terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"O ano termina e nasce outra vez"


Cortar o Tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente


Carlos Drummond Andrade


Eu acredito, que daqui pra diante vai ser diferente! Aliás, que de agora em diante já pode ser.

Mas acredito também que não podemos apenas renovar nossas esperanças a cada 12 meses. É preciso utilizar essa esperança para fazer a diferença que queremos, é preciso ir à luta com coragem e convicção de que estamos nessa por vontade e arcando com as consequências dessa opção consciente e muitas vezes dolorosa.

Que o ano de 2009 seja um ano de muitas lutas coletivas e de vitórias!!! Em 2009, "OUTUBRO VIVE"!!!

Obrigada a todas e todos que construiram o "idéias são à prova de bala" em 2008, opinando ou apenas lendo silenciosamente. Continuamos no ano que vem!

Forte abraço e saudações em luta,


Paula Vielmo




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Filas, imensas filas...

Falar das imensas filas para toda ação desejada é algo frequente pelo país, principalmente na mídia, que constantemente faz reportagens mostrando as cenas deprimentes. No entanto, de uns tempos para cá, devido a vivência da realidade das filas, resolvi escrever sobre elas, enquanto espero em uma (na qual fiquei 1 hora e 22 minutos).

É fila para as mais diversas coisas: para matrícula, nos postos de saúde, nos órgãos públicos, nas agências bancárias, no trânsito, nos supermercados. Até mesmo na sala de aula existem as filas: cadeiras enfileiradas, umas atrás das outras, e também fila para o recreio. Desde a infância aprendemos a ficar em fila. Mas quando se trata de determinados serviços - como os primeiros três citados - além de filas, são minutos longos de espera, até mesmo horas. E geralmente em pé.

Tenho colecionado tempo longo em filas neste mês de dezembro: 40 minutos no banco Caixa Econômica Federal; no Banco do Brasil nunca menos de 30 minutos; no fórum: 1h15 para autenticar documentos, os quais a senhora "responsável" nem sequer olhou para os originais; 1h22 no Ministério do Trabalho. No entanto, ficar nas filas me rendeu/ rende observações e reflexões sobre essa situação - além de dores nas pernas.

As pessoas nas filas resmungam da demora, algumas falam indiretas, mas sobretudo, existe um terrível "hábito" instituído: é preciso esperar. E essa espera é passiva e acomodada. Espera que assemelha-se a todas as demais aceitações populares (assaltos aos cofres públicos, descaso com a educação e demais serviços, aumentos de tarifas) que são um aceite da total falta de respeito com o povo. E o povo deve exigir respeito, deve levantar-se contra essa realidade e dizer que não aceita esse descaso.

E eu, nas filas, o que sou? Também uma passiva (mesmo que morrendo de raiva da situação). De fato penso e visualizo uma cena de revolta popular, incitando o povo a combater essa situação, mas falta coragem para, sozinha, fazer qualquer coisa, mesmo nas filas super demoradas. Mas ouçamos a súplica do sábio poeta revolucionário Brecht:

Desconfiai do mais trivial,
na aparência do singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural.
Pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural.
Nada deve parecer impossível de mudar.


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Comissão do Senado aprova, em primeiro turno, cota de 40% para meia-entrada



Claudia Andrade
Do UOL Notícias

Em Brasília


A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado aprovou nesta terça-feira (25) projeto de lei que estabelece cota de 40% para a meia-entrada. Na prática, isso significa que 40% do total de ingressos em shows, teatros, cinemas, circos, museus e outros eventos culturais ou esportivos serão destinados a estudantes e pessoas com mais de 60 anos.

O benefício não será cumulativo com outras promoções e convênios, e também não será aplicado ao valor dos serviços adicionais oferecidos em camarotes, áreas e cadeiras especiais. O projeto original é de autoria dos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Flávio Arns (PT-PR).

Por ter sofrido alterações, a matéria deverá passar por um novo turno de votação na comissão antes de ser encaminhada para a Câmara dos Deputados. Se for apresentado recurso, o projeto pode ter de passar por uma votação no Plenário do Senado antes de ser encaminhado à Câmara.

Um destaque apresentado pelo senador Inácio Arruda (PCdoB - CE) sugeria que a cota fosse retirada do relatório da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). Na votação, apenas sete dos 21 parlamentares foram favoráveis à proposta, número insuficiente para aprovação do destaque. Com isso, manteve-se o conteúdo do relatório, com as cotas.

O texto final sugere a criação do Conselho Nacional de Fiscalização e Controle, pelo Poder Executivo. O órgão será responsável por definir as regras para emissão das carteirinhas de estudante, estabelecendo os critérios de padronização, confecção e distribuição dos documentos.

Também deverá estabelecer um prazo para compra antecipada da meia-entrada. Isso atende a uma reivindicação dos produtores, que tinham sugerido que o público beneficiário do ingresso mais barato teria de adquiri-lo até 72 horas antes do início do espetáculo. A relatora argumentou, na reunião da última semana, que este prazo poderia funcionar para alguns eventos, como teatro, mas não para outros, como sessões de cinema. Por isso, passou a definição dos critérios para o conselho.

Os produtores também reivindicaram um subsídio do Estado para as entradas vendidas pela metade do preço. A relatora acatou a proposta, autorizando o Poder Executivo a "indicar a fonte de recursos para ressarcimento dos produtores".

Para Marisa Serrano, o subsídio vai resultar em mais benefício para estudantes e maiores de 60 anos. "O produtor vai ter interesse na meia-entrada porque vai ser ressarcido", afirmou.

