sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Salvador vai parar!!! Revolta do Buzú 2011



Por Paula Vielmo



O ano novo está chegando e com ele aumentos de tarifas de transporte coletivo explodem pelo país. Em Barreiras, o aumento foi "presente de natal" e na capital baiana será "presente de ano novo".

A tarifa em Salvador que até amanhã custará R$2,30, a partir do domingo será de absurdos R$2,50! As reclamações dos usuários do transporte são bem semelhantes às nossas em Barreiras: veículos velho, sucateados, ônibus lotados, pontos sem estrutura - mas certamente numa proporção maior pelo tamanho de Salvador, isso porque quem mora aqui e vive nessa situação péssima, pode achar lá "até bom" (lembram das migalhas?).

Pois bem, Salvador que em 2003 protagonizou a histórica REVOLTA DO BUZÚ e foi incentivo e exemplo para o restante do país, certamente tem nas veias de sua gente a resistência. Infelizmente, sempre é um grupo limitado - em relação ao todo - que se levanta mediante os desmandos e grita como sinal de indignação, mas isso não retira nem um pouco o mérito e importância de tais movimentos.

Nesse sentido, desde o anunciado aumento na capital baiana, pelo secretário municipal dos Transportes e Infraestrutura (SETIN), Euvaldo Jorge e pelo prefeito João Henrique (PMDB), iniciou-se uma articulação pelo criativamente intitulado Movimento Exú Tranca Ruas, a partir de uma comunidade no orkut e do twitter. Em seguida, houve reuniões presenciais na Biblioteca Central e o movimento só está crescendo para promover o que estão chamando de REVOLTA DO BUZÚ 2011, com início no dia 03 às 15h00.

Certamente os aumentos durante o período de férias letivas e final de ano, deve-se para tentar deter os/as maiores/as resistentes destes aumentos de tarifas: os/as estudantes. No entanto, o tiro deve sair pela culatra e eu, daqui de Barreiras, estarei torcendo com todas as minhas energias para que o Movimento em Salvador adquira apoio popular e mantenha-se forte até conseguir alcançar os objetivos e a pauta de reivindicação.


Todo apoio contra o aumento da tarifa!
SALVADOR VAI PARAR!!!


RECOMENDO CONHECER:
Comunidade no orkut: Movimento Exú Tranca Ruas-SSA
No Twitter: @RevoltaBuzu2011
Vídeo de divulgação no youtube (clique)

O que é democracia


Tiririca passou no teste do TRE. A novela parece ter chegado ao fim. Pelo menos por enquanto. Afinal, Francisco Everardo Oliveira Silva tem ainda quatro anos de mandato pela frente. O tempo vai dizer se eleger um palhaço como deputado federal é uma boa forma de protesto ou se, ao contrário, Tiririca será mais um a votar contra os trabalhadores na Câmara.

De qualquer forma, o caso todo parece uma grande piada: o mesmo sistema eleitoral que permitiu que os votos dados a Tiririca acabassem elegendo outros três deputados, tentou impedir a diplomação do comediante em base ao argumento de que ele seria analfabeto. Não temos nenhuma simpatia por Tiririca, cujas músicas estão cheias de preconceitos machistas e racistas, mas é evidente que o questionamento de sua alfabetização é uma enorme hipocrisia, uma tentativa de dar alguma credibilidade ao sistema eleitoral. Não deu certo.

Para os trabalhadores, o fundamental agora é entender: que sistema é esse que se desmoraliza por completo em cada eleição e mesmo assim continua de pé? Por que, apesar da população odiar os políticos e haver novas eleições a cada quatro anos, são sempre os mesmos que mandam? Em resumo, qual o segredo ou mistério da democracia?

Estado e regime
Para definir o que é democracia, precisamos antes entender dois outros conceitos: Estado e regime.

O Estado é o conjunto de instituições públicas de um país: tribunais, Exército, polícia, ministérios, Receita Federal, Congresso etc. O Estado é a maior força militar, política e econômica da sociedade. Quem já foi abordado pela polícia, paga imposto de renda ou já teve que se explicar diante de um juiz, sabe bem do que estamos falando. As instituições do Estado estão por toda parte.

Mas qualquer mecânico sabe que um monte de peças jogadas dentro de um capô não faz um carro andar. É preciso que elas funcionem e que estejam corretamente conectadas entre si. A explosão na câmara de combustão do motor não serve de nada se não há um sistema de pistões, manivelas e engrenagens, capaz de transmitir a energia produzida às rodas. Com o Estado ocorre o mesmo. Assim como as partes de um motor, as instituições do Estado precisam se conectar de alguma maneira.

Qual instituição do Estado é a principal num determinado momento? Qual delas manda? E qual obedece? A resposta a essas perguntas permite definir o regime político de um país. Se, por exemplo, o Exército e a polícia forem as instituições dominantes, estaremos diante de uma ditadura militar. Se, ao contrário, o Congresso e a presidência, eleitos pelo voto popular, cumprirem o papel principal, teremos uma democracia. O regime é, portanto, a forma de funcionamento do Estado, a maneira como as instituições do Estado se conectam entre si para fazer esse Estado funcionar.

A função do Estado é manter a ordem social existente, ou seja, proteger a propriedade burguesa e garantir a exploração da classe trabalhadora pelos patrões.

Se para isso for necessário uma ditadura, virá uma ditadura. Se for possível explorar através de uma democracia, teremos uma democracia. Ou seja, o regime pode ser democrático ou ditatorial, mas o Estado continua servindo à burguesia.

Por isso, ao falarmos de Estado, é preciso agregar a que classe social ele serve, que tipo de “ordem” ele mantém, que propriedade defende. Se for um Estado a serviço do capitalismo, diremos “Estado burguês”. Se for um Estado controlado pelos trabalhadores, diremos “Estado operário”. O mesmo vale para o regime. Se vivemos em um Estado burguês, então teremos uma democracia burguesa ou um regime democrático-burguês.

As características da democracia
A primeira característica da democracia burguesa é a existência de liberdades individuais e coletivas: liberdade de organização, de manifestação, de expressão, de reunião etc. Essa é uma conquista extremamente importante, arrancada com muita luta ainda na adolescência do capitalismo, no final do século 18. A defesa dessas liberdades democráticas é um princípio dos revolucionários porque elas são fundamentais para a educação política dos trabalhadores. Durante a ditadura militar no Brasil, por exemplo, as manifestações foram proibidas; os partidos de esquerda, perseguidos; a arte, censurada. A classe trabalhadora ficou quase vinte anos sem lutar. Somente com as greves operárias no final dos anos 1970, essas liberdades foram restabelecidas e os trabalhadores puderam reconstruir suas organizações e voltar à cena política do país.

A segunda característica da democracia burguesa é a igualdade jurídica. Segundo esse princípio, todos são iguais perante a lei, têm os mesmos direitos e obrigações: prestam o serviço militar, pagam impostos, fazem a prova do ENEM, param no sinal vermelho etc.

As mentiras da democracia
Aqui nos deparamos com a primeira mentira da democracia burguesa. Se prestarmos atenção, veremos que as liberdades democráticas e a igualdade jurídica só existem pela metade, ou somente para alguns, e por isso são uma farsa.

