sexta-feira, 30 de maio de 2008

Atualização do blog

Infelizmente a falta de tempo para sentar e escrever/ digitar algumas reflexões está muito complicado. Existem diversos assuntos na minha pauta (que chiq!), porém existem diversas demandas que estão inviabilizando a escrita e, consequentemente a atualização deste espaço.

Desculpem aos que visitam e não encontram novidades. Obrigada e voltem sempre, pois daqui a alguns dias terá muita coisa nova.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Veja o indispensável partido neoliberal"



Estou publicando esta entrevista pela relevância intelectual: está sendo provado, cientificamente, que a VEJA é neoliberal.


Carla Luciana Silva é autora da tese de doutorado "Veja o indispensável partido neoliberal", trabalho produzido na Universidade Federal Fluminense (UFF) que discute a função da publicação da editora Abril na legitimação do discurso neoliberal.


Em entrevista à Fórum, a pesquisadora analisa a publicação como o meio de comunicação que contribui na consolidação da gestão do capital no Brasil, a partir de 1990. Confira a entrevista.

Fórum - Segundo seu artigo, a revista Veja tem agido de forma mais eficiente que partidos políticos. Em que sentido se dá essa ação?
Carla Luciana Silva - A revista tem uma aparência de neutralidade, de imparcialidade, o que é característica própria a qualquer veículo de comunicação. É por isso que os próprios meios de comunicação buscam insistentemente convencer de que são neutros e imparciais, portadores da verdade. Esses elementos, que chamo de padrão liberal de imprensa, permitem que a revista seja lida e aceita por uma parcela da população que é reticente a partidos políticos. Pessoas que dizem ser apolíticas ou descrentes com o sistema político. No entanto, consomem os produtos dos meios de comunicação, que são formas concretas de ação política, seja dos donos das revistas, seja daqueles que a sustentam. A revista, nesse sentido, tem uma ação pedagógica de convencimento, de ensinar aos seus leitores aquilo que ela propõe como sendo a verdade. Ela se espalha em lugares inacessíveis aos partidos: consultórios, escritórios, bibliotecas públicas. A justificativa para isso é levar informação. Mas o que leva efetivamente é opinião, que se transforma em ação política dos seus leitores.

Fórum - Por que Veja passou a "satanizar" movimentos sociais em geral e, em especial, o MST?
Silva - Porque sua posição é muito clara: a reprodução do sistema capitalista da forma como está estruturado. A satanização não é criação da revista, segue um padrão internacional, o do "modelo de propaganda" [propaganda model], mostrado por Noam Chomsky [linguista estadunidense] . Todos aqueles que de alguma forma contestam o regime são "satãs" em potencial. Isso porque a figura do diabo é muito popular, associada a tudo que é ruim, ao mal, ao indesejado, ao pecado. Assim, a utilização dessas expressões para se referir aos movimentos sociais é uma forma de negar ao leitor a possibilidade de que o mesmo conheça o programa desses movimentos. Ficam apenas com a informação - ou desinformação -, mas com uma carga pesada de ideologia, assumindo o lado do grande capital na luta de classes.

Fórum - Existe uma linha ideológica nos ataques sistemáticos da publicação aos movimentos sociais?
Silva - Sim, essa coerência é total, e é ampliada a qualquer grupo de esquerda ou governos que contestem o sistema capitalista. As vítimas podem ser o MST, o governo do [presidene venezuelano Hugo] Chávez. Nos anos 1990 a revista apoiou a Renovação Carismática [Católica], porque esse grupo assumia uma postura totalmente contra a ação concreta das Comunidades [Eclesiais] de Base e da Teologia da Libertação. Essa postura é permanente. Vemos isso na construção de um mundo "ideal": o do consumo e do mercado como lugares da plena satisfação humana. E por outro lado, os movimentos sociais seriam ameaça a esses benefícios do capitalismo, que são mostrados, segundo um padrão liberal, como sendo acessíveis a todos que se esforçam e sabem jogar as "regras do jogo". Podemos ver isso na análise dos 30 anos do maio de 1968, quando a revista publicou uma série de fotografias em preto e branco, congelando, cristalizando aquele passado de lutas e de conquistas sociais, e mostrando como aqueles lutadores hoje teriam aprendido a lição e hoje atribuíam aquela ação aos rompantes de juventudes, conflitos de geração. Assim, mais uma vez se oculta a expressão real da luta de classes.

