Por Paula Vielmo
No velho oeste, conflitos de terra diante do discurso fajuto de desenvolvimento atrelado ao grande agronegócio é o que não falta. Apesar de termos um povo passivo, ainda existe quem luta por estas bandas, e resiste com ameaças e morte e até mesmo após assassinatos.
Nesta manhã da terça-feira, 07, começou às 10h00 e terminou após às 16h00, a AUDIÊNCIA PÚBLICA da COMISSÃO NACIONAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA NO CAMPO, presidida pelo Ouvidor Agrário Nacional, Desembargador Gercino José da Silva, nas dependências da Câmara Municipal, fato este que impossibilitou a realização da sessão desta tarde (isso porque tem muitos projetos para serem votados e até parece que nossos vereadores e vereadoras trabalham muito).
Havia grande presença de trabalhadores/as rurais, além das presenças de representantes do INCRA-BA e do CDA - Coordenação de Desenvolvimento Agrário da Bahia. Na audiência, gostei muito da postura e falas coerentes do Procurador Juridico do CDA, Estácio Dourado, que discursou em defesa, na minha avaliação, beneficiando os posseiros.
A audiência, apesar de longa, foi muito interessante e pela primeira vez realmente me senti numa AUDIENCIA PÚBLICA e não numa palestra como são as realizadas aqui em Barreiras.
No entanto, fiquei indignada com a postura do Ouvidor Agrário, Desembargador Gercino, que várias vezes podou a maneira simples dos trabalhadores se manifestarem, acusando preocupação com o tempo, algo que não foi cobrado em relação aos longos e repetitivos discursos proferidos pelos "representantes das fazendas". Isso me deixou bastante indignada durante vários momentos da audiência.
Eram tantos conflitos, que quando chegou no ponto da audência que mais se aproxima de nós que residimos e lutamos em Barreiras (item 3. Conflito agrário e situação da segurança pública nas Fazendas “Salgado”, “Campo Largo” e outras, municípios de Cotegipe, Santa Rita de Cássia e Mansidão), o tempo estava se esgotando.
Nesse momento, o ouvidor-desembargador foi tão esnobe e insensivel com o sentimento alheio, que apenas preocupou-se em ouvir resumidamente e sem os detalhes que um senhor insistia em contar. Ele queria saber o resultado, o que este senhor queria.
Fiquei bestificada com a cena, com as falas daquele senhor, alta autoridade nacional, desrespeitando trabalhadores, ou nas palavras de um deles "os pequenos". Esse mesmo ouvidor-desembargador, não se encomodou com as falas repetitivas e prolixas do representante da fazenda "Boqueirão", em Barra.
Por fim, refleti e lamentei que a audiência não tivesse sido amplamente divulgada nas rádios, tvs, escolas, universidades, enfim, para a sociedade, haja vista a gravidade dos problemas que estão acontecendo, incusive envolvendo homicidios.
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