TEXTO COMPLETO EM: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/11/25/ult5772u1724.jhtm

sábado, 22 de novembro de 2008

Experimentando a ignorância

Leandro Nogueira
Professor EEFD-UFRJ

Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos da América e principal autor da Declaração da Independência Americana, dizia que “se uma nação espera ser ignorante e livre, num estado de civilização, espera o que nunca existiu e nunca existirá”.

Jefferson não foi um homem de bravatas; além de revolucionário e estadista, foi filósofo, arquiteto, arqueólogo, vinicultor, gastrônomo e fundador da Universidade da Virgínia.

Muitos anos depois, outro norte-americano, Derek Bok, jurista, educador e vigésimo-quinto presidente de Harvard, cunhou a famosa advertência, “se você pensa que a educação é cara, experimente a ignorância”.

Não obstante o significado dos Estados Unidos e da Universidade de Harvard no cenário internacional, aqui no lado de baixo do Equador, a maioria dos políticos brasileiros, os especialistas de aluguel e muitos dos chamados “formadores de opinião” presentes em nossa “imprensa livre”, jamais se permitiram sensibilizar por tais declarações.

Com efeito, ao final do sexto ano da Era Lula, regida pelo nosso festivo presidente-companheiro, peladeiro e corintiano, o IPEA divulgou um levantamento revelando que o Brasil gastou com o pagamento de juros do endividamento público, entre 2000 e 2007, nada menos que R$ 1,268 trilhão, o que equivale a 8,5 vezes o dinheiro investido em educação no mesmo período, que foi de apenas R$ 149,9 bilhões.

Texto completo em: http://www.observatoriodauniversidade.blog.br


VALE A PENA LER, BEM INTERESSANTE!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

SARAU SOCIALISTA

Você não pode perder!!!

Música, poesia, imagens, capoeira...muita coisa boa!!!

É nesta quinta-feira! 20 de novembro é dia de consciência, dia de luta e dia de cultura.

Não deve se restringir apenas a uma data, mas esse debate e essa valorização do/a negro/a deve começar de algum modo, para romper as discriminações históricas e ainda muito atuais com esse povo que tanto contribuiu e contribui com a construção do Brasil que queremos.

Não esqueça, é nesta quinta-feira, a partir das 20h no Caparrosa.


Também no Sarau Socialista:

RIFA DO LIVRO
"CAPITALISMO PARA PRINCIPIANTES"
(Carlos Eduardo Novaes)

DATA: 20/11/2008
LOCAL: Mercado Caparrosa
HORÁRIO: 21h00
VALOR: R$ 2,00

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Elogio da Dialética

Elogio da Dialética

A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas
continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração:
Isto é apenas o meu começo.


Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes, falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca?


De quem depende que a opressão prossiga? De nós.

De quem depende que ela acabe? De nós.

O que é esmagado, que se levante!

O que está perdido, lute!

O que sabe e o que se chegou, que há aí que o retenha?

Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.

E nunca será: ainda hoje.


Bertold Brecht

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Direito à meia entrada ameaçado

Desde semana passada, recebi vários e-mails sobre um Projeto de Lei que está no senado, cujo conteúdo é uma ameaça ao direito estudantil de acesso a cultura. Após sugestão da irmã (FDJ) Arilyssa (comentário na postagem "Despertar é preciso") resolvi escrever sobre o assunto no meu blog. O tema foi pauta de diversos sites e após reportagem no Jornal hoje, chamou mais a atenção, principalmente dos/as estudantes.

O Projeto, de autoria do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) - tinha que ser tucano -, está pronto para ser votado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), mas a data da votação ainda não foi definida. A relatora do projeto na Comissão de Educação, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), apresentou um substitutivo à matéria original, mas mantém os ataques ao acesso à cultura.

A proposta: "estabelece que a meia-entrada não valerá nos cinemas em finais de semana e feriados locais ou nacionais. Para todos os outros eventos, como peças teatrais e shows, a meia-entrada não valerá de quinta-feira a sábado, se o projeto for aprovado". (UOL Noticias)

O Projeto, para felicidade da UNE (União Nacional dos Estudantes), também cria a CIE - Carteira de Identificação Estudantil, documento único, padronizado, que garantirá a meia entrada. Isso acaba com a Medida Provisória nº. 2.208/01, que determina o direito à meia entrada com "apresentação de qualquer documento de identificação estudantil". Agora pergunto: e quem não tem dinheiro para pagar pela carteira? É difícil para quem tem condições financeiras (senadores, direção burguesa da UNE) pensar que existem estudantes que não podem pagar R$10,00 numa carteira, mas existe, e muito! A meia entrada é um direito que deve ser garantido, não comprado!

Argumentarão: "é para o auto-financiamento do Movimento Estudantil". Certo, se existisse articulação do ME seria justo que, os/as estudantes que se identificam com a causa, contribuam com o financiamento de suas entidades e o ME, mas de maneira livre, não por imposição de uma lei. Fora que a UNE, há tempos abandonou as lutas estudantis e optou por ser governista e fechar os olhos para os ataques ferrenhos do governo à educação, sobretudo superior, que é a quem ela "representa".

