sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carnaval 2009


Das manifestações culturais do Brasil, nenhuma consegue movimentar esse imenso país como o carnaval. Em diferentes formas, o carnaval se manifesta como uma festa popular que envolve todas as classes sociais. Logicamente, de lados distintos: uns dentro das cordas e outros de fora; uns em camarotes, outros nas ruas.

No entanto, o carnaval de 2009 foi para mim, no mínimo diferente, simplesmente pelo fato de que eu estive na avenida todos os cinco dias, até de manhã. Quem me conhece, sabe que não frequento tais espaços (não gosto de multidões, tampouco do estilo musical), mas este ano eu estava lá. E se me perguntarem como foi o carnaval, direi: "foi muito bom!". Esta, aliás, será a resposta de muitas pessoas que passaram pela avenida. Mas a minha resposta vem com uma análise minuciosa e crítica do evento. E com uma grande preocupação.

Observando as movimentações carnavalescas tinha a impressão marcante de que é, realmente, uma versão contemporânea do "pão e circo" romano. Diversão para o povo, cinco dias de festa para esquecer dos problemas, das promessas de campanha. Mas cinco dias que não deixaram esquecer a ausência de saneamento básico, com os esgotos "embelezando" e "perfumando" a avenida principal, em meio às cabines de alimentação com adesivos da vigilância sanitária afixados, os quais me perguntei se teriam realmente passado por ali, por aquela total falta de higiene. Ainda, observei o quanto é deprimente a cultura oferecida ao povo, com músicas e danças alienantes e vazias. "É disso que o povo gosta!" dizem. E eu indago: oferecem ao povo algo além disso?

De todo este carnaval, o que gostei mesmo foi do palco alternativo na Praça 24h, com rock e reggae; as marchinhas e as companhias - uma em especial. No última dia de carnaval, o palco alternativo, apenas com shows de rock, juntou (sem motivos) cerca de 15 policiais no local, numa demonstração explícita por parte do aparelho de repressão do Estado, do quão são preconceituosos com esse estilo musical.

É também inegável a presença dos/as amigos, que são realmente anjos que nos elevam, até mesmo de espaços como o carnaval, porque em meio àquele barulho infernal, eu me sentia totalmente deslocada e mesmo assim permanecia. Particularmente a compamiga Rosezinha, que esteve junto todos os dias!

O palco alternativo, foi uma ousadia, mas creio que mais do que isso, uma "tacada de mestre". Isso porque, independente do espaço: alternativo, avenida, marchinhas, gospel, absolutamente todos, agradeciam à prefeita. Será que alguém agradeceu por ela investir nosso dinheiro ali? Falavam como se fosse um favor, quando não o é!

Após o carnaval, na quarta-feira de cinzas: um "culto/show evangélico" na mesma avenida onde dias antes aconteceu a chamada "festa da carne". Espaço lotado, famílias e crianças. Cantor famoso (Chris Durán) e um "show" com os/as pastores/as, alguns/algumas filiados/as ao mesmo partido da prefeita. E muitos agradecimento ao dinheiro do povo, certo? Não...à prefeita.

E assim, em clima de festa, a vida volta a rotina. Agora, todos/as com o ânimo recomposto.


3 comentários:

  1. Paula,
    Belo texto!
    Você conseguiu ser precisa ao definir o que foi esse carnaval: Uma festa romana para agradar a gregos e troianos, sendo a prefeita a perfeita manifestação de Zeus/Júpiter.

    E também devo destacar que nesses 5 dias de festa foi maravilhosa "a presença dos/as amigos, que são realmente anjos que nos elevam", até mesmo quando nos sentimos só em meio àquela multidão.

    Aí, devo me referir especialmente a vc compamiga, a Ivanildo, e particularmente a Raquiles.

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  2. E aí Paula, como foi a parte do rock, quem tocou? Poxa, claro que tinha muita polícia por lá, afinal, são os roqueiros que se disfarçam de pagodeiros pra balear e esfaquear os outros em um show de pagode...
    Bom, eu odeio o carnaval, mas eu amo o feriado! hehe
    Beijos

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  3. Paula,
    Simplismente adorei o texto.
    Não estava aqui no carnaval, mas posso imaginar tudo o que vc disse.
    Realmente o primeiro carnaval da prefeita foi otimo.Mas as pretenções dela, vão mais além, realmente o povo deve tá hiper satisfeito.Primeiro mandato vai ser só flores, quando se reeleger e conseguir eleger seu marido como deputado federal, veremos se a sua administração continuará da forma que anda.Espero que sim!
    Mas o cenario definido, é identico, o povo romano se contentava com pouca coisa e a ignorância dos mesmos, os cegavam e não eram capazes de ver além..Beijos!!Adorei msm o texto!!

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