sábado, 28 de fevereiro de 2009

Professores podem entrar em greve nacional por pagamento de piso




O piso nacional é uma reivindicação histórica dos professores A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) está organizando com os professores de todo o Brasil, uma greve nacional para que o novo piso nacional dos professores seja realmente implantado. Segundo o presidente da entidade, Roberto Franklin Leão, a paralisação pode ocorrer entre abril e maio deste ano. O piso foi aprovado pelo Congresso Nacional e já deveria estar em vigor deste o dia primeiro de janeiro deste ano. Os professores de todo o país deveriam receber o mínimo de R$ 950.

O pagamento do piso está sendo ignorado pela maioria dos municípios e estados e encontra maior resistência principalmente em Rondônia, Rio Grande do Sul, Tocantins e Goiás. Roberto Franklin afirma que os estados resistem alegando que o piso acarretaria um custo adicional nos orçamentos.

“A lei foi discutida amplamente pelo Congresso Nacional, foi aprovada pelas duas casas, e por todos os partidos. Então não há nada de inconstitucional ou agressão a pacto federativo. E todos os estudos provam que é possível os estados e municípios pagarem o valor do piso, inclusive com a jornada ali proposta que é de 40 horas/aula por semana.”

O piso nacional é uma reivindicação histórica da CNTE, que o considera um instrumento de valorização profissional e de correção de distorções salariais entre os educadores de todo o país.

De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.
27/02/09

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carnaval 2009


Das manifestações culturais do Brasil, nenhuma consegue movimentar esse imenso país como o carnaval. Em diferentes formas, o carnaval se manifesta como uma festa popular que envolve todas as classes sociais. Logicamente, de lados distintos: uns dentro das cordas e outros de fora; uns em camarotes, outros nas ruas.

No entanto, o carnaval de 2009 foi para mim, no mínimo diferente, simplesmente pelo fato de que eu estive na avenida todos os cinco dias, até de manhã. Quem me conhece, sabe que não frequento tais espaços (não gosto de multidões, tampouco do estilo musical), mas este ano eu estava lá. E se me perguntarem como foi o carnaval, direi: "foi muito bom!". Esta, aliás, será a resposta de muitas pessoas que passaram pela avenida. Mas a minha resposta vem com uma análise minuciosa e crítica do evento. E com uma grande preocupação.

Observando as movimentações carnavalescas tinha a impressão marcante de que é, realmente, uma versão contemporânea do "pão e circo" romano. Diversão para o povo, cinco dias de festa para esquecer dos problemas, das promessas de campanha. Mas cinco dias que não deixaram esquecer a ausência de saneamento básico, com os esgotos "embelezando" e "perfumando" a avenida principal, em meio às cabines de alimentação com adesivos da vigilância sanitária afixados, os quais me perguntei se teriam realmente passado por ali, por aquela total falta de higiene. Ainda, observei o quanto é deprimente a cultura oferecida ao povo, com músicas e danças alienantes e vazias. "É disso que o povo gosta!" dizem. E eu indago: oferecem ao povo algo além disso?

De todo este carnaval, o que gostei mesmo foi do palco alternativo na Praça 24h, com rock e reggae; as marchinhas e as companhias - uma em especial. No última dia de carnaval, o palco alternativo, apenas com shows de rock, juntou (sem motivos) cerca de 15 policiais no local, numa demonstração explícita por parte do aparelho de repressão do Estado, do quão são preconceituosos com esse estilo musical.

É também inegável a presença dos/as amigos, que são realmente anjos que nos elevam, até mesmo de espaços como o carnaval, porque em meio àquele barulho infernal, eu me sentia totalmente deslocada e mesmo assim permanecia. Particularmente a compamiga Rosezinha, que esteve junto todos os dias!

O palco alternativo, foi uma ousadia, mas creio que mais do que isso, uma "tacada de mestre". Isso porque, independente do espaço: alternativo, avenida, marchinhas, gospel, absolutamente todos, agradeciam à prefeita. Será que alguém agradeceu por ela investir nosso dinheiro ali? Falavam como se fosse um favor, quando não o é!

Após o carnaval, na quarta-feira de cinzas: um "culto/show evangélico" na mesma avenida onde dias antes aconteceu a chamada "festa da carne". Espaço lotado, famílias e crianças. Cantor famoso (Chris Durán) e um "show" com os/as pastores/as, alguns/algumas filiados/as ao mesmo partido da prefeita. E muitos agradecimento ao dinheiro do povo, certo? Não...à prefeita.

