Por Paula Vielmo
O sábado, 14 de abril de 2012 seria apenas mais um dia com inaugurações e protestos, mas não foi simplesmente isso...
Cheguei na rua de trás da antiga maternidade, local onde seria inaugurado o Hospital da Mulher por volta das 8:30 e observei atentamente a "maquiagem" que o "Governo Cidade Mãe" providenciara para aquela rua esburacada e com esgoto à céu aberto. Passo por ali com frequência, mas se não fosse a visita do "Excelentíssimo" Governador do Estado da Bahia, tudo continuaria feio e fedido, como já voltou a ser. Pois bem, a "maquiagem" a que me refiro foram algumas britas e terra jogadas, bem como uma pequena e fina camada de asfalto, apenas para o "governador ver". Não bastaria isso como sinal de desrespeito ao povo, viria muito mais.
Assim que concentramos as pessoas interessadas em "protestar" (três estudantes da UNEB e dois trabalhadores/as), esticamos nossas cartolinas recém compradas na papelaria e começamos a construir as frases. Tudo feito no local, enquanto aguardávamos o início do evento. Paralelamente, informações de que um grupo corajoso de estudantes da UFBA estava protestando na recuperação do trecho da estrada que dá acesso ao Campus da UFBA. Não, e não houve construção da ponte de que tanto se precisa e, incrivelmente, chegamos ao ponto de inauguração de asfalto!
Com os cartazes prontos, fomos procurar um local para nos posicionar. Achamos um local próximo do palanque e lá ficamos. Um grupo com cerca de quatro homens se aproximaram, e um, posteriormente identificado como "André", indagou a uma das estudantes presentes se os conteúdos ofendiam a prefeita e ameaçou tomar os cartazes. As frases eram as seguintes:
ACESSO À UNEB É COM CONCURSO PARA DOCENTE
GOVERNADOR, TENHA CORAGEM: VISITE A UNEB/CAMPUS IX
A MAQUIADORA DO OESTE
RUAS SEM BURACOS PARA O POVO, E NÃO PARA "WAGNER VER"
A EDUCAÇÃO BAIANA EXIGE RESPEITO
GOVERNADOR: PAGUE O PISO NACIONAL DO MAGISTÉRIO
EXIGIMOS FORMAÇÃO DE QUALIDADE
TRANSPARÊNCIA NO USO DO DINHEIRO PÚBLICO
CADÊ OS/AS PROFISSIONAIS CONCURSADOS PARA O HOSPITAL DA MULHER?
AGORA TEM MAIS: FALTA DE PROFESSOR, DINHEIRO PARA O AGRONEGÓCIO, PERSEGUIÇÃO
Assim que anunciaram o início da "solenidade", levantamos nossos cartazes e de maneira brusca, violenta, animalesca e feroz, os homens arrancaram e rasgaram nossas cartolinas. ELES ARRANCARAM E RASGARAM AS NOSSAS CARTOLINAS!
Indignados/as, praticamente sem instrumentos, gritamos! "Covarde" ecoou com nossas poucas vozes, mas nossa voz não seria abafada por aquela truculência repressora. Retiramos um novo cartaz e escrevemos "VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO HOSPITAL DA MULHER?!", e novamente o cartaz foi arrancado violentamente e rasgado. Até mesmo os cartazes em branco foram rasgados...e nós gritamos! E quem estava lá, apenas assistia, como se fosse algo "natural". Não bastasse isso, chutaram um dos companheiros. E quem estava no palanque, apesar de tantas influências, nada fez para impedir ou combater a agressão sob suas vistas.
Reagindo para filmar e gravar a face de nossos agressores, iniciei uma filmagem. Nesse momento, o homem, posteriormente identificado como "Baldez" (Coordenador da Infraestrutura) bateu com violência no meu celular e o derrubou no chão. E começou a desferir palavras ofensivas a minha pessoa. Aquelas palavras que os homens machistas e com pouca massa cinzenta costumam desferir em relação a uma mulher que o afronta.
