segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ano letivo começa: cadê os diários escolares?

Por Paula Vielmo

Desde que comecei a trabalhar no município, e não faz tanto tempo assim (2009), uma reclamação é bastante presente: o atraso na entrega dos Diários de Classe. E tudo indica que essa reclamação é bem mais antiga do que minha presença na educação formal.

Em 2010, os diários chegaram no meio do ano letivo, o que significa um trabalho imenso para "passar" para os dários a frequencia, notas, conteúdos...

Essa demanda já foi colocada para a Secretaria Municipal de Educação na dita "avaliação institucional 2009", e eu sei disso porque na escola em que trabalho esse foi um item especificado pelas professoras. No entanto, em 2010 nada mudou. Será que em 2011 será diferente?

Acompanhando os Diários Oficiais do Município (que não saem diariamente), na edição Nº 1134, de 21/01/2011, consta um pregão para "Confecção gráfica parcelada de Diários Escolares para atender as necessidades das escolas da Rede Municipal de Educação deste Município".

Imediatamente fiquei alegre e pensei "será que vão entregar os diários quando as aulas começarem?", mas logo após uma observação mais atenta ao documento, a frustração de que o "credenciamento" das empresas interessadas será no dia 08/02, após o início das aulas, me chamou de volta para a realidade.

Algumas coisas repetem-se desnecessariamente e uma destas coisas é a entrega atrasada dos diários escolares. Se a administração já sabia com bastante antecedência a data de início do ano letivo, por que não providenciar esse pregão com antecedência também?

Até quando as professoras e professores do município de Barreiras irão aceitar receber os diários tardiamente e acumular trabalho? Algo tão simples e que poderia ser facilmente resolvido com um pouquinho de planejamento, dificulta mais ainda o tão sobrecarregado trabalho docente.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Como foi o ato nacional em Barreiras

Por Paula Vielmo


Na última sexta, 28 de janeiro, aconteceu em Barreiras uma atividade de resistência sobre o transporte coletivo, dentro do calendário do ATO NACIONAL POR TRANSPORTE DIGNO E PÚBLICO.

Esse ato aconteceu em diversas capitais brasileiras que se encontram mobilizadas contra os aumentos de tarifa em escala que ocorreram pelo país. Aqui em Barreiras nós estamos desmobilizados, mas fizemos uma ousadia: topamos em 24 horas construir o ato aqui, em pleno período de férias e pouco tempo.

Na quarta-feira aconteceu a reunião que encaminhou as ações e após as tarefas divididas, era só divulgar o ato, contactar a imprensa e esperar pelo dia 28. Naquela mesma quarta foi elaborado o panfleto que seria distribuído no ato. Na quinta, avisamos a Rádio Barreiras, TV Oeste, Rádio Vale, Jornal A Tarde e enviei um release por e-mail para os jornais Novoeste (publicou o release) e Nova Fronteira, sites ZDA e Fala Barreiras. A Rádio Vale disse que enviaria a unidade móvel e a TV que talvez aparecesse (muitas notícias? Acho que não...). O carro de som estava confirmado com a colaboração do SINDSEMB. Os encaminhamento estavam todos feitos.

Chegou a sexta-feira, 16h30 e apenas eu e dois compas estávamos na Praça. Às 17h00, chegou a polícia (enviamos um oficio avisando do ato) e tinha mais policiais que nanifestantes. Nesse momento éramos seis. Aos poucos, mais e mais pessoas foram chegando, poucas pessoas que estavam na praça aderiram, mas todas prestavam atenção às falas no carro de som.

Por volta das 18h00, decidimos por panfletar dentro dos ônibus. Esse foi o melhor momento da manifestação! Éramos poucos mais de 15 pessoas e com apoio da polícia, parávamos os ônibus, falávamos com o motorista e este abria a porta de trás para um/a companheiro/a entrar e panfletar, enquanto outro/a fazia uma intervenção oral dentro do ônibus. Alguns motoristas dificultaram, não queriam abrir, mas no geral foi tudo muito tranquilo e o melhor, houve ENORME receptividade da população com o ATO e as justas reivindicações em relação ao transporte.

