domingo, 29 de maio de 2011

Lembranças de uma sala política que não existe mais

Por Paula Vielmo




No domingo fui até a querida UNEB para participar de um Sarau, muito mais pela empolgação de estar novamente naquele ambiente que me traz inúmeras memórias de luta. Colei grau a três anos, mas jamais saí da UNEB, haja vista meu envolvimento com as demandas da Educação e da luta em geral, incluindo a estudantil e/ou universitária. No entanto, já nao sou mais estudante e obviamente meu envolvimento não chega nem próximo do que já foi.

Logo quando cheguei, o choque em saber que definitivamente o CANTINHO UNIVERSITÁRIO fora esquartejado para se transformar em um Laboratório para o Neppa e o galpão de máquinas. Aquele espaço histórico e político agora não representa mais nada, além de lembranças. A pintura do "Che" na parede, ficou no passado e não será apreciada pelas gerações do presente e futuro.

Em meio ao evento, realizado com muita beleza na construção chamada Parlatório, meus olhos se dirigiram para a sala do Movimento Estudantil. Aquela sala, não é apenas um espaço físico, mas é sobretudo um espaço político, o qual lutamos com muito afinco para conseguir em 2004-2005, no processo de reorganização do Movimento Estudantil do Campus IX.

Aquela sala, pintada, organizada e mantida pos nós, então militantes estudantis, continha todo o aparato necessário para a nossa luta: computador, arquivos, cartazes, materiais do calourão e muito mais. A sala, pouco equipada, mas ampla o suficiente para abrigar as reuniões dos Diretórios Acadêmicos, da Coordenação do Campus IX - DCE, do Movimento Estudantil da UNEB ou do Movimento Estudantil Unificado - MEU, não existe mais.

Foi absurdamente triste, lamentável e doloroso, entrar naquela sala e me deparar com a poeira tomando conta de todos os cantos; dos armários abandonados; das teias de aranha ganhando força, mas sobretudo, nada, absolutamente nada explica a dor que senti com as palavras proferidas por um "líder estudantil" ao afirmar que a sala será "reformada" por "desejo do diretor" e que a parede que recebia os cartazes de eventos, congressos e manifestos será pintada, pois o movimento antigamente era "muito político, muito politizado".

Eu tentei retrucar, mas percebi que não valia a pena. Percebi que o que nós lutamos para construir lá, simplesmente não existe mais, são apenas lembranças. A nova geração não se preocupa, não entende, não compreende e não está disposta a isso. Está muito ocupada com as festas para arrecadação financeira para não sei o que.

Vim embora triste, arrependida de ter-me levantado para ir até aquela sala, que representa mais do que um espaço físico, mas um espaço político de luta e que agora não passa de um mero depósito de lembranças...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

No aniversário de Barreiras recebemos REPRESSÃO de presente

Por Paula Vielmo





Ontem, na data do aniversário de Barreiras, centenas de pessoas se dirigiram até a Praça Landulpho Alves para assistir a apresentação da "Família Fernandes", a família do coordenador de cultura, como bem lembrou o companheiro Murilo.

No entanto, nessa data tão importante que lembra o marco da EMANCIPAÇÃO POLÍTICA de Barreiras, três amigos pensaram em fazer um ato simbólico em relação à péssima representação que temos, tanto no Legislativo quanto no Executivo. Assim, fui convocada para essa luta e convoquei outras e outros compas e lá fomos nós, propagar a faixa de 3 metros com os seguintes dizeres: "BARREIRENSES, DÊEM À SUA CIDADE MELHORES REPRESENTANTES QUE ESTES QUE AÍ ESTÃO!"

Era pouco mais de 22h quando anunciou-se a abertura do show dos "Fernandes", sem qualquer discurso da Prefeita, pois como bem avaliou a companheira Amanda, ela não tem coragem de discursar diante do povo, por isso grava os discursos e passa sem parar na televisão (resquícios da escola Carlista).