O direito de greve existe, mas centenas de greves são declaradas ilegais pela justiça todo ano. O direito de manifestação existe, mas os sem-teto são imediatamente reprimidos pela polícia quando resolvem fechar uma rua para protestar. O direito de se organizar em partidos existe, mas os partidos que não tem representação parlamentar não são chamados aos debates, como se simplesmente não existissem. Todos os partidos têm acesso à TV, mas os partidos pequenos têm 30 segundos, enquanto a coligação que elegeu Dilma tinha mais de 10 minutos.

Todos são iguais perante a lei, mas o caveirão não entra atirando no Leblon e quando o banqueiro Daniel Dantas foi preso, houve um escândalo nacional porque o coitadinho foi algemado. Os filhos da burguesia prestam o ENEM como todo mundo, mas antes disso estudam nas melhores escolas particulares e fazem os melhores cursinhos. Todos pagam a mesma alíquota de ICMS, mas uma família pobre gasta mais da metade de sua renda no supermercado, enquanto para os ricos o item comida não representa quase nada no orçamento doméstico. Todos têm o direito de ir e vir, mas os usuários dos trens urbanos no Rio de Janeiro levam chicotadas dos seguranças da SuperVia.

Podemos encontrar milhares de exemplos. Em todos eles, veremos que as liberdades garantidas em uma lei, são limitadas ou anuladas em outra, e que a igualdade jurídica é uma ficção.

A força da democracia
Apesar de todas as mentiras, a democracia burguesa tem se demonstrado uma máquina bastante eficiente e difícil de ser desmascarada. Em que reside, então, a força do regime democrático-burguês, seu poder de iludir? Com essa pergunta chegamos ao coração do sistema, à verdadeira câmara de combustão da democracia burguesa, que fornece energia a todas as outras partes do mecanismo: o voto.

A principal característica da democracia burguesa é a eleição dos governantes através do voto universal. Voto universal significa que todos têm direito a votar, sem distinção de raça, sexo ou classe social.

Dito assim, parece pouco importante, mas não é. O voto universal foi uma grande conquista, também arrancada com muita luta. No Brasil, até o final do século 19, só podiam votar aqueles que fossem ao mesmo tempo: homens, brancos e proprietários. Mais tarde, o direito ao voto foi estendido aos pobres, mulheres e analfabetos. No Brasil República, os negros nunca foram oficialmente proibidos de votar. No entanto, como a maioria dos ex-escravos era analfabeta, a população negra acabava de fato excluída das eleições. Com relação às mulheres, se considerava que elas já estavam representadas por seus maridos e por isso não precisavam votar.

O voto universal foi uma conquista tão importante, que acabou se tornando o principal critério para se avaliar o nível de liberdade de uma sociedade. Se estabeleceu que: “Voto universal = país livre e democrático”. “Ausência de voto universal = ditadura”. Todos os outros direitos, como emprego, saúde, educação etc., foram sendo lentamente eliminados da consciência da população. Não é segredo para ninguém, por exemplo, que Dilma prepara uma nova reforma da Previdência, que vai acabar na prática com um direito fundamental dos trabalhadores: a aposentadoria. Quantas vozes se levantaram contra isso até agora? Muito poucas. A CUT, por exemplo, maior central sindical do país, permanece calada. Imaginemos agora que Dilma pretendesse acabar com o voto universal. Seria um escândalo internacional. De Washington, Obama protestaria. A ONU emitiria um comunicado. Até o palhaço Tiririca seria contra. Mas como se trata “apenas” do direito à aposentadoria... para quê tanto barulho? Assim, a liberdade humana foi reduzida ao direito de, uma vez a cada quatro anos, apertar um botão.

O enigma do voto
Mas como o voto se tornou tão importante e por que dizemos que ele é a fonte de todas as ilusões da democracia burguesa? Pelo simples fato de que ele “iguala” coisas que são completamente diferentes e não podem ser igualadas. Na vida real, patrões e empregados têm interesses opostos. Mas no dia da eleição o voto do trabalhador vale tanto quanto o voto do empresário. Esse fato é martelado na cabeça do povo, como se fosse a prova definitiva de que todos são iguais, de que a sociedade é realmente livre e igualitária.

Não é por acaso que a TV, o governo e os jornais se refiram às eleições como “a festa da democracia”. De fato, esse é momento mais importante do regime democrático-burguês. Não importa que durante os próximos 4 anos os trabalhadores terão que enfrentar o governo como seu inimigo. Não importa que se mentiu durante a campanha. Não importa que a TV só tenha mostrado dois ou três candidatos. O que importa é que todos puderam votar! Se votaram errado, paciência...

Assim, ao longo dos quatro anos que separam uma eleição da outra, o eleitor é programado para chegar diante da maquininha e fazer exatamente aquilo que se espera dele: votar. “Não desperdice seu voto!”, “Vote!”, diz a campanha do TRE.

As armas do sistema
Mas se os trabalhadores são a maioria da população e a burguesia é a minoria, por que a burguesia sempre ganha? Por que os trabalhadores não usam o voto universal a seu favor? É nesse momento que entra em cena o outro ator do “espetáculo da democracia”: o poder econômico.

As gigantescas doações feitas por mega-empresários, combinadas com grandes coligações de até 10 partidos, para ocupar tempo de TV, criam verdadeiras super-candidaturas, que têm à sua disposição programas hollywoodianos, jatinhos particulares, marqueteiros internacionais, milhares de cabos eleitorais e muitas outras armas. Os candidatos operários ou de esquerda simplesmente desaparecem, esmagados pelo peso de milhões de reais. Nessas condições, não é de se admirar que os trabalhadores acabem votando em seus próprios carrascos.

Depois das eleições, os empresários enviam a fatura: uma licitação facilitada aqui, uma licença ambiental ali, um empréstimo do BNDES acolá. E assim a máquina gira até as próximas eleições, quando começa tudo de novo.

Como se vê, toda a democracia burguesa é um grande mentira, mas muito bem contada.

A superação da democracia
Apesar de sua força, a democracia burguesa está longe de ser invencível. Como todo mecanismo, ela também se desgasta e nem sempre a troca de peças resolve o problema. Todo motor funde quando menos se espera.

A revolução socialista, ao destruir o Estado burguês e suas instituições, eliminará também a democracia burguesa, substituindo-a pela democracia operária, muito mais ampla e verdadeira do que a farsa a que estamos submetidos. O Estado operário será controlado pela maioria explorada e oprimida e a democracia operária se revelará como o regime das maiores liberdades democráticas que o mundo já conheceu.

O socialismo, ao eliminar a exploração do homem pelo homem, assentará as bases para a dissolução lenta e gradual do próprio Estado operário, seu poder e suas instituições, ou seja, para a superação da democracia e a conquista da verdadeira liberdade humana: o comunismo.

Publicado no Jornal Opinião Socialista - Edição nº 415

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vales exclusivos e intimidação: reina a incompetência


Por Paula Vielmo¹

Desde o final de 2009 e por todo o ano de 2010, houve um grande problema em relação a entrega dos vales transportes das/os servidoras/es públicos municipais de Barreiras. Todo mês era a mesma labuta: desconto de 6% no contracheque e entrega dos vales na metade ou final do mês seguinte. Essa “novela” perdurou pelo ano e o SINDSEMB, sindicato ao qual sou filiada chamou o caso de “famigerados vales transportes”.

