domingo, 17 de outubro de 2010

PORQUE EU ANULO MEU VOTO NO 2º TURNO

Por Paula Vielmo


Esse segundo turno não tem a emoção do primeiro, nem a diversidade e nem o aprofundamento que se deseja nos debates e propostas para o futuro do país.

Diante das trocas de acusações por parte da petista Dilma e do demotucano Serra, o que não vemos são discussões sérias sobre os reais problemas do Brasil. Não bastasse esse cenário insosso, alguns outros elementos somaram-se a minha posição de anular o voto no segundo turno, pois não aceito ser refém do que está posto.


Três motivos centrais

O primeiro é fruto de uma maturidade política que não aceita escolher entre “menos” pior, reproduzindo uma política desqualificada. Se não tiver alguém em quem eu acredite mesmo, eu não voto! Não voto porque votar é pontual e não acredito que voto sem mobilização represente mudanças, logo anular o voto não é, para mim, o fim do processo, mas uma etapa em que não aceito ser refém de um voto-salvador-da-pátria.

Em segundo, tem a análise partidária. O partido que faço parte, que optei por construir e militar – o PSOL – é um partido de oposição programática, que surgiu a partir da expulsão de alguns ex-petistas que não concordaram em abafar as bandeiras históricas do PT e não traíram a classe trabalhadora. Mesmo sendo oposição, de maneira alguma faz coro com os demotucanos, a direita mais reacionária do país. Assim, considerando a origem e a trajetória do PSOL nesses 6 anos, não nos alinhamos com a política proposta pelo PT ou pelo PSDB, representados nessa eleição pela polarização Dilma e Serra.

Em terceiro, após analisar os projetos das duas candidaturas (im) postas nesse segundo turno, onde quem continua a disputa não são os melhores projetos, mas os melhores marqueteiros, ambos são muito semelhantes e ouso afirmar, sem medo de errar, iguais na essência. Isso quer dizer que ou Dilma ou Serra, não haverá reforma agrária; que ou Dilma ou Serra, não teremos suspensão da dívida pública (se é que devemos depois de 500 anos pagando); que ou Dilma ou Serra, os investidores estrangeiros, banqueiros e grande capital não tem com o que se preocupar; que ou Dilma ou Serra, não teremos mudanças estruturais; que ou Dilma ou Serra, a única proposta, absolutamente vergonhosa, que apresentaram para a educação brasileira trata-se de ampliação de escolas técnicas, para ofertar mão-de-obra barata qualificada da juventude, sugando a força desse segmento.

O menos pior: PT ou PSDB?

No entanto, não me furto de fazer a análise de que, apesar de tantas semelhanças entre PT e PSDB, este último representa um retrocesso muito pior para o país. O PSDB-DEM/Serra representa a retomada das privatizações, o sucateamento aprofundado do ensino superior e a venda do país. E não é exagero, pois nosso povo é tão, mas tão passivo que é possível venderem o país e ninguém se mexer contra isso (ninguém é força de expressão, haja vista que sempre existe resistência, mesmo que pequena ou sem força). Ainda, como bem afirmou um colega da especialização, o demotucano Serra é uma ameaça à esquerda da América Latina, e não apenas para o Brasil.

Portanto, tenho posição de anular o voto seguindo a politica de não aceitar “menos pior”, mas para quem aceita essa politica, penso que Dilma ainda é a menos pior, pois se ela sem dúvida não é a candidata dos sonhos, Serra com certeza é o dos pesadelos.

A questão do aborto

Tenho assistido enojada, o debate rasteiro e a maneira irresponsável como ambas as candidaturas, mais enfaticamente a de Serra, tem tratado a questão do aborto no Brasil.

O aborto é um grave problema de saúde mundial, e que no Brasil é responsável pela morte de mais de 1 milhão de mulheres a cada ano. Assim, o debate necessário e urgente sobre a legalização e descriminalização do aborto, usados para essa politicagem suja, merece muito mais respeito, seriedade e aprofundamento.

O debate travado considera muito mais o moralismo hipócrita familiar e religioso, do que a questão da saúde e dos direitos reprodutivos das mulheres – em optar ou não por ser mãe, e a necessidade de o Estado brasileiro, assim como outros países, garantir de modo seguro a interrupção da gravidez.

No entanto, nessa temática, Dilma abandonou a bandeira da legalização do aborto por conta de uma estratégia eleitoral de poder, e Serra virou o maior defensor “pró-vida”, e “nunca antes” nos seus programas eleitorais vimos tantas mulheres grávidas ou bebês nascendo como nesse segundo turno.


Assim, parto da resolução da Executiva Nacional do PSOL que reconhece que a militância pode optar pelo voto nulo/ branco ou pelo "voto crítico" em Dilma, mas JAMAIS a Serra e explicito a minha posição, tomada antes da Executiva Nacional de, partindo dos princípios elencados acima, no dia 31 de outubro com plena convicção anular meu voto, pois me recuso a ter que escolher entre as faltas de opções. No dia 31 de outubro eu digito 50 e confirmo, como protesto a imposição das covardes candidaturas da pseudo-esquerda e da direitona.

2 comentários:

  1. O voto nulo não eximirá ninguém da responsabilidade da eleição do futuro presidente.

    É ingenuidade pensar que votando nulo não ajudará a eleição de Serra.

    O momento de não permitir o retrocesso é agora.

    DILMA 13

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