Outro fato que me causou enorme revolta foi a brecha legal para que os empresários da cultura se apropriem dos recurso públicos: "Além de defender a limitação à meia-entrada, os produtores também cobram uma compensação do governo pelo benefício concedido. "Os taxistas compram carro 30% mais barato, mas não são as empresas que arcam com isso, o desconto vem dos impostos. Nos ônibus, os idosos têm passe livre, mas as empresas recebem por isso. A gente não é o 'lobo mau' da história, o governo é que não deu a contrapartida necessária". O ressarcimento está previsto na análise da relatora, e seria feito com recursos do Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura), da Lei Rouanet." (UOL Notícias)

A proposta também vale para o benefício concedido às pessoas com mais de 60 anos de idade.

Por enquanto não soube de qualquer movimentação para barrar este Projeto, mas certamente acontecerá (espero!). Se tiver, eu coloco por aqui.

MEIA ENTRADA É DIREITO, NÃO É FAVOR!!!

Projeto de Lei na íntegra:
http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Materia/getHTML.asp?t=9741

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

DESPERTAR É PRECISO

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Vladimir Maiakovski, poeta russo (1893 - 1930)

DESPERTAR, PESSOAL, É PRECISO!!!

domingo, 26 de outubro de 2008

Vereadores aumentaram tarifa de ônibus

Era esperado, mas talvez ingenuamente, não era esperado que fosse de maneira tão sorrateira e rápida a aprovação de um aumento ABUSIVO nas tarifas de transporte público coletivo em Barreiras.

Após eleições, àqueles que se candidatam e sustentam suas candidaturas à base dos grandes empresários que exploram e assaltam o povo, precisam, submissivamente, repor aos cofres de seus patocinadores de campanha os gastos, sejam os reeleitos ou não.

Assim, o presidente da Câmara Municipal de Barreiras, Luiz Holanda - vereador por 6 mandatos e desta vez não reeleito -, mesmo tendo dito, públicamente inúmeras vezes, que o Projeto de Lei de iniciativa do poder Executivo que solicitava aumento da tarifa de ônibus não seria votado este ano, não cumpriu o dito, confirmando não ser representante confiável.

Na sessão, não estavam 2 dos 11 vereadores, e dos presentes foram favoráveis ao aumento:
- Luzia Cavalvante;
- Núbia;
- Silma;
- Beza; e
- Sobrinho

Os dois últimos foram, inacreditavelmente, reeleitos e já demonstram à quem seus mandatos representam.

O único voto contra foi da vereadora Kelly Magalhães, também reeleita e uma abstenção da vereadora Regina Figueiredo, eleita vice-prefeita.

Quanto aos dois votos distintos da maioria (contra e abstenção), a interpretação que faço é que Kelly, quase sempre esperta, sabia muito bem que seu voto não faria diferença e quis sair "bem na foto". Se ela fosse realmente contra o aumento, teria comunicado amplamente à população e aos movimentos sociais, principalmente o Movimento Estudantil Unificado, que estava, há muito tempo, lutando contra o aumento da tarifa e demais questões que envolvem o transporte público coletivo, pois outras tentativas de aumento já haviam sido barrdas.

Já Regina, não espantou: continuou sem optar por um lado, preferindo ficar "em cima do muro", na errônea visão de que assim, não estaria se expondo com nenhuma das duas partes. Ela, provavelmente, deve procurar garantir no governo de vice-prefeita, as mesmas práticas como vereadora: passiva, covarde, acanhada. E contra o povo, ou melhor, olhando-nos do alto do muro.

Nessa história toda, a população de Barreiras (também passiva), é quem sofrerá com o aumento absurdo de R$1,40 para R$1,60! Aumento abusivo, imoral, uma afronta à população.

Agora, não é possivel reclamar! Quer dizer, reclamismos pelos cantos, provavelmente é o que haverá, mas não muitas ações no sentido de mudar isso.

É possível - e necesário - pressionar para retroagir ou pelo menos, buscar legalmente fazer o máximo que pudermos para que os poderes constituídos tomem providências sobre a imoralidade do serviço público de transporte coletivo, que funciona sem concessão, não tendo, jamais, passado por uma licitação, mas mesmo assim aumentando de valor. Optar pelas brechas da legislação burguesa é um caminho, pelo que parece, o mais viável a ser percorrido, pois a população de Barreiras não reaje para as ações de pressão popular, não se movimenta para tomar as ruas.

É muito horrível a sensação de gritar no deserto...Mas, arregacemos as mangas e vamos à luta, pois ela continua!


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Professor machista, não!

Na quinta-feira, 16 de outubro, durante o Sarau da UFBA em homenagem aos professores, na 8ª. edição do evento, ocorreu um fato que despertou-me imediata repulsa e indignação: um "professor" durante espaço cedido para falar algumas palavras aos presentes, após agradecer às homenagens, gritou repetidamente ao microfone "eu adoro mulher", incitando os jovens universitários, alcoólizados, a berrarem e repetirem a expressão de modo vulgar e bobalhão.

Durante a cena lamentável, o que mais me indignou e indigna é o fato de um professor universitário, num espaço - público - de construção do conhecimento, reproduzir o machismo da nossa sociedade - mascarado por um momento de descontração e de brincadeira - , na universidade, que deveria ser um exemplo de mudança, sobretudo de práticas.

Fica registrado o fato e que sirva de reflexão aos leitores e leitoras do blog!


"A palavra convence. O exemplo arrasta". (ditado romano)

domingo, 12 de outubro de 2008

CARTA ABERTA DE AGRADECIMENTO

Durante o período eleitoral e até mesmo antes de seu início, diversas pessoas foram solidárias a candidatura de Paula Vielmo a vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade - PSOL. Falo de mim na terceira pessoa por entender que sou um instrumento de luta, logo, a candidatura não é nem foi minha, mas de todos e todas que a construíram, das mais distintas formas, amigos, amigas, companheiros, companheiras, conhecidos e desconhecidos.

