Por Paula Vielmo
Na noite de sexta-feira houve a Festa Junina na escola em que trabalho. Comidas típicas, brincadeiras e danças. A festa estava bonita, mas no momento da quadrilha, algo muito ruim aconteceu e tirou metade da beleza da festa sob minha ótica.
Não deu para "ensaiar" a apresentação da quadrilha como fiz nos dois anos anteriores, em um trabalho altamente cansativo, desgastante, mas compensador pela felicidade das crianças. Esse ano, as diversas demandas não permitiram, e a proposta foi fazer uma "quadrilha improvisada". Outro elemento que contribuiu para a escolha pela quadrilha improvisada foi a impossibilidade de "ensaiar" com todas as turmas, sendo geralmente feita uma escolha pelas crianças maiores, que na minha concepção desvalorizada os menores, sempre bastante empolgados com a dança, bastante presente em nosso cotidiano e, logo, em suas vivências.
O conteúdo da dança seria trabalhado nas aulas, bem como alguns passos básicos: balancê, passeio na roça, túnel, serrote, caracol, grande roda, o que foi feito.
Pois bem, a quadrilha improvisada tinha tudo para sair boa, engraçada e principalmente, DIVERTIDA PARA AS CRIANÇAS, o objetivo maior. As aulas estavam divertidas, cheias de risos alegres e pares feitos com meninas e meninos, meninas e meninas e meninos e meninos, sem qualquer discriminação ou imposição.
Porém, tivemos um grande problema no dia: a falta de estrutura da festa! No momento da apresentação detectamos que não estava funcionando ao mesmo tempo o microsystem acoplado a caixa amplifica e o microfone, mas apenas funcionando um ou outro. Diante desse impasse, optei pela música, pois dançar sem som não tem a menos graça. No entanto, a grande quantidade de crianças, somados ao barulho das conversas e do som alto, tornou impossível uma boa apresentação, pois as crianças não ouviam as minhas orientações.
Fora isso, fiquei muito chateada e indignada com a reclamação de uma mãe de uma menina do 1º ano, de que sua filha tinha dançado com outra colega (menina). Nesse momento, entre uma quadrilha e outra, eu tentava explicar para aquela mãe - que certamente como muitos/as outros/as não ouviu as explicações sobre a quadrilha improvisada e seus objetivos - que a intenção era a diversão, e isso havia acontecido.
Aquela mãe demostrou algo que eu já sabia: o problema das crianças são os adultos! E sua posição machista em relação ao par, demonstrou que é a reprodução desses valores que impede o alcance de uma sociedade justa e igualitária.
Felizmente essa foi a última apresentação que farei, mas lamentávelmente a lembrança será de algo bagunçado e nada divertido...
Fico cá lembrando o tempo em que a professora da sala ao lado me pediu para diminuir o barulho da meninada. A minha preocupação era exatamente com os alunos que se isolavam. Vejo sua situação como uma boa algazarra e uma lembrança para a meninada, já que para elas o importante é participar. Se houvesse uma guerra de pipoca ficaria muito melhor. Sei que uma boa interação com o público é muito boa, sem esquecermos as fotos e filmagens. Quando se fala em improviso (sem ensaio) tudo pode sair diferente dos planos. Bola pra frente!
ResponderExcluir