quinta-feira, 27 de setembro de 2012

MARCHA DAS VADIAS DE BARREIRAS: PRESENTE!


Por Paula Vielmo

Em 27 de setembro faz exatamente um mês que dezenas de pessoas saíram às ruas de Barreiras, marchando unidas na MARCHA DAS VADIAS DE BARREIRAS. 27 de agosto de 2012 representa um marco histórico-político na luta das mulheres em Barreiras, por liberdade e respeito, contra toda forma de violência. Luta encampada por mulheres e homens com consciência da necessidade de uma sociedade pautada pela igualdade.

A MARCHA DAS VADIAS - MDV é um movimento mundial que surgiu em 2011. Em Barreiras, chegou apenas um ano depois, demonstrando que existem pessoas antenadas com as lutas mundiais, mas sobretudo, com coragem para trazê-las à tona na sociedade hipócrita em que vivemos. O nome deve-se a afirmação infeliz de um policial canadense, através de afirmação de que as mulheres não deveriam se vestir como vadias para “evitar” o estupro, transferindo a responsabilidade do agressor para a vitima. Por isso um dos  lemas da MDV é:

 “Ensine os homens a respeitar e não as mulheres a temer”


Primeira reunião presencial
A preparação para a MDV-Barreiras começou muito antes de 27 de agosto, cerca de dois meses antes. Foi longa, cansativa, desgastante e maravilhosa em cada detalhe e momento. Desde a criação do grupo secreto no facebook que agregou centenas de membros, os quais espelhavam a sociedade barreirense: majoritariamente observadora; diversas reuniões presenciais nunca com mais de 10 pessoas; uma programação criativa com três oficinas (Pça Castro Alves, UNEB e UFBA), dois saraus (UNEB e Pça Castro Alves), três bazares nas feiras livres (Vila Rica, Sandra Regina e Santa Luzia) e a intervenção urbana protagonizada pela Cia Teatrando via os artistas Ramon Sousa e Lanna Seixas na feira.

A MDV-Barreiras foi trabalhosa, e como foi! Acordar cedo, como milhares de trabalhadoras/es fazem todos os dias, encarar o sol quente da feira como as/os feirantes fazem seguidamente, vivenciar um outro cotidiano dá trabalho, mas quando feito com convicção, vale muito a pena. E cada minuto dedicado à causa da Marcha das Vadias, de desvelar as violências sofridas por mulheres de diversas idades, cores e classes sociais - simplesmente por serem mulheres - valeu a pena! Fortalecer a luta, vale a pena, sempre!

Nesse caminho, nos deparamos com algumas criticas, algumas zombações e resistências por causa do nome “vadia”. Geralmente conseguimos dialogar e descontruir a ideia, esclarecendo que tratava-se de uma apropriação e ressignificação do termo, pois para nós, se “ser livre é ser vadia, nós somos vadias”. E vadios também, pois a presença, força e apoio de nossos companheiros homens é fundamental nessa luta por respeito e igualdade. Não deve ser uma luta exclusiva das mulheres, mas de todas e todos que acreditam em uma sociedade justa.

No processo, as pessoas que contribuíram, mesmo que em uma única atividade, foram importantes e representaram um coletivo grande. Todavia, segurando todas as pontas, rostos conhecidos de outras lutas: Rose, Italo, Jessika, e um rosto novo que se engajou de maneira fascinante: Maureen! A luta gera companheiras/os e amigas/os!

Contamos com o apoio de doações para os bazares, de ajuda nas pinturas das camisetas, de pinturas das faixas e banners pelo grande artista local Agamenon Amorim, da confecção de adesivos pelo jovem Vinicius, dos espaços das universidades públicas. Soubemos de trabalhos escolares sobre a MDV, instigados pela realização da Marcha em Barreiras.

Como todo movimento social, não podemos medir a influência, mas uma convicção: a MARCHA DAS VADIAS EM BARREIRAS exerceu impacto e a sociedade barreirense não será a mesma, nem as pessoas que estiveram nos diversos espaços serão as mesmas.

No dia da Marcha, finalizamos com a leitura de um manifesto emocionante. Ao lermos o texto, eu e Rose sentíamos o sofrimento de nossas irmãs espalhadas por Barreiras, pela Bahia e pelo mundo. As lágrimas emergiam como sinal de que estamos fartas, mas dispostas a lutar!

