sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Semana Pedagógica 2011: o drama do/a professor/a

Por Paula Vielmo


Início de ano letivo é sempre a mesma coisa: semana pedagógica coletiva e também em cada escola. É assim em todos municípios e depois, durante todo o ano, quase ninguém mais se vê e todas as "formações" são feitas de maneira a isolar a categoria.

Longe de mim achar que semana pedagógica é perda de tempo, eu adoro reunir e discutir, analisar, avaliar, propor, fazer. No entanto, poucas vezes, muito poucas vezes mesmo até hoje a programação dita pedagógica e com caráter formador acrescentou elementos à minha prática pedagógica ou ainda possibilitou o que enumerei acima. Parece bem mais um momento de "cumprir tabela" do que de um planejamento pensado, consciente e motivador.

Esse ano, a semana foi bem pior e olhe que eu fui até animadinha. Pra começar, houve uma inversão na rotina anual: primeiro pranejamento nas escolas e depois encontro de todas/os professoras/es do município. Essa desordem do que vinha sendo feito, somado a uma falta de comunicação, resultou em alguns problemas, pois muita gente foi pega de surpresa, causando alguns desencontros, tanto nas escolas como na magnum. Ao meu ver, essa inversão tornou o momento coletivo mais enxuto, porém menos produtivo, haja vista que poderíamos aproveitar o que é dito nas palestras para posteriomente, nas escolas, repensar diversas questões. Mas, como geralmente nem se pensa, veja lá repensar.

Bem, não fui para a abertura ofcial ontem, 03, infelizmente estava de molho em casa e perdi a solenidade de abertura com os discursos. Apesar de ser geralmente chato, gosto muito de ir para saber o que as autoridades constituídas dizem para quem faz a educação e ainda quais compromissos assumem nesses momentos públicos - quando assumem. Essa foi outra inovação deste ano: a abertura oficial com os falatórios foi a noite. Gostei dessa inovação, pois separa a parte de palestras da enorme demora dos discursos e politicagens, mas o ruim foi manter uma programação diurna (manhã e tarde) e outra a noite, o que caracterizou hora extra (será paga?).
Soube que as falas de abertura foram breves e que a prefeita não compareceu. Por que será que Jusmari não esteve nesse momento tão importante para a educação do município? Certamente indica algo...

Hoje, 04, a programação estava marcada para 8h00, mas começou às 9h00. Logo na entrada, uma visão lastimável: filas para assinar a presença, uma para contratados/as e outra de concursados/as, distinguindo e expondo os/as servidores/as a essa diferença, ao meu ver, nada saudável.

Cheguei um pouco tímida, pois ainda conheço poucas colegas, mas logo fui fazer o que havia planejado: uma singela panfletagem do artigo de Dermeval Saviani "O drama do professor", que além de ser super pertinente para o momento e nosso contexto, continha uma divulgação do "Idéias são à prova de bala". Foram cerca de 250 panfletos, bem recebidos e que entreteram diversas pessoas enquanto esperavam. Foi muito legal no momento da entrega, contar com a ajuda de duas colegas da escola em que trabalho e diversas professoras presentes solicitando o texto. A receptividade foi melhor do que eu imaginava.

Em seguida, começou a palestra com o conferencista Danilo Gandin, que deveria falar sobre o tema "A Diversidade na escola", mas infelizmente não deu conta da temática, transitou por diversas frases feitas, dele e de outros teóricos, manteve-se na superficialidade e não conseguiu costurar seu discurso para além das frases soltas e das "histórinhas" típicas desses escritores bons que querem ser animados nas palestras e ficam ridículos e desajeitados. Ou foi mesmo áquem do desejado ou eu ando muito exigente (ou as duas coisas). Essa enrolação que deve custar uma pequena fortuna aos cofres públicos, durou a manhã inteira e fui embora 11h30, antes do final, tamanho o tédio.

Eu fico pensando e já escrevi isso antes: temos tantos professores e professoras excelentes em Barreiras, que deveriam ser chamados/as para essas palestras, ao invés de nomes renomados, mas que não tem muito conteúdo em público. Também fico intrigada e irritada com a sensação de futilidade que esses momentos tem, como se realmente não valessem a pena. Isso ficou bem explícito pela imensa quantidade de cadeiras vazias, pela manhã e muito mais a tarde.

Pela tarde, a programação estava marcada para as 14hoo, mas começou com um atraso de 30 minutos, com a exposição pelo Profº Cleyton e pela Profª Tânia de como está sendo construído o Projeto Político Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, Esporte, Cultura e Lazer, desde antes de meados de 2010 e sobre a concepção de substituição de um sistema de ensino por um sistema de educação, que integre e inclua a sociedade barreirense e os espaços educativos não-formais. Para mim foi o ÚNICO momento proveitoso, principalmente com as informações ditas pelo Profº Cleyton. Nesta etapa, diante de um plenário super esvaziado, constatei o pouco interesse sobre o documento norteador da educação municipal.

Em seguida, a Profª Brígida falou sobre a dita "avaliação institucional" realizada em 2010, mas devido a claridade não foi possível apresentar os gráficos. Aliás, ninguém, desde a manhã pode usar projeção dos materiais elaborados, indicando a necessidade de fazer essa programação coletiva em um espaço fechado, que permita projeção de slides.

No entanto, de tudo que aconteceu, uma coisa em especial me chamou atenção: os recados ditos e repetidos insistentemente a tarde pela Coordenadora Geral da Secretaria, Rosi (assista o vídeo). Recados da prefeita Jusmari! Os recados, pasmem assim como eu, foram os seguintes:

1. Reunião da prefeita com os contratados no sábado às 17h00 na casa da cultura;
2. Reunião na CASA DA PREFEITA, domingo às 9h00 (não lembro com quem);
3. Reunião domingo, na CASA DA PREFEITA às 10h00 com os encarregados escolares.

Ora, a CASA DA PREFEITA virou extensão da prefeitura? Domingo, dia de descanso, os/as funcionários/as tem que deixar seus afazeres para atender ao chamado da prefeita? Por que fazer essa reunião tão apressadamente? E assim continua: o público vira privado e o privado quer se tornar público!

E que venha o ano de 2011, segundo o Bispo vereador Daniel, o "melhor ano de nossas vidas". Não até o momento.

A luta continua!

4 comentários:

  1. Parabéns pelo post e obrigado pela exposição. Compartilho da sua indignação ao tratamento desumano dispensado aos servidores da Educação deste município.

    Poty Lucena

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  2. Esse blog é uma verdadeira escola, o triste é pensar que poucos tem acesso. Torço para que vc nunca desista. A pressão deve ser grande até mesmo da familia, mas,pessoas como vc nos deixam deslocadas pq tinhamos que fazer mais para que sua luta não seja em vão.

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  3. Vou deixar de ser secretária para virar encarregada escolar. Quem sabe assim a Jusmari me chama pra um cafezinho...

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  4. Querem COLOCAR UMA MORDAÇA NOS PROFESSORES CONTRATADOS: POIS AQUELE QUE FOR PEGO FALANDO MAL DA PREFEITA, OU SEJA, DENUNCIANDO A FALTA DE PAGAMENTO, O DESCASO, ETC. SERÁ DEMITIDO!!!

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