segunda-feira, 15 de março de 2010

Recomeça um levante em Barreiras!

A semana de 8 a 13 de março foi bastante movimentada, como a tempos não se via ou como a tempos eu não vivia.


SEGUNDA-FEIRA, 8 DE MARÇO


A semana começou com a Caminhada do Dia Internacional da Mulher (08 de março), no qual o PSOL participou e politizou o espaço até então apenas comemorativo. Foi uma adrenalina enorme providenciar o material (cartazes e panfletos) em tempo e garantir a presença de parte da militância às 16h, em pleno horário de expediente.

A caminhada usou de maneira lamentável as crianças do PETI e a juventude do PRÓ-JOVEM para dar volume à mesma, que não tinha caráter de contestação, reflexão ou denúncia sobre a superação do machismo e a luta das mulheres por igualdade, autonomia e direitos, apesar de algumas intervenções nesse sentido, além de tentar internalizar cada vez mais a cor rosa como representativa das mulheres, contradizendo a data, que representa a luta das mulheres, mas uma luta feminista, cuja cor é o lilás.


QUARTA-FEIRA, 10 DE MARÇO
Saindo do trabalho e indo almoçar, me deparei com um manifesto de rua em frente a Prefeitura Municipal, organizado e protagonizado por estudantes e professores/as do campus avançado da UFBA em Barreiras. A reivindicação: acesso ao campus da Prainha, que estava impossibilitado devido às chuvas que tornaram a estrada em lama pura e a ponte que "balança mas não caí", não se sabe até quando.

Na manifestação - pelo que soube - não planejada antecipadamente, mas dirigida pela extrapolação da revolta com o descaso da administração municipal, provocou um grande impacto naquele dia. O trânsito estava bloqueado e a polícia chegou para desbloquear. Os/as manifestantes não saíram e o confronto foi direto. Os policiais presentes agrediram estudantes e prenderam um professor. Isso tudo enquanto uma comissão conversava no gabinete da prefeita, sem a presença dela e com a equipe sem autonomia que ela dirige.

Corre-corre e resistência. Grande resistência protagonizada sobretudo pela juventude ousada lá presente. O professor no carro, num calor insuportável, desmaiou. E mais uma vez vi a soberania descabida que um mandato popular tem sobre o povo.

E eu também estava lá, no sol quente como tantos/as, torrando no meu horário de almoço, reforçando os gritos de ordem e empolgada pela ação ufbaniana.

A manifestação legítima teve impacto porque foi no centro e parou o trânsito. E foi necessário parar, porque se as pessoas não são prejudicadas um pouco no seu individualismo, não percebem. Estamos numa sociedade que "se não é comigo, não é da minha conta". A causa levantada pela UFBA de acesso é de todo povo de Barreiras, antiga inclusive, mas que só agora torná-se visivel: pela implantação do campus e pela mobilização da comunidade acadêmica ufbaniana.

No entanto, a ação da polícia, foi extremamente truculenta! A polícia estava desnorteada, justamente porque não tem formação para dialogar com os movimentos sociais ou reivindicatórios. A formação da polícia é justamente para fazer o que fez: reprimir! Não é a toa que é chamada de "Aparelho de Repressão do Estado". O que me deixa triste é o fato de que a polícia, é mais do que aparelho de repressão, ela é classe trabalhadora e também é oprimida e foi duro ver oprimidos agredindo oprimidos. Não estou defendendo a ação truculenta da polícia, mas refletindo sobre a função dela e entendendo que é composta por seres humanos que estão do mesmo lado que nós. Foi revoltante ver o professor até então desconhecido e recém-chegada a Barreiras ser jogado, com o doutorado e tudo dentro do camburão. E naquele instante não importava ser Doutor, o que estava em questão era que ele fazia parte de quem causava a desordem e ameaçava a "autoridade" da polícia enquanto instituição repressora.

Fiquei muito emocionada com aquela manifestação, com o impacto que causou. Acredito que ela venha se somar a todas as que já existiram antes (e sim, povo passivo de Barreiras, já existiram outras) e de maneira lenta, sacudir a estrutura e cultura do nosso povo, permitindo que tais manifestos se tornem algo mais frequente que as conversas de gabinete e que a cultura do medo que impera por estas bandas seja aos poucos destruída e substituída pela cultura da organização popular.


QUINTA-FEIRA, 11 DE MARÇO
Depois de muitos, muitos anos e algumas tentativas frustradas por parte da direção e do governo, finalmente há movimentação de estudantes do Colégio Estadual Antônio Geraldo (CEAG) para a organização de um Grêmio Estudantil e parece que agora vai sair.

Na quinta, estive com mais alguns compas orientando a galera sobre essa entidade estudantil e como fazer para criar o Grêmio. Foi uma papo muito proveitoso e gostei muitíssimo da galera, maioria, meninas.

E completando o dia de sorte: diálogos para a formação do Diretório Acadêmico de uma instituição privada, que não contava com a insatisfação e organização de seus acadêmicos/as. Algumas coisas mudaram em Barreiras e muito mais está por vir.


SÁBADO, 13 DE MARÇO
Terminando a semana movimentada, teve a fundação do Sindicato dos Bancários do Oeste da Bahia, que finalmente desligou-se do sindicato de Salvador e agora está mais autônomo para se organizar. Ainda não sei detalhes do evento porque não pude ir, mas a tarefa era difícil, haja vista a oposição do sindicato centralizador.
OBSERVAÇÃO PÓS-ESCRITA: não houve a fundação do sindicato, em breve mais notícias.

Sinto mais uma vez o cheiro de mudanças no ar, de organização popular...e adoro isso!

Paula Vielmo

2 comentários:

  1. Sinceramente não sei como pode haver impolgação na criação de um sindicato divisionista, sem um processo de discussão aprofundada com a categoria. Um sindicato que nasce atrelado à CUT e à FETEC não representa esperança nenhuma para a categoria bancária e muito menos representa autonomia, pelo contrário, nasce na contra-mão da luta sindical.

    Sindicato governista!

    Rose Cerqueira

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  2. Paulinha parabens e vc e aos militantes do Psol de Barreiras pelo excelente trabalho que vocês estão realizando em busca do socialismo e liberdade.

    Atenciosamente,

    João Da Hora
    Pres. Psol Irecê - BA

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