Por Paula Vielmo
Em 27 de setembro faz exatamente um mês que
dezenas de pessoas saíram às ruas de Barreiras, marchando unidas na MARCHA DAS
VADIAS DE BARREIRAS. 27 de agosto de 2012 representa um marco
histórico-político na luta das mulheres em Barreiras, por liberdade e respeito,
contra toda forma de violência. Luta encampada por mulheres e homens com consciência
da necessidade de uma sociedade pautada pela igualdade.
A MARCHA DAS VADIAS - MDV é um
movimento mundial que surgiu em 2011. Em Barreiras, chegou apenas um ano
depois, demonstrando que existem pessoas antenadas com as lutas mundiais, mas
sobretudo, com coragem para trazê-las à tona na sociedade hipócrita em que
vivemos. O nome deve-se a afirmação infeliz de um policial canadense, através
de afirmação de que as mulheres não deveriam se vestir como vadias para “evitar”
o estupro, transferindo a responsabilidade do agressor para a vitima. Por isso
um dos lemas da MDV é:
“Ensine os homens a respeitar e não as mulheres a temer”
Primeira reunião presencial |
A MDV-Barreiras foi trabalhosa, e
como foi! Acordar cedo, como milhares de trabalhadoras/es fazem todos os dias,
encarar o sol quente da feira como as/os feirantes fazem seguidamente,
vivenciar um outro cotidiano dá trabalho, mas quando feito com convicção, vale
muito a pena. E cada minuto dedicado à causa da Marcha das Vadias, de desvelar
as violências sofridas por mulheres de diversas idades, cores e classes sociais
- simplesmente por serem mulheres - valeu a pena! Fortalecer a luta, vale a
pena, sempre!
Nesse caminho, nos deparamos com
algumas criticas, algumas zombações e resistências por causa do nome “vadia”. Geralmente
conseguimos dialogar e descontruir a ideia, esclarecendo que tratava-se de uma
apropriação e ressignificação do termo, pois para nós, se “ser livre é ser
vadia, nós somos vadias”. E vadios também, pois a presença, força e apoio de
nossos companheiros homens é fundamental nessa luta por respeito e igualdade.
Não deve ser uma luta exclusiva das mulheres, mas de todas e todos que
acreditam em uma sociedade justa.
No processo, as pessoas que contribuíram,
mesmo que em uma única atividade, foram importantes e representaram um coletivo
grande. Todavia, segurando todas as pontas, rostos conhecidos de outras lutas:
Rose, Italo, Jessika, e um rosto novo que se engajou de maneira fascinante:
Maureen! A luta gera companheiras/os e amigas/os!
Contamos com o apoio de doações
para os bazares, de ajuda nas pinturas das camisetas, de pinturas das faixas e
banners pelo grande artista local Agamenon Amorim, da confecção de adesivos
pelo jovem Vinicius, dos espaços das universidades públicas. Soubemos de
trabalhos escolares sobre a MDV, instigados pela realização da Marcha em
Barreiras.
Como todo movimento social, não
podemos medir a influência, mas uma convicção: a MARCHA DAS VADIAS EM BARREIRAS
exerceu impacto e a sociedade barreirense não será a mesma, nem as pessoas que
estiveram nos diversos espaços serão as mesmas.
No dia da Marcha, finalizamos com
a leitura de um manifesto emocionante. Ao lermos o texto, eu e Rose sentíamos o
sofrimento de nossas irmãs espalhadas por Barreiras, pela Bahia e pelo mundo.
As lágrimas emergiam como sinal de que estamos fartas, mas dispostas a lutar!
Ao final, depois de todo o
processo preparatório para a MDV-Barreiras, avaliação positiva: atingimos o
objetivo de despertar e sacudir a sociedade barreirense, mas sobretudo, ficamos
com o sentimento de que muito mais precisa ser feito, e existem pessoas
dispostas a dar seguimento a essa luta.
MARCHA FEMINISTA DE BARREIRAS -
MFB aí vamos nós!
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