sexta-feira, 26 de junho de 2009

Morre o "rei do pop": um negro embranquecido


Desde ontem, uma notícia infesta sem parar os meios de comunicação, principalmente televisivos, comumente faz a mídia sensacionalista e vazia. A causa é a morte, ainda misteriosa, do chamado "rei do pop", Michael Jackson.

Segue abaixo um comentário bem interessante que recebi por e-mail, de autoria de Fábio Nogueira, do Circulo Palmarino - RJ (www.circulopalmarino.org.br) e resolvi socializar com os/as queridos/as leitores do meu blog, pois a reflexão é muito pertinente.


"Sei que todos devem estar acompanhando pela mídia os desdobramentos da morte de Michael Jackson. Para nós, negros e negras, a trajetória de Michael Jackson é um momento de profunda reflexão. Sem cair na ignorância daqueles que associam Michael Jackson ao "lixo cultural pop imperialista", todos sabemos das raízes negras da musicalidade de Michael, em especial, do período dos Jackson Five. Também sabemos dos horrores dos abusos sexuais e da violência praticada contra os Jackson, em especial, o mais novo: Michael. Esta reflexão vale pois os efeitos do racismo fizeram com que Maycon desfigurasse o próprio rosto e embranquecesse a própria pele para "deixar de ser negro", "para ser belo": coisa que, de fato, nunca deixou de ser. O sucesso, a riqueza, o mundo das celebridades foram o palco onde menino negro, de origem pobre e violenta, se tornasse um dos principais astros pop de todos os tempos.Envolvido em escândalos e episódios bizarros, Michael definhou como astro e pessoa pública até a morte. No Brasil, tivemos o exemplo similar de Wilson Simonal.

Negros de sucesso e reconhecimento público querem dar vazão as suas fantasias de realização e fama: o resultado disso é um comportamento conservador que reproduz, ao invés de se libertar, do racismo. Obviamente, isso não é uma regra. No entanto, elas devem nos fazer refletir profundamente. Trajetórias de negros conservadores, por mais que queiram e neguem isso, também estão entranhadas do racismo dominante nas sociedades ocidentais.

Para mim, que aos sete anos ouvia Trilher e ensaiava os passos de Moon Walker, nunca ouve dúvidas em relação a condição racial de Michael. Os negros suburbanos do Rio de Janeiro, da década de 80, também não. Infelizmente, Michael optou pelo mundo das celebridades, da fantasia e da loucura e se afastou, na estética e comportamento, de seus irmãos de cor.

O que nós, negros, devemos lutar é para nos libertarmos do olhar branco. Ser protagonista de nossa história, como povo originário das terras africanas, é afirmarmos que somos parte desta humanidade a despeito dos colonizadores de vidas e consciência.

Toda a cultura negra nos pertence e é ela, produzida por nós, um patrimônio da humanidade."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo seu comentário!!! Volte sempre :)