Já abordei em artigo recente essa questão, que significa a explicita incompetência da gestão municipal em lidar com questão relativamente simples, meramente de organização.

Pois bem, é fato que todo mês os descontos estavam em folha e seguidamente uma quantidade de vales eram usurpados de nós, servidoras/es. No entanto, no final de dezembro eis que TODOS os vales atrasados são entregues, isso porque a negociação foi ressarcir em dinheiro, afinal o que fazer com tanto vale depois de passado o período de usá-los?

Não bastasse isso, entregaram no encerramento do ano letivo, parecendo provocação ou perseguição, junto com o Oficio 025/2010 da Secretaria de Administração, assinado por Izôlda Maia, Secretária Municipal de Administração, cujo conteúdo alegava que “com o intuito de acabar com o comércio ilegal de VALE TRANSPORTE” os vales dos servidores serão confeccionados “de forma diferenciada e personalizada”, através de parceria com a Viação Cidade Barreiras, empresa do todo poderoso Zé Maria.

Ofício 025/2010 da Secretaria de Administração

Que é ilegal a venda de vales, isso é óbvio, e infelizmente muita gente se aproveita para ludibriar o município através desse direito. No entanto, também é direito nosso receber os vales no tempo correto, para fazer uso deles. Para que eu preciso de 174 vales transportes no final do mês de dezembro, quando nem aula tem mais? Parece um explicito incentivo para o “comércio ilegal” dos vales.

No entanto, não satisfeita com isso, o oficio termina com tom de ameaça: “o servidor que for pego vendendo os vales responderá processo administrativo e estará sujeito à outras penalidades, entre elas a perda da concessão de vale e ressarcimento aos cofres públicos”. A punição está prevista na cartilha da prefeita e da secretária de administração? Só pode ser, porque desconheço fundamento legal para isso. Opa, mas se precisar a Câmara aprova, sem dúvidas.

Parece piada, mas nem para coagir são competentes, haja vista que os vales tem apenas duas cores (tendenciosas) e a seguinte frase “USO EXCLUSIVO SERVIDOR DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BARREIRAS”, que nada representa além de tentativa falha de intimidação, que só intimida ignorante.

Vale rosa e azul - cores da gestão "Cidade Mãe"

Não defendo a venda dos vales, mas nesse caso, o que fazer? Eu estou usando e distribuindo os meus, vão me “punir” como?

Coisas do reino da impunidade...



¹ Servidora Pública Municipal concursada e consciente



domingo, 26 de dezembro de 2010

Isso que é uma cantada!


No livro "Dentro da noite veloz", nas palavras do próprio poeta Ferreira Gullar, seu livro mais político, ele, através da poesia engajada utiliza a arte a favor da luta de classes.

Esse livro foi presente para a querida e estimada amiga Rose, mas aproveitei para conhecer um pouco da obra. E, dentre as inúmeras poesias que me chamaram a atenção, quero socializar com vocês essa:


CANTADA

Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça dágua
límpida
num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana

Olha,
você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana


Viva a Revolução, não existe nada mais belo!!!

sábado, 25 de dezembro de 2010

BEM-VINDO(A) A BARREIRAS: REINO DA IMPUNIDADE


Por Paula Vielmo

Num lugar muito, mas muito distante de tudo que se pode imaginar em termos de justiça social e coletividade, vive uma rainha muito malvada, herdeira de um reino rico de povo pobre. Essa rainha tinha uma mania das damas de sua época, apenas vestia-se de rosa. E essa rainha era tão, mas tão mimada, que pintou seu reino de rosa, para disfarçar com a cor de flor, a miséria que todo o povo vivia.

Essa história poderia continuar como um conto de fadas, e eu poderia escrevê-la como tal, mas não vou transformar a nossa realidade em um conto infantil porque o final não é feliz.

Apesar de dizerem que vivemos em um Estado democrático de direito e blá-blá-bla, cada vez mais estou convencida e consciente do quão estamos distantes desse Estado. No entanto, quero e vou, falar de um reino que é real, e assemelha-se, não por mera coincidência ao reino descrito acima. Esse reino, chama-se Barreiras, e a capital é a “impunidade”.

De uns tempos pra cá tenho pensado muito nisso, e falado com algumas pessoas também. Parece piada, mas não é. É o puro extravaso de alguém que está insatisfeita e revoltada diante de tantos absurdos que mais parecem cenas de filmes de ficção; cansada de ver e ouvir cotidianamente a naturalização da corrupção, do fisiologismo e da passividade.

Aqui em Barreiras, para qualquer lugar que se olhe ou se vá, sempre encontramos alguém disposto a passar outro pra trás, a se dar bem. E raramente encontramos alguém que queira construir coletivamente, na verdade, que queira construir algo e não apenas seguir algo ou alguém.

Esse cenário certamente não é exclusividade nossa, mas como moro aqui desde a infância e me formei politicamente nesse espaço contraditório, tenho que dizer que as coisas aqui são distorcidas, incoerentes e levianas.

Os poderes legislativo e executivo fingem que não veem os graves problemas e constantemente inventam mentiras, como a repetidamente dita pelo bispo-vereador Daniel de que “Barreiras está um canteiro de obras”. Canteiro de obras que só ele enxerga...; da prefeita rosinha que propagandeia uma saúde, educação e infraestrutura que queremos e merecemos, mas só existe no reino imaginário dela, a Rainha Má (ou seria mãe?).

Enfim, estou saturada de ter que caminhar nas calçadas lotadas de colchões, de areia, de material de construção, de barracas, de propagandas, mesas, bares. De ter que ir para a rua, disputar espaço com os mal educados motoristas; de escorregar nas calçadas de lajota ou de ter que caminhar olhando para baixo porque a qualquer momento posso tropeçar em calçadas desniveladas, ou ainda ter que fazer um grande esforço para subir ou descer calçadas altas; de ter que esperar ônibus lotados e velhos, em paradas sob o forte sol de Barreiras.

Aqui, as leis que temos não valem. Não valem primeiro porque são falhas, e segundo porque não são aplicadas. No reino da impunidade, existe um quarto poder, o Poder do Zé, dono das empresas de ônibus e controlador geral do transporte.

No reino da impunidade, existem Barreiras ideológicas e morais, dificílimas de serem transpostas, porque são culturais.

Mas e ai, o que fazer, quando se luta, luta, vai pro embate e não se alcança? Quando as pessoas te olham como se fosse de outro planeta ou sempre pensam que está fazendo algo com segundas intenções ou interesses pessoais, porque é exatamente assim que elas agem? O que fazer quando isso tudo te sufoca, quando parece estar indo para a guilhotina?

Não existem receitas, existe uma realidade objetiva que precisa e deve ser transformada, e apesar do cansaço, escrever alivia, porque da luta não me retiro, jamais!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Escolas têm mais internet que biblioteca, indica Censo


Enquanto o investimento feito pelo governo federal em informática possibilita que quase 95% dos alunos de ensino médio já estejam em escolas com computadores com acesso à internet, a oferta de laboratórios de ciências e bibliotecas para esses mesmos estudantes é bem menor: 57% e 73,2%, respectivamente. Os dados constam do Censo Escolar 2010, divulgado anteontem pelo Ministério da Educação.