Após avaliarmos a situação, dividimos a atuação em três frentes, com apenas sete pessoas, sendo duas para segurar a faixa, três para fazer a retaguarda e uma para registrar o momento. Feito isso, fomos levantar a faixa. Diversos olhares curiosos, diversos sorrisos e comentários de apoio e alguns governistas querendo garantir seu "emprego no cabide", olharam enviezado, apontaram, criticaram.
Após algum tempo, decidimos mudar de lado, refizemos a estratégia diante de alguns esvaziamentos de militância e fomos para o outro lado do palco, nesse momento em cinco pessoas. Posicionamos a faixa e seguramos por um bom tempo. Quando abaixamos para reavaliar a posição da faixa, eis que surge repentinamente e com toda a TRUCULÊNCIA existente, cerca de cinco Guardas Municipais.

Chegaram GRITANDO, falando em "tom" de ORDEM e AMEAÇA, afirmando com agressividade que se levantássemos a faixa mais uma vez ela seria tomada. Questionei sobre os motivos, paralelo ao companheiro Anibinha que também tentava iniciar um diálogo, mas os Guardas não queriam conversar. Paralelo a isso, uma moça governista acompanhava a Guarda e intimidava fotografando os manifestantes.

No entanto, para surpresa de todos, eis que surge da multidão um senhor, dirige-se aos Guardas, retira uma carteira do bolso, apresentando-se como Promotor e afirmando que não podiam nos impedir de manifestar e se fizessem algo contra nós, ele chamaria a PM para prendê-los. Ele nos defendeu dizendo que tínhamos "liberdade de expressão" e que o conteúdo da faixa não era impróprio. Um "acompanhante" da Guarda ainda retrucou, mas logo foram embora. O Promotor passou seu telefone para o caso de algum problema e daí soubemos o nome de tão importante figura naquela conjuntura: SINVAL! Ele permaneceu algum tempo perto de nós, "garantindo a segurança"

Após alguns minutos, refizemos a ação e levantamos a faixa, apoiados por diversas pessoas que lá estavam e algumas que colaboraram quando a Guarda veio para nos reprimir.
Sabe-se que isso era esperado, que não existe qualquer inovação na maneira de reprimir quem se opõe ao que está (im) posto por esse Governo e no meu caso, tenho "colecionado" atos de censura e repressão que dariam outro texto, de tão frequentes que têm se tornado. No entanto, saber que a "liberdade de expressão", garantida constitucionalmente é letra morta nessa Terra sem Lei é algo sem explicação. Saber que somos, cotidianamente violentados em nossos direitos com omissões e conivências de quase todos os lados é legitimar a impotência.
Por incrível que pareça, todas essas situações só dão mais força para continuarmos combatendo essas injustiças, na certeza que nossa indignação tem cada vez mais fundamento.

A noite do aniversário de Barreiras terminou cor-de-rosa do jeito que este (des)Governo gosta, com repressão, truculência, autoritarismo, desrespeito e violência, mas também com a reafirmação da convicção de que NÃO PODEM CALAR NOSSA VOZ e que necessitamos urgentemente de MELHORES REPRESENTANTES!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

120 anos de Barreiras e os buracos

Por Paula Vielmo



Aniversário é uma data alegre, porque significa mais um ano de vida que passou. No entanto, quando se trata de um municipio que celebra a data de sua EMANCIPAÇÃO POLÍTICA, cabe alegria e muitas reflexões paralelas.

O principal problema apontado por qualquer pessoa, adulto ou criança de Barreiras são os buracos!

