quarta-feira, 27 de maio de 2009

A alienação me cerca...

Estou transbordando de indignação e isso me sufoca. É alienação demais para se suportar, por toda parte, em detalhes mínimos que chocam.

Hoje (27), a chapa única para as eleições locais para a APLB - Sindicato fez campanha na escola. Campanha levemente disfarçada entre as inúmeras informações fornecidas sobre aumento salarial, repasse do FUNDEB, promessas da prefeita em reunião com o "sindicato", plano de saúde: tudo o que as professoras queriam saber e "coincidentemente" o sindicato oficialmente não esclareceu, mas sim a chapa ao passar nas escolas.

Naquele momento, diante da confusão provocada entre o que é SINDICATO e CHAPA PARA SINDICATO, o silêncio. Ninguém, exceto eu percebi, me incomodei e me indignei com aquilo.

Diante de discursos fracos e emotivos, "alienação em nome de Jesus" e uma, digamos, tentativa de monopólio das Wanderley na diretoria do sindicato.

Argumentos: pautados na picuinha e em barracos. Barracos que não aconteceram e que levam tal denominação diante da divergência que não é aceita.

Sinceramente não sei o que fazer, mas a educação, ou melhor, seus/suas profissionais estão acabando com as minhas forças. COMO lutar diante disso?
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terça-feira, 26 de maio de 2009

Barreiras faz 118 anos: o que temos para comemorar?


Hoje, 26 de maio, aniversário de Barreiras: 118 anos de emancipação política. Feriado. Festa.

Porém, diante da poluição sonora dos foguetes a lá Tonhão e das festas diversificadas (mundanas e gospel), vem a indagação: será mesmo que o município está emancipado?

Apesar de várias mudanças, sobretudo de infraestrutura, a estrutura social continua inerte: as desigualdades sociais estão cada dia mais gritantes. A população, apesar de mais acesso à educação, inclusive com presença de universidades e inúmeras instituições privadas de ensino superior, continua dependente dos representantes políticos para as mínimas coisas e os direitos mais elementares: matrícula em escola, atendimento em posto de saúde...

É uma data de festa, mas não vejo o que comemorar diante do mega evento ontem (25) pro povo com Frank Aguiar (Deputado Federal que se disse "amigo" da prefeita), show gospel hoje (26) e show pra quem pode pagar promovido pelos sempre atentos blocos carnavalescos, com Banda Eva, propagandeada no "barreirense" Saulo Fernandes (agora que convém ele assume que é Barreirense).

Tudo isso, fruto da detestável política nada emancipatória do pão e circo, ainda tão em uso na Barreiras, após 118 anos. Que isso mude e que a gente contribua para tal.


FELIZ ANIVERSÁRIO BARREIRAS!!!
Que um dia você seja JUSTA com suas filhas e seus filhos (naturais e adotivos/as).


sábado, 23 de maio de 2009

A cassação de Jusmari numa visão infantil


Pessoal, compartilho com vocês o ocorrido na escola em que trabalho, onde as crianças, assim como nós estavam informadas sobre os acontecimentos no município no que diz respeito a cassação da prefeita municipal. É engraçado, mas mais do que isso, é super interessante para percebermos um pouco do fabuloso universo infantil.



CRIANÇA 1: "Tia, a Jusmari sumiu e estão 'caçando' ela pela cidade toda, mas ninguém acha".


CRIANÇA 2: "Estão caçando ela com arma e tudo?"


PROFESSORA: explicação sobre o tipo de cassação e a diferença entre o caçar que as crinças conhecem e a cassação de mandato.



É ou não muito boa essa?!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Privatização dos Correios: vamos ficar de olhos bem abertos!


A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos pode perder o monopólio postal da União, caso seja aprovado o Projeto de Lei (PL) do deputado Fábio Faria (PMN). Há ainda diversos PL apresentados com o intuito de alterar os serviços postais brasileiros, possibilitando a privatização do setor. Diante este cenário, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos iniciou uma campanha nacional contra esses Projetos.