O sistema de internet nas escolas cresceu rapidamente por causa de uma obrigação contratual das operadoras de telefonia que, para renovar a concessão, tiveram de se comprometer a instalar a banda larga em todas as escolas do País. Segundo o ministério, no primeiro semestre de 2011 todas as 62 mil escolas públicas terão acesso à internet.

Entretanto, os laboratórios de ciências e as bibliotecas - que são bem mais simples e baratos, mas dependem exclusivamente de recursos do MEC - andam a passos bem mais lentos. As escolas que atendem os anos iniciais do ensino fundamental, do 1.º ao 5.º ano, são as que apresentam mais problemas. Apenas 30,4% delas têm bibliotecas e 7,6%, laboratórios.

Como existem muitas escolas rurais pequenas, a situação é um pouco melhor quando se leva em conta o número de alunos atendidos. Ainda assim, apenas 50% das crianças que estão aprendendo a ler e a gostar de livros são atendidas com bibliotecas. E 13,4% têm acesso a um laboratório de ciências.

Nas séries subsequentes a situação melhora um pouco. Nos anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano), quase 60% das escolas têm bibliotecas e elas atendem cerca de 65% dos estudantes. No ensino médio, 73,2% dos estudantes têm bibliotecas nas suas escolas.

Retirado do observatório do direito à comunicação

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Faz realmente muito tempo que penso e falo com as/os colegas da educação, sobre a necessidade imprescindível de termos bibliotecas nas escolas; sobre espaços instigantes à leitura e a formação de leitores/as estritamente ligada com a existência de biblioteca nas escolas.

Essas escolas a que me refiro, são exatamente às que atendem as crianças no fundamental I, ou seja, do 1º ao 5º ano, quando a criança é alfabetizada e deve ser despertada para o gosto prazeiroso da leitura. Reparem que é justamente nessa modalidade de ensino que o índice de bibliotecas é menor segundo o censo (30,4%).

Não bastasse isso, a afirmação inicial do texto é bem clara, de que 95% dos alunos do ENSINO MÉDIO estão em escolas COM laboratório, o que não significa USO desses laboratórios ou ainda, USO EDUCACIONAL desses espaços. Lembro-me com clareza de uma escola em Barreiras, estadual, que tinha laboratório de informática e biblioteca TRANCADOS para que os/as estudantes não usassem. Essa prática de "conservãção" foi ou é comum ainda em muitas escolas, tanto municipais como estaduais.

Não longe, a escola em que trabalho possui o que chamam de "SALA DE LEITURA" e "SALA DE INFORMÁTICA", uma sala pequena, que comporta livros e computadores mais ou menos organizados, mas na minha concepção - e já disse isso várias vezes na escola - necessário de ser desmembrados, pois as crianças devem ter acesso a uma BILBIOTECA bem estruturada, organizada e instigante, bem como LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA para uso educacional dos computadores e da internet, o que significa educadores/as qualificados/as para acessorar ambos espaços e não qualquer pessoa.

Não tem como formar leitores/as sem leitura e sem espaços adequados que incentivem essa prática. Fica um grande desafio e um alerta para quem diz que luta pela educação. Educação é muito, mas muito mais do que sala de aula. Cada vez mais tenho convicção disso.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Kelly Magalhães, a história não lhe absolverá!

Por Paula Vielmo


Na terça-feira, 30/11, palavras oriundas da vereadora e deputada estadual já diplomada, Kelly Magalhães (PC do B) me causaram profunda indignação, revolta e dor. Não é sentimentalismo, até porque não faz meu perfil, mas considerei uma contradição tão imensa que não posso me calar. E també, apesar de saber dos rumos que o mandato dela tem tomado, confesso que fiquei DECEPCIONADA. Assim, já me pronunciei em outros espaços e para diversos compas e agora, com tempo, escrevo neste espaço.

Naquela famigerada sessão, Kelly disse que os estudantes haviam se comportado bem, ao contrário de outras vezes que aquela casa fora palco de agressões. Tais palavras passariam despercebidas, se eu não fosse o elo histórico presente ali, e que faria a relação de 2007 e 2010 com extrema precisão.

Sim, Kelly, eu me lembro perfeitamente que em 2007, num clima de tensão a cada sessão da Câmara, VOCÊ ERA A ÚNICA vereadora que levantava e falava da tribuna em defesa de nós, estudantes. Você era combativa, apesar de não ter apoios. Você nos defendia, pois sabia que a nossa luta era justa, era correta. Você disse aos vereadores que eles não estavam acostumados com atos de democracia e manifestações dentro da Câmara. Foi você que disse e fez isso tudo. É louvável, e não retirarei o mérito de sua coragem naquele momento (2007).

Alguns dizem que as pessoas mudam. Eu não acredito que as pessoas mudem tão rápido, acredito que as pessoas se revelam diante de certas situações. Foi o que aconteceu com você, Kelly.

Como que você, uma "comunista", acusa estudantes em luta de serem agressores? Não éramos e somos nós, agredidos violentamente pelos representantes que nada nos representam? Não fomos nós que sofremos representações judiciais apenas por lutar de maneira combativa como nunca antes outros fizeram dentro da Câmara? Não é o povo de Barreiras, agredido pelo valor absurdo da tarifa de ônibus em contrapartida de serviço tão ruim?

Ah, passaria despercebido se não fosse eu lá, em 2007 e 2010. E eu não deixarei de registrar a minha imensa indignação e decepção com os rumos que a sua história de militância toma a partir de suas escolhas em defesa dos "opressores" em detrimento dos "oprimidos/as".

Você tem dito insistentemente que ocupar um cargo público tem ônus e bônus, e essa frase foi adotada por vários de seus coleguinhas vereadores, no intuito de justificarem para si mesmos as próprias ações altamente equivocadas.

Saiba que fazemos o nosso caminho e traçamos a nossa história, e daqui a alguns anos esse texto será lembrado, pois "vossa excelência" será cobrada de suas opções. E a história, Kelly Magalhães, traçada por você, não lhe absolverá.

Quem se acostuma com migalhas, não quer banquete!

Por Paula Vielmo

Desde ontem (18) que a nova e absurdamente elevada TARIFA DE ÔNIBUS em Barreiras custa R$1,80. E neste domingo, fiz questão de saber se a "TARIFA SOCIAL" estava valendo e fui pegar um busão. Entrei, questionei a cobradora e entreguei meu vale transporte de "USO EXCUSIVO SERVIDOR DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BARREIRAS" (assunto para outra postagem).

Naquele momento, a cobradora confirmou que a passagem no domingo custava R$1,00, não citou a "tarifa social" e eu também não prolonguei o papo, tamanho enjoamento que estava sentindo diante da sensação de que nossa luta não valera. No entanto, o que estava ruim, iria piorar.

Sentada, observei o comportamento de quem adentrava o ônibus e de maneira muito especial, a expressão sorridente e feliz de uma senhora me chamou atenção e me indignou enormemente. Ora, ela estava super feliz da vida porque estava pagando "SÓ" UM REAL!

Imediatamente, fiz um paralelo com um trecho do livro "A alma do homem sob o socialismo", de Oscar Wilde (presente da compamiga Rose) e pensei cá comigo: "é, de fato quem se acostuma com migalhas, não lutará e sequer vai desejar um banquete". E para mim, o povo de Barreiras vive assim: com migalhas em todos os aspectos, e a miséria e exploração é tão gritante, que cada migalha um pouquinho maior parece boa coisa. E quem se acostuma e satisfaz com migalhas, com restos, com mínimos, não quer ou sequer sonha e luta por banquetes.