Um capítulo à parte foi a atuação da polícia e de um policial em especial, que segundo ele foi de Movimento Estudantil na UESC e afirmou que a polícia estava lá para nos auxiliar e não reprimir. Incrivelmente a polícia disse que não estava lá para reprimir e mesmo olhando para aqueles homens fardados e pensando que eles também são trabalhadores, fiquei apreensiva. Aparelho de repressão é sempre aparelho de repressão e não tenho dúvidas que se fosse preciso reprimir, nós seríamos reprimidos/as. Não foi o caso!

Não foi o melhor ato, nem um dos melhores que já participei, mas sem dúvida foi um dos mais ousados em termo de tempo e o resultado foi bem melhor do que poderíamos imaginar. Ah, é importante deixar registrado que não apareceu NINGUÉM DA IMPRENSA.

Temos reunião dia 03 de fevereiro para organizar outras ações e retomar o movimento.

A luta continua!

Vídeo de parte do ato: http://www.youtube.com/watch?v=mAeBlydfh_s

São Desidério é só beleza?

Mansão do prefeito de São Desidério - Foto: Paula Vielmo


Por Paula Vielmo

Desde que fui em São Desidério no mês de dezembro de 2010 e vi a mansão do prefeito Zito que aquilo não me saí da cabeça. Fica martelando porque é uma afronta à desigualdade social aquela mansão suntuosa; porque Zito é idolatrado por muita gente de lá e daqui como o máximo em termos de gestão pública, quando sabemos dos esquemas para manter-se no poder e como a máquina pública é utilizada em benefício seu e dos familiares, para os fins imagináveis ou não.

De uns tempos pra cá, estão acontecendo algumas movimentações. Tem gente que chama de movimentações políticas, eu chamo de politicagem mesmo! Politicagem o fato de interesses eleitoreiros direcionarem as ações de representantes e pela imensa quantia que tem sido gasta com propaganda, vendendo uma imagem que não é real - e isso é comum lá em São Desidério e aqui em Barreiras. E o pior, com muitas pessoas aderindo a essa ideia.

Para mim, Zito - do mesmo grupo da prefeita Jusmari - é alguém que renovou o sentido do pão e circo romano, haja vista que nenhum prefeito investe tanto em festas para distrair o povo quanto ele. E nesse aspecto mora um elemento interessante, que diz respeito ao "termômetro" popular, que considera-o, lá e aqui, "bom prefeito" porque realiza muitas festas.

Pois bem, voltando ao assunto daquela moradia...

Estava conversando com um morador de São Desidério e o mesmo comentou sobre um site que tem denunciado o prefeito de lá (Zito) e analisando o site, encontrei um texto interessante que abordava justamente a desigualdade em São Desidério através de duas moradias: uma do prefeito e outra de moradores do município.

Fica a imagem e o link para quem quiser ler a matéria.

Imagens retiradas do site sdmania.com.br

As duas realidades do município de São Desidério

http://www.sdmania.com.br/2011/Noticias_Detalhes.php?Titulo=As duas realidades do município de São Desidério&Codigo=694

Pelo visto, o velho oeste - e não apenas Barreiras - ainda vai demorar MUITO para deixar de ser um feudo!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Em Barreiras: Ato Nacional por Transporte Digno e Público


Por Paula Vielmo

Pelo país inteiro, o transporte público tem sido um grande problema de mobilidade urbana, problema cada vez mais crescente e que conta cada vez menos com a atenção do Poder Público das diferentes cidades para essa demanda. Em se tratando do serviço de ônibus coletivo, as reclamações (justas) em relação aos altos valores das tarifas e péssimas condições do serviço ofertado também é unanimidade, de norte a sul do país.

