domingo, 26 de outubro de 2008

Vereadores aumentaram tarifa de ônibus

Era esperado, mas talvez ingenuamente, não era esperado que fosse de maneira tão sorrateira e rápida a aprovação de um aumento ABUSIVO nas tarifas de transporte público coletivo em Barreiras.

Após eleições, àqueles que se candidatam e sustentam suas candidaturas à base dos grandes empresários que exploram e assaltam o povo, precisam, submissivamente, repor aos cofres de seus patocinadores de campanha os gastos, sejam os reeleitos ou não.

Assim, o presidente da Câmara Municipal de Barreiras, Luiz Holanda - vereador por 6 mandatos e desta vez não reeleito -, mesmo tendo dito, públicamente inúmeras vezes, que o Projeto de Lei de iniciativa do poder Executivo que solicitava aumento da tarifa de ônibus não seria votado este ano, não cumpriu o dito, confirmando não ser representante confiável.

Na sessão, não estavam 2 dos 11 vereadores, e dos presentes foram favoráveis ao aumento:
- Luzia Cavalvante;
- Núbia;
- Silma;
- Beza; e
- Sobrinho

Os dois últimos foram, inacreditavelmente, reeleitos e já demonstram à quem seus mandatos representam.

O único voto contra foi da vereadora Kelly Magalhães, também reeleita e uma abstenção da vereadora Regina Figueiredo, eleita vice-prefeita.

Quanto aos dois votos distintos da maioria (contra e abstenção), a interpretação que faço é que Kelly, quase sempre esperta, sabia muito bem que seu voto não faria diferença e quis sair "bem na foto". Se ela fosse realmente contra o aumento, teria comunicado amplamente à população e aos movimentos sociais, principalmente o Movimento Estudantil Unificado, que estava, há muito tempo, lutando contra o aumento da tarifa e demais questões que envolvem o transporte público coletivo, pois outras tentativas de aumento já haviam sido barrdas.

Já Regina, não espantou: continuou sem optar por um lado, preferindo ficar "em cima do muro", na errônea visão de que assim, não estaria se expondo com nenhuma das duas partes. Ela, provavelmente, deve procurar garantir no governo de vice-prefeita, as mesmas práticas como vereadora: passiva, covarde, acanhada. E contra o povo, ou melhor, olhando-nos do alto do muro.

Nessa história toda, a população de Barreiras (também passiva), é quem sofrerá com o aumento absurdo de R$1,40 para R$1,60! Aumento abusivo, imoral, uma afronta à população.

Agora, não é possivel reclamar! Quer dizer, reclamismos pelos cantos, provavelmente é o que haverá, mas não muitas ações no sentido de mudar isso.

É possível - e necesário - pressionar para retroagir ou pelo menos, buscar legalmente fazer o máximo que pudermos para que os poderes constituídos tomem providências sobre a imoralidade do serviço público de transporte coletivo, que funciona sem concessão, não tendo, jamais, passado por uma licitação, mas mesmo assim aumentando de valor. Optar pelas brechas da legislação burguesa é um caminho, pelo que parece, o mais viável a ser percorrido, pois a população de Barreiras não reaje para as ações de pressão popular, não se movimenta para tomar as ruas.

É muito horrível a sensação de gritar no deserto...Mas, arregacemos as mangas e vamos à luta, pois ela continua!


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Professor machista, não!

Na quinta-feira, 16 de outubro, durante o Sarau da UFBA em homenagem aos professores, na 8ª. edição do evento, ocorreu um fato que despertou-me imediata repulsa e indignação: um "professor" durante espaço cedido para falar algumas palavras aos presentes, após agradecer às homenagens, gritou repetidamente ao microfone "eu adoro mulher", incitando os jovens universitários, alcoólizados, a berrarem e repetirem a expressão de modo vulgar e bobalhão.

Durante a cena lamentável, o que mais me indignou e indigna é o fato de um professor universitário, num espaço - público - de construção do conhecimento, reproduzir o machismo da nossa sociedade - mascarado por um momento de descontração e de brincadeira - , na universidade, que deveria ser um exemplo de mudança, sobretudo de práticas.

Fica registrado o fato e que sirva de reflexão aos leitores e leitoras do blog!


"A palavra convence. O exemplo arrasta". (ditado romano)

domingo, 12 de outubro de 2008

CARTA ABERTA DE AGRADECIMENTO

Durante o período eleitoral e até mesmo antes de seu início, diversas pessoas foram solidárias a candidatura de Paula Vielmo a vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade - PSOL. Falo de mim na terceira pessoa por entender que sou um instrumento de luta, logo, a candidatura não é nem foi minha, mas de todos e todas que a construíram, das mais distintas formas, amigos, amigas, companheiros, companheiras, conhecidos e desconhecidos.

Passado o processo eleitoral, após a primeira experiência na disputa de um cargo público, ficam muitas aprendizagens e lições, mas, sobretudo, o agradecimento às pessoas.

Em todos os espaços que estivemos panfletando, fomos, na grande maioria das abordagens, recebidos com educação e respeito. Nas escolas, universidades, faculdades e praças, o tempo para escutar breves palavras e carregar os panfletos ou “santinhas” para análise da historia e propostas da candidata, foram extremamente válidos.

Portanto, é preciso agradecer aos apoios e aos votos de confiança a uma campanha totalmente limpa, honesta e propositiva.

Foram 500 pessoas que acreditaram na proposta e digitaram 50.050 nas urnas. Pessoas que votaram livres, conscientes, confiantes.

Apesar de não termos uma vitória eleitoral, toda a campanha e também a quantidade de votos expressos nas urnas nos dá a certeza de que foi uma grande vitória política, respaldando uma militância sólida e com credibilidade.

Agora, é preciso que fique claro: a luta continua!


A luta por justiça social e por igualdade, continua firme e cada vez mais forte, independente de eleições, até porque as transformações que desejamos não serão feitas pelos representantes do povo, mas somente pelo próprio povo, organizado e unido.

Força na luta e muito obrigada,

Paula Vielmo
12 de outubro de 2008.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dificuldade de governar

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem. S
e algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht (poeta e dramaturgo alemão - 1898/1956)