Saímos e fomos procurar ajuda. Ligando para o 190, fomos informados/as de que havia um posto policial no Hospital. Procuramos e achamos alguns PMs. Relatamos o ocorrido umas quatro vezes e nada de providências. Estávamos absurdamente indignados/as com aquela situação e tamanha truculência contra meros cartazes de cartolina. Porém, seria o Comandante o informante de que não poderia ir atrás dos agressores para não "acabar com o evento do governador". Ficou explícito o papel de manutenção da ordem pela PM e que cidadãos agredidos não significam nada diante do palanque politiqueiro de um Governador autoritário e que criminaliza as lutas das quais já fez parte.
Nos separamos: enquanto um companheiro foi comprar mais cartolinas, encontramos com os/as estudantes da UFBA que haviam passado pelo mesmo que nós. E lá ficamos por um período nos manifestando, profundamente indignados/as com a truculência e cerceamento à liberdade de expressão. Saímos e fomos até a delegacia prestar um Boletim de Ocorrência.
Diante de todo o ocorrido, é necessário relembrar atitudes truculentas anteriormente cometidas por parte do "Governo Cidade Mãe" e do "Governo da Bahia - Terra de Todos Nós", seja no aniversário de Barreiras ou na greve de professores/as do município via Guarda Municipal, seja nas visitas do governador à UFBA ou na Casa de Espetáculos Magnum. E fica a pergunta: de quem partiu a ordem para reprimir os manifestos?
É inaceitável essa postura de intransigência, intolerância e cerceamento da liberdade de expressão e manifestação, menos ainda de pessoas relacionadas com representantes do Poder Público. Diante do exposto, REPUDIAMOS a ação e a passividade dos governos municipal e estadual em não intervir para punir os agressores, bem como EXIGIMOS justiça.
O que se passa na cabeça dessas pessoas, cara amiga, não o que se passa na base petista que elegeu o governador do estado pela a primeira vez e segunda vez. Somos diferente e lamentamos o acontecido, somos contra a tais atitudes que so cabe na cara de pessoas que comungaram muito tempo com o carlismo e que mesmo de forma mascarada dizendo participar do governo do PT, não deixa de ser as pessoas mesquinhas que sempre foram...O nosso País é uma democracia e precisamos tomar cuidado com tais atitudes. Temos que nos unir e repudiar desde ja essas imposições de governo Mãe que mais parece uma madrasta doida...
ResponderExcluirPaula,
ResponderExcluirAs formas de violência são várias e vão desde o uso da força, como no seu caso, à ação manipuladora e abusiva da gestão municipal em maquiar uma realidade podrecomo a nossa. é lastimável termos que viver em meio a políticos que não merecem sequer o nosso desprezo.
Saudações,
Baqueiro (o da UFBA)
Olha a cara desses vagabundos, só podia ser da corja de Jusmari e desse governador meia boca.
ResponderExcluirA história da luta contra os dominantes corruptos, detentores do poder, está repleta de episódios repressão, truculência e patifaria. Nenhuma novidade.
ResponderExcluirMas os governos(?) da Bahia e de Barreiras não medem esforços em nos deixar cada vez mais perplexos.
Além de subestimar a inteligência da população, prestando-se ao ridículo de inaugurar (ops, ano eleitoral, é claro) paliativos e insignificâncias, e de afrontar a dignidade das pessoas, sucateando a cidade, a mulher que se orgulha do passado humilde e o homem construiu sua história a partir das lutas sindicais, se valem, paradoxalmente, da covardia e da truculência para ameaçar o exercício da livre expressão de um grupo de estudantes e trabalhadores, que, de modo ordeiro, pacífico e discreto tentavam chamar atenção para o óbvio.
E imaginar que o aparato repressor abrange servidores públicos (igualmente alcançados pela má governança), nos deixa, além de ultrajados, decepcionados também.
Meu agradecimento e admiração à querida Paula Vielmo e demais pessoas presentes nesta e em outras manifestações, que enfrentam em nome dos alienados, dos preguiçosos (entre os quais me incluo), dos covardes , as agruras de sonhar e lutar por uma sociedade mais igualitária.
Respondamos nas urnas. E antes disso, nas ruas.
Fico indignado com tal situação, e a indignação é ainda maior em saber que não é a primeira vez que acontecem fatos e barbaridades desse tipo trazendo para mim o conceito de Oeste da Bahia como o de "Velho Oeste" americano e época de ditadura militar no Brasil. Nós estudantes da UFBA e da UNEB devemos nos unir, devemos mostrar o que queremos e a voz dos oprimidos!
ResponderExcluirForça sempre companheira!