Final do ano é sempre o melhor momento para realizar os aumentos, pois as pessoas estão entretidas com as festividades e férias, preparando-se para mergulhar na ilusão do descanso e lazer que as preparará para serem exploradas o ano inteiro. Esse é o cenário perfeito para aumentos de tarifas de ônibus!

No entanto, apesar do falso encantamento, felizmente existem os focos de resistência por todos os cantos, mais ou menos organizados, com mais ou menos força, mas vivos! Assim foi aqui em Barreiras em dezembro e tem sido em Salvador, Florianópolis, Recife, São Paulo, Vitória, Aracajú, entre outras, neste mês de janeiro.

E se a situação é generalizadamente caótica, por que não unir forças? Nesse caso, é unir mobilização, e acontecerá nesta sexta-feira, 28 de janeiro de 2010, o ATO NACIONAL POR TRANSPORTE DIGNO E PÚBLICO, onde simultaneamente em diversos pontos do país, em estados distantes fisicamente, mas próximos nas pautas de luta, as pessoas estão se organizando para chamar atenção à situação degradante do transporte público e outros aspectos ligados à mobilidade urbana. Barreiras participará desta atividade com:

ATO POR TRANSPORTE DIGNO E PÚBLICO

Sexta, 28/01 às 16h30 na Praça Castro Alves


“Vem pra luta, vem, que a luta cresce!”

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem legisla em Barreiras é o executivo: avaliação do legislativo 2010

Por Paula Vielmo


A afirmação que dá título a esse artigo já foi dita por mim em outros textos nesse blog, mas pode ser concretamente verificada após uma breve análise dos Projetos de Lei apresentados durante o ano de 2010 – e aprovados – na “Casa do Povo”.

Em 2009, por curiosidade e também por conduta de acompanhamento da desqualificada legislação municipal, escrevi um texto analisando quantitativamente os Projetos de Lei apresentados e concluí que foram poucos, bem como a quantidade assustadora de Títulos de Cidadão Barreirense distribuídos pela vereança local.

Em 2010, inicialmente não estava disponível no site da Câmara os Projetos – por que será? – mas logo após um recadinho meu com essa solicitação no mural de um jornal local, prontamente fez com que os Projetos de Lei fossem publicizados e começou o acompanhamento – a partir do material disponibilizado – de quais Projetos entravam e eram aprovados e sancionados.

Dito tudo isso, faço aqui uma breve análise a partir do que está publicizado no site da Câmara – e não estão todos os Projetos em tramitação ou aprovados - e constato algo tão ou mais grave do que em 2009: em 2010, quem legislou foi a prefeita Jusmari!

Não é preciso aprofundamento no assunto, qualquer pessoa em Barreiras afirma sem a menor cerimônia que os vereadores são subservientes à prefeita. No entanto, que ela está assumindo suas funções não é assim tão explícito para a população, pois enviar os Projetos e estes serem aprovados por unanimidade é, para mim, assumir a função.

Pois bem, em 2010, segundo informações disponíveis (e repito, existem mais além dessas) no site da Câmara Municipal de Barreiras através da Relação dos Projetos em Tramitação 2010, o Poder Executivo apresentou 25 (vinte e cinco) Projetos, e TODOS foram aprovados e sancionados. Alguns meramente burocráticos, como o reajuste salarial dos servidores municipais, mas outros de extrema importância e impacto hoje e adiante, como o PL Nº 029 que não consta na listagem e alterou a legislação sobre uso e parcelamento do solo (aprovado por unanimidade); o PL Nº 013 que autorizou as Parcerias Público-Privadas (aprovado por unanimidade) e o mais grave ao meu ver, o PL Nº 032 que concedeu isenção tributária integral pelo prazo de 10 anos às empresas que se instalarem em Barreiras (protocolado, “discutido” e aprovado em menos de 15 dias no fechar de cortinas legislativas).

