segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia do basta à corrupção: o povo está acordando

Por Paula Vielmo


Montagem de Daniel Judah
                                                                Montagem: Daniel Judah 


Sem dúvidas, a internet é uma importante ferramenta de mobilização e comunicação. Através dela, sabemos do que acontece em todo o mundo e não ficamos reféns da seleção feita pela imprensa burguesa. E também podemos identificar pessoas que comungam com o mesmo ideal e fortalecer uma unidade em prol das causas pelas quais nos propomos a lutar com todas as forças.

Foi através da divulgação e mobilização nas redes sociais que surgiu o DIA DO BASTA CONTRA A CORRUPÇÃO,  anteriormente realizado em 07 de setembro de 2011. Em 2012 ganhou força nacionalmente com a organização pelo Dia do Basta, Anonymous e P.U.T.A. A iniciativa chegou em Barreiras através da vontade ousada de um estudante secundarista de 16 anos, Inocêncio Junior, que rapidamente ganhou adesão no facebook.

Entretanto, adesão no mundo virtual, quase nunca significa adesão na vida real, pois é bem mais simples clicar em "participar" sentado na cadeira do que levantar e ir realmente às ruas, enfrentando o comodismo histórico, ainda mais presente em localidades como Barreiras, com histórico limitado de participação  e levante popular. 

Após duas reuniões, com participação quase exclusiva de estudantes (o ME continua como protagonista das lutas sociais), os encaminhamentos e organização da Marcha e a chegada do tão esperado 21 de abril de 2012. A concentração na Câmara Municipal, palco de atrocidades cometidas contra a população barreirense, reuniu cerca de 250 pessoas das mais variadas idades, mas com participação majoritária da juventude (foco de rebeldia) e educadores/as, que esperavam para descer a avenida marchando contra a corrupção. As principais bandeiras da Marcha são: 10% do PIB para a Educação Pública; voto aberto parlamentar; fim do foro privilegiado para o corrupto e corrupção como crime hediondo.

A organização da Marcha se caracteriza como "um movimento social, de iniciativa popular, de caráter pacífico e apartidário, formado por diversos estados e várias cidades brasileiras. Através da formação de uma proposta coletiva horizontal, com a participação de todos e comprometidos com a cidadania, o resgato da ética e da moralidade das instituições públicas (Legislativo, Executivo e Judiciário, nas esferas nacionais, estaduais e municipais)".

Em Barreiras, fizemos um imenso esforço para manter e garantir o caráter da Marcha como proposto, respeitando o movimento. Entretanto, houve uma tentativa de apropriação por um candidato, que confeccionou material de divulgação da marcha (camisetas e panfletos), impressos com seu lema de campanha. Tal atitude foi um desrespeito e afronta ao ideal do movimento de que não busca lideranças e condena "atitudes de publicidade pessoal", pois o "movimento é anônimo no sentido impessoal, não se sujeitara a promover vaidades individuais e não aceitará servir de trampolim eleitoral de qualquer membro do grupo ou extra-grupo". Como resposta a essa tentativa de apropriação, os manifestantes, literalmente, cortaram o slogan.

Durante a marcha, a vontade dos manifestantes de combater e lutar contra a corrupção, seja pelos desvios dos recursos públicos ou manifestada através das decisões que ferem os direitos do povo brasileiro, baiano e barreirense, ficaram explícita. Entretanto, longe de atingir o lema da marcha "o povo acordou, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou paramos o Brasil". Infelizmente, estamos um tanto distante do despertar da população, adormecida pela ignorância e pela falta de direitos elementares e anestesiada pela religião.


                                                                                                Montagem: Paula Vielmo
                                   
As paradas da Marcha ocorreram em três momentos do percurso, e a mais importante foi em frente a Prefeitura Municipal de Barreiras, onde afixamos nas grades os cartazes produzidos com as diversas reivindicações. Naquele momento, não coincidentemente, os cinco que foram reprimidos uma semana atrás  no Hospital da Mulher nos sentimos fortalecidos, pois era uma multidão que não podia ser reprimida. Mais tarde, como de se esperar, os cartazes foram retirados das grades, mas ficará em nossa memória o ato e o registro através das inúmeras fotos! Nossas ideias e ideais não podem ser arrancados!


Na Bahia, além de Salvador, apenas Barreiras teve organização da Marcha, algo que não pode ser desconsiderado, pois estamos na rota dos fatos nacionais. Também não pode ser desconsiderado o marco dessa atividade e a grande vontade de mudanças que pode e deve ser canalizada em forma de luta, para além do dia 21 de abril e para além dessa marcha. Outras devem vir, a luta continua, até a vitória!

Assista ao vídeo (50s): AQUI



2 comentários:

  1. Que demais! Gente, essa coisa da camiseta foi escrota hein? Mas cortar a divulgação... demais!
    Parabéns pela galera, saber que ainda há mobilização e resistência... muita força pra vocês!

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  2. Olá!
    Moro no interior da Bahia e aqui a ideologia (tanto religiosa quanto política) é o que lidera. As pessoas vivem "nas trevas" e não abrem a mente ao novo. Tenho 17 anos e é difícil conscientizar, tento ao máximo, mas aqui ninguém reivindica nada e quando reivindica é ligando a reivindicação a um partido político. Eu sei, é como viver em meio a vegetais, sem opinião, sem voz, sem cérebro, sem membros...
    A ideia do Dia do Basta me encanta, eu acredito que a manifestação é o único meio de se conseguir algo, em se tratando de Brasil, afinal, sempre foi assim por aqui... Infelizmente não posso me deslocar até a capital para a marcha (já que sou menor de idade e moro distante), mas parabenizo demais à louvável iniciativa e afirmo com toda certeza do mundo que futuramente estarei eu, unida à multidão a lutar. Preciso praticar uma das "canções" que me ensinaram e me obrigaram a cantar diariamente desde os meus 3, 4 anos de idade. E uma delas diz: "Ou ficar à Pátria livre, ou morrer pelo Brasil."

    Abraço!

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