Além do impacto na receita da empresa, que teria consequências em seus projetos sociais, o coordenador da campanha, Robson Neves, aponta a diminuição do número de cidades atendidas pelo serviço.

“As áreas que os Correios hoje conseguem chegar, mais de 40 milhões de domicílios em todo país, não serão vistas com a mesma responsabilidade pelas empresas privadas. O que está sendo colocado pelas pesquisas é que as empresas privadas só vão atender capitais com grande demanda.”

Robson cita que, em 2008, o setor arrecadou R$ 11 bilhões, repassando R$ 2,5 bilhões ao Estado. Atualmente, as agências de Correios e Telégrafos empregam 116 mil trabalhadores. Nacionalmente, a campanha tem adesão de 35 sindicatos.

De São Paulo, da Radioagência NP, Ana Maria Amorim. 20/05/09
http://www.radioagencianp.com.br/


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Jusmari ganha liminar que suspende a cassação do seu mandato

O juiz Eustáquio Ribeiro Boaventura foi comunicado hoje (21) por volta das 11h da manhã sobre a decisão do Tribunal Regional Eleitoral – TRE da Bahia em conceder a liminar que permitirá que a prefeita de Barreiras, Jusmari Oliveira, retorne ao cargo. Essa liminar suspende o efeito da cassação que em sentença afastou Jusmari Oliveira e Regina Figueiredo da prefeitura.

A justiça eleitoral de Barreiras cassou o mandato da prefeita de Barreiras na tarde do último dia 19 por fraudes eleitorais, acusando-a de compra de votos no caso que ficou conhecido como “Farra do combustível”.

Vale ressaltar que o mérito ainda não foi julgado, portanto a liminar apenas garante que a prefeita aguarde em exercício pleno de suas funções um parecer final da justiça sobre o caso. Se o TRE-BA no julgamento do mérito manter a decisão do juiz da comarca de Barreiras, Jusmari ainda poderá recorrer junto ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

Segundo Kelly Magalhães que assumiu interinamente o cargo de prefeita e organizou ontem a tarde (20) uma manifestação em apoio a prefeita, Jusmari regressará a Barreiras ainda hoje e retornará as suas funções de administradora.
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Por Rose Cerqueira
Jornal Novoeste
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COMENTÁRIO:
A liminar já era esperada, mas o melhor ainda está por vir: o julgamento e um possível recurso junto ao TSE, que anda cassando muita gente (prefeitos/as, deputados/as e governadores).
Continua na torcida para que haja justiça!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Um dia movimentado sobre a cassação da prefeita de Barreiras

Inicialmente, quero agradecer as visitas e os vários comentários na postagem anterior. Fiquei surpresa quando vi, porque os/as leitores do meu blog não são de comentar muito.

Bem, sobre a informação equivocada, foi uma falha, mas isso de modo algum retira a importância do fato publicado: a cassação de Jusmari. E sobre isso, quero comentar e compartilhar da minha indignação latente e eterna diante do desenrolar deste episódio.

Hoje, acordei e fui trabalhar. Chegando na escola todos/as que lá estavam, 7:30 da manhã, já sabiam da cassação de Jusmari (PR). Fiquei impressionada com a rapidez da informação e de como se espalhou. Detalhe: quase ninguém sabia o motivo, apenas o fato. E sobre ele, inúmeras versões durante todo o dia, não só na escola como fora dela, sobre o que acontecerá.

Saindo para almoçar, me deparo com um convite de um carro de som para uma manifestação em apoio a Jusmari. Apoio? Sim, de apoio, organizada por "amigos, vereadores, presidentes de associações de bairro". VEREADORES? Sim, vereadores.

Refletindo de maneira indignada sobre o convite, pensei: como estão desesperados/as os inúmeros bajuladores/as de Jusmari, caso ela seja realmente cassada; e pensei no absurdo de que os/as vereadores/as de Barreiras, mesmo sendo fato político público que estão todos dizendo amém para Jusmari, não saberem a posição que ocupam!