Dos Projetos (publicados) de autoria dos/as vereadores (em ordem alfabética), foram os seguintes:

* Antônio Carlos de Almeida Matos (Carlão - PSDB) – 01 Projeto Decreto Legislativo (PDL) para conceder Título de Cidadão Barreirense;

* Antônio Rodrigues de Souza (Pastor Souza - PTC) – 01 PL para incluir o “dia do feirante” no calendário oficial e um PDL para conceder Título de Cidadão Barreirense;

* Ben Hir Aires de Santana (B.I. - PSL) – 04 PLs (nenhum relevante) e um PDL para conceder Título de Cidadão Barreirense;

* Carlos Tito Marques Cordeiro (Tito - PSDB) – 01 PL que “proíbe a cobrança de taxa de esgoto no município” e 01 PDL para conceder Título de Cidadão Barreirense;

* Daniel Elias Fernandes (Bispo Daniel - PR) – 01 PL também sem muita relevância (para que profissionais médicos expeçam receitas digitadas, datilografadas ou com letra de forma);

* Francisco Bezerra Sobrinho (PRP) - 01 PL aprovado final do ano que “determina a instalação de biombos ou estruturas similares nas agências bancárias” e 01 PDL para conceder o título de cidadão barreirense;

* Giovani de Souza (PR) - 05 Projetos de Lei, sendo dois de datas comemorativas (os únicos aprovados);

* Hipólito dos Passos de Deus (PTC) – não apresentou nenhum Projeto de Lei;

* Izabel Rosa de Oliveira dos Santos (Beza - PSC) - não apresentou nenhum Projeto de Lei;

* Kelly Adriana Magalhães (PC do B) – 02 Projetos de Lei;

* Leidiomar dos Santos Nascimento (PTC) – pelo segundo ano seguido, não apresentou nenhum Projeto de Lei;

Quem quiser fazer uma comparação entre o “trabalho” em relação aos Projetos de Leis apresentados pelos edis em 2009 e 2010, acesse a matéria "Avaliação dos nossos vereadores/as" (2009)

Que o Poder Executivo apresente Projetos de Lei não há problemas, mas que quase exclusivamente este o faço, é algo inclusive perigoso. E mais, observando as informações disponibilizadas (atualizadas ou não), verifica-se que os/as vereadores/as tiveram “muito” trabalho para aprovar todos os projetos enviados pela prefeita, mas bem pouca vontade para sequer discutir os Projetos de autoria deles mesmos - será pela irrelevância da maioria dos textos?

Desde o inicio de 2010 foram os Projetos de Lei do Poder Executivo que moveram as ações legisladoras e novamente isso se repete em 2011. São noticias publicadas pela própria Assessoria de Comunicação da Câmara (cliquem nos links para verificar o que escrevo). E independente de quem presida, quem manda é Jusmari.

As matérias públicas no site da câmara permite concluir que, em Barreiras, temos duas situações:

1. Os vereadores recomendam mais obras que fazem projetos (ou sejam, se acham executivo, apesar de ter essa prerrogativa);

2. O executivo quer fazer o papel de legislativo e acaba não dando conta de suas tarefas executivas e daí é só viver em Barreiras para constatar isso.

Assim, se temos uma inversão de função dos dois Poderes locais, mas nenhum dá conta, significa que estamos numa situação bem complicada.

O que fazer? Bem, vamos fiscalizar, denunciar, perturbar (no bom sentido) e lembrando que “gente politizada incomoda”, vamos incomodar! Eu procuro fazer isso, e vc?

CARTA ABERTA DOS PROFESSORES E PROFESSORAS DEMITIDOS DA FTC-EAD Á SOCIEDADE


Nós professores e professoras demitidos sem justa causa da Faculdade de Tecnologia e Ciência – Ensino a Distância, doravante FTC-EAD, vimos por meio desta denunciar a situação humilhante e indigna a que estamos sendo submetidos desde dezembro de 2010 quando da nossa demissão.

