segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Quem se acostuma com migalhas, não quer banquete!

Por Paula Vielmo

Desde ontem (18) que a nova e absurdamente elevada TARIFA DE ÔNIBUS em Barreiras custa R$1,80. E neste domingo, fiz questão de saber se a "TARIFA SOCIAL" estava valendo e fui pegar um busão. Entrei, questionei a cobradora e entreguei meu vale transporte de "USO EXCUSIVO SERVIDOR DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BARREIRAS" (assunto para outra postagem).

Naquele momento, a cobradora confirmou que a passagem no domingo custava R$1,00, não citou a "tarifa social" e eu também não prolonguei o papo, tamanho enjoamento que estava sentindo diante da sensação de que nossa luta não valera. No entanto, o que estava ruim, iria piorar.

Sentada, observei o comportamento de quem adentrava o ônibus e de maneira muito especial, a expressão sorridente e feliz de uma senhora me chamou atenção e me indignou enormemente. Ora, ela estava super feliz da vida porque estava pagando "SÓ" UM REAL!

Imediatamente, fiz um paralelo com um trecho do livro "A alma do homem sob o socialismo", de Oscar Wilde (presente da compamiga Rose) e pensei cá comigo: "é, de fato quem se acostuma com migalhas, não lutará e sequer vai desejar um banquete". E para mim, o povo de Barreiras vive assim: com migalhas em todos os aspectos, e a miséria e exploração é tão gritante, que cada migalha um pouquinho maior parece boa coisa. E quem se acostuma e satisfaz com migalhas, com restos, com mínimos, não quer ou sequer sonha e luta por banquetes.

Infelizmente, essa "TARIFA SOCIAL" para mim é uma migalha, é um cala boca para essa tarifa super cara durante TODA A SEMANA, e o argumento do vereador Carlão (PSDB) na sessão que aumentou a tarifa de que "pobre" usa o ônibus para lazer no domingo dignificaria essa tarifa é balela, pois no domingo os ônibus demoram bem mais do que qualquer dia durante a semana; porque no domingo, as opções para mobilidade são limitadas (quase tudo está fechado) e sequer opções de lazer existem aos domingos.

Não aceitemos as migalhas, vamos exigir o banquete! As migalhas que caem aos pobres dos banquetes dos ricos não nos servem. E a imagem do rosto sorridente daquela senhora não saí da minha cabeça...

A luta, sempre continua!

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