Os três poderes: judiciário, legislativo e executivo são independentes. Alguém aqui tem noção da gravidade que é o PODER LEGISLATIVO apoiar a prefeita cassada pelo PODER JUDICIÁRIO?

Além disso, soube por fontes seguras, que:

1) A manifestação foi um fiasco e não tinha muita gente. Infelizmente não pude verificar ao vivo porque estava em horário de trabalho e o horário do convite era somente para os bajuladores/as (16h);

2) A Câmara suspendeu a sessão de hoje para que os vereadores pudessem participar do ato em apoio a prefeita cassada, abrindo mão de legislar em prol do povo para apoiar uma prefeita;

3) As escolas receberam ligações, da secretaria de educação, para que os/as funcionários fossem para o manifesto em frente a prefeitura, fornecendo inclusive ônibus para buscar tais elementos (a maioria contratada) e inclusive levando as crianças para o ato.

Estou muito enojada de como é conduzido isso e de como as pessoas do meio educacional aceitam tão passivamente a corrupção política em troca de pequenos favores ou de medos internalizados por todo um modelo político-social-econômico em que vivemos.


Diante disso, temos ainda a sustituta da primeira prefeita, que podemos chamar de segunda prefeita ou prefeita de segunda, como preferirem, a "nobre" vereadora Kelly Magalhães (PCdoB), fã de carteirinha da primeira prefeita.


Vamos ver até onde essa história segue e se o final será bom pra o coletivo ou um pequeno grupo. Mas ao contrário de esperar acontecer, vamos ser hoje sujeitos de transformação e de indignação diante de tanta podridão e coisas erradas.

A luta continua!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Notícia urgente: Jusmari Oliveira é cassada por fraude eleitoral

O juiz da 70ª Zona eleitoral, Eustáquio Boaventura, em Barreiras hoje às 15h cassou o mandato da prefeita Jusmari Oliveira (PR) por fraude na prestação de contas da campanha. Segundo informações da assessoria de comunicação de Jusmari, ela encontra-se em Salvador justamente para recorrer da decisão tomada por Eustáquio.

A presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Kelly Magalhães, assumirá a administração municipal por trinta dias, quando deverá se realizar nova eleição, em que a prefeita cassada não poderá concorrer.


Informação de última hora, direto do Jornal Novoeste.
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COMENTÁRIO:
Apesar de não conter na notícias detalhes sobre a cassação, o fato é que identificou-se fraude e isso é algo que pode atrapalhar um pouco os planos da astuta Primeira Prefeita, que cercada por criaturas incompetentes, falhou em algo simples, mas de extrema importância: a prestação de contas eleitoral.


domingo, 17 de maio de 2009

Jaques Wagner virá a Barreiras discutir obras da Ferrovia

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No próximo dia 22 às 13h, na casa de espetáculo, magnum, no município de Barreiras o Governador do estado da Bahia, Jaques Wagner; o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento; o presidente da Valec (empresa responsável pelas obras), José Franscisco das Neves; o senador César Borges; deputados federais e estaduais, prefeitos dos municípios do oeste e demais representantes da sociedade e civis se reunirão em audiência pública para discutir o novo traçado da Ferrovia Leste-Oeste.

Essa audiência representa uma tentativa de um governo que ao longo da história desta região sempre a encarou com desdém e desprezo mostrar-se presente. Para quem não mais acredita que o governo estadual possa fazer algo por esta terra, isso em virtude do descaso representado pela ausência das unidades do SAMU, de um aeroporto, as obras do anel viário que se prolongam, isso sem falar da educação sucateada, é o momento de pressioná-lo e cobrar a presença do estado na região. O espetáculo somente não será completo por causa da não confirmação da presença da mãe do PAC, a ministra Dilma Rousseff. Vele resssaltar que a obra é projeto do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, do governo federal.
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COMENTÁRIO:
É uma EXCELENTE oportunidade para que os movimentos organizados cheguem ao governador e reivindiquem algumas questões urgentes, que ele finge não poder resolver. Pressão em Wagner!!!
Lamentavelmente essa audiência acontecerá em um horário nada propício ao povo trabalhador.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Escolas ainda não sabem lidar com os alunos gays - final

