sábado, 3 de janeiro de 2009

Eis que estão empossados e empossadas: o que será de Barreiras?

Sim, demorei dois dias para refletir meticulosamente sobre o que aconteceu no primeiro dia e noite deste ano de 2009, durante as duas solenidades de posses ocorridas em Barreiras: dos/as vereadores/as e da prefeita e vice.

Na Câmara, fui por causa de um manifesto estudantil ao qual apoiava e também por curiosidade em saber como é uma posse do poder legislativo. O local estava lotado de pessoas, algumas conhecidas e a maioria desconhecida - provavelmente parentes dos/as que estavam sendo empossados/as. Os novos "representantes" do povo, possuem em seus quadros 3 vereadores das antigas: Beza, Sobrinho e Kelly. Os demais, nove, todos homens, incluem 2 que já tiveram mandatos anteriormente: Carlão e Tito, ambos "tucanos".

Após uma longa espera no plenário - o qual vi pela primeira vez super lotado - aguardando a chegada da prefeita, iniciou-se a solenidade. Bem sem graça para falar a verdade. Eu esperava bem mais emoção. Ingenuidade pensar e esperar mais do que vi naquele dia e naquele espaço...

A eleição para a mesa diretora já estava muito bem articulada através de uma chapa única, com kelly (presidente), B.I. (vice), Pastor Souza (1º Secretário) e Beza (2ª Secretária).

Durante a posse dos/as vereadores/as, houve uma manifestação do MEU (Movimento Estudantil Unificado), através de duas faixas que reivindicavam a LEGALIZAÇÃO do serviço de transporte coletivo e REVOGAÇÃO da lei de meia passagem, aprovada em 2007. Durante o manifesto, o cúmulo da ignorância por parte de alguns senhores, que tentavam impedir a livre maniffestação. Não conseguiram e a reivindicação estava lá, firme e forte.

Após a solenidade de posse dos legisladores, os mesmos aprovaram que a sessão solene de posse da prefeita e vice fosse na Casa de Shows Magnum. Era, certamente, um indicativo do "espetáculo" que seria a solenidade de posse.

Chegando ao local, eu pensei estar num culto religioso. A decoração, as músicas, a enorme quantidade de faixas com trechos bíblicos. Aos poucos, o espaço foi lotando: jovens, casais, crianças, idosos. Muita gente. Muita gente sórdida também estava por lá, e fui aos poucos, sentindo um mal estar naquele espaço.

Também estavam lá as duas faixas que antes estiveram na posse dos vereadores. Pareciam invisíveis diante da tão esperada solenidade: a posse da "primeira prefeita" de Barreiras, Jusmari Oliveira (PR). O povo esperava um show e estava ali para ver a artista tão esperada.

O que vi no dia primeiro está gravado como uma angústia. O povo está cego, totalmente alienado diante de uma esperança doentia de que a salvação de Barreiras está nessa nova gestão, com um grupo político que não tem muita coisa de diferente dos anteriores. Fiquei apavorada diante do (longo) discurso proferido pela prefeita. Me arrepiei ao ouví-la falar, constatanto que a escola do carlismo fez discípulos/as poderosos/as. Ela é populista e materna. Usa o nome de Deus e parece acolhedora por demais aos que estão ao seu lado e um tanto cruel com quem não está. Fala com uma força arrebatadora de estremecer e parece imbatível diante de quem quer que seja. E a vice prefeita? Insignificante. Tanto que não vale a pena tecer comentários.

Jusmari traz a perigosa mistura de política e religião. Junto com ela, no legislativo, um pastor e um bispo, que dividirão o tempo de seu rebanho com os interesses da população. Política e religião: uma perigosa mistura para os interesses populares e coletivos.

O que será de Barreiras? Não sei, mas receio que não seja o futuro próspero tão desejado...


Um comentário:

  1. Não consigo compreender porque tem que existir essa separação entre política de religião. O capitalismo através das revoluções burguesas foi que resolveu dissociá-los (catolicismo X parlamento) unicamente para subir ao poder e enfim implantar sua política econômica liberal, exploradora e a Igreja não mais interferir nas decisões do estado. Se todos aqueles que dizem ser revolucionários continuarem com essa postura de que religião e política juntas são ruins, os oportunistas como Jusmari continuará se perpetuando, e o capitalismo triunfará sempre.

    Toda ação Humana é política – o esporte tem essa finalidade, a cultura, a cultura de massa... Por que religião não? Por que só há esse tipo preocupação quando se trata de religião protestante?

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