Por Luís Carlos dos Santos Nunes
Comunicador Social e autor do blog Cala Boca Já Morreu
O alvoroço se instalou no país com a recente notícia da descoberta do metal Tálio em terras Barreirenses. Todas as mídias, grandes e pequenas, nacionais e até internacionais, noticiam “Metal raro é descoberto na Bahia”.
A descoberta, segundo informações, foi feita pela empresa Itaoeste Serviços e Participações, que tem como sócio majoritário Olacyr de Moraes, que já foi o maior produtor individual de soja do mundo, que o tornou conhecido como "Rei da Soja", pioneiro deste cultivo na região de cerrado e dono da Fazenda Itamarati (Em 2004 foi vendida ao INCRA, para assentamento de reforma Agrária). Foi também mega produtor de cana-de-açúcar e etanol, presidente do extinto Banco Itamarati (vendido ao BCN, após foi adquirido pelo Bradesco) e a empreiteira Constran.
Segundo a Revista Isto É – Dinheiro em sua edição nº 365 de setembro de 2009 afirma que: “Aos 74 anos, Olacyr de Moraes acaba de fechar um negócio de R$ 165 milhões, talvez o último de sua longa trajetória empresarial”.
As opiniões se dividem, as especulações são gigantescas acerta da descoberta. De um lado, muito falasse que a descoberta alavancará o desenvolvimento do oeste da Bahia com geração de novos empregos, chegada de novas empresas, crescimento econômico e social, até que parte dos lucros deva ser revertida para causas sociais a exemplo do pré-sal. De outro lado defende-se que o país não deve entregar suas riquezas ao capital privado, “o estado deve controlar o metal pois é um bem coletivo e dos brasileiros”.
Fico a observar, na minha humilde condição de leigo, creio de muito há que se esclarecer. É fato sim, que esse metal raro pode trazer desenvolvimento ao país e a Barreiras. Mas a que custo? Como? O metal sendo descoberto em área da união pode ser explorado por empresários? A sociedade como vê a possibilidade?
São muitos os questionamentos, fico a analisar. Pesquisando na internet, encontramos muitas informações.
O Grupo de produção de conteúdos de Química, do Instituto Superior Técnico coordenado por António Maçanita, Professor Catedrático - Departamento de Engenharia Química e Biológica publicou em seu site descrição sobre o Tálio.
“O tálio é um metal pesado cuja aparência faz lembrar o chumbo”. No entanto, é muito mais macio e maleável que este podendo até cortar-se com uma faca.
Este elemento pertence ao 13º grupo da tabela periódica e o seu símbolo químico é Tl. À temperatura ambiente, é um sólido branco prateado e quando em contacto com a chama de um bico de Bunsen produz uma chama verde. Esta cor verde característica esteve na origem do nome tálio, que vem do grego, thallos que significa “galho” ou “rebento”.
Não é um elemento escasso na natureza. A sua ingestão, no entanto, é problemática, mesmo em pequenas concentrações, uma vez que se vai acumulando, ao longo do tempo, no corpo humano. A sua assimilação é frequentemente consequência duma alimentação natural uma vez que este elemento se encontra presente em muito vegetais”.
Não desempenha qualquer função biológica positiva, sendo, pelo contrário, conhecido como extremamente tóxico e carcinogénico.
Um dos seus compostos, o sulfato de tálio, é bastante conhecido como um potente veneno pelas suas propriedades especiais (não tem cheiro, não tem cor, não tem sabor e é solúvel em água).
A revista Super Interessante da Editora Abril, em matéria, classifica o Tálio como sendo elemento da morte.