Geraldo e as apostilas

Em Piracicaba, interior de São Paulo, um aluno de 17 anos, Geraldo (o nome foi trocado), move uma ação contra a Secretaria de Educação. Ele conta que o professor de biologia se recusou a entregar uma apostila para ele e seus amigos, com a seguinte alegação: “As bichinhas não precisam deste material”. Foi reclamar na direção e fez um boletim de ocorrência. O professor foi recriminado verbalmente e pediu uma semana de licença. Depois voltou a dar aulas. Ao contrário do racismo, que pode dar cadeia, a homofobia é crime civil. Quem é condenado paga uma multa. Nesse caso, se houvesse condenação, quem pagaria a multa seria o governo, porque o professor estava em horário de trabalho.

Para tentar evitar esse tipo de confronto, uma ONG da mesma cidade ensina os professores a lidar com a diversidade sexual. O Centro de Apoio e Solidariedade à Vida faz oficinas no horário de planejamento dos professores ao longo de três anos. Primeiro, levam textos e vídeo sobre o que já foi estudado na área. “Eles ficam sabendo dos mitos que já foram quebrados e refletem sobre seus valores e preconceitos”, diz Anselmo Figueiredo, diretor da ONG e coordenador do projeto. No segundo ano, levam materiais para o professor trabalhar com os alunos e, no terceiro, vão para as salas de aula aplicar as atividades. “O professor fica assistindo para ver que não é um bicho de sete cabeças.”

ÉPOCA acompanhou uma dessas oficinas e notou como é difícil tratar o tema com os adolescentes. “É possível uma pessoa nascer com pênis e se sentir mulher?”, perguntou Anselmo a uma turma de 1o ano do ensino médio. Um aluno respondeu em voz alta: “Todo homem que gosta de homem se sente mulher!”. E continuou em voz baixa: “O Henrique (o nome foi trocado) se sentia mulher...”. O comentário foi seguido por risadinhas a seu redor. Ele se referia a um colega que estudou na mesma sala. Gay assumido, Henrique foi cercado e agredido por dez alunos mais velhos no ano passado. Anselmo continuou: “Vamos repensar nosso comportamento. Por que homem não pode gostar de balé?”. Os alunos responderam em coro: “Hummm...”. O próprio Anselmo riu com os alunos. Ele sabe que apenas uma oficina não vai mudar a cabeça de ninguém. “Precisa de trabalho constante, cartazes, atividades e intervenção do professor quando o preconceito aparecer.”

Retirado de: http://revistaepoca.globo.com

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Escolas ainda não sabem lidar com os alunos gays (3)

Pedro e o diretor

Aluno de um dos colégios federais mais disputados do Rio de Janeiro, Pedro Gabriel Gama passou os primeiros anos do ensino médio tomando coragem para se assumir gay. Ele testava a aceitação dos amigos com pequenas revelações sobre sua personalidade. Levou meses para ter coragem de cruzar a perna e colocar um brinco. As amigas reagiam: “Que brinco ridículo é esse?”, “Descruza essa perna, parece uma moça!”. A cada pequeno tabu que quebrava, vibrava com a conquista pessoal. Cansado de jogar futebol na educação física, simulou um problema no joelho para conseguir atestado médico. Conseguiu ser liberado. Mas, no intervalo, aumentavam as risadinhas abafadas. Depois de cruzar com meninos no corredor, ouvia-os imitar: “Ai, ai”.

Pedro sempre achou que a maior resistência para aceitar sua homossexualidade viria dos alunos. Até o dia em que entrou em conflito com o diretor. Líder do grêmio escolar, ele mobilizou uma greve por um dia para protestar contra a falta de água na escola. No dia seguinte, viu o diretor se aproximar dele, furioso, no pátio. “Na frente de todo mundo, ele disse: ‘Isso que você fez não é coisa de homem, é coisa de veado’.” O aluno não reagiu. “Eu não tinha base para argumentar, nem sabia que aquilo se chamava homofobia”, afirma Pedro. Ele só se assumiu na faculdade.