Infelizmente, essa "TARIFA SOCIAL" para mim é uma migalha, é um cala boca para essa tarifa super cara durante TODA A SEMANA, e o argumento do vereador Carlão (PSDB) na sessão que aumentou a tarifa de que "pobre" usa o ônibus para lazer no domingo dignificaria essa tarifa é balela, pois no domingo os ônibus demoram bem mais do que qualquer dia durante a semana; porque no domingo, as opções para mobilidade são limitadas (quase tudo está fechado) e sequer opções de lazer existem aos domingos.

Não aceitemos as migalhas, vamos exigir o banquete! As migalhas que caem aos pobres dos banquetes dos ricos não nos servem. E a imagem do rosto sorridente daquela senhora não saí da minha cabeça...

A luta, sempre continua!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Confirmado: tarifa de ônibus em Barreiras custa R$1,80!!!


Foi aprovado o aumento da tarifa de ônibus pela Câmara e sancionado por Jusmari ontem, 17, na edição 1122 do Diário Oficial do Municipio, disponível no endereço: http://www.barreiras.ba.gov.br/diario/pdf/diario1122.pdf

A Lei nº 918/10 autoriza a tarifa ao valor de descabidos R$1,80 e estabelece a "tarifa social" de R$1,00 aos domingos. Pelo menos os vereadores tiveram o "bom senso" de manter essa "tarifa social" durante os grandes eventos: carnaval e feira agropecuária, pois pela empresa de ônibus pobre não tem direito ao lazer e nem acesso a esses dois grandes eventos de Barreiras.

Apesar das diversas ações, gritos e tentativas, só conseguimos prolongar, mas sem evitar o aumento desse serviço de péssima qualidade e que funciona irregular, sem licitação pública.


LICITAÇÃO JÁ!!!!!! ABAIXAR OS PREÇOS JÁ!!!

A luta continua!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

5 mecanismos de alienação mais eficientes




Por Igor Albuquerque
Blog Raposa na toca


O controle social é entendido como a participação da população em uma administração política. Podemos pensar no sentido contrário do termo: o controle que um sistema exerce sobre a sociedade.

No capitalismo, esse sistema é composto por governo e empresas. A prática de manipular e obter controle social está relacionada à dominação, que é um dos desejos mais antigos de nossa cultura, havendo tentativas em todos os períodos históricos.

A separação por classes e a elitização estiveram presentes em todos os sistemas políticos e sociais desde a pré-história, quando o considerado mais apto liderava seu grupo.

De acordo com o pensamento capitalista vigente, os mais aptos são os que possuem maior poder aquisitivo e capacidade de barganha. Os ricos facilmente se colocaram na elite e criaram um sistema para que essa condição não seja ameaçada.

A democracia, hoje um processo de escolha de representantes pré-selecionados por um partido para atender interesses, se desenvolveu e formou um mecanismo de leis e esquemas para que os cidadãos do poder integrem um grupo elitizado, que obtém todos os tipos de privilégios.

O cidadão que vota em seu representante espera que ele seja justo e atenda os interesses da população. Ao descobrir que a situação não correspondeu aos anseios e que, além disso, o político se tornou adepto de esquemas que só favorecem seu seleto grupo, o eleitor fica indignado, o que pode se tornar perigoso.

Uma das principais ferramentas para a manutenção desses mecanismos elitistas é a manipulação social, que aliena o povo e os torna ignorantes em relação ao que acontece nos bastidores e sobre como reivindicar seus direitos.

Dentre muitos existentes, podemos observar que os mecanismos de alienação mais eficientes hoje em dia são:


1) ESCOLARIZAÇÃO

Através do sistema de ensino e dos livros didáticos, sempre escritos por quem domina, as crianças e jovens são moldados de acordo com os interesses do governo.

Quem trabalha no setor público sabe que, no ensino fundamental, o esforço do sistema é voltado para tentar ensinar a ler, escrever e calcular. O ensino médio acaba passando em branco, pois, além do ensino defasado, o aluno não cria, não produz e não aprende nada que o ajude em sua vida pós-escolar.

Se no sistema público o objetivo é tolher as capacidades criativas e críticas dos futuros cidadãos, no particular o processo é pautado sobre os ideais elitistas expostos nos livros didáticos. Isso faz com que a próxima geração da classe média seja condicionada ao modelo pré-determinado e se torne escrava do sistema.


2) MÍDIA

Todos os meios de comunicação são sustentados por corporações e empresas que acabam influenciando os veículos. A propaganda, cada vez mais criminosa, é a forma que o anunciante tem para divulgar seu produto e persuadir os consumidores.

Tudo o que é exposto na mídia tem uma função específica, geralmente com objetivo de manipular ou alienar. Um exemplo é a programação de domingo da TV aberta, onde só existe entretenimento do pior tipo com o objetivo de alienar.

As notícias exibidas em TVs, jornais e revistas geralmente são tendenciosas e atendem aos interesses de alguma entidade política ou empresarial. Será mera coincidência um escândalo de mensalão em ano pré-eleitoral, sendo que a maioria dos políticos é adepta das mesmas práticas corruptas? E as tentativas da Rede Globo de publicar notícias internacionais, sempre atendendo e defendendo os interesses norte-americanos?


3) DROGAS

Existem dois tipos de droga: lícitas e ilícitas. A cerveja e o cigarro, classificadas como lícitas, são as drogas mais consumidas no mundo. Viciam, criam hábitos violentos nos usuários e matam milhões ao ano.

Se é fato que as elas viciam e causam tantos efeitos colaterais quanto as drogas ilícitas, as políticas atuais não deveriam ser modificadas? Sim, porém o uso dessas drogas servem a dois interesses: os cofres públicos dependem dos impostos arrecadados das empresas fabricantes; enquanto a população se droga e se vicia, não volta a atenção para entender e resolver os problemas políticos e sociais que a rodeiam.

O mesmo ocorre com as drogas ilícitas, que tem efeitos mais devastadores, mas não deixam de atender os mesmos tipos de interesses elitistas.


4) DIVERSÃO

Cada vez mais é preocupante a atitude da população quando se trata de diversão. Seja entre os pré-adolescente ou adultos, qualquer momento é propício para festejar, comemorar, sair e se divertir.

Quando o final de semana está próximo, ninguém pensa em ir para casa ficar com a família, produzir algo relevante ou estudar. Existe um desespero social, disseminado através dos mecanismos alienantes, que conduz a população diretamente às drogas e ao entretenimento.

Logicamente todos necessitam de distração e divertimento às vezes, mas o que se vê é algo que vai além das necessidades físicas, psicológicas ou sociais. Hoje, finais de semana são dedicados à festas e drogas. Dessa forma, ninguém se preocupa em mudar o sistema horrível no qual vivemos.

Como explicação, não é difícil escutar os jargões disseminados pela mídia: "eu quero é ser feliz", "também sou filho de Deus", "vou aproveitar enquanto sou jovem". Ser feliz? Aproveitar? Acho que esse tipo de pensamento está mais ligado a uma atitude de fuga do que a realidade em si, que está cada vez mais difícil de mudar.