Ao final, depois de todo o processo preparatório para a MDV-Barreiras, avaliação positiva: atingimos o objetivo de despertar e sacudir a sociedade barreirense, mas sobretudo, ficamos com o sentimento de que muito mais precisa ser feito, e existem pessoas dispostas a dar seguimento a essa luta.

MARCHA FEMINISTA DE BARREIRAS - MFB aí vamos nós!



Organização para o primeiro sarau, na UNEB

Intervenção urbana na Feira de Abastecimento : Ramon Sousa e Lanna Seixas - Cia Teatrando


Dados de violência contra a mulher registrados na Delegacia de Atendimento a Mulher de Barreiras
Agamenon Amorim com a mão na obra

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Concurso Cultural de Microcontos

 
REGULAMENTO DO CONCURSO DE MICROCONTOS DO IFBA/BARREIRAS

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Barreiras, estabelece as normas para a participação no Concurso de Microcontos.

Os participantes deverão escrever um microconto com até 130 letras, excetuando o título. Além da premiação, os autores terão seu trabalho exposto no portal do IFBA.

QUEM PODE SE INSCREVER?

Todos os estudantes matriculados em instituição pública e privada do ensino médio e superior, no estado da Bahia, poderão participar do Concurso (exceto funcionários do IFBA).

COMO PARTICIPAR?

- O microconto deverá ser enviado para o e-mail microcontoifba2012@hotmail.com;

- O tema para a produção do microconto é livre;

- Cada participante só poderá enviar um microconto;

- O texto deve ser escrito em língua portuguesa, com fonte Arial, Tamanho 12;

- Os microcontos serão selecionados com base nos seguintes critérios: a correção gramatical, a coerência, a coesão e a originalidade;

- Além de enviar o microconto, o participante deverá se identificar no mesmo e-mail com: Nome (sem abreviatura) / Endereço / Telefone / Instituição onde estuda (Ex.: IFBA/Barreiras) / Série/Curso;

- Os vencedores do concurso de microcontos do IFBA declaram, desde já, serem de suas autorias os microcontos encaminhados ao concurso e que os mesmos não constituem plágios de espécie alguma, ao mesmo tempo que cedem e transferem ao IFBA, sem quaisquer ônus para este em caráter definitivo, plena e totalmente, todos os direitos autorais sobre os referidos microcontos, para qualquer tipo de utilização, publicação ou reprodução na divulgação do resultado.

QUANDO ENVIAR OS MICROCONTOS?


Período de envio: 29/08 a 01/11/2012

Data do resultado: 09/11/2012

Data da publicação no Portal IFBA: até o dia 15/11/2012

QUEM AVALIARÁ OS MICROCONTOS?

A Comissão Julgadora, constituída por 04 (quatro) professores de Língua Portuguesa e Literatura do IFBA, Campus Barreiras, encarregar-se-á de escolher 3 microcontos para cada modalidade (ensino médio e superior), sendo sua decisão soberana e irrecorrível.

QUAIS SÃO OS PRÊMIOS?

ENSINO MÉDIO

1º Lugar: Gramática da Língua Portuguesa

2º Lugar: Minidicionário de Língua Portuguesa

3º Lugar: Minidicionário de Língua Portuguesa

ENSINO SUPERIOR

1º Lugar: Gramática da Língua Portuguesa

2º Lugar: Minidicionário de Língua Portuguesa

3º Lugar: Minidicionário de Língua Portuguesa

DISPOSIÇÕES FINAIS

 - Serão desclassificados os trabalhos enviados fora do prazo estipulado e/ou não estiverem dentro das normas estabelecidas neste Regulamento;

- O microconto classificado será exposto no Portal do IFBA (http://www.portal.ifba.edu.br)

- O prazo para reclamação do prêmio é de 180 dias, contados a partir da divulgação oficial dos resultados;

- A participação neste concurso de microcontos implica na aceitação irrestrita deste regulamento;

- O participante autoriza, desde já, a utilização de seu nome e imagem para fins de divulgação/promoção do concurso cultural.


COMISSÃO ORGANIZADORA

Atauan Soares de Queiroz

Maria Conceição dos Santos

Mariana Rocha Santos Costa

Raphaelle Nascimento Silva

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Saiba como são eleitos candidatos a prefeito e a vereador


No próximo dia 7, os eleitores de 5.568 cidades brasileiras escolherão os novos prefeitos e vereadores. A contabilização dos votos para eleição desses dois cargos é feita de forma diferente. Prefeitos, assim como os governadores e presidente da República são cargos majoritários. Já vereadores, deputados federais e estaduais são escolhidos pelo sistema proporcional.