“A homofobia está ligada ao machismo. Os meninos desclassificam o gay para mostrar que são machos”, afirma o educador Lula Ramires, especialista na formação de professores para lidar com a diversidade sexual. Para tentar formar uma geração mais flexível, educadores estão tentando quebrar a divisão entre os sexos na escola. Já no pré, colocam meninas e meninos para usar o mesmo banheiro e brincar nas mesmas atividades. Nas fábulas, às vezes o príncipe salva a princesa, às vezes a princesa salva o príncipe. “A flexibilidade e a capacidade de se relacionar com pessoas diferentes são habilidades importantes para essa geração, que a escola não pode deixar de trabalhar”, diz o educador Beto de Jesus.


Lídia e a psicóloga

Quando estudava em uma escola particular de Araguaína, Tocantins, Lídia Vieira Barros ouvia comentários de amigos e professores sobre o fato de usar camisetão, tocar violão e não se preocupar em ser delicada. Um dia, foi pega beijando outra menina no banheiro. A notícia rapidamente se espalhou. “Ela era uma das mais bonitas da escola. Os meninos vieram me cumprimentar”, diz Lídia. O preconceito contra as lésbicas é diferente. Ele se manifesta mais contra os modos e as vestimentas masculinizadas e menos contra a opção sexual propriamente dita. Um dia isso explodiu contra Lídia. Cansada de uma aluna que gritava “sapatão” toda vez que se cruzavam no pátio, ela chamou a menina para briga. Elas se atracaram na saída do colégio, e as mães das duas foram chamadas para conversar. Na frente das quatro, a coordenadora orientou a mãe de Lídia a procurar uma psicológa para sua filha. “A outra menina saiu no crédito. Eu é que precisava de tratamento”, diz.

É comum a reação das escolas que ainda tratam o homossexual – e não o preconceito – como o problema. “A falta de preparo é grande. Os professores e diretores precisam saber separar o que pensam do modo como agem quando a questão é alunos homossexuais”, diz Alexandre Bortolini, coordenador do Projeto Diversidade Sexual na Escola, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Amanhã, a última parte!!!


terça-feira, 5 de maio de 2009

Escolas ainda não sabem lidar com os alunos gays (2)

O Daniel ou a Dani?

Aos 8 anos, Daniel (o nome foi trocado) espalhava para os amiguinhos do colégio que era obrigado a ir disfarçado para a escola. “Meu pai quer um filho homem e me faz usar essas roupas e esse nome. Mas eu sou menina.” Aos 13, começou a passar base, usar brinco e fazer as unhas. Daniel é transexual, pessoa que nasce com um sexo, mas se sente e age como o sexo oposto. Na escola, pediu a professores que o chamassem de Dani, com pronome feminino. Queria ser “a” Dani. Mas só duas professoras concordaram. Uma semana depois que colocou mega-hair (aplicação de mechas no cabelo), sua mãe foi chamada à escola. Os pais de uma colega de classe ligaram indignados: “Não queremos nossa filha perto dessa aberração”. A solução encontrada pela diretora foi proibir a produção: o cabelo deveria estar preso e nada de maquiagem, brinco ou esmalte. Dani continuou a usar esmalte branco e brincos pequenos, mas tinha de tirar tudo quando cruzava com a diretora. No dia em que foi pego usando o banheiro feminino, levou uma bronca tão grande que nunca mais fez xixi na escola. Segurava até a hora de chegar em casa.

No ano em que saiu do armário, Dani repetiu pela primeira vez. Começou a faltar às aulas semanas seguidas e tirar nota vermelha em quase todas as matérias – menos nas duas em que as professoras concordaram em chamá- lo de Dani. A mãe se mudou para São Paulo, atrás de escolas que soubessem lidar com a diferença. Um mês depois da mudança, Dani havia sido recusado por sete colégios. Só foi aceito em uma escola especial, dirigida a alunos com dificuldade de aprendizagem e deficiência física ou mental.

