
Por Sérgio São Bernardo
Existe ainda uma mentalidade reinante de que as desigualdades sócio-raciais são originárias de fenômenos tipicamente econôm
icos. Acredito e postulo a convicção de que a pobreza dos negros é decorrente de sua menor oportunidade de ascensão social e econômica, em função do preconceito e discriminação raciais existentes na sociedade brasileira.
A civilização ocidental deve sua existência à exploração dos africanos e seus descendentes, árabes, povos indígenas, judeus. Sempre foram utilizadas as diferenças raciais como fundamento para o domínio político ao longo da história da escravidão e do colonialismo. Deste modo, não seria surpresa afirmar que, no Brasil, a pobreza tem gênero, raça e cor, que afeta, de forma mais acentuada, os afrodescendentes e indígenas.
O conceito de raça, do ponto de vista científico, não tem
valor algum, mas ideologicamente tem. Por isso falamos de maioria negra e minoria política, minoria branca e maioria política. O estranho é que o racismo continua fazendo suas vítimas e os seus efeitos são perversamente identificáveis. O racismo no Brasil é sutil, uma vez que possui uma forte penetração ideológica e cultural e se reproduz nas relações econômicas e sociais por meio da exclusão, do desemprego e da miséria. Basta abrir bem os olhos para ver que o acesso à saúde, o acesso e a permanência na escola, o trabalho infantil, a inserção no mercado de trabalho, as condições habitacionais e consumo, o de bens duráveis não são iguais para brancos e negros no Brasil. Para não ficarmos somente nos direitos básicos da cidadania, o que dizer do direito à riqueza ? Será que os negros não ocupam altos cargos porque são pobres?
Tem sido recorrente o argumento, que intitulo neoracista, de que a adoção de políticas afirmativas no Brasil, tendo o critério raça como fator estratégico para a redução da pobreza e das desigualdades, é uma cópia inadequada do programa já instituído nos EUA. Este argumento chega a afirmar que o Brasil não é um país racista. Será que não estão a entender o racismo brasileiro igual ao racismo perpetrado naquele país? É obvio que se perguntarmos a algum cidadão brasileiro, ele não se dirá racista. No entanto, a chaga do racismo chega até nós por enviesadas ruas e os dados dos órgãos oficiais nos dão provas inabaláveis de que o racismo é uma veia estruturante da pobreza brasileira.
A adoção de políticas públicas não pode ser vista como um capricho dos movimentos sociais negros e do governo. A necessidade de desenvolver políticas públicas dirigidas preferencialmente aos negros significa que a noção de igualdade jurídica deve ser aquela que trata desigualmente os desiguais. Não se trata de privilégios e sim de um resgate histórico que coloca no devido lugar o ideal da justiça e da equidade. Compensar perdas não é trazer problemas, mas, sobretudo, é enxergar de frente os reais problemas brasileiros para além de certas teses acadêmicas que mais nos envergonham do que nos orgulham.
valor algum, mas ideologicamente tem. Por isso falamos de maioria negra e minoria política, minoria branca e maioria política. O estranho é que o racismo continua fazendo suas vítimas e os seus efeitos são perversamente identificáveis. O racismo no Brasil é sutil, uma vez que possui uma forte penetração ideológica e cultural e se reproduz nas relações econômicas e sociais por meio da exclusão, do desemprego e da miséria. Basta abrir bem os olhos para ver que o acesso à saúde, o acesso e a permanência na escola, o trabalho infantil, a inserção no mercado de trabalho, as condições habitacionais e consumo, o de bens duráveis não são iguais para brancos e negros no Brasil. Para não ficarmos somente nos direitos básicos da cidadania, o que dizer do direito à riqueza ? Será que os negros não ocupam altos cargos porque são pobres?
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