Os buracos de Barreiras, tão severamente criticados, haja vista o estado de abandono das vias, no entanto, não se restringem às ruas, mas se estendem por OUTRAS ÁREAS. Temos imensos buracos nas ruas, mas temos buracos gigantescos:

BURACOS NA EDUCAÇÃO, vide o estado desumano dos prédios escolares, algumas unidades escolares inclusive insalubres; vide o atraso no pagamento de funcionários; vide a greve de professores/as; vide a enorme falta de condições de trabalho;

BURACOS NA SAÚDE, através da falta de profissionais, de material nos postos, da dificuldade de marcar consultas e determinados exames, disponíveis apenas nas "cotas" dos vereadores;

BURACOS NA MORADIA, com filas imensas de pessoas buscando um cadastro num programa limitado do Governo Federal; pessoas que habitam casebres sem higiêne ou tamanho para famílias tão grandes; no número de sem tetos que se abrigam debaixo das pontes;

BURACOS NO ESPORTE, com a rara existência de quadras poliesportivas, com o abandono do Ginásio de Esportes, com o foco especulatório no futebol, excluíndo os demais esportes;

BURACOS NO LAZER, sem opção para as crianças, jovens e adultos se divertirem ao invés de dispor apenas dos bares, fazendo crescer o uso de drogas, a começar pelo alcóol;

BURACOS NA CULTURA, sem incentivos à manutenção e valorização da cultura municipal que está se perdendo ao longo dos anos, em detrimento da cultura de massa e da indústria cultural;

BURACOS NO TRANSPORTE, onde o transporte coletivo é superlotado, desconfortável, caro, ilegal, imoral, além do trânsito caótico que ceifa diversas vidas semanalmente;

BURACOS NA INFRAESTRUTURA, através da poeira reinante diante da falta de pavimentação das ruas, da ausência de paradas de ônibus, de praças arborizadas, de prédios próprios ao invés do enorme ralo do dinheiro público com aluguéis;

BURACOS AMBIENTAIS, com o esgoto jogado no Rio Grande, com o corte de árvores, com as queimadas, com o lixo nas ruas, com a presença de um lixão ao invés de aterro sanitário, das monoculturas extensas para angariar altos lucros para os grandes produtores;

BURACOS POLÍTICOS, com o sentimento mesquinho dos representantes do povo em lutar por benefícios para os seus familiares e amigos; da promiscuidade entre os poderes legislativo e executivo; da corrupção ativa através da venda e compra de votos; dos cargos e cabides de emprego, superlotando a máquina pública.

BURACOS NA DEMOCRACIA, por onde passa a nossa liberdade de expressão e de manifestação, pois qualquer "exposição" de ideias contrárias as do Governo Mãe, são truculentamente retaliadas, ocasionando um perigo a instauração da verdadeira democracia.

Entre tantos e tantos buracos que se tornam abismos sociais e políticos no cotidiano do crescimento de Barreiras, impedem o seu pleno desenvolvimento e a garantia de DIGNIDADE ao seu povo sofrido, apenas os buracos das ruas são lembrados. Lembro destes OUTROS BURACOS com a convicção de que o melhor presente ao povo de Barreiras seria a GARANTIA DOS DIREITOS ELEMENTARES, sem a necessidade de mendigar a qualquer "representante" para ter o que lhe é de direito, ao invés de concedido como privilégio e benefício.



Força, Barreiras, para combater todas e todos que te sugam e sugam a dignidade do seu povo!


FELIZ ANIVERSÁRIO e muitos anos de luta!

terça-feira, 24 de maio de 2011

PROGRAMA DO PSOL QUINTA-FEIRA!

Nesta quinta-feira, às 20h30 na TV (todos os canais abertos) e 20h no rádio haverá o programa semestral do PSOL (5 minutos).

Código Florestal, Reforma política, Privatizações, Homofobia, Violência, Palocci e mais...















PSOL, um partido necessário para os direitos do Povo e defesa do Brasil.

domingo, 22 de maio de 2011

"Sou a redentora do país? Não posso, não tenho condições. Muito menos com o salário que eu recebo"



Vídeo do discurso da Professora Amanda Gurgel, durante audiência na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. As professoras e professores de Natal - RN estão em greve.