É muito comum alunos transexuais abandonarem os estudos. Eles se sentem rejeitados por professores que se recusam a chamá-los pelo nome do sexo oposto e pelas restrições a seu modo de vestir. Para evitar que parem de estudar, algumas secretarias de Educação estão criando uma portaria para orientar as escolas. A primeira delas foi aprovada no Pará, no ano passado. Desde janeiro, alunos transexuais podem escolher o nome e o sexo, que fica registrado em sua matrícula. Assim, professores, diretores e funcionários têm de chamá-los e tratá-los pelo sexo de sua escolha. Em um mês, a secretaria contou 111 transexuais e travestis matriculados. “São jovens de 19 a 29 anos que tinham abandonado a escola e agora estão voltando”, diz a psicóloga Cléo Ferreira, uma das coordenadoras das mudanças na secretaria.

Ainda tem mais...

Fonte: http://revistaepoca.globo.com

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Série: Escolas ainda não sabem lidar com os alunos gays

Recebi por e-mail um texto interessantíssimo publicado na Revista Época, cujo conteúdo, enquanto educadora que sou, muito me interessa e é real, em algumas situações com o ambiente escolar que atuo cotidianamente.


Assim, começo hoje a publicar a matéria que nos próximos dias seguirá com os exemplos dos episódios relatados no início do texto que segue abaixo.


Vale a pena ler!!!




Escolas ainda não sabem lidar com os alunos gays



A rede educacional brasileira encara os homossexuais, e não o preconceito, como problema

Ana Aranha


No começo do ano, Daniel foi recusado em sete escolas particulares de São Paulo. Ele é transexual, um menino que se sente e age como uma menina. Só conseguiu vaga em uma escola especial, para alunos com alguma deficiência.
Quando era aluno de colégio federal do Rio de Janeiro, Pedro Gabriel Gama fez um protesto na escola contra a falta de água. No dia seguinte, ouviu do diretor: “Isso é coisa de veado!”.
Em uma escola particular de Araguaína, Tocantins, Lídia Vieira Barros brigou com uma aluna que a chamava de “sapatão”. No dia seguinte, Lídia foi mandada à orientação psicológica. A outra, não.


Em Piracicaba, interior de São Paulo, um aluno move ação contra a Secretaria de Educação. No meio de uma aula sobre fotossíntese, no ano passado, o professor se recusou a lhe entregar uma apostila. “As bichinhas não precisam desse material”, disse.


Os quatro episódios narrados acima ilustram um grande problema da rede educacional brasileira: a falta de preparo da escola para lidar com a homossexualidade e os preconceitos que ela provoca. Entrevistas feitas por ativistas gays em seis capitais mostram que a escola é o primeiro ou o segundo lugar no qual homossexuais e transexuais mais sofrem preconceito. E não é só. Duas pesquisas feitas pela Unesco em 2004 ilustram a gravidade do preconceito nas escolas: uma delas, entre os alunos, descobriu que 40% dos meninos brasileiros não querem um colega homossexual sentado na carteira ao lado; outra, com professores, mostrou que 60% deles consideram “inadmissível” que uma pessoa mantenha relações com gente do mesmo sexo. “Há um muro de preconceitos que impede as pessoas de aceitar os homossexuais: eles são promíscuos, não têm família, morrem de aids. Quando se veem diante de um aluno gay, os professores e diretores simplesmente não sabem como agir”, diz o educador Beto de Jesus, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais.


