segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Intervenção feminista no Bloco Netos de Momo

Por Paula Vielmo

Domingo de carnaval e para quem lamentava o fato de não acontecer tal festa em Barreiras, eu me diverti muito, sobretudo pela intervenção feminista que fizemos!


Inicialmente, é preciso dizer que concordo com a  decisão de não realizar "gastos públicos" com a promoção do carnaval de cordas na avenida principal. Essa atitude do atual prefeito foi acertada, mas sabemos que não vai durar, pois a motivação não é com a democratização dos espaços de diversão do povo, mas com a promoção de espaços de "pão e circo", continuando a política do "mais do mesmo". Em 2014 isso ficará EXPLÍCITO!

O carnaval segregador, onde visivelmente estão dentro das cordas, determinado segmento que busca alimentar uma cultura de massa que em nada agrega à luta por transformação social, foi substituído pelo fortalecimento do "carnaval cultural" nas ruas do centro histórico de Barreiras.

É preciso registrar o caráter "burguês" de tal atividade, congregando um segmento privilegiado que certamente estaria dentro das cordas dos blocos e também busca se divertir de outras formas, mas geralmente sem muita criticidade sobre tais diversões.

Apesar desse caráter anunciado, é um espaço muito agradável e divertido, pois resgata a cultura do carnaval de rua, sem cordas, com banda e marchinhas. A diversão é garantida com a presença das fantasias criativas. Nesse meio, eis que realizamos em meio à diversão, uma intervenção política-feminista.


Longe de ser apenas diversão, o quarteto constituído por Mirella, Rose, Ítalo e eu nos caracterizamos de "mulher indígena", "mulher negra", "homem feminista" e "mulher trabalhadora" respectivamente e fomos às ruas no Bloco Netos de Momo.

Essa "fantasia" surgiu de mentes criativas durante encontro, no Bar do Vierinha, que denominamos carinhosamente de "reunião-reggae". Lá, decidimos o que fazer e no dia seguinte, o que escrever. Sim, nós decidimos coletivamente cada linha que estava em cada um dos cartazes. Nós somos um grupo, e consideramos isso fundamental para a construção coletiva e unitária.

As pautas inscritas nos cartazes chamaram a atenção das pessoas, que liam, apoiavam e demonstravam que a luta feminista é, realmente, algo que "mexe" com a população barreirense, e sobretudo com as mulheres. Os apoios nos disseram isso claramente e é preciso fazer a leitura e encaminhar novas ações.

A presença do patriarcado está inscrita na vida de todas as mulheres, das mais variadas idades, cores e orientações sexuais, e bem menos percebida pelos homens. Pouquíssimos homens apoiaram e conseguiram entender que o que queremos não é "dominar", mas "igualdade"; que é inaceitável vivermos em condições de submissão, desigualdade e injustiça pelo fato de sermos de um gênero determinado como inferior pelo sistema capitalista.

Não é algo simples, mas é uma tarefa que temos assumido com compromisso, pois é uma realidade, com diversas nuances, que procuramos retratar na diversidade de mulheres e homens presentes na intervenção. Enfim, esse carnaval teve um sentido especial porque não foi apenas festa, foi também política!

POR UM FEMINISMO CLASSISTA, NEGRO E INDÍGENA!!!
CONTRA O PATRIARCADO, FEMINISMO ORGANIZADO!




MULHER TRABALHADORA
Salários 28% menores que homens na mesma função;
18,3 horas de trabalho doméstico contra 4,3 dos homens. Por divisão de tarefas domésticas JÁ;
Ocupam menos cargos de chefia

MULHER NEGRA
Salários IGUAIS, independente da cor!
Garantia de creche para o filho da MULHER NEGRA JÁ!
Pelo fim da discriminação racial no trabalho!
Políticas Públicas para a saúde, segurança e assistência social da mulher negra JÁ!
Não sou objeto, nem ESCRAVA, sou mulher!

MULHER INDÍGENA
"minha vó era índia, foi caçada a lanço"
A miscigenação racial brasileira foi um sequestro, estupro e aviltamento dos corpos das mulheres índias
Basta de estupro e venda de meninas e mulheres indígenas;
Devolução das terras indígenas JÁ!
Não sou coisa, nem bicho, muito menos objeto, sou gente, sou mulher, sou índia!

SER FEMINISTA NÃO ME TORNA MENOS HOMEM
Legalização do aborto JÁ!!!
Defendemos igualdade de direitos!
Autonomia às mulheres sobre a concepção, gestação e contracepção, com pleno atendimento estatal.
Por uma sociedade mais JUSTA e IGUALITÁRIA.
Não permita que a mão que te acompanha seja a mão que te violente