sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

FEMINISMO, AFINAL DO QUE TRATA?

By Paula Vielmo | fevereiro 17, 2016
Publicado originalmente no Blog Immagine



Diversas matérias analisando o ano de 2015 apontaram manifestações de caráter feminista como destaque na conjuntura nacional e internacional. A filósofa política internacionalmente reconhecida, Nancy Fraser, em palestra que tive a honra de assistir na Reitoria da UFBA, em novembro de 2015 em Salvador, apontou que a revolução do século XXI perpassará pelo feminismo.
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Sem dúvidas, esse fenômeno reaparece com força após a década de 60, agora em nossos dias, sendo inclusive uma das suas bandeiras (o combate a violência contra a mulher) tema da redação do ENEM em 2015. Todavia, mantêm-se muitas dúvidas de décadas atrás. Há muita gente que não sabe do que se trata, outras que tem medo ou outras que distorcem, por conveniência ou ignorância o real sentidohier do feminismo. Se o feminismo na década de 60 foi propagandeado como algo perigoso, ainda permanecem resquícios sobre esse provável “perigo” também em nossos dias. Um perigo real às hierarquias entre homens e mulheres, de fato!
Pense rapidamente: o que você sabe sobre feminismo? O que entende?  O que já leu sobre? O que já ouvir falar sobre? O que acredita que o feminismo defende? Após essa breve reflexão, de certa maneira complexa, prossiga a leitura com minha tentativa de ser didática e elucidar algumas dessas questões e conceitos pouco entendidos.
Pois bem, o feminismo é um movimento político, filosófico e social que estuda/analisa/busca eliminar a condição social de desigualdade entre homens e mulheres. Diante disso, o feminismo defende igualdade de direitos entre mulheres e homens, ou, nas palavras da Professora Doutora da UFBA, Cecília Sardenberg, o feminismo “objetiva erradicar a ordem de gênero patriarcal, ou seja, erradicar o sexismo, a discriminação, a exploração e opressão sexual do gênero masculino sobre o feminino”. Patriarcal? Sexismo? Gênero? Que linguagem é essa?
O feminismo surge em oposição à dominação masculina, chamada de patriarcado. Essa dominação masculina ou patriarcado é a “identificação e centralidade no gênero masculino, que implica na predominância de relações assimétricas e hierárquicas entre os sexos” (Cecília Sardenberg). O patriarcado se manifesta através do machismo, que são as ações no dia a dia, que a gente conhece muito bem (“mulher no volante, perigo constante, “ei, sua gostosa”, “você nem parece mulher com esse cabelo curto”, “com essa saia curta tá pedindo…”, “mulher não sabe exatas”, etc e tal)
O conceito de gênero é muito confundido com o conceito de sexo, MAS, gênero não é sinônimo de sexo! Sexo diz respeito aos aspectos físicos/fisiológicos que distinguem os machos das fêmeas da espécie humano e gênero se refere aos  processos de construção cultural de relações que não decorrem de características sexuais diferenciadas entre homens e mulheres, mas de processos construtores dessas diferenças, produzindo, nesse movimento, desigualdades e hierarquias (Sardenberg e Macedo).
O feminismo não defende inversão de relação de dominação; não defende que as mulheres dominem os homens, mas luta para que haja o fim de relações de dominação,garantindo oportunidades iguais para homens e mulheres. A dominação de um sexo sobre outro é chamado de “sexismo”. O feminismo não defende o sexismo!
Mas, afinal, por que o feminismo é necessário? Porque existem desigualdades de gênero que precisam ser combatidas. Por exemplo, as mulheres recebem em média salários 40% menores do que os homens em uma mesma função; porque as mulheres sofrem determinadas violências somente pelo fato de serem mulheres (vide a tipificação do FEMINICIDIO no Código Penal em 2015); porque as mulheres sofrem mais violência sexual/estupros do que os homens; porque apesar de sermos mais de 51% da população e do eleitorado, somos quase invisíveis nos cargos de representação política; e porque essas relações desiguais não são naturais, mas construídas socialmente ao longo do tempo, podendo então serem desconstruídas.
Ficou com alguma dúvida? Escreva-me: pvielmo@yahoo.com.br, que responderei com muita satisfação, pois contribuir com a desconstrução de equívocos é prazeroso pra caramba!

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