E assim, em clima de festa, a vida volta a rotina. Agora, todos/as com o ânimo recomposto.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Semana pedagógica 2009

Entre os dias 16 e 20 de fevereiro, aconteceu a Semana Pedagógica 2009 do município de Barreiras, com o tema/lema “É tempo de aprender”.


Os dois primeiros dias aconteceram na casa de espetáculos “Magnum”. Na abertura, com um atraso de absurdas 2 horas por causa da prefeita, discursos de “representantes” locais para um público específico, a categoria docente. Discursos que, para mim, não conseguiram transmitir verdade.


Chamou atenção na fala de abertura, a comoção que a prefeita municipal ainda consegue imprimir a um publico que deveria ter um senso critico mais elevado, já que educam, ensinam e cuidam de pessoas.


Para mim, novata nesse processo - pois comecei a trabalhar como concursada este ano -, participei atentamente e algumas palestras foram bastante proveitosas. Ainda, revi amigos/as e analisei cuidadosamente a conjuntura daquele espaço de “formação”.


Após uma palestra de abertura extremamente vazia e superficial, não participei da atividade vespertina do primeiro dia, pois coincidiu com outra demanda. Já no dia seguinte, foi bem produtivo o espaço, tanto com a palestra minuciosamente detalhada em relação a conceitos relacionados à transtornos globais do desenvolvimento (TGD), ministrada pela Profª. Alessandra Teixeira, como do renomado Profº Celso Vasconcelos, que trouxe conteúdo político claro, simples e reflexivo para nós que estávamos na Magnum. Lamentavelmente, não estavam preenchidas nem metade das cadeiras ocupadas na abertura do evento, e as palmas não foram tão entusiasmadas como para a prefeita municipal. Estranho, não é? No mínimo, preocupante.


Nos três dias seguintes, planejamento nas escolas, e eu estava lá, firme e forte com o grupo de professoras da Escola Municipal Alcyvando Liguori da Luz I. Foram dias para conhecer a estrutura pedagógica e administrativa da escola e iniciar o planejamento para cada turma/disciplina deste ano de 2009.


Gostei muito do grupo de professoras da escola e do corpo técnico. É para a minha vivência, uma escola grande, com quase 500 crianças e uma grande quantidade de turmas para trabalhar com recreação. Mas empolgação, ânimo e responsabilidade não faltam. Que venha o trabalho e a luta!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti

Marina Colasanti (1938) nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Colabora, também, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant´Anna.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Alguns capítulos à parte sobre o FSM

Antes deste texto, escrevi algo geral sobre a incrível participação no Fórum Social Mundial em Belém, neste ano de 2009. Como ficaria imenso escrever tudo o que aconteceu e que achei interessante, algumas coisas vivaram, o que estou chamando de, "capítulos à parte" do relato geral, pela importância que representam, e seguem abaixo em 5 capítulos:


CAPÍTULO 1 - Frase humana: SALVE A AMAZÔNIA

No dia da abertura do FSM, pela manhã, Rose e eu nos deparamos com uma caminhada indígena, com muitos/as índios/as, pela rua princiapal do AIJ, convocando, através de uma bicicleta com um som e microfone e o auxilio de tradutores, para uma manifestação em defesa da amazônia, onde escreveria-se a frase "SALVE A AMAZÔNIA" com pessoas, no campo de futebol da UFRA. Seguimos a caminhada e fomos para o campo de futebol, debaixo de um sol escaldante, e ficamos lá por cerca de 20min na formação da frase para que a foto aérea fosse tirada . Ao lado, não é possível nos ver, mas estávamos naquela região circulada de vermelho. Foi realmente fabuloso e somente depois de ver a foto pela internet tivemos noção do quão bela e interessante ficou!