O discurso dela é tão real, tão verdadeiro, tão politizado e consciente, que fascina. É bizarro a situação da educação nesse país, em cada estado e município, bem como a enorme FALTA de CONDIÇÕES DE TRABALHO.


Para quem ainda não assistiu, vale muito a pena:

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Educação do cabresto

Por Paula Vielmo


Apesar da minha memória estar cada vez pior, lembro como hoje o motivo da minha opção pela Educação através da Pedagogia. Eu já era, no ensino médio, militante política, animada e combativa. Queria uma profissão que contribuísse com a TRANSFORMAÇÃO da sociedade e considerei a Educação o melhor caminho para isso.

Afirmo que sou Educadora, por opção e formação, e educação para mim é militância política, no sentido mais amplo da política e não na limitação ignorante da maioria. Considero, nas palavras de Paulo Freire, "o ato de educar como um ato político", logo, é de longe neutro ou imparcial. Educação é ideologia, é tomar partido. Se assim não o for, é alienação, é reprodução, é algo mecânico e que apenas contribui para manutenção do status quo.

Estar na Educação com todo seu sucateamento e grande esquema de desmonte, COMBATENDO essa situação, cada vez maior e mais forte, é nadar contra a maré. E não é fácil. Essa opção é por vezes dolorosa, ademais quando nos deparamos com situações e pessoas as quais confiamos como companheiras de uma mesma luta, mas se revelam "neutras" e portanto, do lado de quem domina, de quem está no poder.

Eu tenho um lado, e não é o de quem está no poder. E isso, para o PODER é uma ameaça, por mínima que seja. Assim, vivenciamos uma situação de absoluta DIDATURA e AUTORITARISMO em meio a discursos hipócritas e vazios. Discursos que soam como palavras soltas, desconexas, descontextualizadas, ditas por quem acredita que quem ouve não entende e vai obedecer apenas porque alguém manda. E o "manda quem pode, obedece quem tem juízo" já não tem mais força.

Informo, que mesmo vivendo AINDA uma educação do cabresto, nas terras de coronéis, as coisas estão mudando. Cada vez mais - e espero que cada vez mais -, existem questionamentos, divergências, embates no sentido de não aceitar o que está (im) posto. E assim, dessa forma, fazemos uma verdadeira formação crítica de nossas crianças e jovens.

Hoje, ouvi alguém me "pedindo" em tom de "ordem" que eu fosse discreta em minhas posições e opiniões. Nada, em todo o discurso foi pior do que essa palavra, no contexto POLÍTICO em que estava inserida. No entanto, quem disse isso, em meio a um discurso que tentava me coagir, apenas alimentou minhas forças e minha indignação.

Ousar lutar, quando a regra é ceder!


terça-feira, 17 de maio de 2011

O fim da educação

Nelson Pretto
De Salvador (BA)


A vida de pesquisador nas universidades está ficando cada dia mais estranha. Quando comecei minha vida acadêmica no Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia, recebi logo na chegada um lugarzinho, uma sala com ar condicionado, escrivaninha, cadeira, máquina de datilografar, um telefone - que na verdade não funcionava lá muito bem! -, papel e caneta. Os livros, estavam na biblioteca ou os comprávamos, porque também não se publicava tanto quanto hoje. Dividia a sala com mais um colega e, dessa forma, fazia minhas pesquisas sobre o ensino de ciências e dava aulas na graduação. Depois, passei a integrar o corpo docente da pós-graduação em Educação e, também por lá, sem nenhum luxo e bem menos infra, tinha as condições mínimas para pesquisar sobre a qualidade dos livros didáticos, campo inicial de pesquisa na minha vida universitária.

