quinta-feira, 24 de junho de 2010

Futebol e formação política: é possível?


Treinador se inspira em Eduardo Galeano & cia.



Jamil Chade, de Johannesburgo - O Estado de S.Paulo


Em campo, talento e entrosamento no ataque. Fora, um ideário de combate contra a submissão. Diego Maradona trouxe para dentro da concentração da Argentina livros de autores como o uruguaio Eduardo Galeano para inspirar seus jogadores e, em várias ocasiões, usa frases e exemplos da vida de Ernesto Che Guevara para criar um espírito de luta no grupo.

Antes de fazer as malas, Maradona pediu que a comissão técnica preparasse uma pequena biblioteca para a Copa e distribuiu livros aos jogadores na concentração. Nela, incluiu obras de Galeano sobre Che, livros do espanhol Fernando Savater e do também uruguaio Pablo Vierci, além da biografia do compositor Atahualpa Yupanqui.

O uruguaio Galeano, que tem entre suas obras um livro sobre futebol e denunciou a exploração na América Latina, elogiou os jogadores argentinos. "O melhor livro de futebol é o que os jogadores escrevem com os pés", declarou Galeano ao Estado, de Montevidéu, por e-mail.

Ele diz que não nasceu com o pé certo para a bola. "Não tive mais remédio que escrever o futebol com a mão", disse. "Não sei se meu consolo íntimo poderá servir de algo para os jogadores de verdade. Só peço que leiam como uma homenagem aos que jogando sentem alegria e a oferecem." Para ele, Messi é o melhor do mundo. "Ele joga como um molequinho."

Antes de deixar a Argentina em direção à África do Sul, o polêmico técnico já havia declarado que a seleção iria para a Copa com "Maradona, Messi e Che Guevara, que também é argentino". Na concentração, escolheu uma série de frases do revolucionário para motivar o grupo.

Ontem, no estádio Soccer City, bandeiras traziam as imagens juntas de Maradona e Che Guevara. Por mais que a Fifa tente deixar a política de fora do futebol, no mundo de Maradona isso é praticamente impossível. Nesta semana, o técnico e Messi fizeram uma pausa nos treinos para receber as avós da Plaza de Mayo, grupo que por anos protestou contra a ditadura argentina.

Um comentário:

Obrigada pelo seu comentário!!! Volte sempre :)