terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Gramsci, VIVE!

Por Paula Vielmo

Hoje, 22 de janeiro de 2012, celebramos 122 anos do nascimento do comunista italiano Antonio Gramsci. 

Este jovem revolucionário de seu tempo, fonte de inspiração revolucionária no nosso tempo, foi preso aos 35 anos e passou o fim de sua curta vida encarcerado. O fascismo italiano queria prender suas ideias, mas esqueceram-se que "IDEIAS SÃO À PROVA DE BALA", e as suas certamente são provas disso.

Esse grande "intelectual orgânico" da classe trabalhadora ou "grupos subalternos", para utilizar expressões dele, tornou-se referência por seus escritos no cárcere. Antonio Gramsci ainda hoje é pouco conhecido/ entendido, inclusive recentemente tive contato direto com seus escritos: foi amor de imediato!

Abaixo, um texto dele que ADORO! 

OS INDIFERENTES - Antonio Gramsci

11 de fevereiro de 1917

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismo e indiferenças de nenhum gênero.
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.


GRAMSCI, PRESENTE!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pensamentos sobre um blog desatualizado

Por Paula Vielmo

Desligo o computador para ir dormir. Preciso acordar 7:00, mas os pensamentos não desligam. Dentre tantas coisas que se passam, lembro que o blog está hiper desatualizado. 2:28 da manhã e eu ligo novamente o computador. Que dane-se o sono, eu vou escrever!

Eu sei, como boa blogueira que sou, da necessidade de "alimentar" o blog para que ele seja atualizado, garanta visitas e leitores/as. Todavia, faz um tempo que minha fase de escrita "fértil" passou por uma baixa. É algo perceptível, e peço desculpas.

Isso se deu por motivos que ainda não identifiquei concretamente, mas tenho algumas hipóteses. Raramente escrevo de modo tão pessoal. Não é meu estilo, ou não era, sei lá, estou em fase de "transição", mas escrever continua sendo uma ótima válvula de escape, ainda mais quando encontramos pessoas que se identificam com a escrita. E esse texto, aviso logo: é meio diferente.

Infelizmente, meus textos indignados estão reduzidos. Desde a minha mudança de trabalho, fiquei um pouco "por fora" do que acontece, e depois do período eleitoral, mas mesmo antes, entrei em "processo" de intensa reflexão. A militância política é a minha vida! Eu escolhi isso há 13 anos atrás e não me arrependo. Todavia, as coisas mudam, as pessoas mudam, e que bom que isso acontece ou a luta não teria sentido!

Isso quer dizer que eu saí da luta? Que a minha indignação reduziu, junto com os textos? De modo algum! Da luta não me retiro, só saio sem vida. E ainda estou respirando, ainda acredito e pulso de revolta, direcionada. Porém, tanto tempo de militância e uma vasta trajetória provocam alguns questionamentos. Algumas pessoas usam essa "fase" para desistir. Não é o meu caso. Eu utilizo para pensar como avançar, coletivamente.

E esses pensamentos têm, juntamente com outras demandas que se acumulam, provocado uma parada brusca na escrita. Eu preciso estar inspirada para escrever. E não pode ser uma inspiração qualquer, ela requer uma indignação latente, uma perturbação realmente provocadora. Ou isso, ou saíra um texto medíocre!

Dito tudo isso, como boa blogueira, também sei que os textos não devem ser muito longos, então vou parar por aqui. Isso é uma justificativa socializada, pois compartilho MUITOS pensamentos com as/os leitoras/es e devo isso a vocês! Informo que tenho diversos assuntos em pauta e vou me organizar para voltar à ativa! 


ATÉ BREVE!