O tempo foi passando e a universidade foi se especializando no seu novo jeito de ser. Foi crescendo e ganhando força a pós-graduação, apareceram os grupos de pesquisas que passaram a ser cadastrados no CNPq, surgiu o Currículo Lattes - o Orkut da academia -, a CAPES intensificou a avaliação da pós-graduação e... a guerra começou. Com as demandas para a pesquisa cada dia sendo maiores e o com os recursos minguando (o Brasil investe em C&T apenas 1,2% do PIB enquanto os Estados Unidos, por exemplo, investem 2,7%), a avaliação da produtividade - palavrinha estranha no campo da pesquisa científica, não?! - ganha corpo, no Brasil e no mundo. "Publicar ou perecer" virou o mantra de todo professor-pesquisador. Mais do que isso, nas universidades não temos mais aquelas condições básicas dadas pela própria instituição já que, de um lado, ela foi perdendo cada vez mais seu orçamento de custeio e, de outro, as demandas aumentaram muito uma vez que, mesmo na área das Humanas, necessitamos de muito mais tecnologia. Por conta disso, temos que, literalmente, "correr atrás" de recursos através dos chamados editais. Assim, cada grupo de pesquisa vive em função de sua capacidade de captação de recursos - quem diria que estaríamos falando assim, não é?! - e transformaram-se em verdadeiros setores administrativos nas universidades. Demandam secretários, contadores (esses, seguramente, os mais importantes!), administradores, bibliotecários, constituindo-se em um verdadeiro aparato burocrático para dar conta das cobranças formais de cada um destes editais e de suas famigeradas prestações de contas.

Pois quando pensamos que já estávamos no limite, e os colegas Waldemar Sguissardi e João dos Reis da Silva Jr com o seu "O trabalho intensificado nas Federais" mostraram bem o fundo do poço, sabemos através do colega Manoel Barral-Neto no seu blog "Sciencia totum circumit orbem" que pesquisadores chineses estão recebendo um "estímulo" equivalente a 50 mil reais para publicar suas pesquisas nas revistas de "alto impacto" científico, a exemplo da Science. Nos comentários que se seguiram ao texto, tomamos conhecimento com a postagem de Renato J. Ribeiro que a Universidade Estadual Paulista (UNESP) está dando um prêmio de cerca de 15 mil reais para quem publicar na Science ou Nature, duas revistas de alto "fator de impacto".

Também de São Paulo outra noticia veio à tona recentemente: o resultado da última avaliação realizada pelo Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) apontou que os estudantes não se deram muito bem na avaliação de 2010. É com base no rendimento dos alunos que os professores da rede estadual paulista recebem uma gratificação - um bônus - no seu salário, num esquema denominado "pagamento por performace", implantando no Estado supostamente para "estimular" a melhoria da educação paulista. O que se viu com os últimos resultados é que essa estratégia não funcionou.

E não funcionou porque esse não pode ser o foco da avaliação da educação. A educação, em todos os níveis, precisa ser fortalecida, mas não como o espaço da competição e sim como um espaço de formação de valores, da colaboração e da ética. Em qualquer dos seus níveis, a educação precisa ser compreendida como um direito de todo o cidadão e que não pode ser trocada por uns trocados.

Lembro Milton Santos: "essa ideia de que a universidade é uma instituição como qualquer outra, o que inclui até mesmo a sua associação com o mercado, dificulta muito esse exercício de pensar". De fato, com um dinheirinho extra por cada publicação, com um novo edital disponível para o próximo projeto, com a avaliação da CAPES na pós-graduação batendo às portas, deixando todos de cabelo em pé, e com a lógica do "publicar ou perecer", parece que estamos chegando perto do fim da universidade enquanto espaço do pensar e do criar conceitos. Viramos, pura e simplesmente, o espaço da reprodução do instituído.

E isso é, no mínimo, lamentável. Na verdade, é o próprio fim da educação.