Passado o processo eleitoral, após a primeira experiência na disputa de um cargo público, ficam muitas aprendizagens e lições, mas, sobretudo, o agradecimento às pessoas.

Em todos os espaços que estivemos panfletando, fomos, na grande maioria das abordagens, recebidos com educação e respeito. Nas escolas, universidades, faculdades e praças, o tempo para escutar breves palavras e carregar os panfletos ou “santinhas” para análise da historia e propostas da candidata, foram extremamente válidos.

Portanto, é preciso agradecer aos apoios e aos votos de confiança a uma campanha totalmente limpa, honesta e propositiva.

Foram 500 pessoas que acreditaram na proposta e digitaram 50.050 nas urnas. Pessoas que votaram livres, conscientes, confiantes.

Apesar de não termos uma vitória eleitoral, toda a campanha e também a quantidade de votos expressos nas urnas nos dá a certeza de que foi uma grande vitória política, respaldando uma militância sólida e com credibilidade.

Agora, é preciso que fique claro: a luta continua!


A luta por justiça social e por igualdade, continua firme e cada vez mais forte, independente de eleições, até porque as transformações que desejamos não serão feitas pelos representantes do povo, mas somente pelo próprio povo, organizado e unido.

Força na luta e muito obrigada,

Paula Vielmo
12 de outubro de 2008.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dificuldade de governar

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem. S
e algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht (poeta e dramaturgo alemão - 1898/1956)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

GOSTARIA

Gostaria eu...
de ser o único sem ter onde morar
dependente constante do aluguel cruel
da ambição daqueles que não se fartam.

Gostaria eu...
de ser o único doente incurável
vítima da farmácia gananciosa
da burocracia dos hospitais públicos.

Gostaria eu...
de ser o único a clamar pela liberdade
de sair quando for necessário ficar
chegar quando não houver necessidade.

Gostaria eu...
de ser o único sem oportunidade
de frequentar uma escola ou faculdade
de não saber ler ou escrever.

Gostaria eu...
de ser o único marginalizado
desta sociedade insana e perversa
dete sistema arcaico e selvagem.

Gostaria eu...
de ser o único desempregado
independente de carteira ou documento outro
que venha ditar obrigações só minhas.

Gostaria eu...
de ser o único sem sentir dor
do filho deficiente físico ou psíquico
a negar-lhes seus direitos e deveres.

Gostaria eu...
de ser o único quando adulto
não tivera lembrança do circo
não tivera lembrança da infância.

Gostaria eu...
de ser o único da escala social
sem ter que presenciar passivamente
uma fila inesgotável daqueles que nada tem.

Gostaria eu...
de ser o único dos oprimidos
de ser o último dos corrompidos
o único que não lutasse pela Justiça Social.

Ataliba Campos Lima (poeta)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Circo eleitoral em Barreiras

Uma tremenda confusão: a vice-prefeita petista Nilza Lima, candidata à prefeitura insiste em dizer que sua aliança com o presidente Lula e o governador da Bahia, Jacques Wagner - ambos do mesmo partido -, fará com que um mar de investimentos caia sobre Barreiras, repetindo o modelo federal que deu certo na gestão do atual presidente. Nilza salienta sua militância no Partido dos Trabalhadores e afirma, diretamente, que a tríplice-aliança revolucionará a cidade pólo do oeste. Compreensível na medida em que a mesma é a aliada natural de Wagner e de Lula.

Mas, eis que vem a candidata republicana, a Deputada Federal Jurmari Oliveira, e afirma que tem portas abertas com Lula e Wagner, bastante animada. E a presidente do PCdoB em Barreiras, vereadora Kelly Magalhães, informa que o governador pediu ao partido dela que apoiasse a deputada. Cai por terra o diferencial da petista Nilza Lima de contar com o grande puxador de votos, Luiz Inácio Lula da Silva.

Como se não bastasse, o ex-prefeito de Barreiras, Antônio Henrique, que migrou para o PMDB por acreditar na parceria com o Ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira, utiliza bastante em seu horário televisivo o argumento que, politicamente, é um grande amigo do Ministro Geddel e contará com a ajuda de Geddel para terminar a interminável obra do anel viário da cidade. O ex-prefeito diz repetir o modelo exitoso do governo federal em Barreiras e implora para ter um novo mandato para mostrar que pode tirar o municipio da situação em que se encontra.

A candidata tucana, Anália Miranda, ex-secretária de Ação Social e de Educação, diante das disputas por quem seria "chegado/a" do presidente e do governador, afirma que a diferença partidária nunca a impediu de trazer programas importantes. Com apoio do atual prefeito, Anália tenta dar continuidade depois da "casa arrumada".

Por fim, o candidato do PSOL, Renato Santos, cujo partido é conhecidamente oposição ao PT, nada fala sobre as parcerias com os governos fedeais e estaduais.

Faltando praticamente um mês para as eleições, percebemos que ainda há muita coisa a ser dita, além da tentativa de cativas votos pelos governos estabelecidos atualmente no país e na Bahia.

Paula Vielmo

Baseado no texto de Artur Salles Lisboa de Oliveira: Circo eleitoral (27/08/2008)


domingo, 31 de agosto de 2008

Greve - Unifesp

Desde segunda-feira, 25/08, os estudantes da Universidade Federal de São Paulo estão acampados em frente a reitoria. O acampamento se deu após a renuncia do reitor Ulysses Fagundes Neto, mais um envolvido com corrupção nos cartões corporativos. Junto do reitor, o vice-reitor também se exonerou do cargo e todos os pró-reitores estão afastados.