CAPÍTULO 2 - Encontrando com Heloísa Helena

Num evento deste porte e importância mundial, o PSOL organizou algumas atividades através da sua Fundação Lauro Campos. Na primeira estava programada a participação da nossa brava lutadora Heloísa Helena, no entanto, na marcha de abertura, é indescritível a sensação de ter visto de perto a admirável HH, de perceber como ela é realmente simpática e simples, e ainda, de ter recebido um beijo, abraço e tirado uma foto com ela. Ações estas que não foram simples, pois de tanta emoção, eu literalmente fiquei "envergonhada" de chegar na cara-de-pau e pedir para tirar uma foto com ela (na verdade nem dava pra pedir nada, tal era o tumulto envolta de Heloísa). Porém, depois de muito incentivo da compamiga Rose e de uma oportunidade propícia, finalmente tornou-se realidade tirar a tal foto. Ainda, ouví-la falar com tamanha crença na luta pelo socialismo e de maneira muito popular, tocando nossas mentes e corações. Apenas teria sido melhor se tivesse tempo de conversar com ela, mas não foi possível...


CAPÍTULO 3 - Experimentando Tacacá

Também na marcha de abertura, com milhares de pessoas e um trajeto enorme de mais de 5 horas, Rose e eu experimentamos uma comida típica paraense, que segundo o senhor que nos incentivou a experimentar, seria o "acarejé da Bahia".

O TACACÁ, segundo informações do site oficial da prefeitura de Belém, "é uma comida regional muito diferente, preparada com o tucupi (caldo da mandioca, previamente fervido com alho e chicória), camarões secos graúdos, goma (mingau feito com uma massa fina e branca, resultado da lavagem da mandioca ralada) e jambú (planta considerada afrodisíaca). O tacacá é servido em cuias, acompanhado ou não com molho de pimenta-de-cheiro, e é encontrado geralmente nas esquinas de Belém, em barracas das famosas "tacacazeiras". É um prato originário dos índios. " (www.belem.pa.gov.br). É delicioso!!!


CAPÍTULO 4 - Ar de "maconha"

Durante todo o tempo de permanência no AIJ (Acampamento Intercontinental da Juventude), havia uma coisa que era em grande quantidade: o consumo de maconha. De manhã cedo, após o almoço ou em qualquer horário da noite, sempre havia uma "rodinha de fumantes". Literalmente respirei tal fumaça durante todo os dias, apesar de não ser usuária desta "erva".

Longe de ser apenas uma constatação ou de parecer condenação a quem decide usar tal "erva", é a reflexão de que o tempo direcionado para tal atividade de fumante - quando esta poderia ser revertida e direcionada para pensar sobre o "outro mundo possível" e como torná-lo realidade - é, no mínimo uma perda. A junção de tantas pessoas não pode ficar resumida a uma semana sem tirar ações intervenção concretas sobre a nossa realialidade ou a um espaço de "liberdade" quando a humanidade está presa a algo terrível chamado capitalismo!


CAPÍTULO 5 - Segurança policial

Belém estava um verdadeiro forte, repleto de policiamento por toda a região do FSM. A UFRA, local do AIJ, é região periférica de Belém, e segundo relatos de estudantes da Universidade, os assaltos são frequentes e não existia policiamento nas épocas que antecederam o Fórum. Será que um FSM numa Universidade pública, federal, ao lado de uma favela, não mereceria bem mais atenção de todós nós, pela simples dicotomia que representa?

Além disso, um fato chamou a atenção na marcha de abertura do FSM, quando um batalhão de policiais protegiam, literalmente, uma loja do MCDonald´s no centro de Belém. Diante desse absurdo, algumas pessoas pararam, indignadas, e proferiram inúmeras palavras e frases que traduziam a revolta daquela cena. Mais uma vez a polícia, enquanto aparelho repressor do estado, se colocou a serviço do capital!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Fórum Social Mundial: um outro mundo é possível?

Participar de uma edição do Fórum Social Mundial foi, realmente, um sonho realizado, e depois de duas semana sem atualizar o blog, finalmente escrevo sobre o FSM. A idéia inicial era um relato diário do que aconteceu, mas a diante da dinâmica do FSM, essa organização não foi possível. Então, segue o que me veio a mente...


Eu e a compamiga Rose partimos de Barreiras em direção a Palmas/TO no domingo, 25, 7h00 e chegamos ao nosso destino, Palmas, aproximadamente 17h00. Em seguida, pegamos um coletivo intermunicipal e nos dirigimos ao município de Paraíso, onde pegaríamos o outro ônibus, agora definitivamente para Belém-PA.

