quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Polícia em greve: aumentou ou revelou o caos?

Por Paula Vielmo


Estamos entrando no 10º dia de greve da Polícia Militar baiana e de ocupação da Assembleia Legislativa da Bahia - ALBA. Um clima de tensão tomou conta do Estado e também de Barreiras, na sua condição de 'capital do oeste".

A greve da PMBA é legítima, apesar de ser considerada ilegal, porque Militares não podem entrar em greve de acordo com a Constituição. Mesmo em se tratando da "Constituição Cidadã", como é conhecida a Constituição Federal de 1988, é uma falha gravíssima proibir um segmento trabalhador de se organizar e de reivindicar melhorias, mesmo que esse segmento seja um braço do Estado, como é o caso da Polícia Militar.

Essa greve é acima de tudo política e as conquistas até o momento, bem como a resistência dos PMs é uma ameaça a "ordem estabelecida" e ao progresso do capital. A "insubordinação" da PMBA em finalmente reivindicar seus direitos, sistematicamente desrespeitados, é uma afronta, até mesmo para um Governo que tem como Chefe do Poder Executivo alguém que saiu das fileiras sindicalistas e dos Trabalhadores. Até mesmo o Governador do Partido dos Traidores, ops, Trabalhadores, revelou o seu lado autoritário e intransigente mais ainda nessa greve, pois Jaques Wagner - o novo malvadeza - já mostrou sua face autoritária outras vezes, com outras categorias em greve, como a dos Professores das Universidades Estaduais, em que teve corte do ponto.

No entanto, diante de MAIS UMA GREVE, a situação é diferente. A greve da PMBA mexe com a segurança, mas não sei muito bem onde se localiza essa tal segurança, e ameaça sobretudo os interesses financeiros da capital do Estado da Bahia às vésperas de uma festa em que circulam milhões de reais, atraí turistas do país inteiro e de outros países e ameaça os lucros que o Carnaval promove. Lucro para os donos de blocos a artistas mercantilizados, que fique claro!
Além disso, tendo a mídia a seu serviço, promovendo e dissipando um terror que não é real, a sensação de insegurança imposta faz com que as pessoas comecem a se posicionar MAIS UMA VEZ contra os trabalhadores que estão lutando. E eu considero que dentro da Polícia, como Aparelho de Repressão do Estado, existem trabalhadores. E trabalhadores com consciência, em qualquer segmento e organizados, causam realmente terror à ord
em estabelecida, ainda mais quando parte de quem deveria manter a ordem. É a maravilha da contradição no sistema capitalista!

Esse terror implantado fez com que as conversas em Barreiras fossem centradas nos assaltos e ausência de policiamento. No entanto, desde quando há essa segurança toda com a presença de PMs nas ruas? Os assaltos ocorrem TODOS OS DIAS, as mortes também, e não é por causa dos policiais em greve. É porque não existe realmente segurança pública, e isso é responsabilidade do ESTADO e não dos trabalhadores!

Hoje a tarde vi TRÊS HOMENS DO EXÉRCITO fazendo a segurança de uma padaria. Desde quando os PMs fazem essa segurança? E desde quando SERVIDORES PÚBLICOS devem fazer a segurança de prédios privados com tanta exclusividade quanto a cena me revelou? Por que não temos homens do Exército nas portas e ruas das escolas públicas que suspenderam as aulas por medo de acontecer algo à comunidade escolar?
Creio que estamos vivenciando algo criado e manipulado, uma realidade que faz com que a grande maioria acredite realmente que o que dizem é verdade, algo como "matrix" ou "A revolução dos bichos", afinal, uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade.

No final, desejo é que os grevistas tenham êxito nas suas reivindicações e sejam um belo exemplo de resistência aos demais trabalhadores. TODO APOIO À GREVE DA PMBA!


Um comentário:

  1. A greve, Paula, (eu prefiro chamar de motim, para o bem e para o mal) só trouxe ao sol os cadáveres insepultos da Segurança na Bahia. O Estado deveria ser o provedor de saúde, segurança, educação e infraestrutura. Para isso, furtivamente insere ICMS altíssimo nas contas dos mais pobres, como água, luz, arroz, feijão e salsicha. Nada faz. Ou melhor: apenas sugere que faz.
    Carlos Alberto Reis Sampaio
    carlosalberto.sampaio@gmail.com

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