Por Paula Vielmo
Professora-recreadora
No dia 28 de abril, Dia Nacional da Educação, não tenho dúvidas que aconteceu um fato histórico em Barreiras: a educação foi às ruas reivindicar! Finalmente, decidiu agir como combatente corajosa e deixou de ser enganada pelas conversas de gabinete, mesmo sabendo que ainda existe uma comissão dialogando com a Prefeita e alguns secretários/as do governo.
A manifestação só não foi melhor na minha opinião, porque até hoje, nenhuma superou as promovidas por estudantes - agitados e rebeldes quase que por natureza - , porém foi muito boa.
Um grupo considerável de trabalhadors/as em educação, majoritariamente professoras/es, saíram da Praça São João Batista percorrendo o centro da cidade, passando pela BR em direção à Câmara Municipal. Na passeata, compareceram também professores/as e estudantes da UNEB, que paralisou na mesma data juntamente com as outras três universidades estaduais da Bahia. Apesar de eu ter escrito neste blog que haveriam pessoas da UFBA, não havia ninguém durante o trajeto, pois o pessoal estava envolvido com o debate com os três candidatos/as a reitor da Universidade.
No trajeto - longo - houveram falas explicativas sobre o ato e reflexões sobre a nossa educação. Está um verdadeiro e real caos! São trabalhadores/as sem receber, merenda de má qualidade e insuficiente, transporte escolar instável, prédios sem a mínima estrutura: caindo, com espaço físico inadequado para escolas, a exemplo das casas alugadas, falta de material pedagógico, material de limpeza, enfim, "faltas" é o que não falta.
Na foto acima, a pequena e guerreira Eduarda, na luta desde cedo (ela pegou o cartaz por vontade própria)
Parada: Câmara Municipal de Barreiras
Na Câmara Municipal, houve entrega em cada gabinete aberto - o do vereador Tito (PSDB) estava fechado - do Plano de Cargos e Salários do Magistério reformulado pela categoria em assembléia geral realizada em 16 de março deste ano no ABCD, a ser futuramente votado e trasformado em lei.
Lá, o microfone foi cedido a presidente da Câmara, vereadora Kelly Magalhães (PCdoB) que ao lado do membro da comissão de educação, Bispo Daniel (PR), fez uma infeliz fala e foi respondida com calorosas vais. Naquele momento, aconteceu algo espontâneo por parte dos/as manifestantes, que expressaram através de um som pouco agradável para quem ouviu, mas maravilhoso para quem emitiu, que não se pode enganar todo o povo o tempo todo.
Parada: Prefeitura Municipal de Barreiras
Na parada ocorrida na prefeitura, adentramos aquele espaço público, concluindo as atividades da manhã, debaixo de um sol super quente, mas com disposição incrível.
Lá, novamente foi protocolado o Plano de Cargos e Salários do Magistério reformulado pela categoria, no gabinete da prefeita que estava , para variar, viajando, e cedido o microfone, generosamente, à vice-prefeita que não falou absolutamente nada de produtivo e manteve-se no discurso vazio que sempre expõe, dessa vez tirando o corpo fora do descaso com a educação, apenas porque rompeu politicamente com a prefeita Jusmari.
Em seguida, foi a vez da secretária de educação falar que apoiava o movimento, e ser imprenssada em relação à falta de professores/as substitutos para quem está fazendo cursos na Plataforma Freire. Incrivelmente, a secretária Maria do Carmo disse que estão "fazendo levantamente de quem está fazendo os cursos". Como assim? Despois de mais de três módulos, depois do final da primeira unidade, a Secretaria de Educação ainda não tem o controle de quem está fazendo os cursos, sendo que é a própria secretaria quem valida as inscrições? Haja desculpas esfarrapadas...
Discussão no Centro Cultural
No início da tarde, seguindo a programação da paralisação mobilizadora, fomos para o Centro Cultural. No entanto, pasmem: o local estava fechado, ninguém localizava a chave e quase uma hora depois (por volta das 15h) as portas foram abertas e o professorado se reuniu. Discutiu-se sobre representação docente no Conselho do FUNDEB, a lei do piso e a lei do FUNDEB. Decidiram não ir para a sessão da Câmara como combinado porque haviam armado um circo por lá e ficaram estudando. No entanto, mesmo sabendo da importância daquele espaço coletivo de encontro e estudo, segui com mais algumas colegas até o circo armado na Câmara...
A sessão-circo na Câmara
Chegamos na Câmara por volta das 16:30h, os trabalhos já haviam iniciado e tudo que haviam passado ao professorado era verdade: o plenário estava lotado de funcionários da prefeitura e sem cadeiras para que as/os professoras/os pudessem sentar. A secretária de Educação usaria a tribuna popular e os olhares de intimidação estavam por todos os lados.
Durante a sessão, soubemos que aquelas pessoas que lá estavam, lotando a sessão e fazendo o inverso do que acontece - sempre estão vazias - foram mandadas a estar lá por seus "superiores", sem sequer saber para quê. Haviam funcionários uniformizados e muitos/as guardas municipais, além de cargos de chefia. O problema é que o pessoal mandado não aguentou a lenga-lenga muito tempo e começou a sair.
No entanto, nós ficamos lá, firme e fortes, como espectadoras daquele espetáculo ridículo, mesmo sendo incitadas a reagir e sabendo que aguardavam alguma ação por nossa parte. Como se diz em Barreiras: "ficaram na godela!", pois mesmo armadas, não fizemos nada esperado.
No entanto, é preciso registrar que os vereadores insultaram a categoria de professoras/es, apenas porque estavam majoritariamente ausentes. De fato, eles não tem coragem para dizer aquelas coisas absurdas cara a cara. E quem ouviu a secretária de Educação falando em frente a prefeitura e quem a ouviu na Câmara não diz que foi a mesma pessoa, tamanha a velentia na parte da tarde, inclusive em ofender o movimento chamando de "denúncias levianas". Além de que tentaram deslegitimar o movimento chamando-o de eleitoreiro.
É preciso registrar também a triste capacidade de nossos representantes de sair da mesmice e das desculpas de que isso não é resultado desse (des) governo, mas dos anteriores. Até quando será desculpa para a incompetência administrativa? Até quando o passado será justificativa para o presente e barreira para o futuro? Apesar da "renovação" da Câmara, nada mudou! As ações e reações continuam idênticas aos hipócritas e demagogos de antes, apenas com gravatas e discursos levemente renovados.
E ao contrário do que os vereadores/as anunciaram na tentativa de enfraquecer o movimento, dia 28 de abril não foi dia de paralisação nacional. Foi paralisação em Barreiras! E ao contrário das mentiras escritas no site da prefeitura, ninguém foi "liberado", nós nos liberamos para dar exemplo de luta às nossas crianças e ao povo de Barreiras.
Boa tarde, visitem:
ResponderExcluirwww.politicaetcetal.blogspot.com
depois que eu vi esses profs, não tenho mais esperança na educação de barreiras
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