A referida instituição de ensino superior procedeu a demissão de aproximadamente 60 professores sem efetuar o pagamento dos meses de outubro e novembro, bem como ignora os trâmites legais referentes as nossas rescisões contratuais que envolvem o pagamento do aviso prévio, pagamento do 13º salário, pagamentos das férias devidas e proporcionais, bem como 1/3, liberação do FGTS e pagamento da multa de 40%, pagamento do INSS, pois o mesmo sempre foi descontado em nossos contracheques e nunca recolhido, lesando assim tanto os trabalhadores e trabalhadoras em educação quanto o Estado.

Infelizmente este tipo de procedimento por parte da FTC é recorrente e conhecido das instituições que lidam com a Justiça do Trabalho bem como os que representam a classe, pois outros professores demitidos anteriormente não receberam seus direitos, apesar de ter ganho de causa na Justiça do Trabalho, o que comprova o descaso e o escárnio desta instituição para com seus docentes, discentes, leis trabalhistas e com a educação.

Na qualidade de educadores que vêm contribuindo no processo de construção de uma Educação de qualidade resolvemos expor nossa indignação com este tratamento vergonhoso engendrado na contramão dos direitos trabalhistas e convidar aqueles que concordam com a nossa interpretação, a se posicionarem publicamente sobre este assunto, uma vez que a FTC mantém-se no mercado propagandeando-se como faculdade de referência sempre conservando a qualidade, aspectos que não condizem com a falta de ética de sua prática.

Nós, professores e professoras, demitidos sem justa causa da FTC-EAD, assinamos está carta de protesto e indignação com o desrespeito aos nossos direitos trabalhistas.

Comissão dos Demitidos

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Não consigo perceber qualquer ética no fato de considerar e transformar a educação - e também seus sujeitos envolvidos - em mercadoria.

Todo meu repúdio à esse desrespeito e força para esses/as verdadeiros/as professores/as, que dão exemplo de luta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O que esperar do novo PNE?

Otaviano Helene¹ e Lighia Horodynski-Matsushigue²

O Estado de S.Paulo

O atual Plano Nacional de Educação (PNE) chegou ao fim e, como esperado, o Executivo federal apresentou nova proposta para os próximos dez anos. O que esperar dela?

Comecemos a análise pelo plano que ora se encerra (PNE-F). Com isso teremos elementos para prever o que, a depender do novo (PNE-N), poderá ocorrer com a educação nacional nos próximos dez anos. O primeiro fato sobre o PNE-F é que as metas estabelecidas não foram cumpridas; ao contrário, afastamo-nos ainda mais da maioria delas. Por exemplo, no início de sua vigência, há dez anos, o número de concluintes do ensino fundamental correspondia a cerca de 75% das crianças da coorte etária típica. Segundo os dados consolidados mais recentes, esse porcentual pode estar reduzido a cerca de 70%. Assim, findo a período de vigência do PNE-F, ainda não universalizamos sequer o ensino fundamental, apesar de este ser obrigatório desde a Constituição de 1988. As matrículas na educação básica permaneceram estagnadas, ou até diminuíram; a taxa de conclusão do ensino médio foi reduzida e hoje só um de cada dois brasileiros entra na idade adulta com esse nível educacional, o que nos põe em enorme desvantagem em comparações internacionais.

Por que isso aconteceu? Uma primeira razão é a simples falta de recursos financeiros, sem os quais é absolutamente impossível atacar o problema educacional. Embora investimentos de 7% do PIB em educação tivessem sido aprovados pelo Congresso, tal provisão, ainda que insuficiente, foi sumariamente vetada pelo Executivo de então. Assim, não havendo condições objetivas, as metas simplesmente não foram cumpridas.

Um segundo fator que pode explicar a inoperância do PNE-F é que não havia definição clara quanto a quem deveria cumprir as metas, o que é fundamental para um país onde as atribuições educacionais são repartidas por municípios, Estados e União. Na ausência dessa definição, os Poderes Executivos, o Congresso, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais não se sentiram responsáveis por nenhuma das metas e simplesmente se omitiram. Os órgãos responsáveis pela defesa da ordem jurídica também nada fizeram, apesar de uma lei nacional não estar sendo cumprida. E os Conselhos de Educação, nacional e estaduais, embora, em princípio, devessem cuidar das metas do PNE, igualmente nada fizeram.