Devido a todos esses fatos os estudantes da Unifesp acampam em frente a reitoria para exigir não só um novo nome para reitor, mas sim um novo modelo de universidade, democrática de fato. A principal reivindicação é um novo processo de eleição para reitor, um novo modelo de CONSU (Conselho Universitário) diferente do atual onde os votos estão divididos com 70% para professores e 15% para estudantes e os outros 15% para funcionários, e a destituição imediata da comissão de reforma do estatuto que hoje é formada apenas por professores e indicados pelo CONSU.

O movimento não é homogêneo, e discuti-se paridade, maioria estudantil, sufrágio universal ... Para que os novos rumos da universidade aconteçam, a proposta de construção de um congresso universitário com participação dos estudantes (graduandos e pós-graduandos) , professores (titulares, adjuntos e jovens pesquisadores) e funcionários (públicos e CLT) se torna a mais viável no momento.

Em assembléia dos estudantes realizada ontem, 28/08, deliberou-se que permaneceremos em greve e com o acampamento pelo menos até a próxima assembléia marcada para quarta-feira 03/09.

Carlinhos
carlinhosk3@yahoo.com.br

domingo, 24 de agosto de 2008

Secretaria Municipal de Educação tira autonomia estudantil

"A Secretaria Municipal de Educação, em comemoração à Semana Estudantil, está mobilizando todas as Escolas Municipais do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries, para a realização das Eleições do Grêmio Estudantil no período de 11 a 15 de agosto de 2008, nos horários de funcionamento das Escolas".


Essa informação divulgada no site da Prefeitura Municipal de Barreiras, aos olhos de alguém que nada entende de organização estudantil pode parecer maravilhosa. Mas aos olhos de quem viveu organização estudantil intensamente, é algo extremamente preocupante e perigoso.


Preocupante porque a organização parte do lado oposto: da administração escolar e do poder público, e não dos/as estudantes. Perigoso porque estão sendo instituídos grêmios estudantis deturpados em seu próposito, que deve ser organizar os/as estudantes e ser a voz da categoria na escola para as melhorias desejadas.


Diante disso, é impossivel não ficar horrorizada quando um estudante da 7ª séria afirma que "apresentou propostas de melhorias para a escola, como: construção de uma rádio, reforma da quadra de esporte e pintura das paredes da escola. Para conseguir fundos para a construção dessas obras, diz que vai buscar patrocínios e realizar eventos. “Eu garanto que se eu for eleito, irei trabalhar nas melhorias da escola, ajudando a direção a resolver inclusive a situação dos alunos”."


Essa situação é de arrepiar qualquer militante político-social, principalmente os estudantis. A entidade "Grêmio Estudantil" não é apoiadora da direção ou coordenação, tampouco deve fazer o papel do poder público constituído, conseguindo financiamento de terceiros. Ao contrário, deve pressionar os responsáveis - prefeitos, vereadores, direções de escola nomeadas - para que as melhorias na educação aconteçam. Os grêmios são a voz autônoma e independente dos/as estudantes.


Não estou dizendo que os grêmios devem ser oposição às direções apenas para ser "do contra", mas que devem ser livres o suficiente para enfrentar essas direções quando neessário, bem como fazer as parcerias necessárias.


Para piorar essa situação, o site expõe uma relação de escolas que realizaram eleições, num processo tosco que podemos imaginar de outras oportunidades: as coordenações de escolas fazendo as eleições, montando as chapas com os "melhores alunos", os mais obedientes e fáceis de ser cooptados.


Essa ação, quando parte de quem é responsável pelo norte da educação (municipal), cujo objetivo fundamental é educar para a cidadania (LDB), apunhala a formação cidadã dos jovens e arriscamanter o comodismo e assistencialismo presente em nossa sociedade. São ações que não contribuem para a politização dos sujeitos, pois já se iniciam despolitizadas.


Fica meu REPÚDIO à essa invasão na organização estudantil e à tentativa de desestruturar o movimento estudantil, dando um foco que não lhe pertence.


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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vamos às ruas, denunciar!!!

Olá pessoal!

Depois da luta durante todo o ano de 2007 para uma lei de meia passagem que atendesse às demandas estudantis, diante de reivindicação legal, organizada e coerente, a Câmara, além de SUBSTITUIR nosso Projeto de Lei, entrou com REPRESENTAÇÕES CRIMINAIS contra alguns militantes do MEU e tais representações viraram PROCESSOS.

Nesta SEXTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2008 haverá a PRIMEIRA AUDIÊNCIA, onde um companheiro será ouvido e terá ESPAÇO PARA DESMENTIR as acusações absurdas alegadas. Para tanto, CONVOCAMOS TODOS E TODAS que acreditam ser injusto e ilegal a criminalização do movimento estudantil, PARA PARTICIPAREM da audiência, às 17h NO JUIZADO DE PEQUENAS CAUSAS e posteriormente, para UM ATO PÚBLICO DE DENÚNCIA DOS ABUSOS DE PODER COMETIDO PELA CÂMARA.

Contamos com a sensibilidade e presença, pois é preciso ter CORAGEM PARA LUTAR pelo coletivo e poderia SER VOCÊ NESSA SITUAÇÃO. Nossa VOZ E LUTA NÃO SERÃO CALADAS!!!