Nelson Pretto é professor e já foi diretor (2000-2004 e 2004-2008) da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Membro titular do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. Físico, mestre em Educação e Doutor em Comunicação.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quando a educação transforma-se em mercadoria e perde o seu valor: carta aberta ao Sr. Jaques Wagner governador da Bahia

Por *Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva


Prezado Senhor Governador Jaques Wagner,

No dia do lançamento do Pacto Pela Educação na Bahia, véspera do Dia do Trabalhador e Dia das Mães, recebemos de V. sa., intempestivamente, o corte de nossos salários, mesmo tendo cumprido todas as exigências legais. Com menos de 22 dias em greve em luta por melhores condições de trabalho, permanência estudantil e garantia da autonomia universitária, recebemos um “presente de grego” pelo também Dia Mundial da Educação. A democracia e o diálogo, outrora bandeira de luta do Partido dos Trabalhadores, foram substituídos pela ameaça explícita à aqueles que resolveram protestar publicamente contra os desmandos de Vossa administração.
Gostaríamos de lembrar a V.sa, que há muito tempo não comparece a uma escola ou a uma universidade pública, que nós professores temos como missão educar. Isso significa permitir às novas gerações o acesso a diversos aspectos da vida humana às quais elas não “veriam” se não estivessem nessas instituições de ensino. Portanto, educar é ensinar a “ver”, é desenvolver habilidades, é, principalmente, despertar sensibilidades, pois, segundo Rubens Alves, sem elas “[...] todas as habilidades são tolas e sem sentido, pois os conhecimentos nos dão os meios para viver e a sabedoria nos dá razões para viver.” E esse tem sido o nosso papel.


Entrando em greve não paramos de cumprir com a nossa missão, pois estamos, assim, despertando em nossos alunos, e em toda a população baiana e brasileira, a sensibilidade para “ver” e não mais se conformar com o caos político implantado na Bahia.


Para tanto, a palavra tem sido o nosso mais significativo instrumento. Diuturnamente nós, professoras e professores deste imenso Estado da Bahia, estaremos, pela palavra, lembrando a todos que o Estado com o maior número de pessoas em extrema pobreza é a Bahia com 2,4 milhões; que sua taxa de homicídios é de 36 por 100 mil habitantes (enquanto a ONU estabelece como suportável para grandes cidades 12 por 100 mil); que mais de 12% do total de analfabetos do Brasil (14,1 milhões) está na Bahia: que 1,8 milhão de baianos com 15 anos ou mais (16,7% desta população) não sabem ler e escrever. Estaremos também, caro Governador, alardeando as ações tomadas por V.sa, através de suas diversas secretarias, que têm contribuído para continuar o sucateamento da educação.


Não bastassem esses problemas, lembraremos a todos os índices vergonhosos do IDEB, o número de evasão e de reprovação, os números ainda baixos de matriculados na educação básica (médio) e superior e a falta de ações e condições para permanência e sucesso dos estudantes; os baixos salários e o desrespeito aos servidores públicos, inclusive os da educação; o abandono e as ingerências nas áreas de Segurança e de Saúde e o desrespeito ao principio constitucional federal e estadual de Autonomia das Universidades Estaduais.


Senhor Jaques Wagner, informar de forma mentirosa um aumento de 87,6% no orçamento das universidades estaduais (Uneb, Uefs, Uesc e Uesb), de R$ 386,8 milhões em 2006, para R$ 725,6 milhões em 2011, quando deveria ser utilizado o ano de 2007 para comparação, omitindo a precariedade relacionada ao número de alunos, cursos, docentes, estrutura física, interiorização etc. das universidades estaduais da Bahia, não nos calará e não enganará a uma população que pode enxergar.


Nós, professores, não nos silenciaremos porque nos tirou os salários. E, em nossas salas de aulas, pela palavra, continuaremos a nossa missão de sensibilizar, pois, professores, alunos e funcionários, não podem e não devem ser tratados como mercadoria, a qual se compra a mais barata ou de menor qualidade; não somos moedas de troca, muito menos franquias e não podemos ser adquiridos em “lotes”.