Beto de Jesus é um dos coordenadores de um projeto financiado pelo Ministério da Educação para formar professores e ajudar as escolas a lidar com a diversidade sexual de seus alunos. O grupo vai produzir um kit didático para 6 mil escolas. Nele, haverá orientação para diretores e professores e material para os alunos. Como parte do mesmo projeto, estão sendo realizados encontros regionais com secretarias da Educação, ONGs e universidades. A ideia é coletar experiências de sucesso para ajudar a formular uma política nacional para o problema. O grupo também realiza, neste momento, a maior pesquisa qualitativa sobre homofobia nas escolas de dez capitais brasileiras, com a intenção de mapear os principais conflitos e soluções. “As escolas não estão preparadas nem para identificar esse preconceito. Enquanto os professores não podem aceitar que um aluno chame o outro de ‘negrinho’, ‘veadinho’ ainda é considerado brincadeira”, diz Carlos Laudari, diretor da Pathfinder Brasil e um dos coordenadores do projeto junto com Beto.

sábado, 2 de maio de 2009

12 anos sem Paulo Freire


No dia 02 de maio de 1997, faleceu em São Paulo o maior educador que este páis já teve e um dos maiores do mundo, em contribuição para a educação popular.

A obra que Paulo Freire possui um "caráter questionador, subversivo e verdadeiro", como afirmou o estudante de Pedagogia Daniel Ikenaga.

Freire é para mim uma grande referência educacional e pedagógica, e sua obra extremamente revolucionária. Freire para mim é como Che: ainda vive!

Para quem tiver interesse, encontramos livros de Paulo Freire para download em http://www.paulofreire.ufpb.br

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dia do trabalho: uma visão geral e breve

O 1º de maio é o dia mundial do trabalho.

Conforme texto de Ricardo Antunes, publicado abaixo, a situação do trabalho está cada vez mais torturante em nossa sociedade, século após século.

No entanto, minha reflexão com relação a esta data é como é encarada pela classe trabalhadora através das ações realizadas, principalmente pelos sindicatos - responsáveis por organizar a classe.

No Brasil comemora-se com festa, enquanto em todos os demais países do planeta terra, foi uma data de combate contra a crise do capital que está recaindo sobre a classe trabalhadora.

Comemorar o que neste 1º de maio? As demissões em massa? A saúde cada vez mais debilitada pela sobrecarga de trabalho? Os/as milhares de trabalhadores/as desempregados/as? Os baixos salários? As situações análogas de trabalho escravo e a leniência em aprovar leis de combate efetivo contra essas práticas desumanas?

Em Barreiras, para vergonha de quem tem uma mínima noção sobre a necessária organização, da classe trabalhadora houve uma manifestação conjunta de sindicatos, com prefeitura e câmara municipal. Ações conjuntas que representam uma conciliação de classe que deve ser veementemente combatida, pois esses poderes não realizam realmente ações que favoreçam a classe trabalhadora, mas sim que favoreçam os patrões. Manifestações que incluíram caminhada, sorteio de brindes e campeonato de futebol - não podia faltar o futebol.

Em todo o país, é indignante saber que o 1º de maio foi uma data de distração, com campeonatos esportivos, momentos de embelezamento e caminhadas vazias. Em contrapartida, a Europa e a Ásia dão exemplos de como essa data mundial deve ser comemorada: na rua, exigindo direitos e justiça social!

O 1º de maio não deve ser comemorado com festa, mas com organização da luta da classe trabalhadora contra as injustiças que os patrões e o sistema capitalista promovem.

A erosão do trabalho


RICARDO ANTUNES*


"A RBEIT, LAVORO , travail, labour, trabajo." Não há nenhum canto do mundo que não esteja vendo o desmoronar do trabalho. A atividade que nasceu sob o signo da contradição foi, desde o primeiro momento, um ato vital, capaz de plasmar a própria produção e a reprodução da vida humana, de criar cada vez mais bens materiais e simbólicos socialmente vitais e necessários. Mas trouxe consigo, desde os primórdios, o fardo, a marca do sofrimento, o traço da servidão, os meandros da sujeição.


Se o trabalho é um ato poiético, o momento da potência e a potência da criação, ele também encontra suas origens no "tripalium", instrumento de punição e tortura.


