domingo, 18 de abril de 2010

Saúde homofóbica e incapaz

Por Paula Vielmo


Na sexta-feira (16), juntamente com minha irmã fui no Posto 24 horas tomar a vacina H1N1, pois o prazo para a nossa faixa etária (20 aos 29 anos) vai até o dia 23 de abril.

Quando chegamos, a fila estava muito grande e se estendia até a porta de entrada, onde ficamos por um tempo, pegando o sol do final da tarde. Haviam por lá muitas/os jovens e mães e pais com crianças pequenas. Ficamos cerca de 40 minutos na fila até sermos atendidas.

Seria algo que passaria desatendo, caso não tivessem ocorrido dois fatos: uma funcionária - que não sei se era enfermeira ou técnica em enfermagem ou só uma cabo eleitoral com um emprego na área pública - repetidamente fazendo comentários homofóbicos em relação a um paciente que aguardava para ser atendido e a brutalidade da pessoa - enfermeira - que aplicou-nos a vacina. Pois bem, como diz "Jack", vamos por partes!


Homofobia no Posto 24 horas


Um paciente ligeiramente escandaloso, falava e ameaçava querer chorar de medo de algum procedimento a ser realizado. No entanto, a funcionária que o acompanhou, num tom de deboche e visivel desrespeito, gritava em alto e bom som, olhando para a enorme fila a sua frente "de outras coisas você não teve medo", "do que você devia ter medo não tem". E disse isso tantas e tantas vezes repetidamente, expondo o paciente e ridicularizando-o. Ela parecia íntima dele, pois não parece possível que alguém faça aquilo, no entanto, nada, absolutamente nada, justifica a postura homofóbica daquela sevidora pública, que infelizmente não estava identificada.

"Homofobia é o medo, a aversão ou o ódio irracional aos homossexuais, àqueles que têm atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo sexo. É a causa principal da discriminação e violência contra gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais e transgêneros – GLTB.(...)"


A pseudoenfermeira

Não bastasse as cenas deprimentes e revoltantes relatadas acima, adentrando a sala estreita e apertada da sala de vacinação com mais quatro pessoas, nos deparamos com duas atendentes - que imagino serem enfermeiras. Uma delas, sentada à mesa, recebia os cartões de vacinação e orientava a outra sobre a vacina a ser aplicada. A primeira pessoa vacinada foi minha irmã Luana, seguida por mim.

Posso dizer com propriedade sobre a ação - daquela "carniceira" antipática, grosseira e bruta - sobre meu braço e de como ela enfiou a agulha sem dó nem piedade, causando uma pequena dor ao introduzi-la no meu braço esquerdo. Não doeu depois, apenas no momento da injeção. No entanto, o braço de minha irmã ficou doendo e estranhamente saiu bastante sangue do local vacinado. Estranho, pois a agulha fina não parecia ser possível de causar tal sangramento.

A pessoa que nos vacinou, não tinha nenhum jeito de que estava tratando de pessoas, que podem ou não ter algum medo ou receio da injeção; ela, deveria tratar a todas/os com respeito e cortesia; com humanidade e com cuidado, pois está tratando da saúde. Saí de lá indignada com a mulher, que para mim deveria estar lidando com cadáverers que nada mais sentem.

Comentei esse fato com um amigo enfermeiro e ele disse que o sangramento pode ter sido resultado da posição errada de introduzir a agulha, algo que nem todas/os enfermeiras/os dão atenção, mas que faz diferença para sentir ou não dor. Não serei leviana de dizer que foi isso, mas está levantada a hipótese de que pode ter diso isso.


Saí do posto de saúde horrorizada com as situações vistas, ouvidas e presenciadas. Todos meus sentidos foram envolvidos naquele ambiente que não tem absolutamente nada de acolhedor e que mais parece um matadouro, pois foi o que me pareceu: que éramos bois/vacas indo ao abate.

2 comentários:

  1. Paula, esse fato é um dos tantos que ocorrem diariamente naquele posto de "saúde" e em outros tantos orgãos públicos, e quase ninguém, faz nada. É um descaso. Lá tem pessoas que precisam se vacinar contra a raiva e se "vacinar" contra outros tantos males. A homofobia é uma realidade que precisa ser denunciada mesmo, considerando que independentemente dos desejos sexuais, toda pessoa merece respeito. Enfim, essa pessoa(vítima) poderia entrar com uma ação judicial, alegando uma série de coisas: prática homofóbica por parte da "servidora", constragimento e outros.
    Aproveito a oportunidade para lhe dizer que gosto muito dos seus textos.

    Abraços cordiais !!!

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  2. Reclamar quem???
    Estes funcionários não usam identificação funcional. Deveria ser obrigatório o uso de crachá de identificação por todos os servidores públicos. Já notei que até os guardas municipais quem seguem uma disciplina militar são ausentes neste quesito.

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