domingo, 2 de setembro de 2012

Quando a violência contra uma atinge a todas

Por Paula Vielmo

O dia ensolarado e quente de 02 de agosto de 2012 marcou a minha vida. Nesse dia, pela primeira vez, uma mulher, sentada ao meu lado, relatava a violência psicológica que sofria e como o agressor havia invadido a sua casa na noite anterior. Eu, chocada ao seu lado, senti o pior de todos os sentimentos: impotência!

Naquele exato momento, uma pausa havia sido feita no tempo, e eu, sem saber o que fazer, sentia como meu o sofrimento dela e de milhares de mulheres, silenciadas diariamente. Por dias e até hoje, aquele momento está em minha mente. Enquanto ela chorava, meu coração acompanhava em prantos aquela mulher.

Eu pensei muito, mas não escrevi. Queria poupá-la de exposição, porém, mais do que aquele dia, o 02 de setembro ficará marcado, e eu preciso escrever sobre isso, sobre quão absurdo é um homem sentir-se proprietário de uma mulher, sobre como nossa sociedade está doente e sobre como o machismo precisa ser combatido!


Pensei durante muito tempo sobre o impacto da realidade. Os textos, vídeos e relatos jamais foram tão significativos como aquela mulher sentada, chorando. E eu também chorei. Todavia, a noite de 02 de setembro de 2012 foi ainda mais marcante.

Quando ela disse: "ali está o meu agressor" e eu virei meu rosto e olhei para ele, a sensação ruim de olhar para aquele homem vil e covarde não pode ser descrita. Quando ele se aproximou, a minha vontade era afastá-lo dela, mas novamente a pior de todas as reações: eu não sabia como agir.

Naquele beco, enquanto ele a perseguia, eu e os meninos tentávamos afastar aquele homem obcecado dela. Todavia, somente eu e outros dois sabíamos realmente quem ele era. E novamente, senti a dor daquela mulher e uma raiva tomou conta. Eu gritei, mas a minha vontade era sufocar a voz daquele covarde vil e torpe.

Entre as sensações de sofrimento daquela mulher, um turbilhão de imagens e situações vivenciadas por milhares de mulheres que jamais chegarei a conhecer. O machismo é real, e está cada vez mais próximo. Cada ato para tentar extirpá-lo é uma demonstração de que a luta é e continuará sendo árdua. Que as situações de violência estão bem mais próximas do que se pode imaginar...

uando ele foi embora, eu senti que aquele homem novamente iria invadir a casa dela, e a sensação de não poder fazer nada além de dizer para trancar as portas, fez mais uma vez as lágrimas surgirem. Que cada lágrima e dor causada por causa do machismo, se transforme em força para combatê-lo!

A LUTA CONTINUA, ATÉ O FIM DE TODA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!

2 comentários:

  1. Quando chega perto que a gente lembra como a realidade é cruel... a gente lembra que a polícia não vai chegar, se chegar, não vai fazer nada ou fazer chacota, que a justiça não anda, que ninguém vai ajudar... aí que a gente leva um chacoalhão e lembra pelo quê está lutando! E não sentadx na praça, vendo o tempo passar! Isso serve pra dar mais força... lutar por quem não pode mais lutar... Maria da Penha desistiu? e a gente (graças!) nem chegou lá... quantas sem nome, sem rosto... sem voz, sem lar...

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  2. "a realidade é cruel..." e o sentimento de impotência, de desamparo e de impunidade machuca tanto quanto as porradas diárias de uma mão pesada que deveria somente afagar.

    Mulheres de todo o mundo, uni-vos!

    Rose Cerqueira

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