Saudações,

Paula Vielmo
Ex-militante estudantil
Pedagoga

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

FUNDAÇÕES PRIVADAS X UNIVERSIDADES PÚBLICAS

A UNEB/Campus IX debate nesta terça sobre:

FUNDAÇÕES PRIVADAS X UNIVERSIDADES PÚBLICAS

Quando? 19 de agosto de 2008 (terça-feira)

Onde? Auditório do Colégio Modelo
Que horas? 19h00
Com quem? Rodrigo Dantas (Profº da UnB¹, 2º. vice-presidente da ANDES-SN²)


Vamos conhecer mais sobre esse assunto polêmico e debater essa questão em nossas universidades públicas.

PARTICIPE!

Realização: Movimento Estudantil e ADUNEB³


¹Universidade de Brasilia
²Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior - Sindicato Nacional
³Associação dos Docentes da UNEB

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Injustiça é o sobrenome das eleições

Em pleno processo eleitoral, fica cada dia mais evidente que as eleições são para quem tem dinheiro, muito dinheiro. O esbanjar é gritante e simplesmente nada é feito, porque é assim que a música toca. Essa é a regra que a maioria segue.

Nesse processo falso de que o povo pode optar, sabe-se que compras de voto, doações "beneméritas", pedidos de cópias de título para garantir voto, pagamento para ser figurante em gravações, uso da máquina pública, coerção à funcionários contratados é uma constante, mas que não é levada em conta, porque "precisa-se de provas". Maldita burrocracia burguesa!

Bem verdade que ninguém pode ser culpado sem provas. Assim decidiu o STF (Supremo Tribunal Federal) quando negou o pedido da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e "liberou" que candidatos/as com "ficha suja" pudessem "concorrer" nas eleições. E não duvido que muitos destes "liberados" serão eleitos ou reeleitos.

No entanto o que eu quero saber, caros/as leitores, é se uma pessoa que aceita essa situção, vai denunciar? Teremos testemunhas para esse crime? Nessa sociedade nojenta, onde o que vale são os cifrões, quem terá coragem, dentre esses vendidos, de dizer não a esse dinheiro para querer fazer o que dizem ser certo? É muito revoltante, é uma indignação enorme essa situação e a terrível sensação de impotência. Que justiça é essa, que faz-de-conta que não vê, quando vê muito bem e apenas finge que não? Como, nesse contexto, conseguir provas?

O processo de alienação é muito forte e é dificil acreditar que pode-se mudar, quando os indícios inculcados são de "que as coisas são assim e sempre serão assim", mas é possível. Ninguém é tão abitolado que não reflita. O ser humano é reflexivo, aí reside o grande poder de transformação!

A luta continua...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tem-se leitores/as!

Queridos/as leitores/as,

Publiquei uma homenagem à amiga e companheira Rose, leitora fiel que sempre comenta no blog ou sobre o mesmo comigo, pessoalmente ou por e-mail.

Tal postagem gerou reivindicação por parte de alguns outros/as leitores/as, também companheiros/as e amigos/as, alegando que fazem leitura e apenas não deixam comentário. Foi uma reação inesperada, eu realmente pensei que Rose fosse uma das poucas pessoas que liam o blog, sério!

Assim sendo, agradeço a quem acessa esse espaço de socialização de algumas reflexões, mesmo que não comente. No entanto, os comentários servem como acréscimos às publicações, tanto quando reforçam o conteúdo divulgado quanto quando sugerem algo, observam, criticam. Enfim, deixo meu MUITO OBRIGADA e até a próxima postagem, assunto não falta, mas sim condições de sentar e escrever, com calma.

Grande abraço!!!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Por que não buscar na "fonte" de informação?

No dia 31 de julho, no auditório da OAB - Barreiras, o promotor eleitoral, Wilson Figueiredo, fez uma breve apresentação - pelo menos que vi - da resolução eleitoral sobre propaganda (Res. nº. 22.718/2008) aos candidatos/as e representantes de coligações.

O convite para esse evento foi sem horário, continha apenas o turno (pela manhã), mas deduzi que seria por volta das 9h, pois é o horário de abertura do Ministério Público para atendimento externo. Como necessitávamos - eu e o companheiro Claudio - de passar em outro local antes, e nosso meio de transporte são as pernar, chegamos um pouco atrasados.

Ora, de início muito me inquietou estar no espaço "recebendo" conhecimento da legislação, que ao meu ver deveria, por obrigação, ser lida e muito bem conhecida pelos/as candidatos/as. Não era de modo algum a realidade, talvez por isso a iniciativa do MP, extremamente válida para esclarecer esse pessoal acomodado já que não vão procurar estas informações, não vão direto à fonte. Pelo visto, apenas eu havia lido a tal resolução.

Ficou evidente, pelo "nível" das perguntas, a qualidade dos/as candidatos/as e a ausência de conteúdo. Chamou-me atenção - e de um rapaz ao meu lado - o tempo utilizado para o assunto "pintura de muros", numa repetição e esmiussamento dessa temática que beirava ao ridículo. Posso dizer que era uma "política de muros". O promotor forneceu alguns esclarecimentos relevantes, de como interpretou a resolução, mas o público presente apresentava grande dificuldade de interpretação. Porém, é preciso registrar que após essa audiência, várias irregularidades e abusos foram solucionados, o que é super positivo.

Eu e Claudio fomos embora antes de terminar a reunião, pois não estava sendo produtivo para nós e tem muita coisa do processo eleitoral para encaminhar. E o mais lamentável que fico a pensar é a possibilidade daqueles/as "questionadores" serem eleitos ou reeleitos.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Mais um ano de eleições...

