrador que estava na calçada. Após um breve diálogo, o cobrador acenou para o senhor entrar e quando ele subiu o primeiro degrau apareceu o "capataz contemporâneo" que verificava alguma coisa no ônibus e em tom alto e agressivo mandou-o descer. Após certo tempo ele desceu, e enfurecido xingou (com razão) porque estavam "tirando sarro da cara dele". De fato estavam!

Ao presenciar isso, outro senhor da Viação Cidade Barreiras - VCB simulou uma ligação para a polícia afim de intimidar o senhor em suas colocações verbais. Ele veio em minha direção, enquanto eu observava os demais rirem ou sentirem medo do que aquele senhor poderia fazer.
Ele chegou até mim e disse "eu não sou bandido, eu sou um cidadão". Eu concordei, trocamos algumas palavras sobre ele querer ir para a sua casa e não ter mais como pagar passagem. O alto custo de R$1,80 influenciava a retirada do direito dele de ir e vir. No entanto, meus pensamentos eram de descordância: aquele senhor não era visto e nem tratado como cidadão.

O homem da VCB que simulou a ligação para a polícia se aproximou ao nos ver conversando e interviu. Disse que era brincadeira e perguntou para onde o senhor queria ir. Ele disse e foi indicado o caminho como perto. Eu não consegui entender.
O "capataz" me avisou que o Linha 01 ia sair e eu fui correndo pegá-lo. Saí de lá pensando que aquele senhor não era um cidadão, porque cidadania implica GARANTIA DE DIREITOS e ele foi impedido de andar no transporte coletivo porque não possuía condições materiais para tal. Ele teve sua cidadania roubada, sobretudo por esses bandidos sacanas que assaltam os cofres públicos e não investem em melhorias para a vida da população.

Além disso, sem a menor dúvida ele foi tratado como marginal porque era negro, idoso e sobretudo pobre. Eu fui embora e estou pensando nisso até agora...

Vitória da Conquista tem revolta do buzu




Estudantes secundaristas fecharam o terminal rodoviário de Vitória da Conquista na manhã dessa quarta-feira (6) em protesto pelo aumento da passagem, que saiu de R$ 1,90 para R$ 2,10, em vigor desde o domingo 25 de junho. Com faixas e cartazes nas mãos, os alunos fizeram vários discursos em toda a extensão da Avenida Lauro de Freitas, reclamando da péssima qualidade dos serviços oferecidos, tanto pela Viação Serrana como a Vitória, que oferecem uma frota com veículos já sem plenas condições de circulação, mas também alfinetaram o Poder Executivo e Legislativo. “Estudantes na rua, prefeito, a culpa é sua”, esses são os dizeres de uma das faixas direcionada ao prefeito Guilherme Menezes (PT). As informações são do Blog do Anderson.



terça-feira, 5 de julho de 2011

Profa. Amanda Gurgel recusa prêmio como a “Educadora de Valor 2011", do Pensamento Nacional de Bases Empresariais

Natal, 02 de julho de 2011


Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,


Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”. A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente. Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho.

Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald's, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.

A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual a de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado. Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano. Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.

Oponho-me à privatização da educação, às parcerias empresa-escola e às chamadas “organizações da sociedade civil de interesse público” (Oscips), utilizadas para desobrigar o Estado de seu dever para com o ensino público. Defendo que 10% do PIB seja destinado exclusivamente para instituições educacionais estatais e gratuitas. Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal.

Por essa razão, não posso aceitar esse Prêmio. Aceitá-lo significaria renunciar a tudo por que tenho lutado desde 2001, quando ingressei em uma Universidade pública, que era gradativamente privatizada, muito embora somente dez anos depois, por força da internet, a minha voz tenha sido ouvida, ecoando a voz de milhões de trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro que hoje compartilham comigo suas angústias históricas. Prefiro, então, recusá-lo e ficar com meus ideais, ao lado de meus companheiros e longe dos empresários da educação.


Saudações,

Professora Amanda Gurgel

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Tive o imenso prazer de conhecer pessoalmente essa grande educadora e lutadora do povo, durante as atividades do 2 de julho, em Salvador e após ler essa carta tenho cada vez mais convicção de que ela é uma grande representante da categoria docente brasileira!