Mais um episódio lamentável dessa atual "administração" municipal. Pior ainda é o fato querer calar a voz do povo diante de tais flagrantes que afligem nossa comunidade. Infelizmente, não sei mais o que pensar sobre o que é um "Estado Democrático de Direito" em face de tantas barbaridades que estes "agentes que se dizem públicos" fazem com o intuito de ludibriar o povo e esconder a verdade.
ResponderExcluirQuanto aos militantes, apesar da truculência que vocês sofrem, nunca deixem de ser e fazer aquilo que é o correto. Lutem, lutem sempre. Porque a voz do povo pode até ser ignorada, porém, nunca, jamais, silenciada.
Paulinha, posso não ser um militante assim como você, mas respeito, admiro, concordo e apoio a luta que você e seus companheiros travam diariamente contra essa atual forma de gestão pública.
Um grande abraço com todo o carinho e fique com Deus.
inadimissivel, eles devem responder pelo que fazem. A irresponsabilidade deve acabar! absurdo...!
ResponderExcluirÉ repugnante isso!
ResponderExcluirEstamos regredindo ao invés de progredir. Gestão vai, gestão vem e é a mesma situação. Não presenciei o ocorrido mas os fatos relatados me levaram a sentir indignação e impotência diante do que aconteceu com vocês.
E é incrível a naturalidade com que algumas pessoas encaram essa situação! Mas não deixem que isso desanime. Mostrem a eles que a força física não intimida e que têm forças para seguir!
"O simples bater das asas de uma borboleta, pode causar um tufão do outro lado do mundo"
Admiro a força e a coragem de vocês!
"Hasta la victoria siempre"
É lastimável esse tipo de postura! Triste saber que ocorrido acabará "ando em pizza".
ResponderExcluirAndréa Luci - UFBA
Paulinha, parece que Barreiras esta voltando ao tempo da opressão. É lamentável. As pessoas que se opõem aos desmandos da prefeita municipal estão sendo oprimidas e ameaçadas e, prova disso, foi uma senhora que esteve na redação do Novoeste dizendo que tinha sofrido ameaça da prefeita. Mesmo temerosa, ela deu queixa crime contra a alcaíde na Delegacia, fez com que o MP tomasse conhecimento e está entrando com um processo contra a gestora. De parabéns essa senhora, que não se deixou se intimidar. Como já falei anteriormente, são exemplos como esses que mais precisamos no momento para combater a maldição que assolando a cidade.
ResponderExcluirAo saber que em um país que se diz livre a liberdade de expressão ainda existe, me pergunto cada vez mais onde esta a liberdade??? Como já diz o documentário "Revolução do Idiota" somos governados por idiotas e nos idiotizamos para se adequar ao padrão... População esta que não reconhece os seu direito como: liberdade de expressão, greve, entre tantos outros, preferem ficar calados e consentir com os idiotas...
ResponderExcluirAnonimo
ResponderExcluirO que me revolta profundamente é saber que todas as atrocidades envonvendo a prefeita Jusmari, e seu "digno" esposo Oziel sempre foram publicas e notórias. E digo mais, quem não se lembra da campanha de 2008, onde a propaganda política demonstrou a verdadeira figura de ambos, irresponsáveis, prepotentes, sem pudores...., mas o povo teve que pagar pra ver, ou melhor dizer, vendendo seus votos por miseros blocos,telhados,passagens....
Um preço alto a se pagar, nos quatro anos de abandono e desrespeito para com aqueles que votaram nela esperando uma cidade melhor!
È até ironico,mas o velho ditado diz: Dá a Cesar, o que é de Cesar!.... o povo só está colhendo o que plantou!
Esse Baldez é um mal carater, nao é a primeira vez que faz isso e vai continuar fazendo se nao forem tomadas a providencias, é um pau mandado que da a vida pra defender uma corja que logo logo vao lhe da um belo pe na bunda, quando a festinha do groverno cidade mae acabar eu quero saber o que ele vai fazer da vida pois a unica coisa que sabe é babar ovo da excelentissima prefeita Jusmari que certamente vai esta morando na lua com o Deputado.
ResponderExcluirUma pena que isso possa acontecer. Gostei do blog e vou seguir, se quiser siga tamb[em o meu http?\\oliviadecassia.blogspot.com
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