Estimadas (os) leitoras (es),

Recebi este texto de um grande amigo e companheiro e publico para que todas e todos tenham acesso a essa importante reflexão. É pequenino mas denso de conteúdo reflexivo. Boa leitura e comentem!!!


Mais uma vez o Brasil esta diante de eleições municipais para escolha dos seus vereadores e prefeitos. Discursos ridículos, retóricas ultrapassadas, promessas e mais promessas apimentam o pleito. No entanto o cômico e trágico se misturou tanto em algumas candidaturas a prefeito como principalmente para vereadores. Indivíduos de todos os matizes se aglomeram nesse grande palco que se transformou as eleições. Alguns candidatos chegam ao patético ponto de nem saber o que representa o cargo que postulam.

E no microcosmo de Barreiras não é diferente do macrocosmo das capitais. Candidaturas e candidatos que mais se parecem com uma piada estão em nossas ruas a pedir o nosso, agora valorizado, voto.

É o momento da glamurização dos apedeutas e do desgosto dos mais esclarecidos. É o frenesi em meio ao caos.

Como diria Rui Barbosa:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Os homens de bem e do bem distanciaram-se da política, abrindo campo para toda sorte de oportunistas e capadocios. É o triste e injustificável “Silêncio dos Bons”.

Diante desse quadro dantesco que se encontra nossa sociedade, nos deparamos com os chamados donos dos “votos de protesto”, que se esquecem, ou viram as costas para a responsabilidade de votar, preferindo a comodidade de posteriormente chamar todos os políticos de ladrões.

Aos candidatos é preciso credibilidade, competência, discernimento.

Aos eleitores é preciso saber separar o joio do trigo.


Delbo Augusto

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Juventude excluída no presente pode ser futuro?

Portal Aprendriz, 23/07/200
Desemprego, informalidade e baixa escolaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros
Gláucia Cavalcante

Desemprego, informalidade e baixa escolaridade excluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19 anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34 milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam, o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos, apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens saem da escola sem completar o Ensino Fundamental. Os dados são do diagnóstico Trabalho Decente e Juventude no Brasil, que será lançado este ano pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em primeira mão, o oficial de políticas de emprego da OIT, Rogério Costanzi, divulgou alguns números do relatório durante o Seminário Lei do Aprendiz no Brasil, que aconteceu em São Paulo (SP). “A pesquisa mostra a dívida que a sociedade brasileira tem com a juventude. A escolaridade dos jovens de família rica é o dobro das de família pobre”, disse Costanzi. O estudo constata que uma grande parcela de jovens de 15 a 17 anos ainda sai precocemente da escola. “Grosso modo, apenas metade está no Ensino Médio. 20% saíram da escola e um terço deles está no Ensino Fundamental”, afirmou.

Outro dado do relatório revela que 4 milhões de jovens saíram da escola sem completar o Ensino Fundamental. “Juntando os dados de jovens que não estudam nem trabalham, o quadro é ainda mais preocupante: 6,5 milhões, ou seja, a cada 5 jovens, 1está sem trabalhar e sem estudar”. Costanzi ressaltou que a situação da inserção de adultos no mercado de trabalho é precária, porém, quando se trata de jovens, a situação é ainda pior. A taxa de desemprego desse público é 3,2 vezes maior que a dos adultos. “15 milhões de jovens estão excluídos do mercado por meio do desemprego ou do trabalho informal, ou seja, a cada 3 jovens, 2 estão excluídos. Do total, 60% deles estão no setor informal", disse.

Na década de 1990 houve um aumento no número relacionado à qualificação e escolaridade, porém o desemprego para os jovens aumentou em 50%. “Esse mercado precisa ser vista como prioridade”, destacou. “É notável que a sociedade tenha um olhar para a juventude associado a problema, instabilidade e risco. Isso porque o jovemé um desafio que precisamos resolver. A questão da inserção dos jovens no é considerado como alguém que tem muita rotatividade no mercado. Porém isso não acontece por indecisão dos jovens, e sim pela situação precária que o mercado se encontra. Eles acabam sendo usados como mão-de-obra temporária pelas empresas”, concluiu Costanzi.

Fonte: Clipping Educacional de 24/07/2008

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Esses dados alarmantes explicitam uma realidade social de exclusão do jovem, desde muito cedo, o que representa uma continuidade do sistema social posto. E cá fico a refletir: é comum ouvirmos que o "jovem é o futuro do país", mas e como será esse futuro, se no presente ele já é tratado com descaso e abandono? Precisamos de políticas públicas próprias para a juventude. Políticas de inclusão educacional, econômica, profissional, política... Mas cá comigo também penso: será que essa "ausência" de políticas públicas não é proposital, para manter a sociedade como está: uns com mais e outros com menos? Para alimentar o capitalismo, através de miséria, segregação e exploração?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"ACM já não mais vive entre nós"

20 de julho de 2007, uma data histórica para a Bahia, tanto quanto o 2 de julho de 1893, pois representa uma segunda independência. Nesta data morreu Antônio Carlos Magalhães - ACM, o terrível "cabeça branca".

Nesse 20 de julho, um ano depois, no mesmo dia em que comemora-se o "dia do amigo", é inevitável a felicidade por esse momento histórico. Não é uma comemoração pela morte de uma pessoa, mas a morte de um obstáculo ao progresso político da Bahia e uma vergonha nacional.