Tanto para a eleição dos cargos majoritários quanto dos proporcionais somente são considerados os votos válidos. Dessa forma, não são contabilizados, para nenhum efeito, os votos brancos e nulos.

Para ser eleito, o candidato a cargo majoritário tem de conseguir a maioria dos votos válidos. Caso o município tenha mais de 200 mil eleitores, a decisão do pleito pode vir a ocorrer em dois turnos. Neste caso, para ser eleito no primeiro turno, o concorrente tem de conseguir a maioria absoluta dos votos válidos, ou seja, mais de 50% na primeira eleição. Se no primeiro turno nenhum candidato atingir esse limite mínimo de votos, é realizado o segundo turno do pleito entre os dois candidatos mais votados, quando será eleito quem tiver a maioria dos votos. Em 2012, há possibilidade de ocorrer segundo turno em 83 cidades.

Já na eleição para cargos proporcionais não são eleitos necessariamente os candidatos que obtêm a maioria dos votos. Para se elegerem, os candidatos dependem de dois cálculos: o quociente eleitoral e o quociente partidário.

Quociente eleitoral

Para participar da distribuição dos lugares na Câmara de Vereadores, o partido ou coligação precisa alcançar o quociente eleitoral — resultado da divisão do número de votos válidos no pleito (todos os votos contabilizados excluídos brancos e nulos), pelo total de lugares a preencher em cada Parlamento.


Quociente partidário

Feito o cálculo do quociente eleitoral, é realizado o cálculo do quociente partidário, que determinará a quantidade de candidatos que cada partido ou coligação terá no Parlamento. Para chegar ao quociente partidário, divide-se o número de votos que cada partido/coligação obteve pelo quociente eleitoral. Quanto mais votos as legendas conseguirem, maior será o número de cargos destinados a elas. Os cargos devem ser preenchidos pelos candidatos mais votados de partido ou coligação, até o número apontado pelo quociente partidário.

Com os quocientes eleitorais e partidários pode-se chegar a algumas situações. Um candidato A, mesmo sendo mais votado que um candidato B, poderá não alcançar nenhuma vaga se o seu partido não alcançar o quociente eleitoral. O candidato B, por sua vez, pode chegar ao cargo mesmo com votação baixa ou inexpressiva, caso seu partido ou coligação atinja o quociente eleitoral.

Nas eleições do próximo dia 7 de outubro, conforme dados estatísticos desta terça-feira (18), 449.756 candidatos concorrem às 57.434 vagas de vereadores disponíveis em todo o Brasil. No caso dos prefeitos, são 5.568 vagas para 15.588 candidatos.
CM/GA

Retirado do site do TSE

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

BARREIRAS QUER MAIS DO MESMO

Parte 1: Poder Executivo

Por Paula Vielmo

Ano eleitoral é sempre a mesma conversa de mudança, de reclamações e de análises políticas geralmente equivocadas, de um povo que passa três anos e meio alheio aos acontecimentos políticos e busca envolvimento apenas durante a campanha eleitoral. Em 2012 não é diferente!
Diversas pessoas se inquietam com a “falta de opção” para depositar seu voto no dia 07 de outubro , especialmente para o Executivo Municipal. Muitas outras dialogam nas escolas, bares, universidades, casas e ruas, sobre a situação caótica em que Barreiras se encontra. Existe uma indignação pulsante no povo de Barreiras em relação ao abandono do município e da falta de investimento e funcionamento das áreas sociais: saúde, educação, moradia, cultura, infraestrutura (com destaque para os buracos nas ruas), lazer. É perceptível que a situação do município piorou muito nos últimos anos, desde que a “primeira prefeita” assumiu os rumos da administração municipal.

Em 2012, temos CINCO candidaturas postas, mas apenas três são consideradas com possibilidades de vitória, todas elas de representantes políticos que já assumiram mandatos, que já tiveram chance de demonstrar compromisso ou a falta dele com as demandas do povo. O trio Jusmari (PSD), Antonio Henrique (PP) e Zito (PMDB), conforme expressão das ruas, “já foram testados”.