Fórum - Que tipos de interesses estariam por trás desse tipo de postura da publicação?
Silva - Acredito que os interesses são os da reprodução do sistema do capital, mais propriamente no neoliberalismo. A revista ajudou a construir essa forma de gestão do capital ao longo dos anos 1990. E isso foi possível graças a sua ação política, amalgamando as dimensões sociais, políticas e econômicas. Podemos destacar as relações da revista com seus anunciantes, sobretudo o capital financeiro privado e as multinacionais, sejam do ramo automobilístico, e do entretenimento.

Fórum - A senhora acha que, uma vez adotada essa postura conservadora, existe alguma chance de Veja mudar o seu perfil futuramente?
Silva - Tenho estudado e orientado trabalhos sobre a revista que abrangem toda a sua existência. Está cada vez mais claro que a revista tem uma atuação coerente ao longo de sua existência. Não há razões para que ela mude. Ela não está em disputa, não dá espaço para o pensamento contraditório. Portanto, não vejo qualquer perspectiva de mudança da revista. Cabe salientar que sendo assim, os movimentos sociais jamais devem colocar como objetivo ser pautados pela revista, ser entrevistado por ela ou algo do gênero. Devem, isso sim, ter seus próprios meios de comunicação que atinjam a seu público específico, os construtores das lutas sociais. A grande mídia busca pautar a agenda social, mas aos movimentos sociais cabe propor sua própria agenda, de acordo com suas estratégias específicas de luta, e isso abrange a sua comunicação.

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer)”


http://www.revistaforum.com.br/

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Contra o aumento da tarifa de buzú!

No ano de 2007, estudantes compuseram o que ficou conhecido como Movimento Estudantil Unificado - MEU, numa luta pela aprovação de uma nova lei de meia passagem - escrita por estudantes e que atenderia às necessidades atuais da comunidade estudantil, haja vista que a legislação vigente no período era de 1990, já defasada.

Durante todo o ano de 2007, acompanhando de perto as sessões da Câmara Municipal, convivendo com os discursos vazios e práticas toscas da grande maioria dos/as vereadores/as, aprendi, juntamente com os/as camaradas de luta, muitas coisas. Percebemos a grande máfia que se constitui o transporte público coletivo, mas sobretudo, nos mantivemos firmes diante das adversidades e fortes na luta por justiça e pelo que acreditamos ser certo e justo.

No ano de 2008, no mês de abril, surge um Projeto de Lei, de autoria do poder Executivo (Prefeito Saulo Pedrosa), para aumentar, a já enorme tarifa de transporte público - dos atuais R$1,40 para R$1,55. Prontamente, o Movimento Estudantil e outros segmentos da sociedade, sobretudo da juventude, levantaram a voz diante do grande aumento, para dizer aos representantes do povo (vereadores/as), o que queríamos. Assim, ocoreu uma manifestação popular dia 29/04 dizendo NÃO! ao aumento da passagem.


A MANIFESTAÇÃO DE 29 DE ABRIL DE 2008


A antropóloga inglesa Margareth Mead disse para não duvidar de um pequeno grupo de cidadãos comprometidos, pois é a única maneira de mudar.

Começou com um pequenino, mas decidido e corajoso grupo do Movimento Estudantil Unificado, o debate sobre a necessidade de ações urgentes para barrar o provável aumento da tarifa de ônibus e expôr irregularidades bizarras na prestação desse serviço público. Agregou-se a Pastoral da Juventude, e após nove dias de uma rápida e intensa articulação, ocorreu a manifestação pública. O povo ocupou às ruas do centro de Barreiras para gritar: "Não, não, não, ao aumento do buzão!".

Levar o povo às ruas não é tarefa fácil ou simples em nossa cidade. Somos jovens corajosos/as, valentes e ousados/as. Ousamos lutar, e isso não é pouca coisa. Ousamos tentar chamar à luta e para a necessidade real do povo se unir e dizer, em alto e bom tom, o que quer.

Nossos representantes, na terrível e inoperante democracia representativa, não tem o menor pudor de aprovar leis que não defendem interesses populares. Realmente, concordamos com J. Rainha Junior "aos ricos, o favor da lei; aos pobres, o rigor da lei".

Sim, éramos poucos diante da vasta multidão que parece estar anestesiada. Poucos que conseguiram barrar, mesmo que temporariamente, o aumento da tarifa de transporte coletivo. Aos/às acomodados/as, passivos/as, descrentes e que riram de nossa luta em defesa do povo: NÓS CONSEGUIMOS!

Não tenham dúvida que muitos/as vereadores/as tiveram medo de debater este tema polêmico, por receio de que ficassemos bem próximos, como em 2007, participando, observando, conhecendo, denunciando os desmandos de quem tem o poder, o poder oriundo do povo, mas que não o merece.

A luta continua, força!