domingo, 24 de agosto de 2008

Secretaria Municipal de Educação tira autonomia estudantil

"A Secretaria Municipal de Educação, em comemoração à Semana Estudantil, está mobilizando todas as Escolas Municipais do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries, para a realização das Eleições do Grêmio Estudantil no período de 11 a 15 de agosto de 2008, nos horários de funcionamento das Escolas".


Essa informação divulgada no site da Prefeitura Municipal de Barreiras, aos olhos de alguém que nada entende de organização estudantil pode parecer maravilhosa. Mas aos olhos de quem viveu organização estudantil intensamente, é algo extremamente preocupante e perigoso.


Preocupante porque a organização parte do lado oposto: da administração escolar e do poder público, e não dos/as estudantes. Perigoso porque estão sendo instituídos grêmios estudantis deturpados em seu próposito, que deve ser organizar os/as estudantes e ser a voz da categoria na escola para as melhorias desejadas.


Diante disso, é impossivel não ficar horrorizada quando um estudante da 7ª séria afirma que "apresentou propostas de melhorias para a escola, como: construção de uma rádio, reforma da quadra de esporte e pintura das paredes da escola. Para conseguir fundos para a construção dessas obras, diz que vai buscar patrocínios e realizar eventos. “Eu garanto que se eu for eleito, irei trabalhar nas melhorias da escola, ajudando a direção a resolver inclusive a situação dos alunos”."


Essa situação é de arrepiar qualquer militante político-social, principalmente os estudantis. A entidade "Grêmio Estudantil" não é apoiadora da direção ou coordenação, tampouco deve fazer o papel do poder público constituído, conseguindo financiamento de terceiros. Ao contrário, deve pressionar os responsáveis - prefeitos, vereadores, direções de escola nomeadas - para que as melhorias na educação aconteçam. Os grêmios são a voz autônoma e independente dos/as estudantes.


Não estou dizendo que os grêmios devem ser oposição às direções apenas para ser "do contra", mas que devem ser livres o suficiente para enfrentar essas direções quando neessário, bem como fazer as parcerias necessárias.


Para piorar essa situação, o site expõe uma relação de escolas que realizaram eleições, num processo tosco que podemos imaginar de outras oportunidades: as coordenações de escolas fazendo as eleições, montando as chapas com os "melhores alunos", os mais obedientes e fáceis de ser cooptados.


Essa ação, quando parte de quem é responsável pelo norte da educação (municipal), cujo objetivo fundamental é educar para a cidadania (LDB), apunhala a formação cidadã dos jovens e arriscamanter o comodismo e assistencialismo presente em nossa sociedade. São ações que não contribuem para a politização dos sujeitos, pois já se iniciam despolitizadas.


Fica meu REPÚDIO à essa invasão na organização estudantil e à tentativa de desestruturar o movimento estudantil, dando um foco que não lhe pertence.


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