domingo, 11 de novembro de 2012

Um ato nacional com uma dúzia: viva o povo Guarani-Kaiowá

Por Paula Vielmo


VOCÊ SABE O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM OS GUARANI-KAIOWÁ?

Na última sexta-feira, 09 de novembro, no final da tarde, um pequeno e aguerrido grupo realizou em Barreiras um ato em apoio à luta dos Guarani-Kaiowá pela demarcação de suas terras, em Navirai-MS. O dia 09 de novembro foi marcado e demarcado por manifestações pelo país, para apoiar a causa dos Guarani-Kaiowá. 

Apesar de os Guarani-Kaiowá estarem morando a quase um ano em parte de uma fazenda, com inúmeros conflitos com os fazendeiros e a justiça, somente após o lançamento de uma carta em que afirmavam que não sairiam de suas terras, local de morada ancestral, que o caso ganhou visibilidade. Eles e elas afirmaram que resistiriam até a morte e isso foi interpretado como um "suicídio coletivo" e ganhou adeptas/os por todo país e até fora do Brasil. 

Mesmo não se tratando de um suicídio coletivo, a prática do suicídio existe entre os Guarani-Kaiowá, principalmente pela situação degradante em que vivem, de violência, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas. Sem dignidade, eles/as optam por não viver em tais condições que ferem seu modo de vida.

Após a grande repercussão, incluindo uma petição online com mais de 300 mil assinaturas, no final de outubro o governo federal concedeu liminar para os indígenas. Foi a ação para "acalmar" os ânimos sobre o massacre que ocorre a mais de 500 anos nestas terras tupiniquins. No entanto, ainda falta a demarcação das terras, e mais do que isso, é preciso ter consciência de que o massacre é cotidiano

Nos últimos nove anos, 503 índios foram assassinados no Brasil, uma média de 55 por ano. Em 2011, os estados que registraram maior número de homicídios foram Mato Grosso do Sul, Bahia e Pernambuco. No ano passado (2011), 42 reservas foram invadidas em diferentes regiões do país. 

Não podemos esquecer dos estupros praticados contra as indígenas, incluindo registro de estupro de uma Guarani-Kaiowá recentemente ou ainda dos casos de exploração sexual e abuso sexual de crianças e jovens indígenas. As mulheres indígenas são violentadas como os homens de seu povo e ainda por serem mulheres!


O ATO EM BARREIRAS

O ato que aconteceu em Barreiras necessita não apenas de um relato, mas de uma séria reflexão, a partir da nossa vivência de luta e também da posição das pessoas, de apoio ou de chacota em relação ao constante movimentar.

Uma articulação rápida via facebook e entre as pessoas que "protestam" em Barreiras resultou no ato. Ao contrário dos anteriores, este realmente não teve ampla divulgação, mas assim como os demais, contou com "as mesmas caras de sempre", exceto alguns que se juntaram ao movimento durante a atividade.

Na Praça Castro Alves e entorno, pintamos cartazes, pintamos o rosto e alguns pintaram os braços, entoamos gritos, panfletamos, caminhamos, enfrentamos o trânsito, recebemos inúmeras buzinas de apoio, 390 panfletos, 5 cartazes e  DOZE PESSOAS!

Apesar da pouca divulgação dessa vez - uma falha necessária de ser reconhecida, mesmo diante do afã de querer participar do circuito nacional do ato de apoio aos Guarani-Kaiowá -, não tivemos crescimento em termos de participantes. Somos sempre as/os mesmas/os e isso não é motivo de alegria.

Ao final do ato, fomos lanchar, e nos deparamos com indagações sobre sempre sermos nós a protestar em Barreiras. Sempre as/os mesmos! Infelizmente, acaba sendo uma triste verdade, haja vista que existe insatisfação, existe raramente alguma mobilização, mas não existe constância. Quem faz esse cotidiano de luta é MEIA DÚZIA!


Queríamos ser uma multidão, cujas faces sequer fossem reconhecidas. Queríamos ser vozes de uma multidão - e não de poucas/os - contra toda e qualquer injustiça, mas não somos AINDA. Somos meia dúzia, somos uma dúzia, mas o fato é que estamos firmes, fortes, resistentes e persistentes na luta. E enquanto houver opressão e injustiça, precisamos lutar e estaremos lá!

ATÉ A VITÓRIA!

Um comentário:

  1. Compa, é uma honra sempre estar junto com esse pequeno grupo que não se acomoda frente às injustiças!!
    MAs compartilho a preocupação de que esse grupo não cresça... Talvez seja a hora de pensar em algo mais duradouro de formação...

    besitos!
    Na luta até a vitória!

    Dany Adlay

    ResponderExcluir

Obrigada pelo seu comentário!!! Volte sempre :)