sábado, 21 de novembro de 2009

A Gestão do PSDB em São Paulo é um lixo só

Por Nelma Aronia Santos, direto de São Paulo




Na hora em que decidi escrever este texto para o seu blog fiquei numa ambivalência enorme, pois, se por um lado estava feliz por inaugurar o link “Mande notícias do mundo de lá”, por outro, estava infeliz pelas notícias que tenho a dar. Não me sinto à vontade nessa missão de arauto de um mundo imundo e miserável, mas o fato minha cara, é que, atualmente, na cidade de São Paulo, nosso nervo óptico anda estressado de tanto ver lixo e miséria espalhados pelas calçadas.

O Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão do Paulo Maluf, é o maior abrigo de miseráveis. Seres humanos enrolados em trapos se confundem com bichos e lixos. Na estação do metrô Santa Cecília, a fila do sopão é uma coisa interminável e o que mais me choca é a quantidade de idosos e crianças, pois esses não têm a mínima chance de competir no mundo de barbárie em que vive.

Ao ver essa gente em tamanha mendicância e dormindo ao relento, percebemos que para elas, não existe passado nem futuro; o passado não existe, pois não há a quem recorrer, para fazer um caminho de volta; e o futuro é uma ilusão porque não há perspectivas. O que existe é o tempo presente, porém, ele é tão implacável e impiedoso que para suportá-lo, vão se anestesiando com colas, craks, e outras drogas.

A miséria no nosso país é tão crônica, que a grande imprensa tem focado sua preocupação apenas na questão do lixo, mas o lixo é apenas uma metonímia; ou seja, a ponta do ice Berg. Além disso, a elite parece ficar mais ofendida com a visão do lixo do que com a existência dos mendigos. Afinal, é mais fácil dizer que é o povo mal educado que espalha o lixo, que é o povo que joga tudo na rua e que os mendigos existem porque não querem trabalhar, não tiveram sorte na vida ou pior: alguns até dizem que em vidas passadas, eles foram maus e estão pagando o preço agora. Ou seja, a elite “empurra o lixo para debaixo do tapete”.


O que tem feito o prefeito Gilberto Kassab? O que a imprensa tem dito é que o prefeito cortou 30% da verba destinada à coleta do lixo. Imagine: reduzir a verba da coleta do lixo, numa cidade que aumentou a produção do lixo de 200 g/dia em 1997 para 800 g/dia atualmente. O prefeito afirma, ainda, que seu objetivo é investir em propaganda para educar o povo. E por acaso, o povo que ele chama de mal educado produz esse lixo todo? Quem mais consome é a elite, portanto, é quem mais produz lixo, sobretudo o lixo eletrônico tão preocupante nos dias atuais.


Só para termos uma idéia, em quatro anos e meio, a gestão José Serra/Kassab já gastou R$ 205,3 milhões em publicidade. O recorde de gastos ocorreu em 2007, quando foram aplicados R$ 66,9 milhões. No seu último ano, em 2004, a exprefeita Marta Suplicy (PT) gastou R$ 39 milhões. O que é mais assustador é que não estamos com grandes epidemias em SP para tantos gastos com publicidade, nem estamos em guerra; pelo menos, não está declarada. Já pensou quantos projetos sociais não seriam beneficiados com esse dinheiro? Quantas casas não poderiam ser construídas? É bom que fiquemos atentos a essas histórias de gastar com publicidade para educar. Se é para educar, porque usar a publicidade como intermediária no processo educacional? O caminho mais direto e mais curto não é a educação escolar? Mistérios... Bom, Paulinha, sei que textos muito grandes não são lidos na internet, portanto fico por aqui, e mande também, notícias daí. Um grande abraço.


Fotos de Nelma Aronia, com descrição dela: "Mando umas fotos de uma exposição que via na Galeria Olido, Av. São João. Os artistas são testemunhas dessa violência que mencionei no texto"

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