sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

5 mecanismos de alienação mais eficientes




Por Igor Albuquerque
Blog Raposa na toca


O controle social é entendido como a participação da população em uma administração política. Podemos pensar no sentido contrário do termo: o controle que um sistema exerce sobre a sociedade.

No capitalismo, esse sistema é composto por governo e empresas. A prática de manipular e obter controle social está relacionada à dominação, que é um dos desejos mais antigos de nossa cultura, havendo tentativas em todos os períodos históricos.

A separação por classes e a elitização estiveram presentes em todos os sistemas políticos e sociais desde a pré-história, quando o considerado mais apto liderava seu grupo.

De acordo com o pensamento capitalista vigente, os mais aptos são os que possuem maior poder aquisitivo e capacidade de barganha. Os ricos facilmente se colocaram na elite e criaram um sistema para que essa condição não seja ameaçada.

A democracia, hoje um processo de escolha de representantes pré-selecionados por um partido para atender interesses, se desenvolveu e formou um mecanismo de leis e esquemas para que os cidadãos do poder integrem um grupo elitizado, que obtém todos os tipos de privilégios.

O cidadão que vota em seu representante espera que ele seja justo e atenda os interesses da população. Ao descobrir que a situação não correspondeu aos anseios e que, além disso, o político se tornou adepto de esquemas que só favorecem seu seleto grupo, o eleitor fica indignado, o que pode se tornar perigoso.

Uma das principais ferramentas para a manutenção desses mecanismos elitistas é a manipulação social, que aliena o povo e os torna ignorantes em relação ao que acontece nos bastidores e sobre como reivindicar seus direitos.

Dentre muitos existentes, podemos observar que os mecanismos de alienação mais eficientes hoje em dia são:


1) ESCOLARIZAÇÃO

Através do sistema de ensino e dos livros didáticos, sempre escritos por quem domina, as crianças e jovens são moldados de acordo com os interesses do governo.

Quem trabalha no setor público sabe que, no ensino fundamental, o esforço do sistema é voltado para tentar ensinar a ler, escrever e calcular. O ensino médio acaba passando em branco, pois, além do ensino defasado, o aluno não cria, não produz e não aprende nada que o ajude em sua vida pós-escolar.

Se no sistema público o objetivo é tolher as capacidades criativas e críticas dos futuros cidadãos, no particular o processo é pautado sobre os ideais elitistas expostos nos livros didáticos. Isso faz com que a próxima geração da classe média seja condicionada ao modelo pré-determinado e se torne escrava do sistema.


2) MÍDIA

Todos os meios de comunicação são sustentados por corporações e empresas que acabam influenciando os veículos. A propaganda, cada vez mais criminosa, é a forma que o anunciante tem para divulgar seu produto e persuadir os consumidores.

Tudo o que é exposto na mídia tem uma função específica, geralmente com objetivo de manipular ou alienar. Um exemplo é a programação de domingo da TV aberta, onde só existe entretenimento do pior tipo com o objetivo de alienar.

As notícias exibidas em TVs, jornais e revistas geralmente são tendenciosas e atendem aos interesses de alguma entidade política ou empresarial. Será mera coincidência um escândalo de mensalão em ano pré-eleitoral, sendo que a maioria dos políticos é adepta das mesmas práticas corruptas? E as tentativas da Rede Globo de publicar notícias internacionais, sempre atendendo e defendendo os interesses norte-americanos?


3) DROGAS

Existem dois tipos de droga: lícitas e ilícitas. A cerveja e o cigarro, classificadas como lícitas, são as drogas mais consumidas no mundo. Viciam, criam hábitos violentos nos usuários e matam milhões ao ano.

Se é fato que as elas viciam e causam tantos efeitos colaterais quanto as drogas ilícitas, as políticas atuais não deveriam ser modificadas? Sim, porém o uso dessas drogas servem a dois interesses: os cofres públicos dependem dos impostos arrecadados das empresas fabricantes; enquanto a população se droga e se vicia, não volta a atenção para entender e resolver os problemas políticos e sociais que a rodeiam.

O mesmo ocorre com as drogas ilícitas, que tem efeitos mais devastadores, mas não deixam de atender os mesmos tipos de interesses elitistas.


4) DIVERSÃO

Cada vez mais é preocupante a atitude da população quando se trata de diversão. Seja entre os pré-adolescente ou adultos, qualquer momento é propício para festejar, comemorar, sair e se divertir.

Quando o final de semana está próximo, ninguém pensa em ir para casa ficar com a família, produzir algo relevante ou estudar. Existe um desespero social, disseminado através dos mecanismos alienantes, que conduz a população diretamente às drogas e ao entretenimento.

Logicamente todos necessitam de distração e divertimento às vezes, mas o que se vê é algo que vai além das necessidades físicas, psicológicas ou sociais. Hoje, finais de semana são dedicados à festas e drogas. Dessa forma, ninguém se preocupa em mudar o sistema horrível no qual vivemos.

Como explicação, não é difícil escutar os jargões disseminados pela mídia: "eu quero é ser feliz", "também sou filho de Deus", "vou aproveitar enquanto sou jovem". Ser feliz? Aproveitar? Acho que esse tipo de pensamento está mais ligado a uma atitude de fuga do que a realidade em si, que está cada vez mais difícil de mudar.


5) ESPORTES

Com status de religião, sem dúvidas o futebol brasileiros é a maior ferramenta desse sistema controlador. Os patrocinadores dessa modalidade fazem questão de destacar quando são os "oficiais da seleção brasileira de futebol". Pessoas conscientes acham graça de uma propaganda assim. Essas empresas se aproveitam da ignorância e alienação popular para vender produtos vinculando-os à seleção. O que tem a ver? Patrocinar futebol é atestado de qualidade ou honestidade? Só se for no Brasil.

Domingo passado vimos o país parar para os jogos que consagraram a maior torcida e causaram tanta confusão, violência e covardia nos estádios. O que você, enquanto cidadão, ganhou com tudo isso?

Nos dias seguinte ao campeonato do flamengo, era incrível os discursos dos senadores e deputados nas tribunas de brasília, que insistiam em dar parabéns aos times e ficar comentando as atuações desse ou daquele jogador. Todos tinham um comentário a fazer. Tantos problemas sérios e nada é feito. Me impressiona a frieza desse sistema e seus fantoches frente aos problemas reais.



Concordo plenamente com o texto e com os elementos de alienação, por isso reproduzi integralmente. Assino embaixo: Paula Vielmo

Um comentário:

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