Senhor governador, “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais…” (Rubem Alves). Mas os governos passam… e a educação, que não é mercadoria, ultrapassa o tempo de mandato dos gestores públicos.

*Reginaldo de Souza Silva – Doutor em Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESB. Email: reginaldoprof@yahoo.com.br

terça-feira, 10 de maio de 2011

Teatro: Casar ou não casar, eis a questão

segunda-feira, 9 de maio de 2011

QUERO MEU SALÁRIO EM DIA!!!



Estou possessa de raiva! Não cabe em mim tamanha INDIGNAÇÃO! É um absurdo, um desrespeito, um desmando!!!

Hoje, 6º dia útil do mês, ainda NÃO RECEBI o meu pagamento! Como é possível fazer compromissos se não se sabe quando receber? Para que diacho existem LEIS se existe DESGOVERNO como o de JUSMARI que não respeita PORRA NENHUMA e não temos a quem recorrer!? Maldito sentimento de impotência...

Sei que não é privilégio meu receber ATRASADO nesse DESGOVERNO CIDADA MÁ, mas ficar calada não dá! Eu quero meu salário em dia! Eu EXIGO meu salário em dia pelo meu trabalho!!!


NÃO É FAVOR, É DIREITO!!! EU QUERO A "MISÉRIA" QUE RECEBO, EM DIA!!!

Além de exploração, agora serei mão-de-obra quase escrava? Porque tenho pago para trabalhar...


FORA BANDO DE INCOMPETENTES!!!

domingo, 8 de maio de 2011

3 anos de "Idéias são à prova de bala"




Por Paula Vielmo


Parece que foi ontem que eu estava nas reuniões do MEU na Praça Castro Alves/ Praça das Corujas articulando com pessoas que marcariam minha vida de maneira impressionante, na luta por uma legislação de meia passagem estudantil justa e contra o aumento da tarifa. No entanto, já fazem mais de três anos.

Trouxe essa memória para tratar sobre o motivo que me fez criar esse blog, de maneira despretenciosa, a exatos três anos atrás, em 8 de maio de 2008.

A primeira postagem fala sobre a luta do MEU e contra o aumento da tarifa e foi intitulada "Contra o aumento da tarifa de buzú!", por isso está intimamente ligada a nossa luta e as pessoas que a construíram.

Naquele momento, escrever textos para o Movimento ou outros agrupamentos dos quais eu fazia parte, exigiam aprovação coletiva, o que defendo totalmente. No entanto, para alguém que queria expressar-se de maneira imediata, era necessário algo mais rápido. Assim, decidi por criar um blog para mim.

O nome veio como algo marcante do filme "V de Vingança", nem tanto por parte do autor original (Alan Moore). Para mim, as idéias não morrem, mas sim as pessoas. Assim, o que eu defendo hoje já foi defendido por pessoas que me precederam e também será por pessoas que virão depois de mim. Pode-se matar pessoas, mas uma ideia é bem mais difícil.

Comecei, como disse, despretenciosamente, apenas para compartilhar algumas ideias que tinha, algumas reflexões do cotidiano, sobre temas despercebidos. Aos poucos, o blog foi ficando conhecido, acessado por muitas pessoas, comentado, referenciado inclusive.

De uma necessidade de escrever também como instrumento de luta (a teoria é tão importante quanto a prática), virei blogueira. Passei a dedicar muito tempo ao blog, que às vezes é atualizado com frequencia e as vezes fica abandonado diante das demandas do cotidiano e dos demais blogs que administro (quatro, atualmente).

Os temas giram em torno do que eu gosto: política, educação, militância. Também divulgo eventos que considero interessante e sempre que posso procuro escrever textos qualificados, com as características explicitas do que eu penso e sou, sem qualquer vontade de agradar. Tenho sempre posição clara, porque tenho um lado definido.