Se, para Weber, o trabalho fora concebido como expressão de uma ética positiva em sintonia com o nascente mundo da mercadoria e o encanto dos negócios (negação do ócio), para Marx, ao contrário, o que principiara como uma atividade vital se converteu em um não valor gerador de outro valor, o de troca. Daí sua síntese cáustica: se pudessem, todos os trabalhadores fugiriam do trabalho como se foge de uma peste!


E a sociedade da mercadoria do século 20 se consolidou como a sociedade do trabalho. Desde o início, no microcosmo familiar, fomos educados para o labor. O sem-trabalho era expressão de pária social. Mas a mesma sociedade que se moldou pela formatação do trabalho se esgotou. Ele se reduz a cada dia -e de modo avassalador. Enquanto a população mundial cresce, ele mingua. Complexifica- se, é verdade, em vários setores, como nas tecnologias da informação e em outras áreas de ponta, e resta exangue em tantos outros.


Onde cresce avassaladoramente, como no telemarketing, produz um ser falante quase mudo, repetidor do trabalho prescrito, movido a pequenos "regalos" ao final de um dia extenuante, cujos minutos e segundos são contabilizados e controlados. Assim nos encontramos hoje: temos muito menos emprego s para todos os que dele necessitam para sobreviver. Os que têm emprego trabalham muito, sob o sistema de "metas", "competências" , "qualificações" , "empregabilidades" etc. E, depois de cumprirem direitinho o receituário, vivem a cada dia o risco e a iminência do não trabalho.


E isso não só nos estratos de base, onde estão os assalariados no chão da produção. Foi-se o dia em que os gestores, depois do corte, iam para suas casas com a garantia do trabalho preservado. Eles sabem que o corte deles se gesta enquanto eles laboram o talhe dos outros. Se vivêssemos em outro modo de produção e de vida, o tempo de trabalho poderia ser muito menor e mais afinado com o tempo de vida fora do trabalho, ambos dotados de sentido e fora dos constrangimentos do capital.


Mas, ao contrário, esses tempos se complementam em outro diapasão, com a casa se tornando espaço de trabalho adicional, e o tempo de vida fora do trabalho se vê cada vez mais encolhid o e reduzido à esfera do que fazer para não perder a guerra quando o labor recomeçar no dia seguinte. A resultante é áspera e se conta na casa dos bilhões: aqueles que têm emprego trabalham muito, muitos já não mais encontram trabalho e outros fazem qualquer trabalho para tentar sobreviver com o que sobra da arquitetura societal da destruição. Em plena crise estrutural e sistêmica do capital, da Ásia à América Latina, da Europa à África, há uma nota tristemente confluente: como os assalariados que só dispõem de seu labor poderão sobreviver neste mundo sem trabalho e sem salário?


Dos EUA à China, de Portugal ao Canadá, da Inglaterra ao Japão, passando pelos tristes trópicos, novos recordes de desemprego são batidos todos os dias. Um incomensurável processo de corrosão e erosão se efetiva. Tal como foi desenvolvido ao longo do curto século 20, o trabalho tayloriano-fordista sofreu forte retração a partir dos anos 1970. Mas, com a intensi ficação desse quadro crítico, adentramos um novo ciclo de demolição do trabalho em escala global.


As diversas formas de "empreendedorismo" , "trabalho voluntário" e "trabalho atípico" oscilam frequentemente entre a intensificação do trabalho e sua autoexploração. Dormem sonhando com o novo "self-made man" e acordam com o pesadelo do desemprego. Empolgam-se pela falácia do empresário-de- si-mesmo, mas esbarram cada vez mais na ladeira da precarização.
Em volume assustador, uma massa de homens e mulheres torna-se supérflua, esparramando- se pelo mundo em busca de um labor que já não mais existe. Este 1º de Maio nos leva, então, a indagar: qual trabalho queremos para este tenso século 21 que mal está começando?



* RICARDO LUIZ COLTRO ANTUNES, 56, é professor titular de sociologia do trabalho do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor, entre outros livros, de "Os Sentidos do Trabalho" e "Adeus ao Trabalho?".