quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cidadania é ter dinheiro?


Por Paula Vielmo

Na quarta-feira (06) à noite, quando voltava da UNEB e esperava na parada de ônibus, presenciei uma cena que me deixou muito triste. Uma das coisas que mais me entristece é um trabalhador oprimindo outro, reproduzindo a terrível lógica de dominação de um ser humano sobre outro.

Pararam três ônibus para vistoria: dois Linhas 06 e um Linha 01. Eu aguardava o que sairia primeiro, quando se aproximou um senhor - visivelmente cansado e de certa idade - do cobrador que estava na calçada. Após um breve diálogo, o cobrador acenou para o senhor entrar e quando ele subiu o primeiro degrau apareceu o "capataz contemporâneo" que verificava alguma coisa no ônibus e em tom alto e agressivo mandou-o descer. Após certo tempo ele desceu, e enfurecido xingou (com razão) porque estavam "tirando sarro da cara dele". De fato estavam!

Ao presenciar isso, outro senhor da Viação Cidade Barreiras - VCB simulou uma ligação para a polícia afim de intimidar o senhor em suas colocações verbais. Ele veio em minha direção, enquanto eu observava os demais rirem ou sentirem medo do que aquele senhor poderia fazer.
Ele chegou até mim e disse "eu não sou bandido, eu sou um cidadão". Eu concordei, trocamos algumas palavras sobre ele querer ir para a sua casa e não ter mais como pagar passagem. O alto custo de R$1,80 influenciava a retirada do direito dele de ir e vir. No entanto, meus pensamentos eram de descordância: aquele senhor não era visto e nem tratado como cidadão.

O homem da VCB que simulou a ligação para a polícia se aproximou ao nos ver conversando e interviu. Disse que era brincadeira e perguntou para onde o senhor queria ir. Ele disse e foi indicado o caminho como perto. Eu não consegui entender.
O "capataz" me avisou que o Linha 01 ia sair e eu fui correndo pegá-lo. Saí de lá pensando que aquele senhor não era um cidadão, porque cidadania implica GARANTIA DE DIREITOS e ele foi impedido de andar no transporte coletivo porque não possuía condições materiais para tal. Ele teve sua cidadania roubada, sobretudo por esses bandidos sacanas que assaltam os cofres públicos e não investem em melhorias para a vida da população.

Além disso, sem a menor dúvida ele foi tratado como marginal porque era negro, idoso e sobretudo pobre. Eu fui embora e estou pensando nisso até agora...

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