Continue lendo aqui

¹Professor no Instituto de Física da USP, foi presidente da ADUSP e INEP;
²Professora aposentada do Instituto de Física da USP, foi vice-presidente da regional São Paulo do ANDES-SN


Confira as 20 metas que compõem o PNE 2011-2020

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Faixas de pedestres = faixas de segurança?


Por Paula Vielmo


Desde o final do ano de 2010 que a prefeitura tomou vergonha e está pintando as faixas de pedestres, chamadas de faixas de segurança, pois as mesmas, por toda a cidade, estão apagadas e representam mais perigo do que segurança. A pintura é necessária, mas não basta!

Assim que vi as pinturas, fiquei animada e pensei em escrever aqui para dizer que "até que enfim" algo está sendo feito em Barreiras após mais de dois anos de mandato!

No entanto, para além da boa notícia e da obrigação da repintura das faixas, é preciso alertar para os perigos que as chamadas "faixas de segurança" representam em Barreiras. Por aqui, e daí não sei se é privilégio nosso - creio que não - os/as pedestres nem sempre verificam se os veículos estão parados para atravessar, não sinalizam que vão atravessar, simplesmente se jogam na faixa e os/as motoristas fazem o mesmo: não verificam se tem pedestres para atravessar a faixa e arrancam com os veículos sem dó nem piedade, causando inclusive graves acidentes, como o que vitimou uma criança de 10 anos, que atravessava na faixa e foi atropelada no meio dela.

Além da pintura, é preciso sinalizar com placas a existência das faixas e implementar semáforos também para pedestres, resolvendo a falta de entendimento entre pedestres e motoristas e garantindo que as faixas sejam realmente de segurança para a vida das pessoas.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Cheguei com boas novas sobre o transporte coletivo

Por Paula Vielmo


Estimadas/os leitoras/es,

Estive ausente de Barreiras por alguns dias, logo deixei o blog abandonado, mas em momento algum parei de pensar em pautas para escrever por aqui, bem como tenho algumas referentes à viagem e algumas atividades políticas das quais participei.

No entanto, logo quando cheguei hoje (15) pela manhã, fui alegremente informada pela minha querida mãe que o Promotor Eduardo Bittencourt entrou com uma ação no dia 29 de dezembro de 2010 para abaixar o valor da tarifa de ônibus e realizar a licitação do transporte, deferida por algum juiz (que ainda não sei qual).

Em breve, assim que souber de mais informações, escreverei, mas tive que vir aqui porque não me contive com o fato de um promotor de justiça realmente levar adiante uma causa que interessa ao povo. Não serei leviana de dizer que não existem pessoas como o Eduardo Bittencourt na justiça, mas é visível que são raros, ainda mais quando se trata de serviços públicos dos quais não usufluem, a exemplo do transporte coletivo (promotores/as tem seus carros com ar condicionado).

Ao contrário de certo "escrevedor" local, o promotor não é uma figura midiática, inerte e ineficiente, mas sim um cara de MUITA CORAGEM, como eu já escrevi antes. Ele não faz mais do que a obrigação, mas deve ser reconhecido por encampar essa bandeira justa a favor do povo de Barreiras, explorado através desse serviço de transporte de péssima qualidade, ano após ano, prefeito após prefeito/a, promotor após promotor público. E por elaborar a ação no final do ano, trabalhando a favor do povo enquanto todos/as estavam em festa.

Todo trabalho a favor do povo é um bom trabalho, "Dr." Eduardo! E está fazendo um EXCELENTE TRABALHO!


A luta continua!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Posse das novas direções das escolas municipais: eu estive lá!