5) ESPORTES

Com status de religião, sem dúvidas o futebol brasileiros é a maior ferramenta desse sistema controlador. Os patrocinadores dessa modalidade fazem questão de destacar quando são os "oficiais da seleção brasileira de futebol". Pessoas conscientes acham graça de uma propaganda assim. Essas empresas se aproveitam da ignorância e alienação popular para vender produtos vinculando-os à seleção. O que tem a ver? Patrocinar futebol é atestado de qualidade ou honestidade? Só se for no Brasil.

Domingo passado vimos o país parar para os jogos que consagraram a maior torcida e causaram tanta confusão, violência e covardia nos estádios. O que você, enquanto cidadão, ganhou com tudo isso?

Nos dias seguinte ao campeonato do flamengo, era incrível os discursos dos senadores e deputados nas tribunas de brasília, que insistiam em dar parabéns aos times e ficar comentando as atuações desse ou daquele jogador. Todos tinham um comentário a fazer. Tantos problemas sérios e nada é feito. Me impressiona a frieza desse sistema e seus fantoches frente aos problemas reais.



Concordo plenamente com o texto e com os elementos de alienação, por isso reproduzi integralmente. Assino embaixo: Paula Vielmo

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Comissão aprova correção do piso de professor pelo INPC e pelo Fundeb

Por Marcelo Brandt


A Comissão de Educação e Cultura aprovou nesta quarta-feira (15) o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 3776/08, do Executivo, que muda a regra do reajuste do piso salarial nacional dos professores da educação básica da rede pública –atualmente de R$ 1.024 para 40 horas semanais.

O texto aprovado mantém o reajuste do piso atrelado à variação do valor mínimo por aluno no fundo da educação básica (Fundeb) e acrescenta que o reajuste não poderá ser inferior à inflação, conforme a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos 12 meses anteriores. O reajuste deixa de ser feito em janeiro e passa para maio.

A proposta do governo, que era a atualização do piso apenas pelo INPC (reajuste pela inflação, sem aumento real), foi rejeitada. O argumento do governo foi que o critério atual (parcialmente mantido pelo Senado) pode “acarretar uma elevação contínua” dos salários dos professores e prejudicar “o financiamento de outros itens importantes para a melhoria da educação básica pública, como manutenção e melhoria das instalações físicas das escolas, aquisição de material de ensino, universalização do uso da informática e o próprio aperfeiçoamento profissional dos professores”.

Detalhamento
Atualmente, a lei diz que o piso será atualizado no mês de janeiro no mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno no Fundeb.

O governo propôs a mudança para o reajuste pela variação do INPC no ano anterior, mantendo o aumento em janeiro.

Essa regra foi aprovada inicialmente pela Câmara, mas o Senado alterou o texto. Em razão da mudança, a proposta voltou para a Câmara, que dará a palavra final. Conforme essa nova versão, o piso será atualizado anualmente, no mês de maio, com base no percentual do valor por aluno no Fundeb apurado nos dois anos anteriores. Esse índice não poderá ser inferior à variação do INPC.

O relator da proposta na Comissão de Educação, deputado Carlos Abicalil (PT-MT), disse que as alterações feitas pelo Senado aperfeiçoam o mecanismo de reajuste. Ele explica que a mudança do mês de reajuste para maio é necessária pelo fato de que o valor por aluno no Fundeb, em determinado ano, só é consolidado em abril do ano seguinte. Antes disso, o governo trabalha com estimativa.

Tramitação
O projeto tramita em regime de urgência urgentíssima e está sendo analisado simultaneamente pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. A qualquer momento, poderá ser incluído na pauta do plenário.


Da Redação/WS

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Deputados aumentam salários. Os nossos? Não, os deles!


Por Paula Vielmo

Hoje, 15, a Câmara dos Deputados aprovou o aumento dos seus próprios salários, bem como os do/a presidente vice-presidente, ministros de Estado e senadores, equiparando-os com o valor recebido pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, ou seja, R$26.723,13.

Num país de miseráveis, de salário mínimo de R$ 510,00, de desigualdade gritante, é absolutamente vergonhoso esse aumento. É absurdamente imoral que os representantes do povo recebam MUITO mais do que seu povo, do que aquelas pessoas que representam.

Atualmente, Deputados e Senadores tem subsidios de R$16,5 mil. Presidente e vice recebem R$11,4 mil e ministros de Estado, R$10,7 mil. O aumento varia de 62% a 140%. Para o salário minimo do trabalhador apenas reajuste a partir da inflação, mas nada de regalias e grande aumento.

E é bom lembrar que esse valor é apenas salário, sem as diversas verbas que cada mandato tem.

É bom informar também, que o PSOL foi o único Partido que orientou seus deputados a votarem CONTRA esse aumento, o que foi feito por Chico Alencar (PSOL-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP) e Luciana Genro (PSOL-RS).

Lentidão também no setor de Gestão de Pessoas

Por Paula Vielmo


Ontem (14), depois de quase 15 dias com o ofício das minhas férias em mãos, consegui um tempinho para ir no Recursos Humanos da Secretaria de Educação, para dar entrada no requerimento das férias, objetivando que em janeiro eu posso descansar e curtir tranquilamente, com meu 1/3 de férias.

No entanto, quando chego me deparo com a porta fechada (depois constataria que estava trancada) avisando que estavam em trabalho interno devido aos vales transportes. Ora, a sexta-feira já não é aberta ao público para serviço interno? Há realmente necessidade de tirar mais dois dias de atendimento ao público para essa tarefa?

Extremamente irritada com a situação, pois foi a segunda vez que me desloquei em horário de almoço para reslover alguma pendência e o RH estava fechado para trabalho interno em dias fora da sexta-feira.

Assim que a porta foi aberta e um rapaz saiu, indaguei os servidores que lá estavam (uma mulher e um homem). O rapaz, respondeu educadamente, mas a mulher estava visivelmente irritada e respondeu que o RH não estava atendendo porque "professor não sabia esperar vale transporte". Será que foi uma indireta? Não sei, porque tenho certeza que ela sabe que eu sou recreadora.

Não bastasse o fato de não atender o público, ainda acha correto entregar o vale transporte no meio do mês? Qual o sentido de entregar os vales após o perído em que precisa-se deles?

O desrespeito por parte da Prefeitura com seus servidores é grande, mas o desrespeito entre os próprios servidores, principalmente nas relações de poder de chefia é pior, pois é resultado de uma visível falta de consciência de classe.

Fica aqui o registro da minha indignação diante desse fato! Amanhã eu vou tentar preencher o requerimento das férias e tomara que eu consiga.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A passagem de ônibus em Barreiras vai para R$1,80?

Por Paula Vielmo
Fotos: Fernando Machado - site ZDA

Essa semana que passou foi tão, mas tão tumultuada que não tive condições de parar e escrever sobre o que aconteceu, para manter as/os leitoras/es atualizados.

Desde o final das eleições, já era esperado o aumento da tarifa de ônibus em Barreiras, pois tem sido uma prática constante do empresário do transporte, solicitar aumento sempre após as eleições, fazendo com que toda a população usuária desse serviço de péssima qualidade, pague pelos "investimentos" nas campanhas.