“Dentro do nosso corpo, os íons de Tálio “se fazem passar” por potássio – elemento essencial para o organismo. Eles se instalam nas células, cujo funcionamento é prejudicado. Isso ocorre principalmente no sistema nervoso: o resultado é insônia, depressão profunda e desejo de morrer. O Tálio também ataca os testículos e o coração, e causa paralisia muscular. Como o envenenamento por Tálio é muito raro e seus sintomas se confundem com os de outras doenças, é comum que os médicos façam "n" exames e não consigam identificá-lo. Foi isso o que ocorreu com uma menina de 19 meses atendida, em 1977, no hospital Hammersmith de Londres. Por sorte, havia na equipe uma enfermeira que lera o romance O Cavalo Amarelo, de Agatha Christie”.
O Wikipédia, tem material que diz: As aplicações comerciais do tálio e dos seus compostos são muito limitadas, sendo que o tálio metálico não encontra aplicações.
"O inodoro e insípido sulfato de tálio foi extensivamente usado no passado como veneno de ratos e formigas. Nos Estados Unidos e outros países não é mais permitido devido a questões de segurança. Outros usos:
• O sulfeto de tálio muda sua condutividade elétrica quando exposto a luz infravermelha, consequentemente é um composto útil para a fabricação de fotocélulas.
• Cristais de brometo e iodeto de tálio foram usados como materiais para dispositivos ópticos para infravermelho.
• óxido de tálio foi usado para produzir vidros com elevados índices de refração.
• usado em materiais semicondutores para retificadores de selênio.
• usado em equipamentos para a detecção de radiação gama.
• como líquido de alta densidade é usado como flutuador para a separação de minerais.
• a liga tálio-chumbo é usado em alguns tipos de fusíveis.
• usado no tratamento de infecções de pele. Entretanto, este uso foi limitado devido a margem estreita que existe entre a sua toxicidade e o benefício terapêutico...
• O radioativo Tl-201, na forma de cloreto de tálio, é usado em medicina nuclear para diagnosticar doenças coronárias e para a detecção de tumores.
• combinado com enxofre ou selênio e arsênio, o tálio foi usado na produção de vidros de alta densidade com baixos pontos de fusão, entre 125 e 150 °C.
• O acetato de tálio é empregado em meios de cultura juntamente com a penicilina para isolamento de micoplasmas, as menores bactérias de vida livre existentes.
Além disso, pesquisas com o tálio estão sendo desenvolvidas para desenvolver materiais supercondutores em elevadas temperaturas para aplicações como imagem de ressonância magnética, armazenamento da energia magnética, propulsão magnética, geração de energia elétrica e transmissão".
Fiz essas poucas exposições no intuito de colaboração com o debate, porém; csalutar uma importante ponderação, sendo a descoberta da jazida no Rio de Ondas, rio que integra a bacia do Rio Grande, um dos mais importantes alimentadores do Velho Chico, não estaria a extração de tal metal nobre comprometendo a transposição do Rio São Franscisco, uma vez que seja autorizada a exploração?
Ao que sabemos, a transposição do São Francisco tem como objetivo saciar a sede de grande número de pessoas e também para a produção de alimentos.
E se esse elemento, supostamente cancerigêno e mortal contaminar nossas aguas?
Como disse anteriormente, tudo não passa de uma grande incógnita, cabe agora, ao poder público, técnicos da área e sociedade civil, virem a público.
Fontes: Revista Super Interessante, Instituto Superior Técnico, Wikipédia, Revista Isto É - Dinheiro
Bom questionamento. Ao se escutar a descoberta da mina, a galera age daquele jeito: "Nossa! Tá vendo? É em Barreiras, minha cidade." Aí entram os grandes falando que a exploração vai gerar emprego e renda, e a galera que já não pensava, abaixa a cabeça ainda mais, comemorando o "emprego e renda" de não sei quem. A preocupação maior, agora, é as consequências dessa exploração. Temos que discutir isso de todas as formas, em todos os lugares, na internet, nas escolas, junto aos poderes públicos. A falta de discussão e de conhecimento e, principalmente, o assentimento de grandes empresas explorarem aquilo que nos é mais caro no cerrado, nossos rios, ocasionou a tragédia que vimos com o Rio Grande. Vai acontecer a mesma coisa, mas com as minas. Não podemos errar de novo.
ResponderExcluir