Por Paula Vielmo

Ontem, 03, por acaso soube que haveria no Centro Cultural às 19h00 a posse das/os diretoras/es e vices eleitos/as em dezembro. Imediatamente, agendei para ir prestigiar a nova direção da escola em que trabalho - e ajudei de maneira empenhada a eleger, bem como analisar a conjuntura para socializar com vocês, estimados/as leitores/as.

Cheguei com minha amiga ao Centro Cultural por volta das 19h20, "crente" que estava atrasada. Tem coisas que eu não aprendo...

O local estava esvaziado e parecia que o início da solenidade iria demorar, pois estavam aguardando a chegada da digníssima prefeita, que sempre atrasa. Dito e feito, Jusmari chegou às 20h00, e três minutos depois o evento começou, com composição da mesa indicando que haveria muito falatório e falácias por parte da prefeita Jusmari, da Secretária de Educãção Maria do Carmo, do vereador Bispo Daniel (representando o novo presidente da Câmara Municipal, Pastor Souza), da Secretária de Administração Izôlda Maia, do Deputado Federal Oziel Oliveira, da Deputada Estadual Kelly Magalhães e da vereadora Beza (presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal).

Logo de cara, questionei-me sobre a importância da presença do/ deputado/a na mesa, bem como do/a vereador/a. Eles/as não tiveram a menor relação com o processo das eleições nas escolas - não que eu saiba -, nem são profissionais ou militantes da educação.

Em pé: Maria do Carmo; sentados da esquerda pra direita: Bispo Daniel, Izôlda, Oziel, Jusmari, Kelly e Beza


Não vou me ater detalhadamente a cada discurso para não ser longa nessa postagem, nem para repetir o que qualquer pessoa que lê esse blog já sabe ou imagina em relação a cada uma dessas figuras citadas, mas vou me deter a analisar o conjunto dos discursos e algumas particularidades que chamaram muito minha atenção e que anotei no pequeno pedaço de papel disponível.

Os/as componentes da mesa apresentaram um discurso adaptado para o momento: de exaltação da educação como mola transformadora da sociedade. Isso foi geral, bem como a exaltação em relação aos ditos esforços da prefeita para melhorar a cidade e a educação, beirando algumas vezes ao ridículo de tão puxa-saquismo. Entre palmas e palmas dos/as presentes, que lotavam o plenário do local quando iniciou-se o evento:

- Kelly falou e não disse nada. Reproduziu frases prontas, e falou sobre a "valorização profissional e reconhecimento" promovidos pela prefeita, mais capacitada do que ela. Sim, Kelly absurdamente, afirmou isso e se eu não tivesse ouvido, juro que não acreditaria. No entanto, quero lembrar algo que NUNCA É DITO nos discursos enlatados das representações: queremos CONDIÇÕES DE TRABALHO. Não quero salário alto e ter que pagar para trabalhar;

- Oziel falou como se fosse a pessoa mais comprometida com a educação; sobre seu mandato e também de quem "não pôde" ajudar a elegê-lo, mas só esqueceu de que teve gente que não quis elegê-lo, por pura opção - como eu;

- Bispo Daniel transformou o plenário em culto, empolgou-se e após declamar o belo monólopo "Mundo Moderno" (não citou autoria), profetizou, na convicção de que estava falando às suas ovelhas, de que "o 2011 será o melhor ano de vocês". Anotei e dia 31 de dezembro estarei aqui, falando sobre isso (já anotei pra não esquecer);

- Izôlda elogiou tanto o governo que compõe, falou sobre sua função e confundiu toscamente "governo" com "estado" quando afirmou às novas direções das escolas que "vocês agora são a cara do governo cidade mãe, querendo ou não". Ora, primeiro que governo é temporário; segundo as pessoas lá são servidoras do municipio e não da prefeita; terceiro, ninguém merece ser a cara desse governo, porque é feia, não agrada a população e se está fazendo algo como diz, ninguém vê ou sente;

