domingo, 24 de julho de 2011

Viva qual sociedade alternativa?

Por Paula Vielmo


Na sexta-feira, 15 de julho, fui para o Show cover do Raul Seixas, no Lampião (antigo Lavoisier). Lá, fiz muitas observações que agora, com tempo, quero compartilhar com as leitoras e leitores deste blog.

Chegando ao lugar, o choque estético: não haviam mais as obras de arte de reciclagem nas paredes e na decoração. Estava tudo debaixo de tintas de cores neutras, que davam um novo visual ao local, mas nada tão bonito quanto antes.

Ao entrar, chegamos até o bar, que estava com uma fila imensa para comprar fichas, por valores absurdos, a exemplo de ÁGUA DE COCO e ÁGUA MINERAL por R$3,00 cada!!! A cerveja quente e uma total falta de infraestrutura para a imensa quantidade de pessoas que lá estavam (sim, estava LOTADO!).

Assim que começou o show, o cover (Ely Pinto) reclamava da falta de retorno, indicando à essa leiga que o som não era adequado para o espetáculo, uma vez que além da ausência de retorno ao vocalista, falhou algumas vezes. A banda que acompanhava foi muito boa!

Mais uma decepção viria quando fui ao banheiro, agora reformado e muito mal planejado, uma vez que havia um pequeno e estreito espaço para os banheiros feminino e masculino, sempre com filas imensas e que obrigavam as pessoas a se "apertarem" para ficar na fila, entrar e sair dos banheiros.

Eu fui no show, observei as reclamações sobre os preços altos - também reclamei -, observei as reclamações sobre o valor do ingresso de R$15,00/ R$20,00 e cheguei à conclusão de que acesso à cultura realmente não é para quem quer, mas para quem PODE PAGAR. E que os desrespeitos com os "consumidores" permanece e se aprofunda porque os próprios consumidores continuam consumindo.

Lá, um público que visivelmente PODIA PAGAR para chegar até lá, para entrar lá, para consumir lá. No meio desse público, figuras esteticamente "alternativas", destoando do figurino da maioria. E eu lá, me sentindo cúmplice, sem nem poder me divertir direito no meio da burguesia.

No entanto, somente quando a música SOCIEDADE ALTERNATIVA (letra aqui) foi tocada no final que fiquei chocada: Raul deve ter se revirado no resto de pó, pois aquilo ali jamais representaria qualquer "alternativa" à sociedade capitalista. E mais, o que é ser alternativo? É usar cabelo diferente? É usar roupas "hippie"? É beber até cair? É fumar? É pular alto?

Se alguém souber me diga, porque até o momento para mim ser alternativo/a é combater a sociedade em todas as vertentes do que está (im)posto, tentando todos os dias se libertar das alienações que nos colocam desde antes de nascermos. Ser "alternativo/a" é pensar e agir no sentido de uma revolução necessária, mas ainda não possível. É ser mais do que "diferente" ou "rebelde".


VIVA A VERDADEIRA SOCIEDADE ALTERNATIVA!!!

3 comentários:

  1. Nem acredito no que acabei de ler. Dessa vez companheira você pisou na bola. Seus comentários além de inoportunos foram preconceituosos. Que igualdade é essa onde devem sempre existir o Maluco e o Beleza? O Alternativo e o Burguês? Companheira, viva a mistura inevitável. Não é separando que faremos um movimento pela inclusão. Se estava caro, vamos criar alternativas baratas e viáveis e não buscar essa cisão nazista de classes.
    Forte Abraço.
    Raul

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  2. "Raul", respeito a divergência, pois as pessoas pensam diferente.

    No meu caso que escrevo, quem lê muitas vezes discorda e é um risco que corro pela exposição das ideias, mas que considero válido.

    Em relação a igualdade, é de oportunidade. Concordo que devemos lutar para que todas as pessoas tenham acesso aos bens culturais da humanidade.

    Obrigada pelo comentário! ;)

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  3. Engraçado como existem inúmeras ocasiões em que o brasileiro médio-classista faz questão de pagar caro para esbanjar seu status social. Gosta de injetar uma pequena fortuna em um carro, pagar um salário mínimo em uma peça de roupa e frequentar baladas de "gente selecionada". Já vi em vários momentos gente reclamando quando o evento é "gratuito", porque ia só dar a "ralé". Em outros momentos, shows que custam 2 reais são ignorados, mas festas 10 vezes mais caras lotam de gente. É a tara pela impressão, pelo "eu posso estar aqui". Vai entender...

    Beijos, Paula!

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