Além disso, observemos que o trio acima, quando em disputa eleitoral anterior, não estavam nos partidos atuais. Eles e ela, saltam de “partido” (abrigo ideológico) em busca de uma “legenda” que permita melhor executarem seu desejo sórdido de poder.

Em termos de “novidade”, poderíamos citar Renatos Santos (PSOL) e Zé Roberto (PSDB). Todavia, novidade é jamais ter sido prefeito? Novidade para mim é quem apresenta uma proposta pautada em bases distintas das colocadas pelos demais, e a única candidatura que faz isso é a candidatura do Partido Socialismo e Liberdade.

No entanto, somente as três candidaturas “hegemônicas” são vistas como possibilidade, mas nada são do que “mais do mesmo”. Qualquer um deles ou dela que for eleito ou eleita, não fará diferença nos rumos de Barreiras, pois as concepções políticas são absurdamente iguais, variando apenas, algumas vezes, no método de ação.

Considero essa eleição como a pior dos últimos anos, pois fortunas são gastas para vender uma imagem que não é real, enquanto as propostas e a história de quem está na disputa é desconsiderada. Ninguém está nesse processo por acaso, e o eleitorado precisa perceber isso. A ausência de financiamento público de campanha, oportunizando igualdade de condições é uma demanda urgente! Perceber quem são os financiadores de campanha e que haverá “devolução” no futuro, também é fundamental.

No dia 07 de outubro de 2012, veremos um município quase que inteiro, sem consciência critica, sem perspectiva, elegendo “mais do mesmo”, seja a atual, o vizinho ou o antigo. Porém, tenho certeza de que eu não vou colaborar com isso, e você?

domingo, 2 de setembro de 2012

Quando a violência contra uma atinge a todas

Por Paula Vielmo

O dia ensolarado e quente de 02 de agosto de 2012 marcou a minha vida. Nesse dia, pela primeira vez, uma mulher, sentada ao meu lado, relatava a violência psicológica que sofria e como o agressor havia invadido a sua casa na noite anterior. Eu, chocada ao seu lado, senti o pior de todos os sentimentos: impotência!

Naquele exato momento, uma pausa havia sido feita no tempo, e eu, sem saber o que fazer, sentia como meu o sofrimento dela e de milhares de mulheres, silenciadas diariamente. Por dias e até hoje, aquele momento está em minha mente. Enquanto ela chorava, meu coração acompanhava em prantos aquela mulher.

Eu pensei muito, mas não escrevi. Queria poupá-la de exposição, porém, mais do que aquele dia, o 02 de setembro ficará marcado, e eu preciso escrever sobre isso, sobre quão absurdo é um homem sentir-se proprietário de uma mulher, sobre como nossa sociedade está doente e sobre como o machismo precisa ser combatido!


Pensei durante muito tempo sobre o impacto da realidade. Os textos, vídeos e relatos jamais foram tão significativos como aquela mulher sentada, chorando. E eu também chorei. Todavia, a noite de 02 de setembro de 2012 foi ainda mais marcante.

Quando ela disse: "ali está o meu agressor" e eu virei meu rosto e olhei para ele, a sensação ruim de olhar para aquele homem vil e covarde não pode ser descrita. Quando ele se aproximou, a minha vontade era afastá-lo dela, mas novamente a pior de todas as reações: eu não sabia como agir.

Naquele beco, enquanto ele a perseguia, eu e os meninos tentávamos afastar aquele homem obcecado dela. Todavia, somente eu e outros dois sabíamos realmente quem ele era. E novamente, senti a dor daquela mulher e uma raiva tomou conta. Eu gritei, mas a minha vontade era sufocar a voz daquele covarde vil e torpe.

Entre as sensações de sofrimento daquela mulher, um turbilhão de imagens e situações vivenciadas por milhares de mulheres que jamais chegarei a conhecer. O machismo é real, e está cada vez mais próximo. Cada ato para tentar extirpá-lo é uma demonstração de que a luta é e continuará sendo árdua. Que as situações de violência estão bem mais próximas do que se pode imaginar...

uando ele foi embora, eu senti que aquele homem novamente iria invadir a casa dela, e a sensação de não poder fazer nada além de dizer para trancar as portas, fez mais uma vez as lágrimas surgirem. Que cada lágrima e dor causada por causa do machismo, se transforme em força para combatê-lo!

A LUTA CONTINUA, ATÉ O FIM DE TODA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!