segunda-feira, 18 de março de 2013

8 de março em Barreiras: 1ª Marcha Barreirense Feminista

Por Paula Vielmo


É gritante a presença de uma cultura predominantemente machista em nosso município e bastante antigo o desejo latente de "mexer" com essa cultura, no sentido de transformá-la. Tal desejo começou a se tornar realidade em 2012 quando da realização da I Marcha das Vadias (MDV), que incrivelmente, apesar do nome que pode assustar, agregou um número bom de pessoas em torno da denúncia da violência contra a mulher e da necessidade de liberdade para tal segmento.

Após a MDV, o sentimento era de que precisávamos continuar com essa bandeira e fortalecer o combate ao machismo e opressão de gênero também em Barreiras. Desse desejo, ainda mais coletivo, nasceu a MBF - Marcha Barreirense Feminista. De setembro de 2012 para cá, estudos e articulações cada vez mais qualificadas têm norteado o trabalho do grupo.

Como primeira ação da MBF, aconteceu no dia 8 de março de 2013 - Dia Internacional de LUTA das mulheres, a 1ª Marcha Barreirense Feminista. Em Barreiras, já ocorreram no passado diversas outras marchas de mulheres, quase todas dentro de um perfil de manutenção do status quo e de valorização da figura da mulher e seus dotes "femininos", principalmente o materno. Em 2013, entrou para a história uma Marcha Feminista, que tem um caráter completamente diferente, por querer igualdade entre homens e mulheres, ou seja, o fim da violência de gênero completamente.

A preparação para a Marcha incluiu confecção e venda de camisetas, oficina de cartazes e faixas, bazar na Feira da Vila Rica, intervenção na Feira da Sandra Regina. Toda essa diversidade de atividades, contou com a colaboração de pessoas conhecidas e desconhecidas, desde a doação de roupas, calçados e acessórios para o bazar (as caixas de coleta ficaram na UNEB, UFBA, UNYAHNA e PALÁCIO DAS ARTES) até contribuições em dinheiro, antes ou no dia da Marcha através da "sacolinha".

A MBF é autônoma e se mantém assim também financeiramente. As atividades são autofinanciadas e o envolvimento de uma série de pessoas que nem sequer conseguimos identificar na totalidade, têm mantido as atividades e confirmado a necessidade social de debater abertamente sobre o machismo na cultura barreirense.

Apesar de programações organizadas pela CDL, Prefeitura ou Câmara, todas elas reforçando os esteriótipos e papel social da mulher, conseguimos ser um diferencial através da Marcha Barreirense Feminista. Todavia, a concentração da Marcha que seria em frente à Câmara Municipal foi inviabilizada pela presença de uma programação com "prestação de serviços" como controle de glicemia, pressão arterial, orientação nutricional e ginecológica e curso de beleza! 

Além da precarização dos serviços, ofertados como algo comemorativo, quando deveria ser cotidiano, o reforço aos padrões opressores de beleza, principalmente com relação ao alisamento de cabelo foram entrelaçados à músicas com letras que depreciavam a mulher. Infelizmente, presenciamos uma programação "equivocada" dentro do que se espera de uma data de luta pela emancipação da mulher, mas mesmo assim, fomos o contraponto.

Apesar de algumas dificuldades e percalços, a Marcha no dia 8 de março agregou um bom número de participantes, que marcharam de maneira animada e coerente desde a Câmara Municipal até a Praça Castro Alves, finalizando com as belas apresentações da Cia Teatrando e da Projétil Paralelo e  com o Manifesto com o perfil da situação da mulher em Barreiras, fortalecendo a percepção de que é necessária a presença da MBF em Barreiras!


Continuaremos em marcha, até que todxs sejam livres!


SAIBA MAIS: www.facebook.com/MBFeminista

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