Chegamos em Belém na segunda-feira, 26, véspera do Fórum. A cidade, com um trânsito caótico e uma população imensa, de aproximadamente 1,5 milhões de habitantes, não escondia - apesar da bela arquitetura histórica e das "reformas" para receber o FSM - a imensa pobreza de sua população e as condições precárias de vida.

Ficamos alojadas no AIJ - Acampamento Intercontinental da Juventude, na UFRA - Universidade Federal Rural da Amazônia. No momento do credenciamento, na fila, com uma quantidade imensa de pessoas, era emocionante a diversidade de idiomas falados naquele espaço.

Diante das quase 2 mil atividades disponíveis no FSM, Rose e eu selecionamos algumas, praticamente todas relacionadas ao nosso Partido, o PSOL. Era e foi, uma oportunidade de conhecer e fazer contatos com pessoas de todo o país que se organizam e acreditam no mesmo que nós: socialismo.

Na marcha de abertura, sob uma chuva forte, uma estimativa de 80 mil pessoas abriram as atividades do Fórum. Infelizmente eu estava doente e não pude me jogar debaixo daquela chuva deliciosa no coração da Amazônia. No entanto, depois da chuvar diminuir, Rose e eu nos integramos à ala do PSOL dentro da marcha e, entre vários gritos de ordem, andamos lado-a-lado com grandes figuras do PSOL, como Ivan Valente, Babá, Chico Alencar (admiração enorme) e a simpática lutadora Heloísa Helena, sem desmerecer os/as demais camaradas que estavam por lá, na maioria jovens.

Participamos de debates sobre a crise do capitalismo, ouvindo Heloísa e o representante do Partido Anticapitalista da França François Ollivier e, o fabuloso professor de história e militante do PSTU, Valério Arcary, ambos no dia 28/01; as discussões sobre a reorganização da classe trabalhadora diante da crise e a traição da CUT, entre CONLUTAS, INTERSINDICAL e diversos movimentos sociais (29/01); um painel sobre a "Auditoria da dívida na América Latina e a CPI da Dívida no Brasil", uma das melhores atividades, pois esclareceu sobre os recursos que são desviados para o pagamento de uma dívida que nem se sabe se é real, e o exemplo ousado no Equador que auditou a dívida. Expuseram nesse painel: Éric Toussaint (Comitê para a anulação da dívida do terceiro mundo); Ivan Valente (Deputado Federal do PSOL-SP que aprovou a CPI da dívida), Maria Lúcia Fattorelli (Auditoria Cidadã da Dívida), Babá (Executiva Nacional do PSOL) e um ex-deputado equatoriano, Ricardo (não recordo o sobrenome).

Ainda, assistimos os documentários "O resgate da política", realizado por mandados do PSOL, uma análise pertinente da política fora dos espaços representativos e "Viagem a Venezuela", do professor de história carioca Danilo Caruso, que entrevistou a população venezuelana sobre a Revolução Bolivariana e o governo Chaves.

Infelizmente, a programação é extremamente imensa e a vontade de participar de atividades que aconteceram simultaneamente era muito grande. Fora isso, havia um grande problema estrutural de Belém para receber aquele público gigantesco. Era MUITA GENTE mesmo! E para piorar, as atividades que aconteciam na UFPA - Universidade Federal do Pará, tinham péssima sinalização, e sendo o espaço grande, dificultava encontrar as atividades no horário.

No entanto, de todo o sonho de ir para o FSM, algumas coisas ficaram guardadas na minha mente: o AIJ repleto de lixo, o comércio desenfreado, os preços superfaturados dos alimentos e da água mineral que tínhamos que comprar pelo fato da cidade ser MUITO quente; os delíciosos almoços vegetarianos, a sensação de que estava em uma "colônia de férias hippie", como nos filmes norte americanos, e infelizmente, que a grande maioria das pessoas lá não buscarem efetivamente UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL, mas sim, apenas satisfazer suas vontades individuais.

Esse outro mundo possível de maneira alguma pode ser criado partindo de reformas no sistema capitalista. E foi isso que as pessoas por lá e as organizações a que pertencem me remeteram.

Porém, a experiência de participar de um evento desse alcance é incrível. Acordar e dormir uma semana ao som de manifestações é algo fabuloso. Estar ao lado de diversos idiomas e todas as "tribos" tentando se entender por uma causa, supostamente comum, é acreditar na humanidade e lutar por um outro mundo.

Paula Vielmo