No entanto, assim como nos lembramos da morte de ACM, lembramos também que ele recebeu, ainda em vida, um golpe fatal da sua "querida Bahia": a eleição de Jaques Wagner para governador do estado. Ele teve o que chamamos de "morte política", e ainda em vida, o que muito nos alegra. Porém, a reflexão prossegue um pouco mais quando percebemos que mesmo com mudança de governo, o fim do dito "carlismo" ou pelo menos uma brutal ruptura (pois tem ACM Neto seguindo os caminhos de vovô) com esse sistema político, os rumos da Bahia não estão muito diferentes. Muito nos decepciona lembrar, e é preciso lembrar, que elegemos Jaques Wagner porque não queríamos e não aguentávamos mais a política do "malvadeza". Mas parece que o novo governo de velhas práticas não lembra disso.

Enfim, mesmo com tudo que foi exposto, é preciso comemorar, SIM, a liberdade da Bahia. 1 ano sem ACM - coitado do demônio! E viva a liberdade!!!

Segue abaixo um texto muito interessante escrito pelo coordenador geral do DCE/UFBA na data da morte de ACM (em 2007):



A UFBA não lamenta a morte de ACM

Vi e ouvi, com desgosto, as recentes declarações dadas pelo Reitor da UFBa Naomar Almeida à TV Bahia sobre a morte, já tarde demais, do senador ACM nesta última sexta-feira. Segundo o Reitor Naomar, “a nossa universidade expressa o pesar pelo falecimento de Antonio Carlos Magalhães”.
Até entendo a boa conduta de nosso reitor e a sua delicadeza ao tratar de um acontecido dessa importância para o cenário político tanto do Estado quanto do país. Naomar, enquanto homem influente deste cenário, dificilmente quebraria qualquer protocolo a ponto de não tratar com a devida seriedade o assunto.
E, como é óbvio, nunca ouviríamos de nosso educado Reitor palavras ásperas e satisfeitas relacionadas ao falecimento do senador. Aquela mesma boa conduta nos ensina que desejar a morte alheia é, no mínimo, falta de educação.
Mas não posso deixar de tecer alguns comentários, estes sim ásperos, porém insatisfeitos pelo conjunto das declarações do Reitor da Universidade a qual também faço parte.
Não restam dúvidas de que lamentar a morte de Antonio Carlos significa jogar à sombra do esquecimento tudo de negativo que este homem representou na vida política de nossa cidade, Estado e país, desde a Ditadura até o dia de sua morte.
Do ponto de vista da luta pela justiça e igualdade social, o que mais importa quando analisamos a longa passagem do Cabeça Branca pelo poder político do Brasil, ele sempre representou o regresso.
Seus sucessivos mandatos de Deputado Estadual e Federal, de Prefeito, de Governador, de Ministro e Senador da República nunca estiveram à serviço da democracia. Pelo contrário, nosso conterrâneo falecido foi historicamente porta-voz do autoritarismo e da perseguição política.
Competente e eloqüente nos discursos, Antonio Carlos não teve dúvidas em nenhum momento, da UDN ao DEM, de que a Esquerda e os movimentos sociais eram seus principais inimigos na disputa política. Assim como nós, da Esquerda e os movimentos sociais, também nunca pestanejamos em estarmos do outro lado da trincheira que não a deste desprezível ex-Senhor da Bahia.
Quando nosso Reitor expressa pesar, não nos causa surpresa. Porém nos deixa em estado de agonia. Agonia porque não precisamos ir até a triste história da Ditadura Militar para buscar justificativas para as nossas felicidades pela morte desse monstro. Jovens que somos, nem eu nem meus companheiros e companheiras estudantes viveram este sombrio período de nosso país. Herdamos, mas não vivemos.
No entanto, se não foi na Ditadura Militar que conhecemos as práticas autoritárias de ACM, foi já no século XXI que encontramos os nossos motivos para hoje, numa feliz sexta-feira, dar adeus com euforia a um homem que só fez mal por onde passou.
Nunca esqueceremos, professor Naomar, da tragédia do dia 16 de maio de 2001, prestes ao seu primeiro Reitorado.Ali sentimos literalmente na pele a violência inconseqüente das decisões políticas protagonizadas por ACM. Sangramos, corremos, gritamos e jogamos pedra. Tudo isso pela democracia.
Não tenho certeza quanto à importância que tem para o Reitor o fato de termos sangrado naquele fatídico dia. Mas, ainda que não tenha, faço questão de lembrar ao Magnífico que neste mesmo dia sangrou também a UFBa.
A nossa universidade sangrou quando foi desavergonhadamente invadida por policiais mandados pelo senhor da ditadura na Bahia. Naquele momento que, não coincidentemente, berrávamos pela cassação de um mandato que quando não nos fez pelo autoritário, o fez pela corrupção.
Não, professor Naomar. Definitivamente a UFBa não lamenta a morte de ACM.
Não tenho a pretensão de retificar a opinião que é sua, Magnífico Reitor. Mas enquanto membro da mesma Universidade que você, e enquanto representante de um dos setores que constroem cotidianamente a UFBa, lamento pelos seus pesares. Que, repito, são apenas seus.
Para nós, a Era a qual ACM nos reprimiu e nos perseguiu, finda exatamente no dia 20 de julho de 2007. Agora, mais do que nunca, esta Era será conhecida pela contundente expressão título da obra do jornalista João Carlos Teixeira Gomes: Memória as Trevas.
Não sei quanto a você, Magnífico, mas a “boa conduta” que se dane.
A ordem agora é comemorar.
E a palavra-de-ordem, para não perder a prática, continua sendo a mesma. Vamos tirar a Bahia das Trevas.

Gabriel Oliveira
Coord. Geral do DCE (em 2007)