Dito e feito, após as eleições, a prefeita Jusmari encamnhou o Projeto de Lei Nº 033/2010 objetivando "reajustar" a tarifa para imorais R$2,05. Não bastasse isso, chegando à Câmara Municipal, começou a tramitar no dia 16/11. Desde essa data, começou uma forte inquietação de diversos segmentos, mas principalmente de estudantes sobre esse aumento, bem como em relação à imoralidade do transporte público coletivo funcionar SEM LICITAÇÃO. A partir daí, foi só ação..

Após manifestações de ruas, panfletagens, acompanhamento de sessões da Câmara, entrevistas na imprensa e ampla publicidade sobre o aumento (que seria votado na calada), a votação que seria na terça, 30/11, não ocorreu, pois o PL foi retirado de pauta. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram nesse cenário.


A SESSÃO QUE APROVOU O AUMENTO
Na quarta-feira, 08 de dezembro, cheguei na Câmara às 17h45, assim que saí da escola. Estava chovendo, mas somente depois entenderia a importância de tanta água. Eu estava na escola agoniada porque os vereadores votariam o aumento, sem o menos pudor, e estavam em recesso de 15 minutos para entrar em consenso sobre o valor da tarifa. Já estava certo de que não seria R$2,05.

Chegando na Câmara, deparei-me com uma lado das galerias repleto de estudantes armados com cartazes e faixas, e do outro lado um pequeno grupo de trabalhadores/as do transporte coletivo (motoristas e cobradores/as) solicitando o aumento da tarifa para reajustar seus salários e cestas básicas, munidos de um grande cartaz de papel madeira.

Naquela sessão, estava clara a posição dos vereadores e da presidente Kelly Magalhães (PC do B) que conduzia os trabalhos de maneira truculenta. Naqueles instantes, de muita agonia, senti falta de Luiz Holanda, até então o maior tirano de quem me aproximei. Ele perdia o posto para a presidente pseudocomunista.

Diante das diversas vozes que gritavam, contrárias ao que estava prestes a contecer, apenas ignoravam. Faziam ali o que fazem com o povo que dizem representar: não consideram. Mostraram majoritariamente, mais uma vez, a quem servem (empresários) e para que servem (manutenção da ordem injusta).

Naquela noite, molhada da chuva e triste por mais um golpe contra o povo, relembrei os momentos vivenciados em 2007 quando lutávamos pela nova lei de meia passagem. Aquilo tirava as forças, mas também alimentava a continuidade da luta, pois nos alimentamos de injustiças.

Saí da Câmara pensando que tanta chuva era realmente necessária para lavar a sujeira que os vereadores haviam lançado sobre o povo de Barreiras. São Pedro estava do nosso lado, pois segurou a chuva durante os manifestos de rua, e mandou muita água no dia da votação. Aprovaram, com apenas dois votos contra, o aumento da passagem para R$1,80. Obviamente não ficaria por isso mesmo.


A PARALIZAÇÃO DOS ÔNIBUS
Cientes de que o transporte está irregular e de que o aumento feria a recomendação do promotor Eduardo Bittencourt, na sexta-feira, 10, houve um grande protesto estudantil em frente à UNEB e CETEP, na região do Atacadão. Organizados, estudantes do CETEP, UFBA e UNEB, juntamente com o Movimento Punk de Barreiras, paralisou 15 ônibus durante três horas, numa demonstração de combatividade imensa.

Assim que a polícia chegou, agiu com truculência, mas mesmo assim a estudantada não arredou o pé nem se intimidou diante das várias ameaças recebidas. Infelizmente eu não estava lá, vivendo esse momento, mas me senti como se estivesse, tamanho o envolvimento com a ação.

A imprensa foi avisada do que acontecia, dos protestos contra o aumento. Depois de mais de uma hora, a Rádio Vale apareceu e foi de fundamental importância para que ninguém apanhasse da polícia; apareceram os jornais Novoeste, A Tarde e ZDA; a TV Oeste não quis ir. Alegou falta de equipe de reportagem, mas quem acredita nisso? Foi uma clara opção de não mostrar ao restante do povo, que podemos nos movimentar, nos desacorrentar, acordar e lutar. A TV não queria mostrar esse LINDO EXEMPLO para o oeste.

Essa semana tem mais! A luta continua...

NESTA TERÇA, 14 DE DEZEMBRO, TEM ASSINATURA DO TAC DA LICITAÇÃO NO MP ÀS 9h00. Vamos lá!!!

Debate: "Homossexualidade e Universidade"

Acontece nesta segunda, 13/12 às 18h15 no auditório do ICADS/Padre Vieira o debate "Homossexualidade e Universidade", promovido pelo Núcleo de Assistência Estudantil - NUPAE . Veja a programação abaixo:

18:15h - Abertura: Monólogo: "Saindo do Armário" - Dandara Portobello (20 min.)
18:40h - Composição da Mesa:
Prof. Luiz Mott - FFCH/UFBA - GGB
Berê Brasil - Ingá
Mazon Porto - GGOB
19:40h - Debate (30 min.)
20:20h - Encerramento - Show de Transformismo: "Moulin Rouge" - Pietra Delamari

"Queremos destacar a importante participação do Prof. Luiz Mott fundador do Grupo Gay da Bahia, professor titular do Departamento de Antropologia da UFBA, e importante pesquisador de temas como a Inquisição no Brasil. Destaco também que em virtude dos recentes casos de violência em Barreiras, especialmente contra homossexuais, este debate se constituirá num ato de protesto contra a violência de genêro na nossa cidade", afirmou o coordenador do NUPAE, Profº Sandro Ferreira.

Maiores informações:

Núcleo de Assistência Estudantil - NUPAE
Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável/UFBA
(77) 3614-3532/3512
nupae@ufba.br

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CAMINHANDA PELO FIM DA VIOLÊNCIA


CAMINHANDA PELO FIM DA VIOLÊNCIA, uma atividade planejada da CAMPANHA 16 DIAS DE ATIVISMO NA UNEB PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E PESSOAS GLBTTS, a realizar-se no dia 10 de dezembro de 2010 (sexta-feira) as 17h00.

Saída de frente à câmara municipal indo pela Avenida Clériston Andrade até a Pça da Igreja S. João Batista para o abraço simbólico da paz.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O projeto para aumentar a tarifa de ônibus para R$ 2,05 será votado hoje!?


Segundo informações das/os companheiras/os que estiveram ontem na Câmara Municipal de Barreiras para acompanhar a sessão, que não ocorreu devido a uma audiência pública que se prolongou no espaço da Câmara, o vereador Carlos Tito (PSDB) informou que o Projeto de Lei que pretende aumentar a tarifa de ônibus para absurdos R$ 2,05 deve ser votado hoje!

Então, vamos mobilizar, divulgar e quem puder, vá pra Câmara!!!

TODAS/OS QUE PODEM, NA CÂMARA HOJE ÀS 16h00


"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"


Vamos à luta!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Audiência pública sobre conflitos agrários

Por Paula Vielmo

No velho oeste, conflitos de terra diante do discurso fajuto de desenvolvimento atrelado ao grande agronegócio é o que não falta. Apesar de termos um povo passivo, ainda existe quem luta por estas bandas, e resiste com ameaças e morte e até mesmo após assassinatos.

Nesta manhã da terça-feira, 07, começou às 10h00 e terminou após às 16h00, a AUDIÊNCIA PÚBLICA da COMISSÃO NACIONAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA NO CAMPO, presidida pelo Ouvidor Agrário Nacional, Desembargador Gercino José da Silva, nas dependências da Câmara Municipal, fato este que impossibilitou a realização da sessão desta tarde (isso porque tem muitos projetos para serem votados e até parece que nossos vereadores e vereadoras trabalham muito).

