terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Posse das novas direções das escolas municipais: eu estive lá!

Por Paula Vielmo

Ontem, 03, por acaso soube que haveria no Centro Cultural às 19h00 a posse das/os diretoras/es e vices eleitos/as em dezembro. Imediatamente, agendei para ir prestigiar a nova direção da escola em que trabalho - e ajudei de maneira empenhada a eleger, bem como analisar a conjuntura para socializar com vocês, estimados/as leitores/as.

Cheguei com minha amiga ao Centro Cultural por volta das 19h20, "crente" que estava atrasada. Tem coisas que eu não aprendo...

O local estava esvaziado e parecia que o início da solenidade iria demorar, pois estavam aguardando a chegada da digníssima prefeita, que sempre atrasa. Dito e feito, Jusmari chegou às 20h00, e três minutos depois o evento começou, com composição da mesa indicando que haveria muito falatório e falácias por parte da prefeita Jusmari, da Secretária de Educãção Maria do Carmo, do vereador Bispo Daniel (representando o novo presidente da Câmara Municipal, Pastor Souza), da Secretária de Administração Izôlda Maia, do Deputado Federal Oziel Oliveira, da Deputada Estadual Kelly Magalhães e da vereadora Beza (presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal).

Logo de cara, questionei-me sobre a importância da presença do/ deputado/a na mesa, bem como do/a vereador/a. Eles/as não tiveram a menor relação com o processo das eleições nas escolas - não que eu saiba -, nem são profissionais ou militantes da educação.

Em pé: Maria do Carmo; sentados da esquerda pra direita: Bispo Daniel, Izôlda, Oziel, Jusmari, Kelly e Beza


Não vou me ater detalhadamente a cada discurso para não ser longa nessa postagem, nem para repetir o que qualquer pessoa que lê esse blog já sabe ou imagina em relação a cada uma dessas figuras citadas, mas vou me deter a analisar o conjunto dos discursos e algumas particularidades que chamaram muito minha atenção e que anotei no pequeno pedaço de papel disponível.

Os/as componentes da mesa apresentaram um discurso adaptado para o momento: de exaltação da educação como mola transformadora da sociedade. Isso foi geral, bem como a exaltação em relação aos ditos esforços da prefeita para melhorar a cidade e a educação, beirando algumas vezes ao ridículo de tão puxa-saquismo. Entre palmas e palmas dos/as presentes, que lotavam o plenário do local quando iniciou-se o evento:

- Kelly falou e não disse nada. Reproduziu frases prontas, e falou sobre a "valorização profissional e reconhecimento" promovidos pela prefeita, mais capacitada do que ela. Sim, Kelly absurdamente, afirmou isso e se eu não tivesse ouvido, juro que não acreditaria. No entanto, quero lembrar algo que NUNCA É DITO nos discursos enlatados das representações: queremos CONDIÇÕES DE TRABALHO. Não quero salário alto e ter que pagar para trabalhar;

- Oziel falou como se fosse a pessoa mais comprometida com a educação; sobre seu mandato e também de quem "não pôde" ajudar a elegê-lo, mas só esqueceu de que teve gente que não quis elegê-lo, por pura opção - como eu;

- Bispo Daniel transformou o plenário em culto, empolgou-se e após declamar o belo monólopo "Mundo Moderno" (não citou autoria), profetizou, na convicção de que estava falando às suas ovelhas, de que "o 2011 será o melhor ano de vocês". Anotei e dia 31 de dezembro estarei aqui, falando sobre isso (já anotei pra não esquecer);

- Izôlda elogiou tanto o governo que compõe, falou sobre sua função e confundiu toscamente "governo" com "estado" quando afirmou às novas direções das escolas que "vocês agora são a cara do governo cidade mãe, querendo ou não". Ora, primeiro que governo é temporário; segundo as pessoas lá são servidoras do municipio e não da prefeita; terceiro, ninguém merece ser a cara desse governo, porque é feia, não agrada a população e se está fazendo algo como diz, ninguém vê ou sente;

- Beza, empolgadíssima, saltou da cadeira, passou na frente da anunciada para falar (Maria do Carmo) e falou algumas asneiras. Ainda bem que ela se aposentou na docência! A educação já está ruim o suficiente para ter que suportar essa desqualificada! Quero aproveitar para lembrar que a senhora presidente da comissão de educação sempre desaparece quando os movimentos docentes requerem esclarecimentos, bem como está trabalhando muito pouco para o ótimo salário que recebe, porque a educação vai de mal a pior (falo com propriedade de quem tá na labuta diária) e nossos/as "fiscalizadores/as" estão dormindo no ponto;

- Maria do Carmo, socióloga para que todos/as lembrem, parecia que não ia mais parar de falar. Resgatou a "concepção francamente salvacionista" (SHIROMA, 2000) aplicado à educação na década de 30 e afirmou, desconsiderando a complexidade social, que "a educação vai transformar a sociedade" e insistentemente, disse às novas direções que era preciso "envolver a comunidade" e "ter criatividade" para resolver os problemas das unidades escolas, numa explícita desresponsabilização do Poder Público de destinar recursos à educação, principalmente quando citou bazares e festivais como exemplos de envolvimento e criatividade;

- Jusmari, orgulho do carlismo, admiravelmente, sempre dizendo o que determinado público quer ouvir, parecia Madre Teresa de Calcutá, tamanho o esforço que afirmou ter empreendido nestes dois anos e que nós, injustamente não reconhecemos. Novamente culpou a herança maldita dos governos anteriores e prometeu investimentos e melhorias. Nem me dei ao trabalho de anotar, porque "o que Jusmari diz não se escreve". Ela falou mais de meia hora...

Era 21h45 quando fui embora, já cansada de tanto ouvir aquele discurso vazio e infelizmente, não pude presenciar o que me interessava: a posse das direções.

De toda maneira, é sempre bom poder analisar as situações e verificar, cada vez mais, como precisamos ter cuidado com os membros deste reino da impunidade. Fica mais um alerta.

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