domingo, 11 de abril de 2010

A UFBA em transe

A UFBA em transe

Eleições na Universidade Federal da Bahia

Luis Paulo Vieira Braga

Eleições para Reitor são rotina na universidades federais, mas as eleições este ano e, em particular, as eleições na Universidade Federal da Bahia no início de maio, mais precisamente nos dias 4 e 5, têm um significado especial. O atual Reitor, prof. Naomar de Almeida Filho é o pai da Universidade Nova, um projeto de reforma universitária que se não foi plenamente adotado pelo Ministério da Educação, inspirou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e muitos de seus programas como o REUNI, os bacharelados interdisciplinares (BI), entre outros. A expectativa era de que uma chapa única seria praticamente eleita por aclamação. No entanto, os caminhos da academia são inescrutáveis, e ao invés de uma chapa única surgiram três chapas, das quais somente uma assume integralmente a missão de levar adiante as metas do REUNI. Na TV UFBA há uma apresentação dos postulantes ao cargo máximo da universidade, mas é em um bem humorado blog, aonde o professor Menandro Ramos se vê em apuros com um irreverente Saci Pererê, que os leitores podem encontrar numa instigante prosa detalhes sobre a disputa.

Paira sobre as eleições diretas para Reitor nas universidades estatais a ambigüidade do regime de autonomia ora vigente. Apesar do resultado das urnas apontar para um nome, é necessário preparar uma lista tríplice para envio ao Ministro da Educação. Os conselhos universitários das instituições federais procedem então um curioso estratagema político que não fira nem a lei, nem o resultado da votação, tentando formar uma lista na qual os integrantes se comprometam a não aceitar a indicação para Reitor, caso o Ministro decida preterir o nome preferido na votação. Um caso histórico do que pode acontecer quando esse acordo é rompido, ocorreu na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1998 quando o então Ministro Paulo Renato decidiu nomear o professor José Henrique Vilhena reitor da Universidade, apesar de não ter sido o primeiro na preferência do colégio eleitoral. Foram quatro anos de conflitos sérios ao longo dos quais a universidade saiu bastante prejudicada. Evidentemente em eleições com um só candidato esse risco é praticamente nulo, embora o desinteresse do eleitorado possa colocar em risco a representatividade da consulta, como quase foi o caso da reeleição do atual reitor da UFRJ que para garantir o quorum teve que proceder a um mutirão para garantir votos suficientes.

Terra em transe é o título de um filme mundialmente conhecido de Glauber Rocha, cineasta baiano de Vitória da Conquista, que trata dos meandros da disputa pelo poder em um país imaginário – República de Eldorado. Oxalá os argumentos prevaleçam sobre a força nesse desafio que a comunidade universitária baiana ora empreende.

Retirado do site Observatório da Universidade


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