Havia grande presença de trabalhadores/as rurais, além das presenças de representantes do INCRA-BA e do CDA - Coordenação de Desenvolvimento Agrário da Bahia. Na audiência, gostei muito da postura e falas coerentes do Procurador Juridico do CDA, Estácio Dourado, que discursou em defesa, na minha avaliação, beneficiando os posseiros.

A audiência, apesar de longa, foi muito interessante e pela primeira vez realmente me senti numa AUDIENCIA PÚBLICA e não numa palestra como são as realizadas aqui em Barreiras.

No entanto, fiquei indignada com a postura do Ouvidor Agrário, Desembargador Gercino, que várias vezes podou a maneira simples dos trabalhadores se manifestarem, acusando preocupação com o tempo, algo que não foi cobrado em relação aos longos e repetitivos discursos proferidos pelos "representantes das fazendas". Isso me deixou bastante indignada durante vários momentos da audiência.

Eram tantos conflitos, que quando chegou no ponto da audência que mais se aproxima de nós que residimos e lutamos em Barreiras (item 3. Conflito agrário e situação da segurança pública nas Fazendas “Salgado”, “Campo Largo” e outras, municípios de Cotegipe, Santa Rita de Cássia e Mansidão), o tempo estava se esgotando.

Nesse momento, o ouvidor-desembargador foi tão esnobe e insensivel com o sentimento alheio, que apenas preocupou-se em ouvir resumidamente e sem os detalhes que um senhor insistia em contar. Ele queria saber o resultado, o que este senhor queria.

Fiquei bestificada com a cena, com as falas daquele senhor, alta autoridade nacional, desrespeitando trabalhadores, ou nas palavras de um deles "os pequenos". Esse mesmo ouvidor-desembargador, não se encomodou com as falas repetitivas e prolixas do representante da fazenda "Boqueirão", em Barra.

Por fim, refleti e lamentei que a audiência não tivesse sido amplamente divulgada nas rádios, tvs, escolas, universidades, enfim, para a sociedade, haja vista a gravidade dos problemas que estão acontecendo, incusive envolvendo homicidios.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ônibus perde freio e causa acidente no centro de Barreiras



As imagens são expressões vivas da situação caótica do transporte coletivo de Barreiras...









Notícia: Jornal Nova Fronteira
Texto e fotos Eduardo Lena


Para ler o texto clique aqui



130 mil estudantes britânicos nos protestos contra aumento das propinas


É já o 3.º dia de protestos contra o plano do Governo conservador que inclui o aumento das propinas e cortes no investimento público na Educação. Dezenas de estudantes continuam a ocupar salas de aulas nas universidades de Edimburgo, Cradiff e Londres.

Artigo 25 Novembro, 2010 - 15:04

"Não me condenem a uma vida de dívidas", lê-se no cartaz do estudante britânico, na manifestação em Londres, dia 24 de Novembro. Foto Jonathan Brady/EPA/LUSA

Um dos cem alunos ainda sitiados esta manhã, quinta-feria, desde as 12h30 de quarta-feira na Universidade de Londres, Jonathan Moses, contou ao jornal britânico Guardian que estão preparados para "ficar ali indefinidamente". "O nosso protesto tem dois níveis. Um é local, contra a cumplicidade da Universidade de Londres em prol das reformas do Governo de coligação, e o outro é nacional, instando a uma acção directa contra os cortes que estão a ser coordenados em todas as universidades", afirmou.

Um outro grupo mais pequeno, de cerca de 50 estudantes, ocupava esta quinta-feira de manhã uma das bibliotecas da Universidade de Oxford, relata ainda o Guardian.

Na véspera, os estudantes abandonaram as escolas logo às primeiras horas da manhã, marchando pelas ruas em várias cidades e ocupando edifícios universitários pelo caminho, com os incidentes de violência e tumultos com a polícia a serem registados sobretudo na zona central da capital britânica. Estima-se que mais de 130 mil estudantes se manifestaram na quarta-feira, pelo segundo dia consecutivo, por todo o Reino Unido e Escócia, incluindo muitos alunos de liceus, com 13 e 14 anos de idade.

“Eu quero ir para a universidade e assim não posso”, disse esta quarta-feria à Reuters Ben Batten, um estudante de 15 anos que estava a manifestar-se em Londres. “Não sou rico, e é por isso que estou aqui”, acrescentou.

O valor actual das propinas é de cerca de 3800 euros anuais, mas com o plano do Governo poderão passar para uns sete mil ou mesmo dez mil euros anuais.

Depois de incidentes violentos ocorridos já no dia anterior, os agentes da polícia adoptaram uma táctica de “cerco” que manteve os estudantes durante várias horas na Praça do Parlamento, em Londres, e, apesar de “aparentemente ter aumentado a raiva [dos manifestantes], também conteve a desordem”, descrevia o Guardian.

Nos distúrbios desta quarta-feira ficaram feridas 17 pessoas, incluindo dois polícias, e pelo menos 12 universidades foram ocupadas pelos manifestantes – incluindo a Biblioteca de Oxford.

Durante a madrugada, a polícia montada carregara sobre um grupo de cerca de mil estudantes perto de Trafalgar Square, os quais em correria pela zona atiraram cadeiras e cones de trânsito para as estradas e quebraram os vidros de algumas lojas e de pelo menos dois autocarros, segundo a descrição do Guardian

O Governo tentou diminuir a óbvia dimensão da revolta e condenou o carácter violento dos protestos dos estudantes, sustentando que as manifestações estavam a ser manipuladas por grupos extremistas. Num tom intransigente, o ministro da Educação, Michael Gove, instou os media a não darem “o oxigénio da publicidade” a uma “minoria violenta” – expressão que evoca declarações da antiga primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, durante a década de 1980, a propósito das acções do IRA.

Primeiro-ministro quer levar este plano a voto no Parlamento ainda antes do Natal

Mais comedido, o vice primeiro-ministro e líder dos Liberais Democratas (na aliança de Governo com os Tories do primeiro-ministro, David Cameron), Nick Clegg, lamentou profundamente ter que abdicar da promessa feita no período pré-eleitoral de que se oporia a qualquer plano de aumento das propinas.

“Tenho muita pena de não poder cumprir a promessa que fiz, mas – tal como na vida – às vezes não temos controlo total de todas as coisas necessárias a cumprir as nossas promessas. Claro que lamento profundamente ver-me agora nesta situação”, justificou-se durante o programa de rádio da BBC "Jeremy Vine Show".

Conforme criticam os estudantes, as universidades do país já fizeram ouvir os seus alertas sobre o impacto “devastador” que pode ter um falhanço na aprovação dos planos do Governo em aumentar as propinas no ensino superior. As universidades estão mais preocupadas em manter os seus orçamentos, dizem, do que exigir um investimento que “deveria ser público”. Cameron quer levar este plano a voto no Parlamento ainda antes do Natal.

O director das Universidades do Reino Unido, Steve Smith, alega que sem o aumento dos custos dos cursos ter-se-á que diminuir o número de estudantes no ensino superior, uma vez que as bolsas sofrerão um enorme decréscimo.

Viva a revolução!!!