O blog já mudou de layout umas três ou quatro vezes, mas mantém a cor característica do início: lilás - em homenagem ao feminismo e também as Filhas de Jó, com detalhes vermelhos e amarelos, cores do socialismo/comunismo.

Atualmente recebo demandas de textos, e é comum alguém me encontrar e sugerir algum tema para o blog ou perguntar "vai colocar no blog?". Tenho muitas coisas para escrever, mas me falta um pouco de tempo para sentar e sistematizar as denúncias e reflexões que faço ao andar e sobreviver em Barreiras ou neste mundo. Apesar de ser um blog com poucos comentários, o acesso é considerável.

Hoje eu gostaria de ter feito algo especial, para comemorar a vitória de manter um blog no ar por tanto tempo. Uma criança de três anos, se desenvolvendo de maneira autônoma. Infelizmente não foi possível, mas o fato de saber que essa felicidade é compartilhada com outras pessoas me deixa satisfeita.

Para finalizar, agradeço a todas as pessoas que visitam, leem, comentam, divulgam e sugerem. Eu fico muito feliz com os três anos de vida e espero que sobreviva por mais alguns anos e quem sabe vire site!



PARABÉNS PELOS TRÊS ANOS DE EXISTÊNCIA!!!

"Idéias são à prova de bala"

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Paulo Freire VIVE!!!

Em 02 de maio de 1997, falecia em São Paulo, de complicações em operação de desobstrução das artérias, um dos maiores educadores do século XX: PAULO FREIRE!



Esse grande educador, modifica visões de mundo a partir de suas obras. Pelo menos é assim comigo. Eu me identifico tanto com meu xará que ele, na maioria das vezes, me contempla com suas palavras de tal maneira que me sinto intimamente ligada a ele e suas ideias educacionais, políticas e autônomas.



Não por coincidência, estou lendo um livro dele intitulado "Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar", que logo no início, argumenta a favor da greve e da sua importância educativa como exemplo de luta aos educandos. Paulo Freire é sempre uma boa leitura, uma leitura produtiva e revolucionária. Mais do que uma leitura de mundo e de palavra, ele é uma reflexão necessária em direção à transformação.


14 ANOS DEPOIS, PAULO FREIRE VIVE!!!

II Jornada do Conhecimento Contábil



Inscrições : UNEB - Campus IX

Público Alvo: Estudantes do Curso de Ciências Contábeis, Profissionais da Área e Interessados no tema.

Estudantes: R$20,00
Profissional Contábil: R$30,00
Outras Categorias: R$30,00

Obs: Jornada reconhecida como atividade complementar com carga horária de 15 horas.

Maiores Informações:
Colegiado de Ciências Contábeis – 3611-3950/ramal 213
Camilla: 8124-4953
Maíra: 9973-0519


PROGRAMAÇÃO:

DIA 04/05/2011
18:00 h - Credenciamento
19:30 h - Solenidade de Abertura
20:15 h - Palestra Magna - O Poder dos seus sonhos - Projeto de Vida x Finanças Pessoais.
Palestrante: Contadora e Prof. MSc. Yone Aparecida - UFBA/CRC - BA.
22:00 h Coquetel e Rede de Relacionamentos.


DIA 05/05/2011
19:00 h - As Novas Normas de Auditoria Pública.
Palestrante: Inaldo da Paixão Santos Araújo - TCE/UNEB.
Intervalo
20:30 h - Exame de Suficiência: O novo desafio para os estudantes de Ciências Contábeis.
Palestrante: Contadora Inacilma Rita Andrade - CRC-BA/UFBA.


DIA 06/05/11
19:00 h - O Tema é Aprendendo a reaprender ser Contador e fazer Contabilidade.
Palestrante: Célia Sacramento - Conselheira CRC - BA.
Intervalo
20:30 h - As perspectivas da Contabilidade Internacional e Digital no Brasil.
Palestrante: Fábio Linhares - FAAHF