- Beza, empolgadíssima, saltou da cadeira, passou na frente da anunciada para falar (Maria do Carmo) e falou algumas asneiras. Ainda bem que ela se aposentou na docência! A educação já está ruim o suficiente para ter que suportar essa desqualificada! Quero aproveitar para lembrar que a senhora presidente da comissão de educação sempre desaparece quando os movimentos docentes requerem esclarecimentos, bem como está trabalhando muito pouco para o ótimo salário que recebe, porque a educação vai de mal a pior (falo com propriedade de quem tá na labuta diária) e nossos/as "fiscalizadores/as" estão dormindo no ponto;

- Maria do Carmo, socióloga para que todos/as lembrem, parecia que não ia mais parar de falar. Resgatou a "concepção francamente salvacionista" (SHIROMA, 2000) aplicado à educação na década de 30 e afirmou, desconsiderando a complexidade social, que "a educação vai transformar a sociedade" e insistentemente, disse às novas direções que era preciso "envolver a comunidade" e "ter criatividade" para resolver os problemas das unidades escolas, numa explícita desresponsabilização do Poder Público de destinar recursos à educação, principalmente quando citou bazares e festivais como exemplos de envolvimento e criatividade;

- Jusmari, orgulho do carlismo, admiravelmente, sempre dizendo o que determinado público quer ouvir, parecia Madre Teresa de Calcutá, tamanho o esforço que afirmou ter empreendido nestes dois anos e que nós, injustamente não reconhecemos. Novamente culpou a herança maldita dos governos anteriores e prometeu investimentos e melhorias. Nem me dei ao trabalho de anotar, porque "o que Jusmari diz não se escreve". Ela falou mais de meia hora...

Era 21h45 quando fui embora, já cansada de tanto ouvir aquele discurso vazio e infelizmente, não pude presenciar o que me interessava: a posse das direções.

De toda maneira, é sempre bom poder analisar as situações e verificar, cada vez mais, como precisamos ter cuidado com os membros deste reino da impunidade. Fica mais um alerta.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ano novo, velho problemas...

Rua em frente ao Vieirinha interditada com faixa


Por Paula Vielmo (fotos e texto)


Acontece há 14 anos, a "Lavagem", promovida por um bloco de carnaval local. Tal evento, ocorre nas imediações do cais de Barreiras e atrai muita gente.

Considero o evento uma perda de tempo, de dinheiro e incentivo à música massificadora, no entanto não me deterei a analisar o evento, pois cada um decide se vai ou não, mas tenho como objetivo denunciar e refletir sobre a apropriação de espaços públicos para realização de eventos privados, algo relativamente comum nesse "reino da impunidade" chamado Barreiras.

Pois bem, no dia 01 fui com uma amiga "dar uma voltinha na rua", por volta das 17h00 da tarde. Havia um grande movimento de pessoas pelas imediações do cais e várias ruas interditadas com barracas, carros estacionados e o mais grave ao meu olhar: ocupação de boa parte da Praça Landulpho Alves, em frente ao estimado Bar do Vieirinha, que estava fechado (provavelmente devido ao evento). Não havia circulação de qualquer veículo ou pessoa naquele espaço.

Proximidades da Pça Landulpho Alves fechada para a "festa"

Afinal de contas:

- O que leva milhares de pessoas a vestirem uma camiseta igual, pagarem mais de R$40,00 por um divertimento industrializado e se sentirem poderosas no meio da rua?

- Por que um evento tão tradicional e com tantas pessoas precisa impedir o direito constitucional de ir e vir?

- Por que não realizar a "Lavagem" no parque de exposição, local fechado e que não atrapalharia a mobilidade urbana?

É tão comum eventos, bares, festas nas ruas, que as pessoas não percebem que estão PRIVATIZANDO um bem público, coletivo, ou nem darem atenção a isso como se fosse a coisa mais natural do mundo. No entanto, eu sempre percebo e continuarei, repetidamente, falando do quão isso é abusivo, para desnaturalizar essa questão do imaginário local. Um dia isso muda.