Acompanhei durante alguns meses o sofrimento de minha irmã caçula e alguns de seus colegas de graduação. Esse sofrimento orbitava em torno de algo que não deveria ser assim: monografia/TCC.
Acredito que passar quatro anos em um curso que você escolhe e ao final, optar por se aprofundar, através de pesquisa científica, em um tema também de sua escolha, deveria ser algo tranquilo e saúdavel. No entanto, infelizmente nem sempre é assim e se não tiver suporte, fica mais complicado.
Como iniciei, o sofrimentos daqueles jovens estava baseado em alguns elementos que não podem ser desconsiderados:
1. Não tinham orientação - seus orientadores eram professores que não assumiam a responsabilidade efetiva de orientar as leituras e elaboração do trabalho;
2. Pacto da mediocridade entre educandos/as e educadores - os/as professores fingem que orientam e os/as estudantes não denunciam porque estão refém da situação precária em que não há orientadores. Desta maneira, ambos fingem que estão em um processo educativo colaborativo. Nesse caso não há culpados, mas cúmplices;
3. Relação de poder entre educador e educandos/as - com "medo" de não ser orientado, de ser reprovado, de não conseguir concluir o curso, os educandos não denunciam a situação de precariedade a que estão submetidos pelos "mestres";
Essa situação absurda e inimaginável para muitas pessoas é real, muito real e cada vez mais presentes. No entanto, ocorre dentro de um contexto que deve ser considerado.
O sucateamento da educação superior pública - e baiana - está em franco crescimento a cerca de 20 anos. Esse sucateamento ocorre com a expansão de campi e cursos sem o aumento proporcional de recursos financeiros e humanos. Ou seja, não tem professores/as suficientes, bibliotecas com acervo bibliográfico atualizado e suficiente, não tem formação em serviço. Tudo isso, quando transposto para a realidade de um curso de "exatas", pode ficar muito pior. E foi o que aconteceu no caso desses estudantes aos quais me refiro.
O curso deles/as já está estabelecido, mas seus professores não o são por opção e exclusividade, mas por diversos outros motivos que desconheço e não serei leviada em comentar. O fato é que são empresários que dão aulas, que não são pesquisadores, que não são estudiosos das áreas de interesse dos/as estudantes e do cursos: eles apenas dão aulas!
No entanto, a Universidade deve ser sustentada sob o tripé: ensino, pesquisa e extensão, mas nesse caso, o tripé não existe. E não existia sequer a elaboração de monografia no final do curso, algo que mudou após reformulação, mas que requer tempo para adaptação do quadro docente à essa realidade desconhecida e que necessita de acompanhamento da Universidade em relação à essa problemática e cobrança por parte dos estudantes em não aceitar essas condições precárias e não pactuar com essa mediocridade. Um grande trabalho para as atuais e novas gerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pelo seu comentário!!! Volte sempre :)